Pedro do Coutto
Foi realmente emocionante o desempenho da Mangueira no desfile das escolas de samba, conquistando a admiração e o entusiasmo que se estendeu a todos os componentes da verde e rosa contagiando o público formado por imensa legião de pessoas que assistiam pela televisão. O entusiasmo foi constatado também no Sambódromo que, mais de uma vez registrou momentos de arte e amor dos integrantes das escolas.
A emoção predominou, transformando-se em manifestação dos críticos e de todos aqueles que assistiram ao desfile concluído ao amanhecer de terça-feira.
ESTANDARTES – A Mangueira conquistou três Estandartes de Ouro no juri que a Organização Globo formou, como faz todos os anos, para informar sobre uma posição geral do confronto entre a arte e o entusiasmo projetado na emoção humana.
A Mangueira venceu na categoria de melhor samba e de melhor escola a se apresentar no carnaval do Rio. Atingiu o coração dos que viveram da noite de segunda-feira à alvorada de ontem.
A Estação Primeira destacou-se também nos comentários de Milton Cunha, que a colocou entre os destaques de domingo e de segunda-feira. O carnavalesco exaltou também a beleza apresentada pela Vila Isabel e pela criatividade da Viradouro.
JULGAMENTO – Hoje quarta-feira, haverá o julgamento coletivo para classificar aqueles que receberem as maiores notas nos diversos quesitos nos quais a decisão se baseia. Mas penso que todas as catorze Escolas de Samba exaltaram mais uma vez a força da poesia, melodia, escolha dos temas, para mim todas são vencedoras. Pois todas, sem exceção, honraram mais uma vez a essência e a beleza do carnaval carioca.
Muitos vão exercitar a memória luminosa de duas noites e duas alvoradas, destacando vários pontos captados por suas observações. Perfeito, nada contra isso, pois como disse Noel Rosa, o samba não se aprende no colégio. O samba parte da emoção e, quanto ao desfile encontra apresentação de uma realidade.
REALIDADES – No que se refere a esse ano, percebe-se que as realidades são múltiplas dentro da busca da forma na cor e a cor da forma, sob as luzes da obra de Niemeyer e sobre a percepção e o julgamento de cada um.
Esse encontro entre arte e beleza, da criatividade com a história, são dois pontos eternos do carnaval. Ninguém poderá contestar o incontestável, mesmo porque a poesia que o desfile passa ficará por conta de cada um de nós, expectadores e testemunhas de tantos carnavais.