Daniel Gullino
O Globo
Sob pressão da CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro recomendou a membros da comissão que criticam o uso de remédios sem eficácia contra o novo coronavírus que “não encham o saco”. A defesa que Bolsonaro fez desses medicamentos, contrariando as principais evidências científicas, tem sido um dos temas principais da CPI.
Em publicação em sua conta no Facebook, endereçada aos “inquisidores da CPI sobre o tratamento precoce”, Bolsonaro afirmou que existem três tipos de médicos: os que receitam a cloroquina, os que receitam a ivermectina e os que orientam os infectados com a Covid-19 a só procurarem um hospital quando sentirem falta de ar.
“Portanto, você é livre para escolher, com o seu médico, qual a melhor maneira de se tratar. Escolha e, por favor, não encha o saco de quem optou por uma linha diferente da sua, tá ok?”, conclui o presidente.
EX-MINISTROS DENUNCIAM – Na CPI, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich apontaram a defesa da cloroquina como uma das principais divergências com Bolsonaro. Já o atual ministro, Marcelo Queiroga, evitou se posicionar sobre o tema.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que tanto a hidroxicloroquina (substância derivada da cloroquina) como a ivermectina não sejam utilizadas contra a Covid-19.
Análise de 28 pesquisas concluui que hidroxicloroquina está associada a maior mortalidade de pacientes com Covid-19
CARLUXO DE VOLTA – No Planalto, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o Carluxo, está de volta ao comando informal da Secretaria de Comunicação (Secom).
Recentemente, ele voltou a ganhar protagonismo na estratégia de comunicação do governo. Carluxo aconselhou o presidente a partir para o confronto que agrada à militância ideológica e ajuda a desviar o foco dos problemas do governo. E Bolsonaro passou a seguir essa receita, radicalizando mais uma vez seu discurso.