em 13 maio, 2021 4:07
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Segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV)
em abril, 22,3% dos brasileiros com renda de até R$ 2.100 estavam se endividando. O portal G1 divulgou que com a redução do valor do Auxílio Emergencial e o mercado de trabalho afetado pela pandemia de coronavírus, o endividamento dos brasileiros mais pobres deu um salto e voltou a patamar recorde.
Esse mesmo patamar de endividamento para a classe mais baixa só foi observado em junho de 2016, quando o Brasil enfrentava uma combinação de crise política e econômica por causa do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A série histórica do levantamento do Ibre começa em maio de 2009.
Nos últimos meses, o endividamento cresceu para todas as faixas de renda, mas o quadro tem sido dramático para os mais pobres porque a capacidade desse grupo de construir uma poupança precaucional – recursos destinados para algum imprevisto – é bem menor. “Na verdade, não é nem uma poupança. É guardar um dinheiro este mês para poder pagar as suas contas no mês que vem e ter um pouco mais de tranquilidade”, diz Viviane Seda, pesquisadora do Ibre.
O aumento do endividamento marca uma importante mudança de trajetória. No ano passado, com as parcelas de R$ 600 do Auxílio Emergencial, muitas famílias conseguiram ter o mínimo para sobreviver durante a pandemia e até puderam equilibrar o seu orçamento doméstico. Para a maioria da população, o governo pagou a primeira rodada do auxílio emergencial até dezembro do ano passado. O benefício voltou em abril deste ano, mas num formato bem mais enxuto. Em 2020, o auxílio custou quase R$ 300 bilhões. Neste ano, está orçado em R$ 44 bilhões.
A fraqueza da atividade econômica e, consequentemente, do mercado de trabalho devem fazer com que o orçamento das famílias ainda continue bastante fragilizado. Os últimos dados mostram a taxa de desocupação do país em 14,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o maior patamar já registrado. São 14,4 milhões de desempregados.
Contramão e a Campanha “Tributar os super-ricos”
Na contramão do aumento do endividamento dos mais pobres no Brasil e em meio ao caos pandêmico e uma gestão desastrosa das crises sanitária e econômica, com mais de 400 mil mortes pela Covid-19, choca a notícia de novos brasileiros incluídos na lista de bilionários da Forbes. O ranking global dos super-ricos de 2021, divulgado pela revista no dia 6 de abril, inclui 30 brasileiros, sendo 11 novatos compondo este seleto grupo. No mesmo dia também foi notícia que metade da população do Brasil não tem garantia de comida na mesa. A informação foi prestada num excelente artigo “Os novos bilionários e o naufrágio na miséria” de Maria Regina Paiva Duarte, Presidenta do Instituto Justiça Fiscal, integrante da Coordenação da Campanha Tributar os Super-Ricos. Confira aqui e tire suas conclusões.