Por REDAÇÃO - PA4.COM.BR | 16 de Março de 2019 às 18:36
Faleceu hoje (16), aos 90 anos em Recife (PE), Amílton Ferreira Leal, 90 anos, mais conhecido como ‘Periperi”, ou simplesmente “Peri”.
Nascido em Salvador e radicado no município de Paulo Afonso há quase 60 anos onde trabalhou na Chesf e na prefeitura. Um dos momentos de orgulho de “Peri” foi quando recebeu o título de cidadão pauloafonsino, concedido pela Câmara Municipal em 1995.
Peri morava na rua do Ouvidor, no antigo acampamento da Chesf, ao lado da inseparável mulher Waldir. Ele era pai de Walmir, Djalma, Jorge, Tânia e Ana.
Peri morreu em um hospital de Recife onde estava lutando contra problemas de saúde. Ainda não há informações sobre o local do velório e horário do sepultamento.
Seleção Baiana: goleiro Periperi ganhou até apelido dos chilenos
Em abril do ano passado, às vésperas da Copa do Mundo da Rússia, o jornal Correio da Bahia prestou uma homenagem a Periperi, através de uma reportagem especial contando sua trajetória na Seleção Baiana e sua vida em Paulo Afonso. Veja a abaixo:
O ‘Pequeno Elástico’ foi destaque na Taça O’Higgins de 1957; aos 90 anos, hoje mora em Paulo Afonso
Apesar da euforia pela conquista da segunda edição da Taça O’Higgins, a mídia chilena arranjou um espaço considerável para falar do goleiro brasileiro Periperi, responsável por defesas milagrosas nos dois jogos realizados em Santiago, em que a Seleção Baiana representou a Seleção Brasileira.
Além de chamá-lo de “Pequeno elástico”, em referência ao seu tamanho (1,70m) e flexibilidade, ressaltou o fato de o time do Brasil se desestabilizar após ele ter deixado o campo contundido durante a prorrogação, após uma dividida com o atacante Fernández.
Torcedor do Galícia, Amílton Ferreira Leal, 90 anos, nascido em Salvador e criado no subúrbio ferroviário de Periperi, sempre recebeu em sua carreira, iniciada no Vitória no começo dos anos 50 do século passado, elogios generosos por sua agilidade e colocação.
“Numa partida no Pacaembu, entre as seleções baiana e paulista, em 1957, tive uma grande atuação, defendendo inclusive um pênalti cobrado por Pepe, que possuía um canhão no pé esquerdo”, lembra Periperi, ao frisar ter sido naquele dia parabenizado até pelos adversários.
“Pelé estava na reserva e, ao entrar em campo, mudou o jogo. Apesar dos cuidados de Nelinho, ele marcou duas vezes na vitória de São Paulo por 3×1. Num desses gols, ao buscar a bola no fundo das redes, passou a mão na minha cabeça e disse: ‘goleiro, você é bom, mas sozinho não vai fazer muita coisa’”, conta.
Reserva de Nadinho no título estadual pelo Vitória em 1953 – o primeiro do clube na era profissional – e inconformado com a situação, Periperi optou por dar baixa na Aeronáutica, onde servia e já alcançara a patente de cabo, e se transferiu no ano seguinte para o Fluminense de Feira, que formava o elenco para competir, pela primeira vez, na divisão de profissionais do Campeonato Baiano.
Ídolo no novo clube, foi vice-campeão estadual em 1956, perdendo o título para o Bahia, e diversas vezes convocado para participar do selecionado baiano, que disputava o antigo Campeonato Brasileiro de Seleções.
Parceiro de Garrincha e Nílton Santos no Botafogo
Em 1952, o goleiro teve uma rápida passagem pelo Botafogo do Rio, onde conviveu com craques como Garrincha, Nílton Santos, Geninho (técnico campeão brasileiro pelo Bahia, em 1959) e Pirilo. “Em General Severiano, tinha goleiro demais. Oswaldo Baliza e Gílson, que jogaram mais tarde pelo Bahia, além de Amauri e Arízio, e eu resolvi então voltar para Salvador”, explica.
Com sérios problemas nos meniscos, Periperi encerrou a carreira em 1960 e, logo a seguir, aceitou um convite da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) para treinar a Seleção de Paulo Afonso. Na empresa, onde ingressou como escrevente, exerceu os cargos de auxiliar de escritório e professor de educação física, aposentando-se como coordenador da equipe de mergulho.
Sobre a participação na II Taça O’Higgins e que lhe valeu uma remuneração de um salário mínimo (Cr$ 3,8 mil na época), lembra que, durante a prorrogação do segundo jogo, recebeu uma entrada desleal de Fernández, que atingiu a perna direita, obrigando-o a deixar o campo e a ser substituído por Albertino, então goleiro do Vitória.
“Naquele momento, o Chile pressionava, mas nós nos defendíamos bem, jogávamos fechadinhos”, revela, acrescentando que o objetivo do Brasil era manter o 0x0. “Não havendo data disponível para uma ‘negra’, por conta da participação chilena nas eliminatórias para a Copa da Suécia, diante de argentinos e bolivianos, ficara definido que o empate na prorrogação daria a vitória à seleção visitante”, explica.
Destaque do jogo, sua saída fez falta à equipe brasileira, que levou um gol aos 12 minutos da primeira fase do tempo extra, através do maldoso Fernández. Ele soube de maneira inusitada: “Quando era levado numa ambulância para o hospital, um enfermeiro que me acompanhava deu uma risada e eu perguntei o que houve. Ele respondeu alegremente: o Chile fez um gol”.