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sexta-feira, maio 02, 2008

Interrogatório e relatório de peritos contêm diferenças

Por Bruno Tavares
SÃO PAULO - Uma falha na comunicação entre peritos do Instituto de Criminalística (IC) e os delegados encarregados de investigar a morte de Isabella Nardoni pode explicar as perguntas incorretas feitas ao casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá durante o interrogatório.
Pelos menos três afirmações feitas pela delegada Renata Helena da Silva Pontes ao pai e à madrasta da garota não constam do relatório final elaborado pelo Núcleo de Crimes Contra a Pessoa do IC. Os advogados do casal se apóiam nessas imprecisões para questionar a condução do inquérito policial.
Os problemas começaram na madrugada de 18 de abril, horas antes de Alexandre e Anna Carolina começarem a ser ouvidos no 9º DP, na Zona Norte da capital paulista. Uma pane nos computadores do IC fez os peritos perderem parte do relatório de 83 páginas que serviria como base para as perguntas.
A delegada decidiu levar os laudos já finalizados e aguardar pelo relatório final. O documento só chegou no início da tarde, quando o interrogatório de Alexandre estava em andamento. "Não tivemos tempo de sentar com a doutora Renata e esclarecer os aspectos mais difíceis", admite um perito. "Por mais que ela conheça o caso, alguns pontos mereciam discussão aprofundada."
A primeira imprecisão surge na folha 15 do interrogatório de Alexandre. A delegada informa o acusado de que fora encontrado vômito de Isabella em sua camiseta - a mancha estava na bermuda. Alexandre alega que em momento algum viu sua filha vomitando, enquanto vivia. Renata prosseguiu, dizendo que o vômito de Isabella ocorreu após ela ter sido asfixiada. O pai reafirmou desconhecer o motivo da descoberta.
De fato, os médicos-legistas encontraram vômito nos pulmões da vítima - possivelmente resultado do processo de asfixia. Mas os peritos não conseguiram juntar essa informação com as manchas amareladas detectadas na bermuda de Alexandre. "O aspecto e o cheiro são iguais. Só não pudemos afirmar que se tratava de vômito de Isabella", explicou o perito.
Também houve erro na pergunta relativa ao sangue encontrado no carro da família e na sapatilha da madrasta. A delegada disse a Alexandre que as gotas de sangue encontradas no assoalho, atrás do banco do motorista e na cadeirinha de bebê instalada no Ford Ka eram "comprovadamente de sua filha". Em seguida, Renata disse ao acusado que foi constatada uma gota de sangue sobre o pé direto do sapato de Anna Carolina - "tratando-se do sangue de Isabella". No laudo final do IC, porém, a explicação é diferente.
No documento, os peritos atestam que todas as amostras encaminhadas ao Núcleo de Biologia e Bioquímica (do sangue encontrado no apartamento, nas roupas e no carro) resultaram positivo. Encaminhadas para a comparação de perfil genético, as mesmas apontaram predominância de membros da família. Os únicos vestígios em que foi possível determinar que se tratava de sangue de Isabella foram os colhidos no piso do apartamento.
"Só o exame de DNA dá resultado com 99,9% de certeza. O perfil genético é algo mais genérico. Como não conseguimos extrair o DNA das amostras, foi impossível dizer a que pessoa da família o sangue pertencia", esclareceu o perito. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que só vai se pronunciar após a manifestação do promotor.
Fonte: Tribuna da Imprensa

quinta-feira, maio 01, 2008

EXMO. DR JUIZ ELEITORAL DA 51ª ZONA COM SEDE JEREMOABO – BA.


SPENCER JOSÉ DE SÁ ANDRADE, representado, nos autos da REPRESENTAÇÃO POR PRÁTICA DE PROPAGANDA IRREGULAR c.c. PEDIDO LIMINAR que lhe move o DEM – Partido Democrata, de nº. 03/2008, por seu advogado constituído pelo mandato anexo, doc. 01, com endereço profissional na Rua Santos Dumont, sn, Centro, CEP 48602-500, na cidade de Paulo Afonso, deste mesmo Estado, onde receberá as comunicações processuais, no prazo de lei, vem perante V.Exa. apresentar sua CONTESTAÇÃO, expondo e requerendo:

1. A notificação datou do dia 24.04, recaindo o vencimento do prazo em 26, dia sem expediente forense, prorrogado o vencimento para o dia de hoje, 28.04, sendo tempestiva a resposta.

2. DAS TUTELAS PRETENDIDAS.

O DEM, por sua Seção local, noticiou que o representado, na inauguração de um prédio escolar, localizado no povoado Lagoa do Mato, dias atrás, houvera praticado propaganda irregular, ao afirmar ser candidato a reeleição, pedindo voto. Noutro aspecto, sem fazer qualquer adequação ao direito vigente, pediu a instauração de censura prévia, sobre um programa a ser levado ao ar pelo Município, sem, que houvesse sequer indicação do conteúdo, a caracterizar propaganda política ilícita.

Em razão do articulado, pediu medida liminar, para que as rádios Baza-Barris e Alvorada, não transmitissem o programa municipal, a cada sexta-feira, com o título Fala Prefeito, e condenação do representado no pagamento de multa de que trata o § 4º do art. 3º, da RES. 22.718/2008, do TSE.

Houve pedido de concessão de medida liminar que foi deferida, com manifesta e grave violação as garantias constitucionais e a competência constitucional reservada ao Município.

3. DA PEÇA DEFENSIVA.

3.1. PROGRAMA LEVADO A EFEITO PELO MUNICÍPIO. CENSURA PRÉVIA. IMPOSSIBILIDADE.

3.1.1. PROGRAMA LEVADO A EFEITO PELO MUNICÍPIO. GARANTIA DO § 1º do ART. 37 DA CF.


Na peça primeira, o DEM transcreveu o que continha o cartaz de divulgação do programa de Rádio do Município, Fala Prefeito, onde se lê:

“O PROGRAMA DE RÁDIO DA PREFEITURA DE JEREMOABO, TODA SEXTA-FEIRA AO MEIO DIA, NAS RÁDIOS ALVORADA E VAZA-BARRIS.

SINTONIZE E FIQUE SABENDO TUDO QUE A PREFEITURA ESTÁ FAZENDO PELA NOSSA CIDADE.”


O Município, ente federativo, arts. 1º e 18, caput, da CF, no exercício de suas atividades fins, lhe é reservado o direito de divulgar os programas, obras executadas e serviços prestados a comunidade, sendo vedado, apenas, a divulgação de cunho pessoal, nos termos do §1º do art. 37 da CF, cuja garantia restou frontalmente violada com a r. decisão liminar deferida por V.Exa. O dispositivo citado tem a seguinte redação:

“§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.”

Descabe a pretensão da sigla partidária e violou a liminar deferida, o disposto no § 1º do art. 37 da CF, pelo que deverá ser revogada, por contrariar a norma primária nacional.

O mesmo texto, por sua vez, no art. 215, prevê que o Estado garantirá o pleno exercício e acesso as fontes de cultura, como se vê:

“Art. 215 - O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.”

É de se lembrar em boa hora, que o Governo Federal e os Estaduais, todos, indistintamente, fazem publicidade dos seus atos, programas, obras e serviços, sem qualquer vedação e sem que se constitua em propaganda ilegal. O Governo federal, inclusive, mantém o programa Fala Presidente, com uma edição semanal, e o Governo do Estado, tem idêntico programa, com edição diária e fala do Governador, sem que haja qualquer decisão contrária do TSE ou do TRE.

Na hipótese, o programa é do Município e sequer poderia ser avaliado, posto que, foi previamente censurado, com grave violação ao princípio da independência entre os Poderes, uma vez que o Judiciário Eleitoral, sem tomar conhecimento, interviu no mérito do ato administrativo, sem sequer tomar conhecimento do conteúdo do programa, impede o Município do exercício de sua competência constitucionalmente reservada.

No caso, o programa anunciado, é de iniciativa do Município, de cunho informativo, dentro da sistemática constitucional, § 1º do art. 37 da CF.

3.1.2. CENSURA PRÉVIA. PRÁTICA VEDADA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
Além da previsão constitucional da divulgação das ações municipais, art. 37, § 1º, o pedido e o deferimento da liminar, contrariam de forma expressa, os arts. 5º, IX, 220, §§ 1º e 2º, todos, da CF, em cujos dispositivos encontramos:

“IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Art. 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.”

A Constituição Cidadã de 1988 sepultou a prática comum da ditadura militar, a censura prévia, que infelizmente ressurge entre nós, com um diferencial da censura militar, posto que, naquele período tenebroso, a ditadura colocava em cada órgão de comunicação, um censor, encarregado de fazer leitura prévia das manifestações culturais, enquanto que, agora, entre nós, a censura é imposta ao Poder Público Municipal e aos órgãos de Comunicação local, sem que se conheça sequer, o conteúdo do programa.

Lembrar-se-á que em decisão recente, em sede de ADIN, o STF suspendeu a vigência de inúmeros dispositivos da lei de Imprensa, sepultando os resquícios do arbítrio sobre a liberdade.

O pedido de vedar a transmissão do Programa do programa do Município, FALA PREFEITO, bem como a liminar deferida, afronta a todos os dispositivos constituticionais citados, não se tendo notícia da imposição de censura prévia ao Presidente da República ou ao Governador do Estado, quem mantêm idênticos programas de Rádio com edição semanal.

No INQUÉRITO 870-2 RIO DE JANEIRO, o Min. Celso de melo, sobre o direito de informar, assim se expressou, à luz da vigente CF:

“Com a superveniência da Constituição de 1988, intensificou-se, ainda mais, o sentido tutelar dessa especial proteção jurídica, vocacionada a dar concreção à garantia básica de acesso à informação, consoante enfatizado pelo próprio magistério da doutrina (WALTER CENEVIVA, “Direito Constitucional Brasileiro”, p. 52, item n. 10, 1989, Saraiva; MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Comentários à Constituição Brasileira de 1988”, vol. 1/39, 1990, Saraiva).
.................................................................
A Constituição da República, tendo presente a necessidade de proteger um dos aspectos mais sensíveis em que se projetam as múltiplas liberdades do pensamento — precisamente aquele concernente ao direito de obtenção da informação —, prescreveu, em seu art. 5º, n. XIV, que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”

2.1.3. ANÚNCIO DE CANDIDATURA À REELEIÇÃO.

Não há vedação ao exercente de cargo do Poder executivo, em primeiro mandado, a candidatar-se para uma reeleição, dado a faculdade assegurada pelo § 5º do art. 15 da CF que diz:

“§ 5º - O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.”

O Prefeito pode anunciar de público, em reuniões fechadas ou entrevistas, que tentará sua reeleição, sem que isso se constitua em infração a lei eleitoral, posto que, no período antecedente ao pedido de registro de candidatura, não há sequer de se falar em candidatura a cargo eletivo.

Não há impedimento ao Prefeito participar de inauguração de obras, programas ou serviços implantados pelo Município, cuja vedação somente ocorre, se é ele candidato a reeleição, com pedido de registro de candidatura deferido.

No ato de que trata a reclamação, inauguração da Escola, em nenhum momento o Representado anunciou, sequer sua candidatura a reeleição e muito menos pediu votos antecipado, cuja prática vem sendo adotada no Município, não pelo Representado, porém, por seus adversários, especialmente, o DEM, que em atos públicos, cavalgadas e atos análogos, abertamente, propalam candidaturas sem a menor repressão.

Na reclamação, a prova deve ser pré-constituída, pois, ajuizada, diferida ou não a liminar, o reclamado é notificado para se defender, vindo em seguida à ouvida do Ministério Público e decisão, não tendo lugar para a instrução processual com ouvida de testemunhas e nem alegações finais, nos termos dos arts. Da RES-TSE- 22.624, arts. 4º a 11

PELO EXPOSTO, vem requerer de V.Exa., a improcedência da presente reclamação, com a conseqüente revogação da liminar, se não deferida anteriormente, ou em sede de decisão em recurso.

J. A.
P. Deferimento.
Jeremoabo, 28 de abril de 2008.


Luiz Wagner Santana Montalvão.
OAB. Sec.– BA

Montalvão. Luiz Wagner Santana. CONTESTAÇÃO. REPRESENTAÇÃO ELEITORAL. Montalvão Advogados Associados. Paulo Afonso – BA, em 29 de abril de 2008. Disponível em: http://www.montalvao.adv.br/plexus/pecas.asp

EXMO. DR JUIZ ELEITORAL DA 51ª ZONA COM SEDE JEREMOABO – BA

"Vai ficar mais democrático"

Um dos pré-candidatos à prefeitura do Rio, Fernando Gabeira (PV), que teve o seu site pessoal criticado pela fiscalização do TRE e encabeçou a campanha pela liberalização do conteúdo na internet, comemora a posição do tribunal.
O TRE aceitou discutir o tema da propaganda na internet. O que isso representa?
– Essa atitude mostra que o tribunal está acompanhando as evoluções das mídias e antevendo uma proposta do futuro. Ao mesmo tempo, está mantendo um dos principais princípios garantidos na Constituição: a liberdade de expressão. O TRE entendeu que sites e blogs só são acessados se a pessoa quiser, ela não é obrigada a ler ou participar de determinada discussão.
O que deve mudar na propaganda eleitoral agora?
– Isso inclui um elemento novo, de baixo custo e grande repercussão, porque a internet está cada vez mais acessível à população. Assim, o debate vai ficar mais interessante por envolver mais opiniões.
Na internet é mais fácil o aparecimento da chamada campanha negativa?
– Nas páginas do Orkut, por exemplo, já existem comunidades como eu amo e eu odeio fulano de tal. Assim como num debate, a propaganda negativa só é acessada se a pessoa quiser. O que não pode é ela aparecer através do spam (aquela janela que pisca na tela). Segundo a nossa proposta o spam vai continuar proibido.
Alcançando a liberdade de expressão nos sites e blogs, qual é o próximo passo?
– Consolidado o acordo com o TRE, a gente vai buscar a legitimidade da doação pela internet, assim poderemos conseguir doadores de diversas quantias, baixas e altas, para a eleição ficar cada vez mais democrática.
É viável fiscalizar a internet ou é uma utopia?
– É uma utopia. A decisão do TRE será sábia, porque ficaria ruim para o tribunal emitir um parecer rígido, sabendo que não teria como cumpri-lo.
Fonte: JB Online

Nas águas de Itaipu navega o PMDB

Leandro Mazzini
Às 18h30 de ontem, o senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB) concluiu um discurso no qual defendeu veementemente o país na questão da usina binacional de Itaipu. Deu uma boa aula de História para explicar que o Paraguai deve muito ao Brasil. Quis dizer que a grita do presidente eleito Fernando Lugo sobre as contas da usina (nas mãos de brasileiros) com vistas a uma revisão da energia comprada pelo Brasil é apenas justificativa para os votos que o alçaram ao poder.
Horas antes, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) recebeu o vice eleito do Paraguai, Frederico Franco. Dias defendeu a transparência nas contas de Itaipu. Pediu que o Senado aprecie a PEC 30/06. Esta determina que a nomeação de um gestor na usina passe pelo crivo do Congresso. O que há entre os discursos de Sarney e o de Dias? O PMDB. Basta ver o organograma da direção de Itaipu para constatar que peemedebistas nadam de braçadas nessas águas bilionárias. Sarney tem legitimidade para defender o país. O que lhe permite também reforçar a blindagem do partido.
Fonte: JB Online

A imprensa e seus inimigos

Mauro Santayana
A melhor lei de imprensa é nenhuma lei. A imprensa (termo que hoje abrange todos os meios de comunicação) é a liberdade de expressão ampliada. O poder da imprensa é imenso. Ela pode construir e destruir reputações. Nem sempre é justa, como devia ser; muitas vezes os jornalistas são desprovidos de solidariedade. Há, entre eles – como há em qualquer comunidade – invejosos, ressentidos, cavaleiros do ódio. Sempre que uma personalidade admirada pelo povo cai em desgraça, inúmeros jornalistas se deliciam com seu sofrimento. Agora, mesmo, no caso do jogador Ronaldo, entre os muitos comentários sobre seu drama pessoal, há os que não lhe concedem qualquer sentimento de compreensão, embora outros busquem explicar, na solidão e nas circunstâncias difíceis de sua vida, o episódio recente.
Ao longo do tempo, a imprensa tem sido acusada de pecados monstruosos, e ela cometeu pecados monstruosos. Ao jornalismo sensacionalista debita-se, e com razão, influência deletéria sobre a sociedade americana. Pullitzer e Hearst, donos das maiores cadeias de jornais, disputavam, na passagem do século 19 para o 20, qual deles era mais patrioteiro, ao açular os leitores para a guerra contra a Espanha. Grandes clássicos do cinema, como Cidadão Kane, de Orson Welles, em 1941, A montanha dos sete abutres, de Billy Wilder, de 1951, e Front page, do mesmo Wilder, de 1974, tratam da força da imprensa, para o mal e para o bem. Mas, sem imprensa, seria impossível o mínimo de democracia e liberdade nos estados modernos.
A imprensa incomoda os políticos de modo geral, e os parlamentares brasileiros de hoje, de modo especial. Não faltam, em todos os partidos, os que acham demasiada a liberdade de imprensa. Alguns jornalistas – ainda que isso pareça absurdo – querem também colocar entraves à liberdade de expressão. É assim que algumas entidades sindicais pretendem criar um Conselho Nacional de Jornalistas, que se encarregaria de disciplinar a atividade. Quem está precisando de disciplina não são exatamente os jornalistas, mas, sim, alguns políticos profissionais, que, mesmo em minoria, conseguiram baixar a credibilidade do Parlamento a níveis humilhantes.
Se há atividade que devia ser blindada contra o corporativismo é o jornalismo, cuja essência ética é a pluralidade de opiniões e de informações. Argumenta-se que jornalistas destroem reputações, mediante a calúnia, a injúria e a difamação. Sou daqueles que defendem cadeia para quem difame, calunie e injurie, conforme o Código Penal em vigor. Repito o que escrevi em outras ocasiões: o jornalista não deve ser privilegiado por dispor de grande poder de influir, nem punido por essa circunstância de sua vocação ou destino. Como qualquer outro caluniador, injuriador e difamador, ele está sujeito à lei. Os jornalistas e as empresas, que respondem pelas equipes que contratam, e pela orientação política de seus veículos, sujeitam-se ao ressarcimento pelos danos civis que os seus atos eventualmente provocam, de acordo com o seu poder econômico e nível de responsabilidade, conforme determina a lei e arbitrar a Justiça. Mas lei de imprensa, não.
O que está por detrás dessa discussão é a pobreza da política em nossos dias. A representação parlamentar se encontra em crise de legitimidade e qualidade, moral e intelectual, e isso favorece a hipertrofia do Poder Executivo. O Parlamento reclama, com razão, contra o abuso das medidas provisórias, mas não cumpre o seu dever de legislar. Acossados pela opinião pública, numerosos deputados e senadores investem contra a liberdade de expressão e procuram limitá-la. Tanto é assim que os constituintes sensatos não conseguiram, há 20 anos, demolir totalmente a Lei de Imprensa da Ditadura. É o último dos entulhos autoritários.
No fim de seu ensaio On liberty, Stuart Mill constata que, em certas e desoladas ocasiões, os Estados se entregam a homens pequenos. Um Estado assim, conclui Mill, "will find that with small men no great thing can really be accomplished". Com o Parlamento que temos, onde poucos conseguem ter estatura visível, os êxitos incontestáveis do Poder Executivo se tornam ainda maiores. Isso contribui para que o nível de aprovação popular do presidente da República seja tão alto – não obstante a oposição que sofre, no Congresso – e na imprensa.
Fonte: JB Online

Melhora de nota faz Bolsa ter a maior alta em 5 anos

FABRICIO VIEIRAda Folha de S.Paulo
A elevação do Brasil a grau de investimento pela Standard & Poor's levou a Bovespa a conquistar seu melhor pregão na era Lula. Os 6,33% de valorização registrados pela Bolsa ontem representaram a maior alta desde o pregão de 17 de outubro de 2002. Além disso, a Bovespa cravou nova pontuação recorde: 67.868 pontos.
Entenda o que é "rating" ou nota de risco
A agitação dos investidores após a notícia fez com que fossem movimentados no pregão R$ 9,7 bilhões -a média diária girada no ano é de R$ 5,9 bilhões.
No mercado de câmbio, o que se viu foi o dólar despencar para R$ 1,664, após se desvalorizar em 2,4%. E isso porque a notícia saiu a menos de 30 minutos do fechamento das operações de câmbio. Na terça-feira, o dólar havia voltado a ser negociado acima de R$ 1,70.
Como hoje o mercado financeiro estará fechado devido ao feriado do Dia do Trabalho, os negócios de sexta-feira podem ser marcados por pregões de fortes oscilações.
O corre-corre dos investidores fez com que ações de empresas de diferentes segmentos disparassem na Bolsa ontem. Tanto que 61 das 63 ações que formam o índice Ibovespa terminaram com ganhos. E não foram apenas os papéis mais tradicionais que chamaram os investidores. No topo das altas, apareceram as ações Cyrela Realty ON (15,73%), CCR Rodovias ON (15,60%), Cosan ON (15%), Gafisa ON (14,06%) e Lojas Renner ON (13,95%).
Sebastião Moreira /Efe

Revisão de rating do Brasil pela Standard & Poor's fez Bovespa disparar e subir 6,3% e dólar encerrar abaixo de R$ 1,66
"Se a decisão em si não surpreendeu, por ser esperada há algum tempo, seu "timing" pegou o mercado [de surpresa]", afirma Roberto Padovani, estrategista de investimentos sênior para a América Latina do WestLB. Padovani diz que as decisões de "ratings" [nota de risco] também acabam por ter "implicações burocráticas".
Isso porque há fundos de pensão em muitos países, especialmente na Ásia e na Europa, que só podem aplicar em mercados que já contam com "investment grade" (grau de investimento), conquistado ontem pelo Brasil, pois representam menores riscos de calote. Dessa forma, pode ocorrer um novo fluxo de recursos externos para o mercado brasileiro.
Em abril, a entrada de capital externo na Bovespa já era expressiva: R$ 6,01 bilhões líquidos desembarcaram no mercado acionário no mês até o dia 25, sendo o melhor resultado mensal da história."O dia já havia começado com pontos positivos, como o resultado do PIB americano, que deu sinais de recuperação, e o corte de juros do Fed. A elevação da nota do país veio animar ainda mais os investidores", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas).
A Bolsa operou em alta durante todo o pregão. Antes da notícia da elevação da nota de risco, o Ibovespa -que reúne os 63 papéis de maior liquidez- operava em alta próxima de 2%. Ao acelerar seu ritmo de alta, bateu em 68.037 pontos (ganhos de 6,60%) em seu pico, pouco antes do fechamento.
No exterior, o mercado lidou com importantes notícias. O crescimento de 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos surpreendeu parte do mercado. Já o corte de 0,25 ponto na taxa básica americana, para 2% anuais, era amplamente esperado.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones, que subiu durante boa parte do dia, acabou fechando com baixa de 0,09%. A Nasdaq recuou 0,55%.
O petróleo encerrou a US$ 113,46 em Nova York, com uma queda de 1,88% no dia.
Líder no mês
A disparada de ontem fez com que a Bolsa de Valores de São Paulo tivesse seu melhor resultado mensal desde janeiro de 2006. Com alta de 11,32% registrada em abril, a Bolsa foi de longe a opção mais rentável no período. Os fundos de renda fixa, que seguem os juros, deram retorno médio de 0,95% no mês. Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) pagaram na média 0,88% no mês. A poupança rendeu 0,60%.
No acumulado do ano, a Bovespa também passou a ser destaque, com valorização acumulada de 6,23%. Na outra ponta, o dólar aparece com o pior retorno, com queda de 5,08% em abril e de 6,36% no ano.
Fonte: Folha Online

Pesquisa diz que Salvador tem 387 mil desempregados

Souza, do A Tarde
Na véspera do Dia do Trabalhador, Elisângela Macêdo, 30 anos, estava saindo da sede do Serviço Municipal de Intermediação de Mão-de-Obra (Simm), no Comércio, por volta das 11h30 da manhã. Ela carregava uma série de documentos, dentre os quais a carteira de trabalho, e uma versão atualizada do currículo. A pretensão da jovem, que possui o segundo grau completo, é ocupar uma vaga de recepcionista ou secretária. “Às vezes, a gente consegue a carta, faz os testes, mas nunca consegue o retorno. É muita gente para poucas vagas”, lamenta ela.
Nos últimos seis meses, período no qual está desempregada, esta é a terceira vez que ela recorre ao serviço, “sem perder a esperança”, como faz questão de frisar. O seu próximo destino é um novo processo seletivo, para uma vaga “de acordo com o seu perfil”. Enquanto Elisângela preparava-se para ir embora com vistas a participar de mais um processo seletivo, Endrevaldo Ribeiro Souza, de 28 anos, esperava a sua oportunidade, na fila do Simm. “Vim por causa de uma vaga que vi na televisão, de motorista, e outra de auxiliar de manutenção predial. Estou procurando oportunidades”, observa o rapaz. O último trabalho com carteira assinada pelo qual Endrevaldo passou foi em 2004. Desde então, trabalha informalmente como pedreiro, mas não desistiu de um trabalho com carteira assinada, algo compatível com o seu segundo grau completo.
Apesar das histórias e trajetórias de vida diferentes, Elisângela e Endrevaldo têm algo em comum. Fazem parte do contingente de 387 mil desempregados em Salvador e Região Metropolitana (RMS). A taxa de desemprego na capital baiana e cidades adjacentes alcançou cerca de 21% em março, o que aponta uma relativa estabilidade em relação ao mês anterior, com um leve acréscimo de 0,01 ponto percentual. As informações constam da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada ontem e realizada mensalmente pelo governo baiano, em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e com a Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Levantamento com metodologia similar é realizado nas cinco maiores capitais brasileiras, inclusive Salvador, mais o Distrito Federal. Neste universo, a capital baiana e RMS apresentaram, em março, o maior volume de desempregados. Enquanto o índice de desemprego em Salvador chegou a 21% no mês analisado, a média global da pesquisa, entre as seis localidades, apontou 15% no mesmo período.
Rito Declinante – A economista Ana Margaret Simões, coordenadora da PED pelo Dieese, avalia que, apesar do desempenho, o desemprego em Salvador tem apresentado ritmo declinante desde 2004, ainda que com breves repiques de alta, como o observado em março. “Em relação a março do ano passado, a taxa de desemprego total (em Salvador e RMS) diminuiu em cerca de 8,3%, o que tem a ver diretamente com o crescimento do País”, avalia.
A economista ainda acrescenta que, apesar das conquistas dos trabalhadores, como a valorização do salário mínimo, e o crescimento na oferta de vagas, os empregadores continuam cruéis, com os negros e as mulheres, discriminados pelo mercado de trabalho. De acordo com os dados da PED em março, entre os negros, o desemprego alcançou cerca de 22%, contra aproximadamente 14,8% entre os brancos. “É como se tivéssemos um grupo com nível de desemprego compatível com Belo Horizonte ou São Paulo, no caso os brancos, e outra população na qual são registrados dados compatíveis com a realidade nordestina, no caso, os negros”, complementa a coordenadora da PED pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Vânia Moreira.
Quanto à questão de gênero, a desigualdade se repete em proporções similares. A taxa de desemprego, entre os homens, no período analisado, chegou a 16,7%, contra 25,5% entre as mulheres. Dentre os jovens de 18 a 24 anos da capital e região, o nível de desemprego chega a 36,4%, o que significa uma forte concentração da carência de postos para este perfil de trabalhador.O ligeiro aumento do desemprego, em março, em Salvador e RMS, foi causado pela extinção de cerca de 1,4 mil postos de trabalho. Já no Distrito Federal, o desemprego chegou a 18,2%; 11,4% em Belo Horizonte; 11,7% em Porto Alegre; 19,8% no Recife e 14,3% em São Paulo.
Fonte: A TARDE

Secretário mostra hoje plano de segurança

O secretário da Segurança Pública, César Nunes, comparece às 10 horas de hoje, como convidado, à Comissão de Diretos Humanos e Segurança Pública da Assembléia Legislativa, onde deverá apresentar o plano de segurança que elaborou para sua gestão, conforme compromisso assumido com membros da comissão que lhe fizeram visita de cortesia. A sessão da comissão ocorrerá num momento em que se acirra a violência no Estado, principalmente na Região Metropolitana de Salvador. A confirmação da ida do secretário foi precedida de um processo que chegou a ter momentos de tensão. Segundo o deputado Carlos Gaban (DEM), cerca de um mês após a posse de Nunes, a Comissão de Segurança Pública, da qual é vice-presidente, foi à SSP para uma visita de cortesia previamente agendada, tendo o secretário mandado dizer aos deputados que só poderia atendê-los uma hora depois. “Claro que nós não aceitamos, e deixamos patente a sua assessoria que iríamos embora. Aí o secretário aquiesceu em receber-nos imediatamente, e nós constatamos que ele estava num despacho interno, com o delegado-chefe”, relatou Gaban. Afirmando que Nunes não está dando a devida importância ao Poder Legislativo, o parlamentar fez questão de compará-lo com seu antecessor, Paulo Bezerra, “que sempre recebeu muito bem os deputados e lhes atendia os convites”. Na audiência, ocorrida em março, César Nunes anunciou que estava elaborando um plano que mexeria com as estruturas da Polícia Militar e da Polícia Civil, com a finalidade de elevar o padrão de segurança no Estado, e manifestou interesse em apresentá-lo aos membros da comissão. Segundo o parlamentar, “até hoje isso não aconteceu, o homem está numa redoma”. A comissão convidou Nunes, sem êxito, para ir à Assembléia mostrar o plano, informou Gaban. “Somente depois que o fizemos ver que ele seria convocado é que o secretário atendeu ao chamado, comprometendo-se a comparecer à sessão da comissão marcada para amanhã (hoje)”, disse. O deputado antecipou perguntas que fará ao secretário Nunes, começando por querer saber o motivo de ele se fechar “e não atender ninguém”. Disse também que o questionará sobre a falta de policiamento ostensivo em locais onde, diariamente, ocorrem assaltos. “Um deles é o trecho próximo ao Parque da Cidade: todo mundo sabe que todo dia quebram o vidro, sobretudo em carros de mulheres, roubam bolsas, fazem seqüestro-relâmpago. No posto Cidadela, sabe-se que todo final de tarde tem assalto. Por que não colocam policiamento ali?”, indagou. (Por Luis Augusto Gomes)
Oposição quer Força Nacional
Os índices de criminalidade do último fim de semana, quando ocorreram 14 homicídios em 24 horas na capital e municípios vizinhos, deflagraram novamente o debate na Assembléia Legislativa. O líder da minoria, Gildásio Penedo (DEM), anunciou um requerimento da bancada ao ministro da Justiça,Tarso Genro, para que seja avaliada pelo governo federal a possibilidade de convocação da Força Nacional de Segurança Pública. O parlamentar criticou duramente o governador Jaques Wagner, para ele “inerte” diante da situação. “Ele foi ao México, agora está nos Emirados Árabes e na próxima semana vai a Israel, enquanto aqui no Estado, especialmente na capital, vemos um verdadeiro derramamento de sangue”, afirmou Gildásio, destacando que em Goiás o governador Alcides Pereira (PP) requisitou a Força Nacional e conseguiu reduzir “expressivamente” os números da criminalidade no entorno do Distrito Federal. “A situação era muito grave na região até outubro do ano passado, quando o governador, cumprindo seu papel, pediu a ajuda do governo federal”, disse o líder. Desde então, em seis meses, os homicídios caíram em 11,8%, os roubos, em 38,1%, e os furtos, em 41,5%. “São dados do Ministério da Justiça”, acrescentou o deputado, concluindo que o governador Wagner “não está tendo a necessária humildade para reconhecer a calamidade que é a segurança pública na Bahia e pedir ajuda”. Ainda com base em informações do Ministério da Justiça, Gildásio Penedo disse que o presidente Lula assinou a Medida Provisória nº 424, que destina R$ 55 milhões para a área de segurança no Rio de Janeiro, recursos a serem investidos em núcleos da Polícia Comunitária, equipamentos de informática e tecnologia, munição e armas não letais. “A Bahia não consegue nada disso”, sentenciou, “porque não tem projetos, não tem um plano para proteger a população. A mudança de secretário, em janeiro, não alterou em nada o quadro da segurança”. (Por Luis Augusto Gomes)
Zuleido se cala às perguntas de parlamentares distritais
A expectativa de esclarecer o esquema de fraudes em licitações de obras públicas (descoberto pela Operação Navalha em maio do ano passado) através do depoimento de um dos principais envolvidos, o dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, foi frustrada mais uma vez. O empresário esteve ontem pela manhã na sede da Polícia Federal, em Água de Meninos, mas não respondeu às perguntas dos delegados nem dos três deputados que integram a CPI da Assembléia Legislativa distrital que apura o caso e vieram de Brasília para o depoimento. O empresário chegou à sede da PF por volta das 9h30 acompanhado de advogados e amparado por um habeas corpus que lhe garantia o direito constitucional de ficar calado. Dois funcionários da Gautama, Gil Jacó e Florêncio Melo, também prestaram depoimento ontem, mas repetiram a atitude do empresário e não responderam às perguntas. De acordo com informações da polícia, Florêncio Melo, respondeu a apenas uma pergunta, confirmando que esteve em Brasília algumas vezes. Os deputados distritais fazem parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa Distrital, que apura o desvio de R$ 3,5 milhões pagos à Gautama para execução das obras da Barragem do Rio Preto, em Planaltina. De acordo com os deputados, a obra nem saiu do papel. “Agora nós já temos a maioria dos dados, inclusive a quebra do sigilo fiscal dele e da empreiteira Gautama. Esperamos que ela possa dar a versão dele para o desvio que quase R$ 3,5 milhões dos cofres públicos do Distrito Federal”, declarou o presidente da CPI, deputado Renato Andrade (PR-DF). O esquema de fraudes foi descoberto pela operação Navalha, deflagrada pela Polícia Federal em maio de 2007. Na ocasião a PF prendeu e indiciou empresários, políticos e funcionários públicos por desvio de dinheiro público. O empresário Zuleido Veras saiu da sede da instituição no final da manhã.(Por Carolina Parada)
Redução de gastos na Casa Civil foi de R$ 3,1 milhões
A Casa Civil do governo da Bahia divulgou relatório que aponta a redução da quantidade e melhoria da qualidade dos gastos públicos entre janeiro e dezembro de 2007, em comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com o documento, foram economizados R$ 3,1 milhões, com destaque para a redução de despesas com aluguel de veículos (-49,38%) e com as concessionárias de serviços públicos como água, luz e telefone (-17,23%).“Com essa economia na locação de carros, conseguimos adquirir 15 novos veículos para a nossa frota que foram comprados por meio de pregão eletrônico”, observa o diretor-geral da Casa Civil, Cícero Andrade. Para Andrade também podem ser destacadas as reduções de despesas com manutenção da frota de automóveis e da Residência Oficial do Governador que, juntas, somaram cerca de R$ 1,1 milhão em economia para os cofres públicos. “A melhoria da qualidade dos gastos faz parte do programa Compromisso Bahia, implantado pelo governador Jaques Wagner”. Outras medidas consideradas importantes na contenção dos gastos públicos apontadas pela Casa Civil foram a redução dos postos de trabalho terceirizados, que passaram de 201, em dezembro de 2006, para 152, no fim de 2007. A redução foi resultado de renegociações feitas junto a empresas prestadoras de serviço e da troca de fornecedores de gêneros alimentícios e de serviços de manutenção. “Também revisamos contratos para aquisição de passagens aéreas para o Estado, fornecimento e locação de equipamentos de informática e a forma de concessão de benefícios como auxílio-alimentação.
Fonte: Tribuna da Bahia

Bola de neve ou onda gigante?

Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Há dois meses uma pesquisa do Ibope revelou que 30% dos consultados defendiam o terceiro mandato para o presidente Lula, subseqüente ao segundo. Agora vem o Sensus e aponta mais de 50% do eleitorado sustentando a proposta. Aguarda-se a próxima pesquisa para saber se estamos diante de uma bola de neve, para os pessimistas, ou de uma onda gigante, para os otimistas.
A hipótese foi referida aqui mais de um ano atrás. Tratava-se, como se trata, de uma operação em andamento, apesar das negativas do presidente, que continua sendo sincero ao negar disposição para mais uma reeleição. O problema é que não terá condições de rejeitá-la quando, no começo do ano que vem, começar a tramitar a emenda constitucional respectiva.
O primeiro movimento parece completado: a discussão do terceiro mandato tornou-se pública, matreiramente apresentada como espontâneo fruto de uma inclinação popular. Não bem assim, porque a propaganda feita até agora por uns poucos flui através do silêncio de muitos. Mesmo assim, mais da metade dos consultados misturou a popularidade do presidente Lula com a sua continuação no poder. Nada mais óbvio, desde que estimulado pela simples indagação.
O segundo movimento caberá ao PT, no segundo semestre deste ano. Já parece claro, ficará mais óbvio ainda à medida que continuarem as conversas entre os companheiros que o PT não tem nem terá candidato em condições de vitória em outubro de 2010. Como perder o poder é hipótese inadmissível, restará ao partido engajar-se na mudança constitucional, seguido certamente pelos demais grupos da base oficial, igualmente sem um nome forte. Nem PMDB, nem PTB, nem PP, PR e sucedâneos arriscarão a perda de cargos, funções, benesses e nomeações para os tucanos. Mesmo o Partido Socialista, ao que pertence Ciro Gomes, ousará pagar para ver.
Em seguida, ou ao mesmo tempo, estarão mobilizadas outras forças. Com os banqueiros e os especuladores à frente, as instituições econômicas pressionarão a mídia e o Congresso. Farão calar indignações com o exemplo do passado projetado para o futuro: se ninguém reagiu para valer quando Fernando Henrique arrancou de deputados e senadores a sua reeleição, seria diferente agora? O governo dispõe de maioria na Câmara e no Senado.
Um outro movimento, o quarto, neutralizaria eventuais pruridos no Judiciário. Ou alguém, no Supremo Tribunal Federal, contestou o segundo mandato do sociólogo, eleito para apenas um? Ainda mais porque, até o próximo ano, o presidente Lula terá nomeado o oitavo e talvez o nono dos onze ministros da mais alta corte nacional de justiça.
Caberá ao PSDB e ao Democrata o papel antes encenado pelo PT, quer dizer, os tucanos e seus aliados ficarão contra. A eles faltará pelo menos a metade do vigor com que os companheiros se opuseram à reeleição de Fernando Henrique, e olhem que não adiantou nada.
Ressalva necessária
A alguns observadores apressados não faria falta a leitura de um manual sobre ética jornalística. Cabe aos veículos de comunicação transmitir à sociedade tudo o que se passa nela, de bom e de mau, de certo e de errado, de ódio e de amor. Com as devidas cautelas para não divulgar falsas impressões ou inverdades, nossa função é noticiar atos e fatos verificados à nossa volta. Coisa que não significa engajamento ou concordância, mas, apenas, constatação.
Que o terceiro mandato com o Lula é um golpe, tal como foi o segundo, com Fernando Henrique, nem se duvida. Mudar as regras do jogo depois do jogo começado é malandragem. O problema, no entanto, está em que as mudanças já se colocam. Surgem claras e óbvias, à vista de todos. Fazer o quê? Pegar em armas não dá, seja para mudar um imutável sentimento popular, seja para obstar manobra dos poderosos para manter o poder. Protestar, denunciar e berrar serão sempre possíveis, ao menos enquanto persistir a democracia, mas mudar o rumo dos ventos com um sopro, só o Padre Eterno.
Resta alertar para os males que advirão do terceiro mandato, começando pela sombra do quarto e do quinto. Bem como advertir para o surgimento de uma nova classe, de uma "nomenclatura" que grudará nas instituições como parasitas na floresta. Sempre restará esperar que entrem em conflito, as massas de um lado e o poder econômico de outro, todos com seus penduricalhos. Mas se até hoje, decorridos mais de cinco anos, isso não aconteceu, quem garante que acontecerá depois?
Fonte: Tribuna da Imprensa

Presidente recebe nova carteira de trabalho

BRASÍLIA - A nova carteira de trabalho informatizada, com código de barras, foi lançada ontem, em cerimônia, no Palácio do Planalto e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o primeiro exemplar. Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a partir de hoje, todas as pessoas que procurarem os postos do Ministério do Trabalho para tirar o documento pela primeira vez, nas cidades de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, já receberão os novos modelos.
Nas demais cidades, até agosto, quando se estima que estarão esgotados os estoques dos antigos modelos, os trabalhadores receberão as carteiras tradicionais. A partir daí, todos os trabalhadores receberão os novos exemplares.
A nova carteira de trabalho tem capa e folhas azuis e tem marca d'água semelhante à dos passaportes, além da identificação do titular preenchida eletronicamente. Junto com a nova carteira, foi lançado também um cartão eletrônico, como os bancários, onde constarão dados de toda a vida do trabalhador.
A partir do ano que vem, os cartões poderão ser usados para saques de benefícios, como seguro desemprego. Esse cartão, no entanto, levará de 60 a 90 dias depois da emissão da carteira para chegar na casa do trabalhador. Por enquanto, ele poderá ser usado apenas para consulta da sua vida trabalhista.
A previsão do Ministério do Trabalho é que em 2009 seja possível usar o cartão para sacar o seguro desemprego e o abono salarial em terminais eletrônicos da Caixa. Com o novo modelo o trabalhador não poderá mais ter duas carteiras de trabalho como comumente acontece hoje.
De acordo com o ministro, assim se evitarão fraudes, como a possibilidade de uma pessoa continuar recebendo por longos períodos o seguro desemprego com carteira antiga, com o registro da demissão, mesmo tendo conseguido novo emprego, registrado em uma carteira nova.
"Fubanga"
Durante a cerimônia, Lula pediu a Lupi e à Caixa Econômica Federal que incluam todos os tipos de dados dos trabalhadores no cartão eletrônico, para que ele funcione como uma espécie de identidade completa, inclusive com informações sobre doenças crônicas.
Lula pediu ainda que sejam feitos convênios com as empresas para apressar a troca das antigas carteiras pelas novas. O prazo inicial dado pelo Ministério do Trabalho é que todas as carteiras serão trocadas em até oito anos.
O presidente quer que os trabalhadores recebam a nova carteira informatizada no menor prazo possível. Segundo ele, muitos empregados, por usarem-na no bolso, enquanto procuram trabalho, acabam por destruí-la. "Quando o trabalhador tem a carteira há muito tempo e se ele carregou ela no bolso de trás pra procurar emprego, ela está bem fubanga, ela está bem acabadinha", comentou Lula.
Preocupado em evitar uma corrida pelas novas carteiras informatizadas e a conseqüente falta delas, Lupi pediu que as pessoas não procurem os postos do Ministério para uma simples troca de carteiras velhas por novas. Explicou, por exemplo, que nos sites da Caixa Econômica e do Ministério, os trabalhadores poderão consultar o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e contagem do tempo de serviço. Para as consultas, basta usar o número do PIS.
Fonte: Tribuna da Imprensa

quarta-feira, abril 30, 2008

Defesa da democracia

Imprensa jamais pode se calar ou ser calada, defende juiz
“A imprensa, sempre na esteira da ética e do compromisso com a verdade e o respeito às pessoas, jamais, jamais, pode se calar ou ser calada. Ela é um dos traços do perfil da democracia.” A afirmação foi feita pelo juiz Luiz Otávio Duarte Camacho, da 4ª Vara Cível do Fórum de Pinheiros (SP), em sentença favorável à TV Bandeirantes, ao apresentador José Luiz Datena e ao repórter Agostinho Teixeira.
Valdir de Cicco, ex-diretor do Instituto Florestal, entrou com ação contra a emissora e os jornalistas depois que foi acusado em reportagem do programa Brasil Urgente. De acordo com a notícia, Cicco tem uma criação de trutas que ocupa área de preservação ambiental. No processo, ele disse que Datena fez um trocadilho com a palavra truta que o ofendeu. Por conta do episódio, contou que exonerado do cargo, passou a ser chamado de desonesto pelos colegas de trabalho e ser desrespeitado na rua.
Segundo a sentença, Cicco não conseguiu provar que a sua reputação pessoal, social e profissional foram atingidas. O juiz ressaltou que as iniciativas administrativas não podem ser reconhecidas como dano moral porque “são providências inerentes à condição funcional do autor”.
“O episódio e as situações vividas pelo autor não foram resultado da reportagem, mas resultado de uma situação criada por ele mesmo e tanto isto é verdade que foi objeto de apuração administrativa”, concluiu o juiz. Ele observou que o trocadilho faz parte do estilo do apresentador.
Ao longo da sentença, o juiz Luiz Otávio Duarte Camacho fez uma pequena análise sobre o atual papel da imprensa na sociedade. Disse que o povo brasileiro mudou de postura. Hoje, escreveu, a população está mais consciente sobre os seus direitos e obrigações. Ele entende que a imprensa tem o dever “de ser intransigente na pesquisa e acompanhamento de condutas públicas envolvendo a coisa pública”.
O departamento jurídico da TV Bandeirantes apresentou defesa com o argumento de que a notícia é legítima porque retrata questão de interesse público. Explicou que, para elaborar a reportagem, o repórter foi a campo pesquisar a denúncia recebida.
O juiz concluiu que a notícia se baseou em informações reais. “Não importa se as medições ou mapas do local ou da área sejam frágeis de um modo ou de outro, o que permaneceu à disposição da imprensa, aqui representada pelos réus, é que existe a propriedade do autor e que ela pode apresenta sinais veementes de que invade área pública.”
Leia a decisão
Foros Regionais Varas Cíveis
XI - Pinheiros
4ª Vara Cível
583.11.2003.023476-0/000000-000
Nº ordem 2.726/2003
Procedimento Ordinário (em geral)
VALDIR DE CICCO X RÁDIO E TELEVISÃO BANDEIRANTES LTDA. E OUTROS
Fls. 532/538
FORUM REGIONAL-XI-PINHEIROS 4ª VARA CIVEL Autos nº 011.03.023.476-0 VALDIR DE CICCO ajuizou esta ação ordinária de indenização por dano moral contra RÁDIO E TELEVISÃO BANDEIRANTES, JOSÉ LUIZ DATENA e Agostinho Teixeira todos qualificados.
Relata o autor na inicial que sofreu dano moral em sua reputação pessoal e profissional por causa de uma reportagem apresentada no programa exibido pela TV Bandeirantes, chamado "Brasil Urgente", apresentado por José Luiz Datena e pesquisado pelo repórter Agostinho Teixeira.
Em razão disso requereu a citação do réu para responder à ação que espera seja julgada procedente, sendo o réu condenado ao arcando ainda com o ônus da sucumbência. Citados os réus responderam por contestação, cada um deles.
A contestação da Televisão Bandeirantes Ltda apresentou preliminar de argüição da Lei de Imprensa e no mérito rebateu a tese principal do autor mostrando a legitimidade das notícias veiculadas na reportagem,tratando,também da questão do interesse público.
Em seguida, apresentou outros pontos atinentes ao mérito. A contestação dos réus José Luiz Datena e Agostinho Luiz G. Teixeira argüiu preliminar de falta de pressuposto indispensável à propositura da lide e em sede de mérito rebateu as acusações da inicial contra o réu José Luiz Datena e contra o réu Agostinho Teixeira, centrando-se na tese do animus narrandi sem qualquer postura ofensiva.
O autor apresentou réplica. Realizou-se a audiência prevista no artigo 331 do C.P.C. e em seguida a audiência de instrução com depoimentos pessoais e oitiva de testemunha. As partes apresentaram memoriais e à luz das provas produzidas reafirmaram suas teses.
É o relatório.
DECIDO.
Cuida-se aqui de ação de indenização por dano moral que o autor entende ter sofrido em razão de uma reportagem apresentada no programa exibido pela TV Bandeirantes, chamado "Brasil Urgente", apresentado por José Luiz Datena.
Assevera o autor que naquele programa, levado ao ar em 23 de julho de 2003,a reportagem exibida atingiu a sua pessoa e a sua reputação profissional, atribuindo-lhe fato como verdadeiro sem sê-lo.
A preliminar de aplicação da Lei de Imprensa, trazida pela ré TV Bandeirantes é rejeitada porque totalmente impertinente neste caso. Cuida-se aqui de tema da seara da Responsabilidade Civil. A preliminar do réu Datena versa sobre a falta de pressuposto indispensável à propositura da lide.
A questão pertence ao mérito, mais exatamente a seara probatória. Por isto é repelida. A reportagem dizia que o autor e outra pessoa possuem uma criação de trutas em área de preservação ambiental estadual. O resumo está estampado a fls. 4. Ainda segundo o autor o réu José Luiz Datena teria feito trocadilhos desairosos com a palavra "truta" fazendo referência tanto aos peixes como ao autor, dando a entender que o tanque de criação do autor era também uma "truta".
Para situar o exame do mérito em seu lugar devido, é imperioso se refletir, inicialmente, sobre o papel da imprensa hoje em dia. O substrato do ponto controvertido (o mérito) está no alegado confronto entre a liberdade de informação e os direitos da personalidade, aqui, segundo o autor, atingidos pela conduta dos réus. Antes,porém, de se seguir esta trilha,como já disse, é preciso uma reflexão de caráter propedêutico a respeito do mérito: "É fora de dúvida que a liberdade de informação se insere na liberdade de expressão em sentido amplo, mas a distinção parece útil por conta de um inegável interesse prático, relacionado com os diferentes requisitos exigíveis de cada uma das modalidades e suas possíveis limitações. A informação não pode prescindir da verdade — ainda que uma verdade subjetiva e apenas possível(...) — pela circunstância de que é isto que as pessoas legitimamente supõem estar conhecendo ao buscá-la. De qualquer forma,a distinção deve pautar-se por um critério de prevalência: haverá exercício do direito de informação quando a finalidade da manifestação for a comunicação de fatos noticiáveis, cuja caracterização vai repousa, sobretudo, no critério de sua veracidade"(...)
"Além das expressões liberdade de informação e de expressão, há, ainda, uma terceira locução que se tornou tradicional no estudo do tema e que igualmente tem assento constitucional: a liberdade de imprensa. A expressão significa a liberdade reconhecida (na verdade, conquistada ao longo do tempo) aos meios de comunicação em geral (não apenas impressos, como o termo poderia sugerir) de comunicarem fatos e idéias, envolvendo, deste modo, tanto a liberdade de informação como a de expressão. Se de um lado, portanto, as liberdades de informação e expressão manifestam um caráter individual, e nesse sentido funcionam como meios para o desenvolvimento da personalidade informação, essas mesmas liberdades ao inegável interesse público da livre circulação de idéias, corolário e base de funcionamento do regime democrático, tendo, portanto, uma dimensão eminentemente coletiva, sobretudo quando se esteja diante de um meio de comunicação social ou de massa. A divulgação de fatos relacionados com a atuação do poder público ganha, ainda, importância especial em um regime republicano, no qual os agentes públicos praticam atos em nome do povo e a ele devem satisfações. A publicidade dos atos dos agentes públicos, que atuam por delegação do povo, é a única forma de controlá-los." (...)
"De fato, no mundo atual, no qual se exige que a informação circule cada vez mais rapidamente, seria impossível pretender que apenas verdades incontestáveis fossem divulgadas pela mídia. Em muitos casos, isto seria o mesmo que inviabilizar a liberdade de informação, sobretudo de informação jornalística, marcada por juízos de verossimilhança e probabilidade. Assim, o requisito da verdade deve ser compreendido do ponto de vista subjetivo, equiparando-se à diligência do informador a quem incumbe apurar de forma séria os fatos que pretende tornar públicos".
Agora, situado o âmbito do mérito com seus princípios norteadores, passa-se a examinar o fato. O mérito da causa segundo o autor alega: Em 23 de julho de 2003 a TV Bandeirantes apresentou seu programa "Brasil Urgente" uma matéria pesquisada pelo réu Agostinho Teixeira e apresentada pelo réu José Luiz Datena que denunciou o autor,Valdir de Cicco como proprietário de uma área que, avança,em parte, sobre terras públicas. O autor alega agora, que isto lhe trouxe incomensurável prejuízo de ordem moral por que: 1-foi exonerado do cargo que ocupava. 2-passou a ser tratado como desonesto pelos colegas profissionais; 3-passou a ser desrespeitado na rua por terceiros. Tudo isto aconteceu por causa do programa da ré, dirigido por José Luiz Datena apresentando a reportagem trazida por Agostinho Teixeira.
O mérito da ação segundo os réus: A ré, TV Bandeirantes: Diz a ré que a notícia veiculada foi legítima e que o interesse público é prevalente porque se trata de matéria que implica em uso de coisa pública. A emissora recebeu a denúncia e foi a campo, pesquisar os termos da denúncia. A prova documental é exuberante e deixa objetivamente assentada a existência do fato, a saber, é fundado o ponto relevante do mérito: as terras do autor estão parcialmente situadas em terras públicas. Ou então, discute-se se até que ponto avançam sobre terras públicas estaduais. Então, a reportagem se baseou em informações reais.
Logo, vale trazer à lembrança o que foi citado acima, na fundamentação doutrinária: "De fato, no mundo atual, no qual se exige que a informação circule cada vez mais rapidamente, seria impossível pretender que apenas verdades incontestáveis fossem divulgadas pela mídia. Em muitos casos, isto seria o mesmo que inviabilizar a liberdade de informação, sobretudo de informação jornalística, marcada por juízos de verossimilhança e probabilidade. Assim, o requisito da verdade deve ser compreendido do ponto de vista subjetivo, equiparando-se à diligência do informador a quem incumbe apurar de forma séria os fatos que pretende tornar públicos".
"A divulgação de fatos relacionados com a atuação do poder público ganha, ainda, importância especial em um regime republicano, no qual os agentes públicos praticam atos em nome do povo e a ele devem satisfações. A publicidade dos atos dos agentes públicos, que atuam por delegação do povo, é a única forma de controlá-los. A informação não pode prescindir da verdade — ainda que uma verdade subjetiva e apenas possível (...)"
É o que ocorre neste processo. Os réus veicularam uma notícia contendo um a verdade "apenas possível" e mais que isso, fundada em fatos reais. Não importa se as medições ou mapas do local ou da área sejam frágeis de um modo ou de outro, o que permaneceu à disposição da imprensa, aqui representada pelos réus, é que existe a propriedade do autor e que ela pode apresenta sinais veementes de que invade área pública. mas verdadeira. Inegável que o autor e seu companheiro são proprietários de uma área de terras que invadem terras públicas e isto interessa a todos. Depois vêm os depoimentos pessoais e os das testemunhas.
O primeiro depoimento pessoal é o do réu Agostinho Teixeira. O ponto relevante deste depoimento é o "cuidado" com que o depoente elaborou e organizou as suas informações. A única testemunha do autor, Marisa Gonzaga Coelho, certifica o que a reportagem exibiu. Antes, já vinha tramitando procedimento para ser apurado se as terras do autor adentravam os Próprios Estaduais. Logo, o problema existia e já era conhecido.
A reportagem divulgou uma situação verdadeira e em curso. A testemunha, por outro lado, não apontou uma só situação de indicasse que o autor tenha sofrido dano moral. Pois bem. Todo o conjunto da prova não aponta a existência de dano moral. O autor disse que depois da reportagem foi posto em verdadeira execração pública, o que não está minimamente provado. Ele é dono das terras com o sócio e respondeu administrativamente pelas questões a respeito da propriedade.
A investigação administrativa que o autor respondeu, se em função da questão patrimonial ou não, não importa. Além disto, são questões inerentes ao seu cargo, sua profissão e não possuem nenhuma conotação moral ou de dano moral. Estes desdobramentos são irrelevantes para o mérito que se cinge ao dano moral que o autor diz ter sofrido em virtude da reportagem exibida na televisão.
O autor se disse atingido em sua reputação pessoal, social e profissional. Todavia, a prova recolhida, produzida pelo autor e as produzidas pelos réus revelam que, de um lado, a reportagem se baseou em fatos reais e de outro a total ausência de prova do dano moral que o autor teria sofrido. Sua testemunha praticamente "choveu no molhado" e não mostrou o opróbrio que teria sofrido o autor.
Não há provas nem da existência e nem da extensão do dano. As iniciativas administrativas não podem ser reconhecidas como dano moral porque são providências inerentes à condição funcional do autor. Mas há outro ponto, ainda, que merece relevo: o interesse público. Muito se tem a dizer nesta esfera. Todavia, alinhavando os principais contornos deste tema, é imperioso se afirmar, sem a menor dúvida que a missão, o papel da imprensa em geral, nos dias de hoje cresceu e muito, em necessidade da constante presença e acompanhamento das ações, do comportamento de tudo aquilo que envolve e decorre do conceito de cidadania. O povo já não é o mesmo de antes. Ciente dos seus direitos (e obrigações) sabe, também, que ora é enganado, ora é desrespeitado.
Portanto, a imprensa tem o dever de ser intransigente na pesquisa e acompanhamento de condutas públicas envolvendo a Coisa Pública. É seu direito intangível e seu dever indeclinável estar sempre atenta e vigilante para denunciar e para anunciar tudo que agride os cidadãos brasileiros. E fazer isto com toda a divulgação necessária, de largo alcance, sempre chamando à atenção de todos para que o povo, depois, consciente vote, também, conscientemente. E isto em todos os escalões.
A imprensa, sempre na esteira da ética e do compromisso com a verdade e o respeito às pessoas, jamais, jamais, pode se calar ou ser calada. Ela é um dos traços do perfil da democracia. E a imprensa possui sua linguagem própria. Muitas vezes, o próprio jornalista, sem perder a objetividade que deve acompanhar seu trabalho, cria apelos, usa de ênfase para chamar à atenção dos ouvintes, dependendo também da gravidade, importância ou urgência da matéria.
Serve, agora, como ilustração,a pasrte do mérito em que o autor ré volta contra os dizeres do réu Datena, quando ele disse e trabalhou com a palavra "truta". Realmente não se vê ali nenhum discurso ofensivo ao autor. Tudo faz parte da linguagem própria de cada jornalista e apresentador. Os programas jornalísticos de televisão, como qualquer outra modalidade de imprensa, tem sua linguagem típica (o jargão) que na imprensa televisiva possui recursos a mais, como, por exemplo, a imagem, que entabula uma relação quase pessoal entre o jornalista e apresentador e o telespectador. Na televisão o apresentador tem recursos de comunicação parecidos com o teatro porque comunica-se com o telespectador de modo direto e visual( ao vivo,também).
E cada apresentador tem seu estilo próprio. Estabelecidos e respeitados os limites éticos e do respeito, seu desempenho também não pode sofrer censura alguma. O que importa em tudo isto é a honestidade da informação. Que houve neste caso, pela prova presente nos autos. Correlata a isto está a ausência de prova do dano moral que o autor teria sofrido. Ele foi apanhado em uma reportagem que trouxe a público o que estava ocorrendo com suas terras em relação aos Próprios do Estado.
O episódio e as situações vividas pelo autor não foram resultado da reportagem, mas resultado de uma situação criada por ele mesmo e tanto isto é verdade que foi objeto de apuração administrativa. Este o ponto nevrálgico do mérito: fosse qual fosse o resultado final, na oportunidade era um fato.
Os cidadãos precisam estar atentos a tudo que envolve o patrimônio dito comum e a imprensa é seu principal vigia. Torno a repetir aqui o que já expus na lição de doutrina apresentada no início da decisão. A informação não pode prescindir da verdade-ainda que uma verdade subjetiva e apenas possível (...) Portanto, o autor não provou a existência do dano moral. Sem a prova inequívoca do nexo entre a conduta e um resultado Lesivo não há que se falar em dever de indenizar.
Ante o exposto e tendo tudo o mais considerado, JULGO IMPROCEDENTE esta ação (autos nº 011.03.023.476-0) e em conseqüência condeno o autor ao pagamento das custas processuais e honorários de advogado que fixo em vinte por cento do valor da causa, por inteiro, para os advogados de cada um dos réus.
P.R.I.C.
São Paulo, 22 de abril de 2008
LUIZ OTÁVIO DUARTE CAMACHO
JUIZ DE DIREITO
Valor do preparo a recolher em caso de apelação: R$2.231,50. Valor das despesas com porte de remessa e retorno, por volume: R$ 20,96.
ADV LUIZ HENRIQUE BENTO
OAB/SP 81.495
ADV ILVANA ALBINO
OAB/SP 67.417
ADV FERNANDO DA CONCEIÇÃO GOMES CLEMENTE
OAB/SP 178.171
ADV THIAGO OLIVEIRA POLISEL
OAB/SP 224.804
ADV FLAVIA YUMI YOSHIDA
OAB/SP 244.620
Fonte: Revista Consultor Jurídico

Entra em vigor nesta quarta nova tabela de tarifas bancárias

Entra em vigor nesta quarta-feira (30/04) a nova tabela de tarifas bancárias para pessoas físicas, conforme determinação feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no final do ano passado. O CMN limitou as cobranças a 20 serviços e estabeleceu correções de preços a cada seis meses, mas a redução dos valores das taxas pode ser a qualquer momento.O chefe-adjunto do Departamento de Normas do Sistema Financeiro (Denor) do Banco Central, Sérgio Odilon, disse hoje (29) que a padronização da nomenclatura, com nomes iguais para os serviços que podem ser cobrados, "é um marco regulatório que permite ao cliente comparar preços dos serviços e exercer seu direito de escolha".Ele adiantou que a nova norma, além da padronização de classificação dos serviços para facilitar a comparação de tarifas estipuladas por cada instituição financeira, também ampliou a lista de serviços bancários essenciais sobre os quais não pode ser cobrada tarifa. Tais como fornecimento gratuito de cartão de débito, dez folhas de cheque por mês e extrato mensal.O banco também não poderá cobrar tarifas do mutuário da casa própria ou de outros bens, em caso de liquidação antecipada das prestações. Vale lembrar que já está em vigor a norma que estabeleceu o Custo Efetivo Total (CET), segundo o qual em qualquer operação de crédito devem ser identificados todos os encargos como comissões, impostos e taxas, de modo a que o contratante saiba exatamente todos os custos e possa comparar com outras opções de financiamento.Confira a lista de cobranças permitidas, com os respectivos nomes comuns a todos os bancos:Cadastro - pesquisa sobre informações cadastrais da pessoa no momento da abertura da conta.Renovação de Cadastro - atualização dos dados do cliente, cobrada no máximo duas vezes por ano.Segunda Via Cartão de Débito - para emissão em razão de roubo, furto ou outro motivo que não seja de responsabilidade da instituição.Segunda Via Cartão de Poupança - para emissão em razão de roubo furto ou outro motivo que não seja de responsabilidade da instituição.Exclusão CCF - retirada, por solicitação do cliente, do nome do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos.Sustação/Revogação - pedido de contra-ordem (ou revogação) e oposição (ou sustação) ao pagamento de cheque.Folha de Cheque - fornecimento de folha de cheque, por unidade, além das dez folhas fornecidas gratuitamente por mês.Cheque Administrativo - emissão de cheque dessa categoria.Cheque TB/TBG fornecimento de folha de cheque de transferência bancária.Cheque Visado - registro e bloqueio do saldo em conta-corrente de depósito vista correspondente ao valor do cheque.Saque Pessoal, Saque Terminal e Saque Correspondente - saques feitos além do número permitido gratuitamente por mês.Depósito Identificado - recebimento de depósito com informação para o favorecido sobre a identidade do depositante.Extrato Mês - movimentação mensal além do número gratuito, subdividida em atendimento pessoal (P), por telefone ou no guichê do caixa; informações conseguidas eletronicamente (E); e emissão em um correspondente (C).Extrato Movimento - além do número permitido gratuitamente.Microfilme - fornecimento de cópia de microfilme, microficha ou assemelhado.DOC/TED Pessoal, DOC/TED Eletrônico e DOC/TED Internet - transferência de recursos no guichê da agência, em terminais de auto-atendimento ou por internet banking, respectivamente.DOC/TED Agendado - processo programado direto no guichê do banco (P), em terminais de auto-atendimento (E) ou pela internet (I).Transferência de Recursos - transferência entre contas do próprio banco com ajuda de funcionários (P), pelo auto-atendimento (E) ou pela internet (I), além do número gratuito permitido por mês.Ordem de Pagamento - realização de ordem de pagamento.Adiantamento Depositante - concessão de crédito para cobertura de saldo devedor em conta-corrente de depósitos vista e de excesso sobre o limite do cheque especial.
Fonte: Correio Braziliense

Travesti se irrita com brincadeira do 'Pânico na TV', quebra equipamentos e pára de novo em delegacia

Diário de São Paulo

Um dia após deflagrar o maior turbilhão da vida de Ronaldo, Andréia Albertini protagonizou ontem, em São Paulo, um barraco ainda maior e, como na véspera, foi parar na delegacia. Abordada na sede da Rede TV pela trupe do "Pânico na TV", a travesti deu ataque, quebrando duas TVs e uma porta de vidro. E, antes de ser levada pela PM, precisou ser atendida por paramédicos, que lhe deram calmante e fizeram curativo em sua mão, ferida na confusão.
Com escova no cabelo e usando um terninho preto, Andréia participou no início da tarde do programa "A tarde é sua", da Rede TV. Para a apresentadora Sônia Abraão, ela revelou detalhes da noitada com Ronaldo e disse que foi o jogador quem lhe ofereceu os R$ 50 mil para que ficasse calado. Ela disse que ele alegou que não "queria estragar a carreira".
- Quando falei que por esse valor me calava, ele disse aos policiais: "Tá vendo? Ela só quer me extorquir" - relatou Andréia no programa, acrescentando que contava com o dinheiro para fazer a operação de transexualização, arrumar documentos e emprego digno. Participação cancelada
Ainda estava prevista a participação da travesti no Superpop, de Luciana Gimenez. Mas enquanto ela aguardava a hora de voltar ao estúdio, o Repórter Vesgo, do "Pânico", fantasiado do Fenômeno, chegou e lhe perguntou se, por R$ 50 mil, sairia com ele. Foi o estopim para Andréia explodir e dar início ao quebra-quebra. A emissora acabou cancelando sua participação na outra atração e chamou a polícia para tirá-la de lá, e uma ambulância para atendê-la.
Antes de toda a confusão, ainda no "A tarde é sua", Andréia explicou que fugiu correndo da delegacia, sem terminar o depoimento, porque ficou com medo quando o delegado mandou um policial pegar o celular de suas mãos para assistir ao vídeo:
- Era a melhor prova que eu tinha. O documento do carro poderiam dizer que eu tinha encontrado no chão. Longe das ruas
Segundo a travesti, desde o dia da confusão ela ainda não conseguiu voltar às ruas para trabalhar. Ela acredita que a clientela também vá ficar com medo de fazer programas e tornar-se refém de um possível novo escândalo. Quando Sônia Abraão perguntou se ela não pensou que estaria acabando com a carreira de Ronaldo, Andréia foi enfática:
- Ele já é milionário. Ele pensou em mim? Porque eu pensaria nele? Não fiquei sensibilizada em nenhum momento. No dia, ele disse: "Sou o Ronaldo, se você não ficar quietinha, não vai mais trabalhar na Sernambetiba, nem pisar aqui na Barra".
Participaram da cobertura
Camilo Coelho, Clarissa Monteagudo,Elaine Duim, Marcelo Gomes, Marco Antônio Martins e Sérgio Meirelles
Fonte: Extra Online

18.475 casos de dengue

Por Lorena Costa
Somente neste mês de abril, 49 pacientes com suspeita de dengue foram atendidos no Hospital Couto Maia (HCM), referência para o tratamento da doença. Desse número, seis pessoas continuam internadas, sendo que duas encontram-se em estado grave na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Dos 49 casos que estão sendo analisados, 18 deram entrada somente entre a última sexta-feira e a manhã de ontem. Os pacientes em estado grave são uma mulher de 24 anos, moradora do bairro da Sussuarana, e um bebê, de apenas 11 meses, vindo do município de Tucano. De janeiro até março deste ano, 17 pessoas foram internadas no HCM por dengue. Conforme levantamento feito pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) até o último dia 25, mais de 18.475 casos de dengue já foram registrados este ano na Bahia. Na capital, foram 787 ocorrências da doença. A dengue hemorrágica, tipo mais grave, já contabilizou 29 vítimas em todo o território baiano, sendo que quatro pessoas morreram. Uma delas - a menina Daniela Pereira dos Santos, 9 anos - em Salvador. De acordo com a vice-diretora do HCM, Ana Verônica Mascarenhas, ainda que todos os internamentos sejam considerados casos graves da dengue, ainda não é possível afirmar que tratam-se de dengue hemorrágica. “Na verdade, ainda não temos nem mesmo a confirmação de que seja dengue. A análise que estamos fazendo é com relação ao quadro clínico do paciente. Saberemos se, de fato, trata-se de dengue, do tipo hemorrágico ou não, após o resultado dos exames. Os resultados desses exames podem levar até uma semana para serem obtidos”, esclareceu. Porém, Mascarenhas lembra que, por conta de outros surtos da doença - como o ocorrido no ano de 2002 - a população baiana estaria mais susceptível a contrair a dengue hemorrágica. “Isso porque os pacientes que já contraíram a doença têm mais facilidade em, dessa vez, desenvolver o tipo mais grave, que é o hemorrágico”, explicou. A vice-diretora do HCM disse ainda que, embora não seja mais comum, é também possível que uma pessoa que nunca teve a doença tenha logo o tipo mais grave. “A dengue hemorrágica pode se desenvolver em qualquer pessoa, independente se o paciente já teve a doença ou não. Sendo que pacientes diabéticos ou com doenças renais estão mais propensos a desenvolver a dengue hemorrágica”, completou.
População está assustada e postos lotados
Na manhã de ontem, os postos de saúde estiveram lotados. Entre os pacientes, a principal preocupação era com a dengue. No Centro de Saúde de São Marcos, em Pau da Lima, dezenas de crianças chegavam a todo o momento. Conforme a coordenação da unidade, o atendimento médio diário que era de 270 pacientes passou para 322/dia no mês de abril. “Sem dúvida a dengue tem contribuído muito para isso. A população está assustada com a dengue”, afirmou o coordenador administrativo da unidade Roberto dos Anjos. O centro, administrado pelo Monte Tabor / Hospital São Marcos, recebeu somente entre o dia 1º e 24 deste mês de abril, 7.742 pacientes. Desse total, foram 6.897 atendimentos relacionados as áreas de pediatria e clínica geral e o restante a área de traumas e ortopedia. Desde a última sexta-feira, garantiu o coordenador, exames de plaquetas – para diagnóstico da dengue – estão sendo realizados em todo paciente que apresente qualquer um dos sintomas da dengue. “Essa foi uma orientação do secretário municipal de saúde e estamos cumprindo. Temos realizado exames de plaquetas em todos os pacientes que apresente, pelo menos, um dos sintomas da dengue”, disse. Os principais sintomas da doença são febre, dores no corpo, suor excessivo, vômito, diarréia e aparecimento de manchas vermelhas na pele. Durante o final de semana, dos exames realizados no Centro de Saúde de São Marcos, oito foram encaminhados ao Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, da Fiocruz, com suspeita de dengue. “Encaminhamos à Fiocruz por conta de suspeita da doença, porém ainda não obtivemos a confirmação. Por enquanto, nenhum caso foi confirmado nesta unidade”, afirmou. O centro, que durante o final de semana havia suspenso o atendimento pediátrico por conta da superlotação, fez ontem o contrário: estavam suspensos o atendimento aos adultos e somente as crianças entravam na unidade. O motivo, esclareceu o coordenador, foi a superlotação na área clínica. “São muitos pacientes adultos em observação e isso nos deixou impossibilitados de receber novos pacientes. Por isso, só estamos atendendo as crianças hoje”, disse. No Centro de Saúde de Pernambués, sob gestão das Obras Sociais Irmã Dulce, a alta procura por atendimento se repete. Conforme a enfermeira Cláudia Andrade, o aumento no número de pacientes atendidos pela unidade tem sido significativo. “As pessoas têm vindo muito, houve um grande aumento no atendimento desde que os casos de dengue começaram a ser divulgados, inclusive com a morte da menina (de 9 anos, moradora de Coutos). As pessoas chegam aqui com febre ou qualquer outro sintoma da dengue já afirmando que contraíram a doença. Na maioria das vezes, não é”, garantiu. Como no Centro de São Marcos, todos os pacientes com sintomas da dengue estão passando por exames de plaquetas. Até ontem, nenhum caso havia sido confirmado na unidade de Pernambués. Sem vacina para combate da dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a única forma de prevenção é a eliminação do foco. De acordo com o coordenador administrativo do Centro de Saúde de São Marcos, ainda são muitos os focos espalhados pela cidade. “Embora o governo tenha que exercer o seu papel, a dengue é um tipo de doença que precisa do apoio indispensável da população para ser combatida. Aqui mesmo, próximo ao centro, é grande o número de lixo espalhado. As pessoas não têm o costume de armazenar o lixo de modo correto, não obedecem o horário da coleta e, por isso, ainda é grande o número de recipientes propensos ao acúmulo de água espalhados pela cidade”, considerou. Também para a vice-diretora do Hospital Couto Maia, Ana Verônica Mascarenhas, a melhor forma de combate a dengue é a conscientização da população. “É preciso limpar com cuidado todas as áreas da casa, deixar vasos, garrafas plásticas, pneus ou qualquer outro objeto que possam acumular água virados para baixo, limpar os pratinhos das plantas ou colocar areia. Essas são medidas simples que contribuem para conter a proliferação do mosquito”, aconselhou. A dona-de-casa Cremilda Cardoso, 29 anos, que ontem procurou atendimento para a filha de 4 anos na unidade de São Marcos, disse andar em alerta por conta da doença. “Lá em casa a gente tem procurado eliminar todos os focos. Minha irmã esteva doente e todo mundo está muito preocupado”, disse a moradora da Estrada das Barreiras.
Extensão em jornalismo digital tem curso na na FTC
Com o surgimento da mídia digital os mecanismos comunicacionais se reorganizaram e favoreceram novas articulações sociais. Estudiosos afirmam que as novas tecnologias servem como extensão da escrita, e proporcionam as interações entre informação e cultura. O jornalismo digital redefine funções do jornal impresso que, segundo especialistas, tende a se firmar como espaço de reflexão, contextualização e aprofundamento dos acontecimentos da sociedade. Visando proporcionar ao profissional da imprensa treinamento prático no uso de recursos da Internet para a prática jornalística a Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) lança o Curso de Extensão em Jornalismo Digital. Durante três sábados, totalizando 24/horas aulas o profissional de comunicação terá acesso aos conhecimentos dos avanços tecnológicos para inserção nos novos mercados de trabalho; conhecimentos em hardware e software e seus impactos na estrutura narrativa; construção de reportagem multimídia e interativa. Em visita à Tribuna da Bahia, recebidos pelo diretor Walter Pinheiro, o superintendente executivo da FTC, Samuel Soares, o representante da coordenação do cadastro socioeconômico dos alunos, Francisco Catelino e o coordenador do curso de jornalismo da instituição, Sérgio Mattos, informaram como a FTC vem se destacando nesses oito anos de intensa inovação no ensino superior. Além da extensão em Jornalismo Digital a instituição dá destaque também ao novo Mestrado Profissional em Bioenergia, o primeiro curso do Brasil a formar profissionais para solucionar problemas tecnológicos relacionados aos aspectos ecológicos decorrentes de cadeias produtivas de bioenergia. A primeira turma já teve suas aulas iniciadas e a segunda vai abrir em setembro. O mestrado é direcionado a profissionais de diversas áreas como engenharia e biologia. Para a extensão em jornalismo digital, a FTC dividiu as aulas em três módulos onde dentre os inúmeros assuntos ligados ao tema, serão expostos todo o processo de navegabilidade e usabilidade; A linguagem do jornalismo com um breve histórico com as características do jornalismo impresso e digital, como escrever para a plataforma digital e impressa, hipertextualidade, a importância da Internet e seus recursos para jornalistas atuando em outros suportes midiáticos (impresso, rádio, TV), prática de construção de um Blog jornalístico, recursos para atrair o leitor, sites jornalísticos e cuidados com a linguagem. Conforme o professor Sérgio Matos, o jornal impresso não está ameaçado pelo on line, mas é extremamente necessário que o profissional de comunicação esteja atualizado com a nova linguagem e que tenha conhecimento suficiente para saber transferir a informação da plataforma impressa para a digital. “O leitor do impresso é completamente diferente do leitor do digital. Este faz uma leitura segmentada, busca fontes que tenham credibilidade eles têm uma leitura blocada e não linear, ou seja, ele mesmo faz sua ordem. Já o do impresso segue o que o jornalista quer”, explica. Técnicas de como atrair e criar vínculos com o leitor digital para a leitura do jornal on line, também vão ser treinadas durante as aulas. “Os formatos hoje estão buscando a transformação do impresso para o digital e não é com a mesma linguagem que iremos trazer esse leitor para o veículo. Vamos mostrar neste curso como a linguagem está mudando”, disse. Segundo Mattos, o leitor digital busca as informações que têm credibilidade. “Ele certifica a informação e é extremamente atualizado. Para que possamos lidar com o jornalismo digital temos que saber qual a linha de comportamento desse leitor”, informou Mattos. Ele ainda garantiu que durante as aulas serão expostas técnicas para que o profissional de comunicação crie vínculos para fidelizar o leitor. As aulas, vão ser ministradas pelos professores Marcos Palacios, doutor em sociologia pela University of Liverpool e professor da Faculdade de Comunicação da Ufba; Sérgio Mattos, doutor em Comunicação pela Universidade do Texas, pesquisador sobre o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa no Brasil, professor e coordenador do Curso de Jornalismo da Faculdade da Cidade do Salvador e da FTC. E Alberto Oliveira, pós-graduado em didática para o Ensino Superior, palestrante com destaque para os temas “Futuro do Jornalismo Tecno”. (Por Maria Rocha)
Fonte: Tribuna da Bahia

Governo finaliza proposta de reajuste para servidores

Ministro garante que vai cumprir acordo com 17 categorias do funcionalismo, inclusive os militares


BRASÍLIA - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o governo federal vai enviar para o Congresso projeto solicitando crédito suplementar para conceder reajustes a servidores públicos federais este ano. O ministro assegurou que o Executivo vai cumprir os compromissos de aumentos salariais firmados com diversas categorias do funcionalismo, inclusive os militares. Segundo informou, a Casa Civil analisa o texto que será encaminhado ao Congresso, mas não definiu o formato da matéria: se será projeto de lei ou medida provisória.
“Assim que estiver pronto, será mandado. Nós mandamos para a Casa Civil no formato de um projeto de lei, mas eu sei que há articulações de parlamentares e eu presenciei o próprio presidente (da Câmara) Arlindo Chinaglia (PT-SP)sugerindo ao presidente (Lula) que mandasse uma medida provisória. Vai ser tomada a decisão”, afirmou.
Paulo Bernardo disse que o projeto vai atingir 17 categorias do funcionalismo público, mas sinalizou que os militares não estarão contemplados no projeto – uma vez que o governo já teria a previsão de gastos para a categoria. Ele assegurou, apenas, que o governo vai honrar o compromisso de reajustar os salários dos militares.
O ministro evitou adiantar os valores previstos no projeto para o reajuste, mas estima que seja da ordem de R$2,1 bilhões. O Orçamento de 2008 prevê R$3,4 bilhões para todos os reajustes do funcionalismo este ano. Só o aumento salarial dos militares vai custar aos cofres públicos R$4,2 bilhões. Em março deste ano, o governo se comprometeu em elevar os salários de mais de 800 mil servidores com remunerações defasadas, o que somaria pelo menos R$2,1 bilhões.
“Esse projeto que mandamos é menor do que nós temos de previsão de recursos para reajustes. Fechando todos os acordos, provavelmente vamos ter que fazer uma suplementação. Mas eu não dei essa informação [dos valores] porque não tenho a conta aqui. Você não pode me obrigar a falar uma coisa que eu não sei”, disse o ministro ao ser questionado por jornalistas sobre o valor da suplementação previsto no projeto.
Grevistas - O ministro do Planejamento afirmou também que vai ser cortado o ponto dos auditores fiscais em greve. Ele abriu a possibilidade de parcelar o desconto no salário em alguns meses, o que evitaria que alguns servidores tivessem contra-cheques negativos.
Para Bernardo, o corte deve acontecer porque o governo chegou a entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) para conseguir este direito. “Nós recorremos ao Supremo Tribunal Federal e recebemos a decisão do ministro Gilmar Mendes de cortar. Seria um absurdo dizer agora: olha, eu pedi para o Supremo se manifestar, mas não vou cortar. Nós vamos cortar”. (Da Redação e Folhapress)
Fonte: Correio da Bahia

Tucanos sem plano de vôo

Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Basta olhar para cima, tanto faz se em São Paulo, Belo Horizonte ou Brasília. A visão é de esquadrilhas de tucanos entrechocando-se, batendo asas e quebrando bicos, sem saber para onde devem voar. Um lamentável ensaio geral para 2010 desenvolve-se em 2008. Dá o PSDB provas de não estar preparado para reassumir o poder, com as eleições presidenciais, apesar de as pesquisas ainda favorecerem o partido.
Em São Paulo, não conseguem entender-se e parecem a pouca distância de perder a prefeitura da capital, seja com Gilberto Kassab, seja com Geraldo Alckmin. Em Belo Horizonte pecam pela inação, porque salta aos olhos que se o governador Aécio Neves deseja a presidência da República, não pode deixar de indicar um tucano para a prefeitura, jamais um socialista desconhecido. Ainda mais diante da evidência de que apoiará Fernando Pimentel, do PT, para a própria sucessão. Qualquer ave que deixa de bater asas condena-se à queda.
Importa, porém, projetar o vexame do ensaio geral para a noite de estréia, com a prima-dona perdendo a voz. Ninguém garante que daqui a um mês José Serra continuará liderando as pesquisas, assombração para ele e para os concorrentes. Afinal, o PT não tem nem terá candidato eleitoralmente denso, em se tratando de Dilma Rousseff, Marta Suplicy, Tarso Genro ou Patrus Ananias.
O PMDB, com ou sem o retorno de Aécio Neves, continuará um navio à deriva, apesar dos esforços do governador Roberto Requião. Dos Democratas não haverá que falar, condena-se a permanecer como reboque do PSDB, mas se a locomotiva não sabe para onde ir, o que se dirá do último vagão? Encontrar um candidato nos pequenos partidos só acontece de cem em cem anos. Como já aconteceu em 1989, com Fernando Collor, melhor será que Ciro Gomes pense duas vezes antes de lançar-se.
Repete-se a piada do Joãozinho, aquele menino que só pensava naquilo. Para os atuais detentores do poder, obstinados em não perdê-lo, sobra mesmo a proposta do terceiro mandato. O presidente Lula desmente, chama a hipótese de obscenidade democrática. Está sendo sincero. Só que não haverá outra saída, para os companheiros e penduricalhos: ou levam o comandante a mudar de rumo ou naufragam nos rochedos de seus próprios erros.
Pernas para o ar, ninguém é de ferro
É sempre bom reler os versos de Ascenso Ferreira, para quem, depois do trabalho dos outros, a hora era de botar as pernas para o ar, por ninguém ser de ferro.
Hoje é quarta-feira. Mesmo aqueles deputados e senadores que chegaram ontem a Brasília, se é que chegaram, preparam-se para daqui a pouco voltar aos seus estados. A proposta seria para que ontem e pelo menos até o meio-dia de hoje votassem umas tantas medidas provisórias responsáveis pelo trancamento das pautas na Câmara e no Senado. Só se conseguirem na manhã de hoje, porque ontem foi um fracasso.
Tudo por conta do feriado de amanhã, ironicamente o Dia do Trabalho. Da sexta-feira não se fala, apesar de um dia normal para o cidadão comum. Nem que um automóvel fosse sorteado entre Suas Excelências, dificilmente haveria um felizardo.
Dirão os tolerantes não ser diferente do Congresso aquilo que acontece nos tribunais superiores e até na Esplanada dos Ministérios, mas, convenhamos, se as pautas estão trancadas, valeria limpá-las até na Sexta-Feira da Paixão ou no Natal. Como ninguém é de ferro...
Vem ou não vem?
Uma semana já se passou, no prazo de trinta dias, para o general Augusto Heleno atender o convite da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, para falar sobre os perigos que rondam a Amazônia. O silêncio é total, tanto no Comando Militar da Amazônia quanto no Comando do Exército.
Ninguém informa nada. Se vier, o general arrisca-se a receber nova admoestação do Palácio do Planalto e, com certa segurança, ser destituído do comando que exerce, para comandar uma escrivaninha em Brasília. Se não vier, frustrará não apenas os senadores, mas a metade do País que se insurge contra as ameaças à soberania brasileira germinando na floresta.
O governo aguarda que o Congresso vote a nova Lei dos Estrangeiros, onde estariam incluídas restrições à presença de ONGs alienígenas interessadas na internacionalização da Amazônia, assim como proibições a que estrangeiros adquiram imensas glebas na região. O problema é que os povos indígenas que habitam nosso território são cidadãos brasileiros. Nada têm a ver com a Lei dos Estrangeiros, mesmo em grande parte manipulados por eles.
E quanto às terras vendidas a estrangeiros, será sempre bom não esquecer que, quando ia sancionar a Lei de Gestão das Florestas, o próprio presidente Lula vetou o artigo que obrigava qualquer venda superior a uns tantos milhares de hectares serem submetida à aprovação do Senado...
Fonte: Tribuna da Imprensa

Confusão envolvendo Ronaldo vira notícia no mundo inteiro

Ronaldo foi ontem assunto no mundo inteiro, por causa do incidente em que esteve envolvido na última segunda-feira com três travestis, num motel da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Os jornais da Europa deram mais destaque à polêmica, principalmente os da Itália e Espanha, onde o atacante do Milan é mais popular. Enquanto isso, a assessoria do jogador divulgou nota em que ele se defende e reafirma ter sido vítima de tentativa de extorsão.
"Frustrada noite de sexo de Ronaldo com três travestis" foi a chamada do diário espanhol Ás. Já o jornal italiano Corriere della Sera afirma que o atacante foi chantageado por travestis, adotando assim o discurso do titular da 16ª Delegacia de Polícia, Carlos Augusto Nogueira, que se posicionou a favor do craque.
Na última segunda-feira, Ronaldo e a travesti Andréia Albertini discutiram no Motel Pappilon, na Barra da Tijuca, e acabaram na delegacia. Os dois prestaram depoimento e o jogador acusou a travesti de tentativa de extorsão - ela teria exigido R$ 50 mil do craque para não fazer escândalo. Já Andréia Albertini reclamou pelo não pagamento do encontro.
No motel, ainda dividiram o mesmo quarto outras duas travestis, Carla Tamini e Veida Ganzaroli. De acordo com Ronaldo, ele não sabia que estava lidando com travestis, quando do encontro, e não chegou a se relacionar com nenhuma delas.
Na Austrália, o jornal Herald Sun publicou o título "Polícia chamada: Ronaldo flagrado em conflito com travestis". Na reportagem, o diário conta que o atleta foi questionado pela polícia depois de uma altercação com três travestis num motel do Rio.
Como Ronaldo é famoso em toda parte do planeta, as notícias sobre o escândalo chegaram até a África do Sul. O Dailynews, jornal do país-sede do Mundial de 2010, deu o seguinte título em sua página eletrônica: "Travestis denunciam Ronaldo."
O jornal argentino Olé, por sua vez, preferiu dar ênfase ao protesto de Andréia Albertini: "Um travesti denunciou Ronaldo por não pagar um serviço". No Diario Deportivo, da Colômbia, o tema teve tratamento mais irônico e a foto da mesma travesti surge em destaque, acima de texto em que ela afirma que o atacante lhe deu um calote.
Nota
No comunicado oficial divulgado na tarde de ontem, a assessoria de Ronaldo informou que o atleta não iria comparecer à delegacia por não haver queixa-crime contra ele. O texto ainda afirma que o atacante "jamais foi usuário de drogas, sendo idolatrado e admirado por crianças e adolescentes do Brasil e do mundo", desmentindo uma acusação do travesti de que o jogador teria lhe pedido para comprar cocaína quando estava no motel.
O comunicado oficial deixa em aberto a possibilidade de Ronaldo mover uma ação contra Andréia Albertini por tentativa de extorsão. Além disso, a assessoria confirma que o atleta continuará sua rotina de tratamento no Rio para se recuperar de lesão no joelho esquerdo - ele foi operado em fevereiro e, se tudo correr bem, só deve voltar a jogar futebol no ano que vem.
Fonte: Tribuna da Imprensa

MP dá parecer a favor de demarcação contínua

BRASÍLIA - A Procuradoria Geral da República (PGR) divulgou ontem parecer favorável à demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, em áreas contínuas. A PGR considerou improcedente a ação popular movida pelos senadores Augusto Botelho (PT-RR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), em 2005, no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto presidencial que determinou a demarcação contínua da terra indígena, de 1,7 milhão de hectares.
Com o parecer do Ministério Público, o STF poderá decidir em breve se mantém ou não a extensão e o formato da reserva. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer a manutenção da demarcação como está.
Ainda que seja só um parecer para embasar uma decisão futura do STF, a manifestação da PGR é emblemática. Os procuradores indicam que os senadores que contestaram a demarcação não conseguiram comprovar os alegados prejuízos econômicos para Roraima nem os riscos para a soberania nacional.
Os senadores sustentavam que houve "vícios" nos estudos técnicos que embasaram o decreto; que a demarcação contínua fere a soberania nacional e implica danos econômicos para Roraima, pois obriga a retirada dos agricultores; e que a medida fere o pacto federativo, porque passa para o domínio da União parte do território estadual.
Para a PGR, a ação não apontou objetivamente as irregularidades dos estudos técnicos. A procuradoria aceitou as alegações da Advocacia-Geral da União (AGU) de que a reserva é um direito antigo dos índios.
A AGU sustentou ainda que a soberania nacional está mantida, pois as terras são da União e não dos índios, o que garante, por exemplo, a presença das Forças Armadas na região de fronteira. O parecer rejeita a tese de rompimento do pacto federativo e diz que a área da reserva "representa pouco mais de 7% do território daquele Estado, que, desde a sua criação, conta com a presença de numerosos grupos indígenas".
O relator das ações sobre a reserva Raposa Serra do Sol, ministro Carlos Ayres Britto, disse que, com o parecer do Ministério Público, pretende concluir o relatório até o fim da semana que vem e que dependerá apenas de o processo ser incluído na pauta do plenário para que haja uma decisão definitiva sobre o caso. "Acredito que seja possível resolver até o fim de maio este assunto tão importante para o País", afirmou.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Empresários e parlamentares criticam censura à imprensa

BRASÍLIA - Empresários da grande mídia, deputados, senadores e representantes de associações ligadas ao jornalismo, durante a 3ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Imprensa, na Câmara dos Deputados, manifestaram repúdio unânime às decisões judiciais que impõem censura prévia à mídia. "A censura prévia representa uma afronta direta à liberdade de expressão", afirmou o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho.
Marinho e o jornalista Júlio César Mesquita, membro do Conselho de Administração do Grupo Estado, defenderam ainda a limitação pelo Congresso do valor das indenizações impostas às empresas pela Justiça. "Para os pequenos veículos isso pode significar a ruína completa", disse Marinho. Mesquita considera que esse limite para as indenizações pode ser inserido na legislação atual.
Houve também críticas às regulações que restringem o direito à informação e tentam controlar a publicidade, mas faltou consenso sobre a necessidade de uma nova Lei de Imprensa. "Eu sou contra uma legislação específica para regulamentar a profissão de jornalista", defendeu Mesquita. "Jornalista erra como qualquer outro ser humano erra. O jornalista, quando erra, tem de ser enquadrado pelos Códigos Penal e Civil."
O presidente da Editora Abril, Roberto Civita, também se mostrou contra uma nova legislação específica e estendeu a crítica às limitações impostas por leis à publicidade - a propaganda de cigarro já foi proibida e há propostas para que sejam limitados os anúncios de bebidas alcoólicas. "Na imprensa, quanto menos legislação, melhor. A imprensa não deve ser regulamentada, mas garantida e exercida com responsabilidade", disse.
Além dos dois empresários e acionistas de grupos de comunicação, ficaram contra a ressurreição da Lei de Imprensa o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, e o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). Miro é autor da ação contra a atual Lei de Imprensa que levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a suspender liminarmente 20 de seus 77 artigos. Nos próximos meses, o assunto voltará à pauta do tribunal e a lei pode ser integralmente derrubada.
Britto e Miro defenderam ainda a extinção de penas de prisão para os crimes de injúria, calúnia e difamação previstas no Código Penal. Quem se sentisse ofendido por matéria jornalística poderia pedir direito de resposta ou ajuizar um pedido de reparação financeira na Justiça.
Entre os defensores de uma nova legislação, o presidente do Grupo Folha da Manhã, Luís Frias, argumentou que a falta de lei específica deixaria o setor num "vazio jurídico". "No fundo, trata-se de resolver da melhor maneira possível os conflitos entre dois valores de grande relevância social: de um lado, o direito de o cidadão receber informações; de outro, os chamados direitos da personalidade, que visam a preservar a imagem e a reputação das pessoas", disse.
Outro defensor de uma lei para regular a imprensa foi o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Chinaglia se disse favorável a uma lei que defenda os princípios constitucionais que proíbem os monopólios de comunicação e garantam a programação regionalizada e a pluralidade. E defendeu a TV Pública como uma forma de contribuir para a "pluralidade de opiniões".
O primeiro-vice-presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Enrique Santos, afirmou que o debate sobre uma nova Lei de Imprensa deveria ser acompanhado pela votação de uma legislação que garantisse o acesso a informações públicas. Essa lei demandaria o compromisso do governo com a liberdade de acesso à informação e obrigaria os órgãos públicos a repassar aos interessados, como jornalistas, documentos oficiais completos e sem alterações. Se o assunto for de segurança nacional, o governo poderia se negar a revelar esses papéis, mas deveria comprovar que não poderia repassá-los à imprensa.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Para Tarso, PF não cometeu crime

Ministro diz que filmagem de lobista foi feita em local público, sem devassar gabinetes
BRASÍLIA - O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem que não houve crime nem violação da privacidade do Congresso na atitude do policial federal que filmou, em corredores da Câmara, o lobista João Pedro de Moura - acusado de envolvimento no esquema de desvio de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - entrando e saindo dos gabinetes dos deputados Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, e Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB.
Em resposta a declarações do presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o ministro da Justiça afirmou, em entrevista coletiva, que a filmagem não violou normas legais, já que foi feita em espaço público. "Naquele local, qualquer um pode filmar ou fotografar", afirmou. "Não houve violação de normas legais. A filmagem foi feita no corredor e não se violou a intimidade do plenário nem a privacidade dos gabinetes."
Tarso disse também que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Corrêa, verificará se o Manual de Procedimentos Operacionais da PF foi ou não violado quando o advogado Ricardo Tosto e outros acusados de envolvimento no esquema foram filmados no momento em que eram conduzidos detidos para dentro do prédio da Polícia Federal.
O esquema foi revelado pela Operação Santa Teresa, da PF. A filmagem dos acusados - que ainda não foram julgados - foi feita, segundo Tarso, porque se permitiu o acesso dos detidos ao prédio por uma entrada "inapropriada", ou seja, na qual ficaram expostos às câmeras da mídia.
O manual proíbe a chamada "pirotecnia", como, por exemplo, a exposição pública de pessoas detidas que ainda estão sendo investigadas. O ministro da Justiça disse que uma das possibilidades é a de que, ao se permitir a filmagem, tenha havido equívoco, por ser o manual ainda muito recente (foi editado no final do ano passado).
Em relação ao suposto envolvimento dos dois deputados no esquema, Tarso afirmou que não houve vazamento ilegal de informações constantes do relatório da PF sobre o caso. O que pode ter havido, segundo o ministro, é que o juiz liberou os autos para os advogados de defesa no dia 24 deste mês e algum advogado pode ter deixado vazar informações para a imprensa a fim de levar a investigação para o Supremo Tribunal, beneficiando todos os suspeitos no caso, inclusive os não-parlamentares.
O ministro da Justiça voltou a declarar, ao mesmo tempo, que os deputados Paulo Pereira da Silva e Henrique Eduardo Alves "efetivamente não são suspeitos e não foram investigados."
Fonte: Tribuna da Imprensa

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