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sexta-feira, maio 14, 2021

Piada do Ano! Bolsonaro acha que pode “convencer” o grupo independente da CPI a apoiá-lo

Publicado em 14 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Amarildo (amarildocharges.com)

Vera Rosa
Estadão

O Palácio do Planalto aposta na divisão do G7 para virar o jogo na CPI da Covid e desconstruir evidências de que o presidente Jair Bolsonaro montou um gabinete paralelo de aconselhamento negacionista durante as negociações para compra de vacinas contra o coronavírus. Após duas semanas de depoimentos, emissários de Bolsonaro têm feito acenos ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), e incentivam o confronto entre ele e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL).

“Essa tropa de choque do governo não é digna do nome”, disse Renan ao Estadão, numa referência aos aliados do Planalto na CPI. “Na nossa época, a gente fazia o serviço direito”, ironizou ele, sem dar detalhes sobre essas articulações políticas.

FALTA PAZUELLO – Depois do que se verificou na sessão de quarta-feira, 12, quando Renan ameaçou de prisão o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, sob a justificativa de que ele mentia “descaradamente” à CPI, as atenções do Planalto estão agora voltadas para o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, marcado para o dia 19.

A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou no STF com um pedido de habeas corpus para permitir que Pazuello fique em silêncio, só respondendo às perguntas que quiser.

“É preciso que as pessoas venham depor na CPI com habeas corpus debaixo do braço porque o relator parece ter uma sentença pronta. Trata-se de um clássico caso de abuso de autoridade”, protestou o senador Marcos Rogério (DEM-RO), integrante da tropa de choque governista. “Se as coisas continuarem assim, nós vamos apresentar um relatório paralelo”, anunciou Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas.

DESTRUIR RENAN – A estratégia do Planalto para atrair Aziz e isolar Renan ficou ainda mais clara quando o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) elogiou o presidente da CPI e chamou o relator de “vagabundo”.

A ordem do governo aos aliados é uma só: abrir fogo contra Renan. “Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no nosso País. É um crime o que vem acontecendo com essa CPI”, disse Bolsonaro, nesta quinta-feira, 13, em Maceió (AL), terra do senador que apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e virou inimigo do Planalto.

O Estadão apurou que o governo consultou a AGU para verificar a conveniência de algum aliado entrar com nova ação judicial para tirar Renan da relatoria da CPI. O assunto também está sob análise do advogado-geral da União, André Mendonça.

PROVA CONCRETA – Desde que a comissão foi instalada, no mês passado, o momento mais tenso ocorreu na sessão desta quarta-feira, após Renan anunciar que iria requerer a prisão do ex-secretário de Comunicação da Presidência.

Embora Wajngarten tenha feito de tudo para defender Bolsonaro, a confirmação da existência de uma carta da Pfizer, datada de 12 de setembro – oferecendo vacinas contra covid e ignorada pelo governo –, foi vista pela CPI como prova concreta da negligência do presidente na condução da pandemia.

A situação piorou nesta quinta-feira, 13, quando o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, disse que a infrutífera tentativa de negociação da Pfizer com Bolsonaro começou ainda antes, em agosto. Naquele mês, a Pfizer ofereceu 100 milhões de doses de vacina ao governo.

Murillo confirmou que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o assessor especial para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, participaram das negociações. Ao lado do ex-ministro Osmar Terra, a dupla integra o time de “aconselhamento paralelo” de Bolsonaro sobre como conduzir a crise sanitária.

NÃO HÁ UM RACHA – Apesar das divergências de procedimentos demonstradas durante as sessões da CPI, até agora não existe um racha irremediável no G7, o grupo de sete senadores que se dizem independentes ou de oposição. É comum que, nas noites de quinta-feira, o trio formado por Aziz, Renan e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, se reúna para avaliar os trabalhos, acertar os ponteiros e discutir o caminho a seguir.

No último dia 6, por exemplo, o encontro ocorreu na casa de Aziz e foi regado ao Malbec argentino Felino, considerado “denso e equilibrado” por enólogos. 

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Em tradução simultânea, Bolsonaro ainda acha que poderá convencer (leia-se: comprar) os sete senadores do grupo independente da CPI, para apoiá-lo num relatório paralelo ao de Renan. Mas é Piada do Ano. O governo já acabou, porém ainda não contaram a Bolsonaro. (C.N.)

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