Valdo Cruz
G1 Brasília
Depois de faltar ao depoimento na Polícia Federal determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na sexta-feira (dia 28), o presidente Jair Bolsonaro evitou atacar o magistrado no fim de semana.
Assessores palacianos do ala moderada do Planalto esperam que o Bolsonaro mantenha essa postura, a fim de não contribuir para a volta de um clima de guerra entre Executivo e Judiciário em pleno ano das eleições.
MODERAÇÃO – Na avaliação de auxiliares do presidente, ele já mandou o recado que desejava, ao não comparecer ao depoimento no inquérito que investiga se Bolsonaro vazou dados sigilosos relacionados às urnas eletrônicas, e foi aconselhado a não acirrar ainda mais os ânimos pela ala moderada do governo.
Já os radicais esperavam exatamente o contrário — que ele disparasse críticas ácidas contra Moraes. E a novela do depoimento ainda não terminou. A Polícia Federal deve informar oficialmente ao Supremo, até terça-feira (dia 1º), a ausência do presidente Jair Bolsonaro no depoimento agendado para 14h da última sexta-feira.
Com isso, o ministro Alexandre de Moraes definirá os próximos passos do inquérito.
CONTINUA NA AGENDA – Em princípio, como o ministro do STF recusou o recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) por perda de prazo, o depoimento continua na agenda do inquérito.
A dúvida é se Moraes vai marcar uma nova data ou vai orientar a PF a concluir o inquérito, diante da decisão do presidente Bolsonaro de não comparecer na última sexta-feira.
Na volta dos trabalhos do Judiciário, nesta terça, o plenário deve analisar, por sinal, como deve ser o formato de um depoimento de um presidente da República — se deve ser presencial ou pode ser por escrito.
O Palácio do Planalto avalia que pode ter pelo menos uma vitória parcial neste julgamento. O Supremo decidiria que um presidente é obrigado a depor, mas a ele seria facultado responder por escrito as perguntas.