Pedro do Coutto
O Globo, edição de domingo, publicou artigo de Merval Pereira sobre as articulações que flutuam no cenário político para esvaziar a operação Lava Jato e proporcionar uma nova perspectiva para corruptos e corruptores que saquearam o Brasil a partir de 2003 e que pelos últimos lances nem tão ocultos voltam-se para assegurar a própria impunidade.
Ao mesmo tempo, o governo Bolsonaro está assistindo os efeitos da iniciativa da Procuradoria-Geral da República que na verdade decretou o fim da operação Lava Jato. E o próprio passo é inocentar Lula e todos os corruptos.
GUERRA DA IMPUNIDADE – Firmemente, Merval Pereira expôs as articulações do Centrão e de parte do Supremo Tribunal Federal para assegurar a impunidade dos personagens.
O jornalista de O Globo escreveu um verdadeiro ensaio iluminando a face ainda oculta da corrupção brasileira. Incrível. A rede de atuação é profunda e articulada. O objetivo é claro – não só tentar destruir o trabalho extraordinário de Sérgio Moro e da Lava Jato, como também amordaçar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), porque o acesso a esse órgão bloqueia os depósitos tanto na rede bancária brasileira quanto no sistema internacional. Em síntese, tornava claro o volume dos depósitos inclusive os que não podem explicar sua existência.
A existência da Lava Jato e do COAF não interessa a grupos de parlamentares, a ministros, a dirigentes de empresas estatais e a empresários que aparecem como autores dos depósitos sombrios.
MAIS IMPUNIDADE – Reportagem de Bruno Goes e Natália Portinari, também em O Globo, revela a elaboração de grupos na Câmara Federal no sentido de afrouxar a legislação contra a improbidade e a lavagem de dinheiro. Um escândalo.
Inclusive o repórter Bernardo Caran, na Folha, acentua que grupos de deputados e senadores estão concluindo projeto para que o governo não cobre 242,6 bilhões de reais em dívidas tributárias de empresas. Alegam que há necessidade de um novo prazo para que possa efetuar o pagamento. Essas dívidas foram resultado de quase dois anos, portanto no atual governo.
Para finalizar, Lauro Jardim no seu espaço de ontem no Globo, diz que a venda da Oi móvel para Tim, Vivo e Claro está prevista em 16,5 milhões de reais. Pergunto a Guedes: não é possível que a Eletrobrás tenha seu preço de venda fixado em 16,5 bilhões de reais. A resposta é importante, porque não há comparação entre a Oi e a Eletrobras.
O título que dei a este artigo, os leitores já perceberam, inspira-se no livro de Ian Fleming autor do personagem 007, “Os diamantes são eternos”. Aqui no Brasil, o que parece eterno é a impunidade da corrupção.