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sexta-feira, outubro 02, 2020

Bolsonaro reage às críticas a Kassio, mas não tem coragem de citar Malafaia e Olavo


Jair Bolsonaro deve assinar decreto de armas nesta terça | Brasil |  Pleno.News

Bolsonaro chama Malafaia de “a autoridade lá no Rio”…

Ingrid Soares
Correio Braziliense

O presidente Jair Bolsonaro comentou, nesta sexta-feira (02), a indicação do desembargador Kassio Nunes Marques, do Tribunal Regional Federal da 1° Região, para a vaga do ministro Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF). A apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, mostrou-se irritado com os ataques que vem sofrendo pela escolha.

“Ou confia em mim, ou não confia”, disparou. Bolsonaro ainda analisou as manifestações do pastor Silas Malafaia, que vem tecendo críticas, pelas redes sociais, a ele e à indicação que fez. E disse que Kassio está sendo vítima de “covardia”.

INDICAÇÃO MANTIDA – “Lamento muito. Uma autoridade lá, no Rio, alguém que eu prezava muito, está me criticando muito, com videozinhos, e me xingando de tudo quanto é coisa porque eu escolhi (o Kassio) para ir para o Supremo. E está mantido, a não ser que haja um fato novo, gravíssimo, contra ele. E, pelo que tudo indica, não tem. Ele vai para o Supremo. Agora, é uma covardia o que estão fazendo com ele”, disse o presidente, visivelmente contrariado.

Bolsonaro aproveitou para alfinetar o ex-ministro Sergio Moro. “Que tal eu indicar o Sergio Moro para o Supremo? Se ele não tivesse pedido demissão, e estivesse comigo até hoje, vários de vocês estariam falando: ‘ou é o Sergio Moro para o Supremo ou não tem reeleição em 2022’. É ou não é isso? Ou vocês confiam em mim ou não confiam, tá certo?”

ATAQUES NAS REDES – Malafaia vem divulgando, em suas redes sociais, que é “uma vergonha e decepção geral” a primeira indicação de Bolsonaro para a vaga no STF. O religioso diz, ainda, que o escolhido foi nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff para desembargador do TRF-1 e que teria “posições socialistas”. O presidente, porém, ressaltou que a indicação ao cargo cabe unicamente a ele e classificou sua escolha como “crucial” para o governo.

“Essa infâmia que essa autoridade lá no Rio está fazendo contra o Kassio é uma covardia. Até porque, ele está fazendo porque queria que eu colocasse um indicado por ele. Com todo respeito, o presidente sou eu. Eu não tenho cabeça dura, não. Eu volto atrás em decisões minhas, mas essa decisão é crucial para mim”, justificou.

LAGOSTA E VINHO – O presidente defendeu Kassio, também, da acusação de ter liberado, em maio de 2019, a compra de lagosta e vinho para os eventos do Supremo que havia sido impedida por uma juíza federal. Bolsonaro disse que isso não tira as qualificações do desembargador.

“Eu recebo autoridades aqui em casa, do mundo todo. O que eu devo servir para eles? Angu e tubaína? Nunca entrou lagosta aqui. Da minha parte não entra. O que acontece? Vamos supor que a liminar cassada pelo Kassio e o cardápio do STF voltou a ter lagosta e vinho. Vamos supor que vocês sejam vegetarianos, entram com uma ação no STF para que não compre filé mignon. Então, o juiz decide na primeira instância que não pode mais comprar filé e tem que ser só verdura. É uma interferência exagerada por parte de alguns dos poderes. Eu não compraria. O Supremo comprou e não respondo por isso. Justifiquem-se se é ilegal, se não é, se pode ou não pode. Agora, uma decisão dessa, mesmo que seja do Kassio, e esse cara não serve mais para ter ascensão na vida de jurista? Que negócio é esse”, indignou-se.

REAÇÃO ÀS CALÚNIAS – Bolsonaro afirmou que está aborrecido com as calúnias que tem ouvido contra Kassio. “Quer me criticar, critique sem problema nenhum. Agora, ir para a calúnia, igual esse cara (Malafaia) do Rio está fazendo covardemente, caluniando o cara”, disse, irritado, acrescentando estar surpreso com a atitude do religioso.

Embora não o tenha citado diretamente, disse que “o que mais dói” é que os ataques venham de “uma autoridade que diz que tem Deus no coração”.

LIBERTAÇÃO DE BATTISTI – O presidente citou, também, o episódio da deportação do terrorista Cesare Battisti. Na época, Kassio votou contra a entrega ao governo italiano. “Culpar o desembargador pelo Battisti ter ficado no Brasil… É um covarde o cara que faz uma acusação dessas. Todo mundo tem defeito. Agora, que esse defeito cause mal só a você. Não fique querendo estender isso para todo mundo. Então, estou chateado sim. O pessoal que me apoia virando as costas, não tem problema – lamento. O voto é um direito dele; até não ir votar é um direito dele. Agora, tudo ver defeito…”, comentou o presidente, para alfinetar Malafaia:

“Essa autoridade do Rio queria que eu indicasse o (candidato) dele. Vocês devem saber de quem estou falando. Tem vários vídeos aí. Lamento. Uma autoridade que diz que tem Deus no coração ainda por cima. É o que dói mais na gente, mas, tudo bem”, arrematou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Entre o terrivelmente evangélico (André Mendonça), o engavetador-geral da República (Augusto Aras) e o ex-PM (Jorge Oliveira), o presidente optou pelo nome indicado pelo Centrâo (Kassio Marques), que é um magistrado amoldável – num momento é petista, em outra é do Centrão, tudo depende das circunstâncias, como diria Ortega y Gasset. Quanto a Bolsonareo, mostrou que não tem coragem de citar os nomes de Silas Malafaia e Olavo de Carvalho. Saudades de Juscelino Kubitschek, que enfrentava tudo e dizia: “Deus me poupou o sentimento do medo. (C.N.)


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