PSDB obstruiu ontem as votações no plenário do Senado para reivindicar a presidência da comissão. Cargo deve ficar com ACM Júnior
BRASÍLIA - André Gonçalves, correspondente
As indicações dos partidos governistas para a composição da CPI da Petrobras vão passar pelo crivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão joga a escolha para a próxima semana, quando ele voltará da viagem por Emirados Árabes, China e Turquia. Enquanto isso, permanece a briga pelos cargos de comando nas investigações.
Há três hipóteses. A primeira é que a base governista faça valer a superioridade numérica na comissão (terá direito a 8 das 11 cadeiras) para eleger presidente e relator. A segunda é seguir a tradição recente na Casa e permitir que o partido que propôs a CPI, o PSDB, fique com a presidência – nesse caso, o escolhido seria o paranaense Alvaro Dias.
A terceira opção é ceder a presidência à oposição, desde que o nome escolhido seja negociado. O favorito é Antonio Carlos Magalhães Júnior (DEM-BA), já que Alvaro é visto como hostil pelos governistas. No momento, essa é a hipótese mais provável.
Ontem, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), começou a suavizar as críticas à CPI e abriu as portas para a negociação. “Não queremos confronto. Queremos um trabalho positivo. A recomendação é que a base trabalhe unida para preservar a Petrobras”, afirmou.
Na mesma linha, ACM Júnior enfatizou que, caso seja o escolhido para a presidência, não fará da CPI um “espetáculo de pirotecnia”. “Sou uma pessoa confiável. Não sou radical, faço uma oposição responsável.”
O parlamentar afirmou que está bem informado sobre as supostas irregularidades que serão investigadas pela comissão e disse que conversou com o presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, na semana passada. “Ambos somos professores da Universidade Federal da Bahia. Temos uma relação boa, mesmo ele sendo uma pessoa ligada ao PT no estado.”
Alvaro, no entanto, lamentou a possibilidade de que a posição se submeta aos interesses do governo para indicar o nome do presidente da comissão. “Se o governo vetar o meu nome ou outro qualquer, vai ter de explicar o motivo dessa decisão. Partir para uma negociação assim é inaceitável.”
Irmão do senador tucano, Osmar Dias (PDT) admitiu ontem que foi procurado para integrar a CPI. “Gente do governo e da oposição conversou comigo, mas não aceitei porque estou dedicado a outros projetos”, afirmou o pedetista, que já começou a percorrer o Paraná como candidato a governador em 2010.
Manifestações
A guerra que envolve a CPI da Petrobras também dividiu PSDB e PT em ações simbólicas. Enquanto os petistas promovem hoje um abraço à sede da empresa no Rio de Janeiro contra as investigações, os tucanos obstruíram ontem as votações no plenário do Senado para reivindicar a presidência da comissão.
A manifestação do PT inclui movimentos sociais, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical. A intenção é mobilizar a opinião pública contra o desgaste que a estatal estaria exposta em tempos de crise econômica mundial.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgilio, ironizou o protesto petista. “O PT usa a cansada CUT para promover uma campanha fascista contra o PSDB.” Segundo ele, a verdadeira intenção do partido é proteger a Petrobras.
Fonte: Gazeta do Povo
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