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sexta-feira, novembro 20, 2020

Militares ajudaram a eleger Bolsonaro, mas agora querem se livrar dessa responsabilidade


Contra o Congresso e o Supremo

Jair Bolsonaro “pregando” o golpe diante do Forte Apache

Carlos Newton

Essa insistente polêmica causada pelas duas declarações do comandante do Exército, General Edson Pujol, ao participar de seminários virtuais tipo “lives” na semana passada, ainda vai durar muito, porque existe uma cobrança  que precisa ser feita. Os militares estão na linha de frente do governo Jair Bolsonaro, com dez ministros, e os outros escalões abrigam mais de 6 mil militares. Mesmo assim, querem se eximir da reponsabilidade pelos erros do governante.

Na verdade, os militares – assim como as próprias Forças Armadas – também devem ser considerados responsáveis pelo governo, porque essa situação é comprovada pelos fatos. E como todos sabem, contra fatos não há argumentos.

FATO 1 (Apoio à candidatura) – Os militares se entusiasmaram com a campanha de Jair Bolsonaro, iniciada anos antes da eleição. Essa participação na política começou nos clubes militares e foi contagiando a ativa.

O comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, foi um dos maiores cabos eleitorais do capitão, mesmo conhecendo o passado dele.

FATO 2 (Palestra de Mourão) – Antes de passar para a reserva, o general Hamilton Mourão, fez explosiva palestra política na Maçonaria de Brasília, usando o uniforme e as condecorações. Deveria ter usado o terno preto que vestia nas sessões de sua loja maçônica, mas preferiu o uniforme, e não foi punido, o que demonstra que estava representando oficiosamente as Forças Armadas. Depois, aceitou ser candidato a vice.

FATO 3 (Militares no Poder ) – O  último levantamento, feito em junho pelo Tribunal de Contas da União, identificou 6.157 militares da ativa e da reserva em cargos civis no governo.

O Ministério da Defesa considera somente os da ativa e diz que são 3.029, que é um flagrante absurdo, pois grande parte deles exerce funções para as quais não estão qualificados, como o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, por exemplo.

FATO 4 (Palácio ou Quartel?)  – Todo presidente governa assessorado diretamente por quatro ministros que com ele trabalham no Palácio do Planalto – Casa Civil, Secretaria de Governo, Gabinete de Segurança Institucional e Secretaria-Geral.

Dois desses cargos foram são ocupados por generais da ativa, Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos, que só passaram muito tempo depois de assumir as funções civis. Outro cargo ficou com o general Augusto Heleno, e a Secretaria-Geral esta meio ocupada por um major da PM, Jorge Oliveira, já nomeado para o Tribunal de Contas da União, mas ainda não desencarnou.

FATO 5 (Na frente do Forte Apache…) – O presidente Bolsonaro tinha tanta certeza de que estava gerindo no governo militar que teve a audácia de organizar uma manifestação contra o Supremo e o Congresso, realizá-la na área em frente ao Forte Apache e até fazer um desafiador discurso. E não aconteceu rigorosamente nada.

Se um presidente civil fizesse uma maluquice desse tipo, seria imediatamente preso pela Polícia do Exército, sem a menor dúvida, no rigor da Constituição, por desrespeito à ordem institucional.

TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Agora, o balde encheu até a tampa e os militares resolveram desistir de Bolsonaro, embora estejam satisfeitíssimos com o aumento dos soldos e a manutenção dos privilégios que o capitão lhes garantiu.

As Forças Armadas querem se livrar desse encosto, como se não tivessem a menor responsabilidade pela ascensão de Bolsonaro ao poder. Estão abandonando o capitão aos abutres, mas sem devolver os cargos e os salários em dobro.

Alegam que o problema é dos civis, que devem tomar as providências profiláticas. Estão tranquilos de tudo, porque sabem que nada atinge os militares. Se Bolsonaro for afastado, quem governa será Mourão, está tudo dominado. Será uma mudança para deixar as coisas como estão? Claro que não. O general Mourão fará um governo muito melhor do que Bolsonaro, e o Brasil voltará a ser respeitado no exterior. Mas ficará caracterizada uma falta de caráter pandêmica. 

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P.S. – Se o presidente cumprir a promessa de denunciar os países que importam madeira Ilegal, poderá estar batendo o prego no próprio caixão. Bolsonaro é um idiota completo, não entendeu nada do que o diretor da Polícia Federal lhe informou. Só existe lista de comprador de madeira legal, exportada oficialmente. Essa lista de compradores de madeira ilegal é totalmente fake, como se diz hoje em dia. O falecido Padre Quevedo faz falta. Ele logo diria que “isso non ecziste”. (C.N.)

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