Carlos Newton
O vídeo da reunião ministerial é um documento da maior importância não apenas para o que se discute no inquérito do Supremo, mas também para que a opinião pública tome conhecimento do ponto a que chegamos em matéria de degradação moral. Mesmo os mais fanáticos admiradores de Jair Bolsonaro devem estar estarrecidos com o baixo nível do ministério, no qual falta praticamente tudo – qualificação, ética, preparo, interesse público, decoro, equilíbrio e educação.
Foi impressionante também o silêncio de alguns participantes, especialmente o então ministro Sérgio Moro, quase sempre com o semblante fechado e os braços cruzados, e o vice-presidente Hamilton Brandão, também visivelmente constrangido, em determinados momentos, notava-se que ele simulava estar fazendo anotações, para não prestar atenção às asneiras que diziam.
DESCONTROLE TOTAL – Como ensinava o filósofo, escritor e poeta norte-americano Ralph Emerson (1803-1882), criador do Transcendentalismo, “toda instituição ou empresa é sempre uma imagem de seu dirigente”. No caso do Brasil, o vídeo da reunião ministerial confirma esse conceito do pensador americano e explica por que o Brasil está tão descompassado.
O que se vê na filmagem é um presidente à beira de um ataque de nervos, desequilibrado emocionalmente, que se dirigia de forma grosseira e agressiva a seus colaboradores, e o fazia de uma maneira tão atrapalhada que ficava difícil entender o que estava querendo dizer, e ainda hoje, mais de um mês depois, suas palavras necessitam de tradução simultânea, pois até agora ainda não foram compreendidas em seu real significado.
Com um mestre de cerimônias desta categoria, que sublinhava suas frases desconexas com ameaças e palavrões, o que esperar de seus ministros?
DE BOCA ABERTA – Quando o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, começou a falar aquela maluquice sobre a pandemia como momento ideal para aprovar leis indesejadas, o então ministro da Saúde, Nélson Teich, que estava a ser lado ficou de boca aberta, parecia não acreditar.
Em empresas e instituições, toda reunião de dirigentes é um evento formal, em que as grandes decisões são tomadas. No Brasil de Bolsonaro, foi um choque saber que os encontros ministeriais transcorrem desse jeito bizarro. A reunião realizada dia 22 de abril no 3º andar do Planalto foi patética, caricata e revoltante.
A partir de agora, a tendência é de que aumente progressivamente o apoio ao impeachment de Jair Bolsonaro. E não é sem motivos. Na minha opinião, um dos piores criminosos é aquele que mata as nossas esperanças.
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P.S. – O mais incrível é que ainda existem pessoas capazes de apoiar um farsante como Jair Bolsonaro e recriminar um grande brasileiro como Sérgio Moro. Devem estar contaminadas pelo bolsonavirus. (C.N.)
P.S. – O mais incrível é que ainda existem pessoas capazes de apoiar um farsante como Jair Bolsonaro e recriminar um grande brasileiro como Sérgio Moro. Devem estar contaminadas pelo bolsonavirus. (C.N.)