Jussara Soares
Estadão
Apenas 19 dias após pedir demissão do gabinete do senador afastado Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro na cueca, Leonardo Rodrigues de Jesus, o Léo Índio, ganhou um novo cargo no Senado. O primo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro foi nomeado assessor parlamentar da Primeira Secretaria da Casa, comandada pelo senador Sérgio Petecão (PSD-AC), aliado do governo. O salário é de R$ 17.319,31.
A publicação saiu nesta terça-feira, dia 3, no Diário Oficial da União. Léo Índio pediu exoneração do cargo de assessor de Chico Rodrigues vinte e quatro horas depois de uma operação da Polícia Federal, realizada em 14 de outubro, encontrar R$ 33.150,00 na cueca do então vice-líder do governo e outros R$ 10 mil e US$ 6 mil em um cofre. No gabinete de Rodrigues ele tinha um salário de R$ 22 mil.
ESTRATÉGIA – Sobrinho de Rogéria Bolsonaro, ex-mulher do presidente, Léo Índio foi orientado por aliados a deixar a função em uma estratégia para blindar Bolsonaro no caso. A partir de então, aliados do governo e da família Bolsonaro se movimentaram para encontrar um novo emprego para o primo de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).
Durante a campanha presidencial, Léo Índio era figura constante em vídeos gravados por Bolsonaro em casa, na Barra da Tijuca, no Rio. No início do governo, Léo Índio frequentava o Palácio do Planalto, onde esteve 58 vezes nos primeiros 45 dias de gestão Bolsonaro.
A pedido de Carlos Bolsonaro, de quem é muito próximo e com quem chegou a morar no Rio, Léo foi indicado para assumir um cargo no governo. À época, no entanto, o então ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, atuou para impedir a nomeação. Pouco depois, o próprio Santos Cruz foi demitido por Bolsonaro.