Mathias Erdtmann
Contrariando os analistas dos bancos Itaú e Bradesco, acho que a taxa de juros Selic irá subir, podendo atingir 10% ao ano. O motivo é simples: a Selic tradicional, desde o início do Plano Real, resulta de inflação acrescida de 6%. A inflação (IPCA) dos últimos 12 meses subiu e está a mais de 4%, e a Selic tradicionalmente sobe cerca de três meses depois. A não ser que algo tenha mudado no Copom (Comitê de Política Monetária).
O Tesouro Direto está vendendo o papel indexado à inflação por IPCA+4,5%, o que já apontaria para uma Selic de 8,5% na outra opção de indexação. Claro que os papéis podem se descolar, mas tradicionalmente acabam convergindo após três meses.
ERA DOS BANCOS – Fico preocupado com alguns sinais do governo que indicam, na verdade, reforço ao sistema bancário: reforma da previdência (jogando as pessoas para a capitalização ou previdência privada complementar, que em última análise será gerida por bancos); ausência de plano para pôr fim às operações compromissadas, que aumentam a dívida interna em 1 trilhão, aproximadamente; autonomia total do banco central, uma bandeira dos bancos há muito tempo; e avanços no liberalismo econômico que reforça a participação dos bancos na fatia do PIB.
Além disso, no caso de eventuais privatizações de empresas relevantes, tipicamente os bancos engolem uma grande fatia das empresas leiloadas. Fala-se até em privatização de ativos da Petrobras, que têm lucro de 9% ao ano, para pagar dívidas de 6,5% ao ano. Não faz sentido, é decisão errada.