Pedro do Coutto
Na edição de ontem de O Estado de São Paulo, reportagem de Naira Trindade e Vera Rosa revelou que o governo decidiu condicionar indicações de deputados para diretorias de empresas estatais, exigindo que assegurem apoio ao Palácio do Planalto, especialmente no caso da reforma da Previdência. O documento de compromisso, como está no título, destina-se a nomeação nos escalões de segundo e terceiro postos administrativos.
A ideia é que os parlamentares firmem um documento que permite que as indicações possam ser cobradas, caso o nomeado venha a se envolver em alguma irregularidade após assumir o posto.
CORTINA DE FUMAÇA – Entretanto, essa condição para que indicados sejam exonerados representa uma cortina de fumaça envolvendo a troca de nomeações por votos. Isso porque, se o nomeado para a diretoria de uma estatal cometer uma irregularidade ou uma ilegalidade, para demiti-lo não há necessidade de documento prévio reconhecendo a procedência de ações na área governamental.
A reportagem de O Estado de São Paulo acentua que as articulações com parlamentares para aprovar a reforma previdenciária encontram-se na esfera de atuação do Ministro Chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. No fundo o objetivo é trocar as nomeações por votos a favor do projeto do governo, num regime de mão dupla.
RESISTÊNCIAS – A matéria destaca ainda que a iniciativa criou resistências no Congresso Nacional, uma vez que os autores de indicações se responsabilizem pelo desempenho de dirigentes das estatais e das autarquias.
Ficou claro que, se o parlamentar votar contra a reforma da Previdência ou se omitir, não comparecendo a sessão do plenário os indicados, perderão os cargos nos quais foram colocados.
FALTA DE CONFIANÇA – A troca de votos por diretorias representa uma falta de confiança do governo no comportamento dos deputados e senadores. De outro lado, fica clara uma contradição na área do Executivo.
Além disso tudo, o presidente da Petrobrás, Roberto Castelo Branco, em uma entrevista ao O Globo disse que “sonha em privatizar a estatal ” e anunciou que até abril pretende vender ativos da Petrobrás num montante de 10 bilhões de dólares.
Roberto Castelo Branco afirmou que, em sua opinião, o BNDES deveria ser fechado. As reportagens econômicas na minha opinião devem tentar ouvir o presidente do Banco, Joaquim Levy.