Celso Serra
De 1955 a 1960 trabalhei no escritório do advogado Alfredo Tranjan. Era eu quem acompanhava os processos no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos. Conhecia todos os ministros e, não raro, cruzava com eles nas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro. Alguns iam para o trabalho de bonde. Repito o que que escrevi a respeito da nova classe criada nos três Poderes. “É uma nomenklatura absurda, com o Supremo a reconhecer direitos adquiridos e os três Poderes a criar penduricalhos salariais, como cartão corporativo, auxílios para moradia, alimentação, educação, creche, transporte, é um nunca-acabar”.
E me pergunto: existiam esses “penduricalhos” quando a capital federal era no Rio de Janeiro? Seria muito interessante que se fizesse um estudo comparado em relação à situação atual.
ESTUDO COMPARADO – Sei que muitas pessoas são contra a elaboração desse estudo comparado sobre os penduricalhos existentes quando a capital era no Rio de Janeiro e os atuais, em Brasília. Mas os números são necessários para que todos saibam a real situação em relação aos componentes do STF e do Superior Tribunal de Justiça, que substituiu o antigo TFR.
Não vamos falar sobre a qualidade dos julgamentos e o respeito que o povo tinha pelos julgadores. Eles eram exemplos vivos de capacidade jurídica e idoneidade.
Da mesma forma, é necessário que o povo brasileiro tenha números comparativos também sobre os gastos com os integrantes dos Poderes Executivo e Legislativo quando a capital do Brasil era no Rio de Janeiro e agora, com a capital em Brasília, sem esquecer o acompanhamento gradativo (temporal) da instituição dos diversos e sempre crescentes “penduricalhos”.
CADA VEZ PIOR – Com esse levantamento teríamos informações seguras do quanto o povo paga pela “legislatura que piora a cada eleição”, como dizia o Dr. Ulisses.
No mais, a declaração de Juscelino Kubitschek é reveladora por si mesma. “Estou com uma sensação de que Brasília não é mais minha. Não é como uma filha que se casa. É diferente. É pior”.