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segunda-feira, maio 04, 2020

Militares se calam, mas não concordam com o comportamento do presidente Bolsonaro


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Charge do Bier (Arquivo Google)
José Carlos Werneck
Segundo matéria do jornal “O Estado de São Paulo”, importantes oficiais-generais declararam que o presidente da República, Jair Bolsonaro tentou, neste domingo, fazer uso político do capital das Forças Armadas, quando disse que os militares estavam com o seu governo. Essas “pressões” e “ameaças dissuasórias” do chefe do governo, provocaram novo incômodo entre os militares.
De acordo com o texto do jornal, “interlocutores do presidente deixaram claro que a Aeronáutica, o Exército e a Marinha estão “sempre” na defesa da independência dos poderes e da Constituição. “Ninguém apoia aventura nenhuma, pode desmontar essa tese. Estamos no século 21”, resumiu uma das fontes, que ainda destacou a “retórica explosiva” do presidente que permite interpretações.”
CHEGAMOS AO LIMITE – Na declaração a apoiadores que provocou reações, Bolsonaro disse que “chegamos ao “limite”. Os militares ouvidos pelo jornal disseram que ele se expressa mal e acaba colocando em risco sua postura de defensor da Constituição. A frase do presidente, reclamaram, voltou a colocá-los em uma “saia justa”.
Eles reafirmaram que não vão se meter em questões políticas. “É uma declaração infeliz de quem não conhece as Forças Armadas”, reagiu de forma mais dura um deles. “O problema é que deixa ilações no ar. Afinal, não há caminho fora da Constituição.”
As novas investidas do presidente contra o Judiciário, o Congresso e a imprensa ocorreram, segundo essas fontes, ouvidas pelo jornal, um dia depois de um encontro do presidente com ministros e comandantes militares.
CRISE POLÍTICA – Na reunião, no Palácio da Alvorada, neste sábado, Bolsonaro e sua equipe discutiram a situação do País, a saída de Sérgio Moro do ministério da Justiça, bem como as consequências de uma crise política arrastada nesta pandemia do novo coronavírus, devido à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, sustando a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para a diretoria geral da Polícia Federal. 
A suposta interferência do ministro Alexandre de Moraes num ato do Executivo teria sido criticada pelos participantes do encontro, que demonstraram preocupação com a influência desse posicionamento em instâncias inferiores do Judiciário para barrar indicações em outros órgãos federais e estaduais. 
SEM COMENTÁRIOS – Segundo a matéria de Tânia Monteiro, os ministros e comandantes militares teriam saído do encontro no Palácio da Alvorada certos de uma “pacificação” por parte de Jair Bolsonaro, mas na avaliação dessas fontes, o presidente “voltou a ser “envenenado”, na manhã de domingo, por pessoas próximas e grupos de WhatsApp.
A repórter ainda diz que, “por tradição e hierarquia, os militares não deverão fazer manifestações públicas sobre a fala do presidente”. O assunto ficará sem comentários.

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