Posted on by Tribuna da Internet
Carlos Newton
O genial Ruy Barbosa estava corretíssimo ao defender, intransigentemente, a liberdade de imprensa. Disse o jurista: “A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam”.
E podemos dizer que foi graças a uma denúncia exclusiva da “Tribuna da Internet” que a Polícia Federal do Rio de Janeiro decidiu tirar da gaveta e tocar a ação criminal movida em 2019 contra os três filhos de Roberto Marinho.
EMPRESAS DE FACHADA – Trata-se do processo 5096780-78.2019.4.02.5101, aberto em São Paulo pelo juiz Gustavo Pontes Mazzocchi, por petição do procurador da república Luís Eduardo Marrocos de Araújo, tendo como investigados os empresários Roberto Irineu Marinho, seus irmãos João Roberto e José Roberto, além do advogado Eduardo Duarte, especialista na criação de empresas de fachada.
O magistrado paulista remeteu o processo para o Rio de Janeiro, porque a sede da Rede Globo é nesta cidade e os três irmãos Marinho também moram aqui. E assim a competência passou a ser da 2ª Vara Federal Criminal do Rio, desde 4 de dezembro de 2019.
Estive pessoalmente várias vezes na 2ªVara Federal Criminal e na Polícia Federal, no Centro do Rio, e constatei que o processo simplesmente havia desaparecido. Ou seja, caíra num buraco negro entre São Paulo e Rio de Janeiro e nem mesmo a Ouvidoria da Polícia Federal conseguia localizá-lo.
DENÚNCIA DA TI – No dia 3 de setembro, publicamos aqui na “Tribuna da Internet” uma reportagem a respeito, sob o título “PF descumpre ordem judicial e engaveta inquérito sobre crimes fiscais da Rede Globo”. Como dizia Ruy Barbosa, era a imprensa fazendo seu papel de ser “a vista da nação” ao enxergar “o que lhe malfazem” e devassar “o que lhe ocultam e tramam”.
E nesta quinta-feira, dia 12, o editor-chefe da TI foi surpreendido com a informação de que a Polícia Federal havia encontrado o processo e num prazo de apenas um mês e meio já tinha até concluído seu parecer sobre as fraudes contábeis da Rede Globo.
Fomos informados também que o Dr. Luiz Nogueira, um dos advogados mais respeitados de São Paulo, já enviou petição ao procurador da república Paulo Henrique Ferreira Brito, que juridicamente passou a funcionar como autor da notícia-crime, e lhe comunicou ter encaminhado documentos e petições à Justiça Federal e à Polícia Federal, visando oferecer mais provas que possam fortalecer o novo parecer do Ministério Público Federal.
DISSE A PROCURADORIA – No relatório anterior, a Procuradoria da República concluíra que “as empresas relacionadas no Decreto Presidencial de 23 de agosto de 2005, quais sejam, GLOBOPAR (Globo Comunicação e Participações S/A) e CARDEIROS PARTICIPAÇÕES S/A (antiga 296 Participações S/A) teriam realizado manobras societárias com o intuito de não recolher tributos, ocultando os verdadeiros nomes, a composição societária, o capital social, os objetivos e as atividades operacionais, bem como exercido, de forma simulada, a exploração de serviços públicos de radiodifusão sem o devido ato autorizador do governo”…
Portanto, só falta aguardar o parecer do procurador Paulo Brito, que está trabalhando em home office junto com sua equipe.
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P.S. – Assim que recebermos o documento, vamos publicá-lo em absoluta primeira mão, pois esse assunto do processo contra os irmãos Marinho é divulgado com exclusividade aqui na TI, pelo simples fato de que nenhum outro órgão de imprensa se interessa por isso. (C.N.)