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sexta-feira, maio 14, 2021

Resultado do Datafolha terá reflexos intensos e trará à tona entrevistas de Mourão

 Publicado em 14 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

Presença política de Mourão vai se tornar um ponto de referência

Pedro do Coutto

Com base nos números revelados ontem pelo Datafolha, cresce a importância da entrevista do general Hamilton Mourão aos repórteres Gustavo Uribe e Leandro Colon, publicada na Folha de São Paulo de 11 de março de 2021. Nessa entrevista, de página inteira, o vice-presidente da República afirmou que o povo é soberano e se ele quiser a volta de Lula, “paciência”, teremos que aceitar pois vivemos em um regime democratico que sustenta o estado de direito. Devemos receber o resultado naturalmente.

A opinião de Mourão na ocasião é a mesma mantida em relação às questões políticas do momento. Ele, por exemplo, afirmou em uma entrevista à GloboNews que o general Eduardo Pazuello não tem como deixar de comparecer à CPI da Pandemia e deve fazê-lo à paisana, usando, portanto, trajes civis, uma vez que o cargo que desempenhou não é militar.

PONTO DE REFERÊNCIA – A presença política de Hamilton Mourão vai se tornar um ponto de referência após a divulgação e levantamento do Datafolha, porque  se o presidente Jair Bolsonaro, desde o início de 2020, encontra-se em campanha pela sucessão, no momento em que sentir que o voto popular não poderá levá-lo a um novo mandato, tentará interromper o processo sucessório, provavelmente baseado na expressão que voltou a usar de “meu Exército”.

Ingressaremos, dessa forma, num período bastante sensível com o deslocamento de ações políticas para o universo das Forças Armadas. Não creio que as Forças Armadas possam participar  de uma tentativa de golpe de Estado, pois as afirmações dos generais Edson Pujol e Paulo Nogueira representam um posicionamento bastante claro quanto ao respeito à Constituição, à democracia e à liberdade.

Jair Bolsonaro deve estar sendo aconselhado nesta altura dos acontecimentos a tentar a reconquista do espaço em áreas carentes como colocou em prática, ampliando as medidas do governo no Nordeste. Aliás, as ações no Nordeste e em todo o país com base no auxílios-emergenciais e da distribuição das cestas básicas, conforme observei na época, produziram efeitos, mas que se evaporam através do tempo.

MANUTENÇÃO DE PROGRAMAS – Evaporam em período curto, principalmente ao que se refere ao auxílio de emergência. Quando se começa a liberar qualquer medida importante para os grupos que estão sofrendo até fome, não se pode recuar e deixar de se manter tais programas. É natural que todos os incluídos em faixas de melhoria, seja ela qual for, tenham sempre na imaginação a perspectiva de que o que era essencial continuaria a ser permanente.

Dessa forma, o auxílio de emergência que começou com um determinado valor e que agora termina com outro menor, causa um sentimento de frustração, uma vez que os beneficiados passam a sair de uma esfera relativa de conforto para um plano de decepção.

RELATIVIDADE – Como definiu Einstein, “tudo é relativo, só Deus é absoluto”. O relativo não pode ser de maneira alguma afastado da visão das pessoas que analisam os fenômenos políticos e que sabem que tais análises não podem ser calcadas em superfícies de gelo, como se o que aconteceu ontem pudesse ser mantido na neve ao longo dos espaços de tempo que vem a seguir na política, na economia, na administração, nas relações humanas.

O Datafolha destacou com bastante nitidez a realidade política atual. Se esta realidade mudar ou não, o caminho das urnas é outro assunto. Mas, pessoalmente, acho que não mudará, pois em matéria de voto, no caso voto de aprovação ou rejeição, quando o candidato recua dificilmente irá se recuperar.

DEPOIMENTO DE PAZUELLO –  Jussara Soares, O Globo de ontem, publica matéria revelando que a Advocacia Geral da União está preparando recurso ao Supremo para que o ex-ministro Eduardo Pazuello possa ficar em silêncio no depoimento marcado pela CPI no dia 19, quarta-feira. A AGU pensa alegar que na verdade Pazuello comparecerá como investigado e não como testemunha.

Entretanto, de forma surpreendente, o senador Flávio Bolsonaro defende a presença do ministro e que ele responda as perguntas que lhe forem endereçadas. Disse que Eduardo Pazuello terá a oportunidade de responder e rebater as acusações em massa que foram publicadas pelos jornais e divulgadas pelas emissoras de televisão.

LUCRO DOS BANCOS  – Larissa Garcia, Folha de São Paulo, informa que o lucro da Caixa Econômica Federal no primeiro trimestre do ano alcançou R$ 4,6 bilhões.  

O banco Itaú, no mesmo período, teve um lucro de R$ 65 bilhões, o Bradesco de R$ 64 bilhões; o Banco do Brasil de R$ 4,9 bilhões. Como não há crédito sem débito, e vice-versa, deixo uma pergunta no ar: quem pagou todos esses lucros? E ainda falta o Santander divulgar as suas contas no período de janeiro, fevereiro e março.


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