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domingo, janeiro 02, 2022

Moro tem obrigação de revelar as “coisas erradas” que Bolsonaro tentou exigir que fizesse

Publicado em 2 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet

TRIBUNA DA INTERNET | Archives | 2020 | maio | Page 32

Charge do Paixão (Gazeta do Povo)

Carlos Newton

Como era de se esperar, o ex-juiz Sérgio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo partido Podemos, tem sido vítima das mais disparatadas “fake news”, para destruir sua imagem pessoal. A criatividade é tamanha que já inventaram que Moro atuaria no Brasil como espião da agência de inteligência americana CIA, vejam a que ponto chegamos.

O objetivo dessas “fake news” é evitar que o candidato continue conquistando votos de quem não admite votar num desqualificado como o ex-presidente petista Lula da Silva, que chefiou o maior esquema de corrupção já visto no mundo, nem reeleger um presidente irracional, debochado e volúvel como Jair Bolsonaro, que já trocou de partido nove vezes e hoje está no PL de Valdemar Costa Neto, considerado um dos ícones da corrupção à brasileira

Na última semana do ano, ao sair em defesa de um aliado, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), alvo de “fake news” envolvendo o doleiro Alberto Youssef, investigado na Lava Jato, o ex-juiz Moro acabou fazendo uma denúncia gravíssima contra o presidente Bolsonaro, que precisa ser melhor detalhada.

“FAKE NEWS” – Em entrevista à rádio Capital, de Mato Grosso, Moro explicou que a denúncia da doação que teria feita à campanha de Alvaro Dias era coisa antiga, de 1998, investigada e arquivada pelo Ministério Público, e na época nem se sabia quem era Youssef, que tinha duas empresas e somente anos depois é que se descobriu que atuava também como doleiro.

Em seguida, o ex-juiz Moro Moro afirmou à rádio que essas informações estão aparecendo porque “não se tem o que falar” sobre o seu trabalho no combate à corrupção e na liderança da Operação Lava Jato.

“Agora, me acusam de ajudar o doleiro Youssef. A verdade é uma só: eu mandei prender Youssef”, ironizou, dizendo que prendeu duas vezes o doleiro. “Se eu não tivesse feito isso, ele nunca teria respondido pelos seus crimes”, lembrando que em 2015 condenou o doleiro a cinco anos de prisão por lavagem de R$ 1,16 milhão do mensalão no governo Lula.

“COISA ERRADA” – A grande surpresa surgiu no seguimento da entrevista à emissora de Mato Grosso, quando Moro voltou a citar o tempo em que chefiou o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro. Ao comentar sobre seu desembarque do governo, o ex-juiz afirmou que logo no início do mandato, passou a não ter mais o apoio do presidente da República e chegou a sofrer até sabotagem, revelando que o chefe do governo queria que ele fizesse “coisa errada”.

“Quando chegou o momento que era me dada a escolha ‘ou você fica como cúmplice de coisa errada […] ou você sai’, eu preferi sair”, disse.

Moro não esclareceu a “sabotagem” sofrida, mas presume-se que se trate da falta de apoio do presidente ao chamado Pacote contra o Crime, que encaminhou ao Congresso quando era ministro, nem esclareceu quais seriam os pedidos do presidente para que fizesse “coisa errada”.

PROTEÇÃO AOS FILHOS – O mais provável é que Moro esteja se referindo ao fato de que o presidente pretender impedir que seus filhos fossem investigados, porque, na sequência da entrevista, fez a seguinte observação:

“O próprio presidente reclamou esses dias dizendo que eu não protegia a família dele da Polícia Federal, da Receita Federal, o que é um absurdo. Ninguém tem que ser protegido de nada. Se alguém cometeu coisa errada, tem que ser investigado e a pessoa tem que ser responsabilizada”, assinalou.

Bem, devido à gravidade do assunto, esse tipo de acusação não pode ficar no vazio. De toda forma, o ex-juiz tem obrigação de esclarecer a que está se referindo, especificamente, quando diz que o presidente tentou exigir que fizesse “coisa errada”.

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P.S. – Sabe-se que muitas “coisas erradas” foram feitas no próprio Planalto, como a reunião do presidente Bolsonaro com o ministro Augusto Heleno, da Gabinete de Segurança Institucional, o delegado Alexandre Ramagem, diretor da Abin, e a advogada Luciana Pires, que defende Flávio Bolsonaro, um encontro que nada teve de republicano. Mas quem se interessa? (C.N.)

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