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sábado, abril 15, 2023

MP-BA vai acompanhar gastos públicos com festas juninas

Sexta-Feira, 14/04/2023 - 20h18

Por Redação

são joão na bahia
Foto: Reprodução

 

A procuradora-geral de Justiça da Bahia, Norma Cavalcanti, recomendou que promotores com atuação na área de defesa do patrimônio público e da moralidade administrativa instaurem procedimentos administrativos para acompanhar a legalidade, a economicidade e a transparência dos gastos públicos com festejos juninos nos municípios baianos este ano de 2023. 

 

Na Recomendação 01/2023, que foi publicada no Diário Oficial da Justiça eletrônico na quinta-feira (13), a chefe do MP-BA ainda orientou que  os membros busquem, sempre que possível, o diálogo com os gestores na adoção de medidas preventivas de danos ao erário e, somente quando verificados indícios concretos de irregularidades nos procedimentos de contratações, instaurem procedimentos investigatórios cíveis e/ou criminais. Os procedimentos administrativos devem ser instaurados segundo subsídios prestados pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção à Moralidade Administrativa (Caopam). 

 

Para elaboração do documento, Norma Cavalcanti considerou, dentre outros fatores, que os festejos juninos são manifestações culturais de alta significação popular, contando com a proteção estatal, e que têm especial relevância num contexto de paulatino retorno à normalidade após longo período de duras restrições à socialização decorrentes do enfrentamento à pandemia de Covid-19. Contudo, destacou que  o eventual apoio do Poder Público a essas manifestações culturais deve respeitar o direito fundamental dos cidadãos à boa administração e que o gasto de recursos públicos na organização dos festejos juninos não pode ser feito sem observância das normas de direito financeiro, orçamentário e aquelas regentes das contratações públicas de fornecedores de bens e serviços.

Nota da redação deste Blog - Em Jeremoabo no mínimo merece uma averiguação por parte do Ministério Público, humanamente não existe possibilidade de uma gestão que não dispõe de recursos para comprar um pneu para ônibus escolar que está colocando em risco a vida de centena de alunos, de efetuar reparos em escolas, de abastecer a farmácia com medicamentos de uso continuado, de abastecer a zona rural com fornecimento d'água, tenha condições de contratar apenas um cantor por R$ 500 mil, mais um PAREDÃO por : PL EMPREENDIMENTOS E PRESTACAO DE SERVICOS LTDA. VALOR: R$ 381.900,00 (TREZENTOS E OITENTA E MIL E NOVECENTOS REAIS). Isso sem falar nos outros cantores de  cachês menores, temos que levar em conta as despesas com seguranças, limpeza, mão de obra e servidores com salários atrasados, doentes da Zona Rural  sem veículos para locomoção, será que o Município suporta mais essas despesas, mesmo sabendo que irá sacrificar ainda mais a população?
Será que o custo benefício compensará. ou estamos mais uma vez diante de uma ato que se não for ilegal será um ato imoral, o que é mais uma vergonha?
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Com a palavra o Ministério Público e os Vereadores!!!



Ato de Bolsonaro faz sociedade bancar aposentadoria de pastores, diz presidente do Sindifisco

Sábado, 15/04/2023 - 07h20

Por Ranier Bragon| Folhapress

Ato de Bolsonaro faz sociedade bancar aposentadoria de pastores, diz presidente do Sindifisco
Foto: Marcos Côrrea / PR

O presidente do Sindifisco Nacional (que representa os auditores fiscais da Receita Federal), Isac Falcão, afirma que o ato do Fisco que ampliou a isenção a pastores evangélicos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) usurpou a função do Congresso e não cumpriu os ritos de tramitação interna, representando um prejuízo relevante para os cofres públicos.
 

De acordo com Falcão, a interpretação dada pela Receita à época faz com que a aposentadoria de pastores evangélicos que recebem altos valores de suas igrejas sejam bancadas de forma irregular pelos demais trabalhadores.
 

"Estamos falando da isenção da cota patronal dessas [altas] remunerações. Ou seja, os trabalhadores submetidos a esse regime, os pastores, eles se aposentam. E as aposentadorias deles são pagas pelas contribuições dos demais trabalhadores", afirma.
 

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a isenção tributária a pastores evangélicos publicada pela Receita às vésperas da campanha eleitoral de 2022 está passando por reavaliação interna do Fisco sob suspeita de ter ocorrido de forma atípica, além de ser alvo de uma investigação no TCU (Tribunal de Contas da União).
 

O ADI (Ato Declaratório Interpretativo) nº 1, de 29 de julho de 2022, ampliou o alcance da isenção previdenciária a igrejas como forma de livrar da tributação previdenciária mesmo aquelas prebendas --o valor pago pelas igrejas aos pastores por seu trabalho-- que se assemelham mais a uma divisão de lucros da arrecadação de dízimo do que a uma remuneração fixa para a subsistência.
 


 

PERGUNTA - Qual a avaliação do sr. faz do Ato Declaratório da Receita 1, de 2022?
 

ISAC FALCÃO - O ato foi um absurdo, extrapolou a competência da Receita Federal e não foi à toa que não passou pelos órgãos técnicos da Receita. A gente vê, por exemplo, no caso das joias [dadas pela Arábia Saudita à família Bolsonaro], que quando a coisa passa pelas áreas técnicas, você tem ali um controle técnico, republicano. E foi o que não aconteceu, ao que tudo indica, nesse ato.
 


 

Qual seria o procedimento normal?
 

I. F. - Passar pelo Cosit [Coordenação-Geral de Tributação], Disit [Divisão de Tributação das Superintendências Regionais da Receita], por exemplo. Um contribuinte, quando ele tem alguma dúvida em relação à aplicação da legislação tributária por parte da Receita Federal, ele provoca a Receita.
 

Uma consulta normal começa numa Disit, que é uma divisão de tributação. Depois, manda para a Cosit, que então encaminha para a subsecretaria de tributação; e então para o secretário da Receita Federal, que emite o ato, quando lhe cabe, ou passa para o ministro da Fazenda, quando é o caso de passar para o ministro.
 

Enfim, há todo um um sistema, que é feito para que o ato observe a disciplina legal. Ou seja, para que não seja um ato que saia da cabeça de uma pessoa, mas uma manifestação de uma instituição do Estado brasileiro. Para que isso aconteça, os procedimentos precisam ser observados.
 


 

Vocês têm informação de como foi a tramitação desse ato?
 

I. F. - A informação que a gente tem é que ele não tramitou na Receita.
 


 

Já chegou pronto?
 

I. F. - Ele saiu do gabinete [do então secretário da Receita] para o Diário Oficial. Isso aí extrapolou a competência da Receita Federal, por um lado, invadindo a competência Legislativa, porque ele modifica o sentido da aplicação da lei, e, por outro lado, invadindo a competência do auditor fiscal de aplicar a legislação tributária.
 

A gente tem uma instância do controle interno, do Poder Executivo, que é a Corregedoria [da Receita], e nós temos uma instância de controle externo, realizado pelo Legislativo, que é a o Tribunal de Contas da União, que está fazendo a avaliação.
 

Nós vemos que essas instituições estão funcionando, fazendo o seu trabalho e a gente tem uma expectativa em relação a isso. A própria Receita Federal está revendo. Então, não se fez necessário o controle jurisdicional.
 


 

Qual a sua opinião sobre o mérito do ato?
 

I. F. - A lei não leva de forma alguma àquela compreensão. A prebenda em nada se parece com uma remuneração por produtividade, como a gente encontra em alguns casos.
 

O pano de fundo disso tudo é o seguinte: nós estamos falando é da isenção da cota patronal dessas remunerações. Ou seja, os trabalhadores submetidos a esse regime, os pastores, eles se aposentam. E as aposentadorias deles são pagas pelas contribuições dos demais trabalhadores.
 

Por isso que um sistema remuneratório próprio de empresas privadas, quando é aplicado em igrejas, elas devem contribuir da mesma forma que as empresas privadas. Se não, o que vamos ter? Os demais trabalhadores pagando pela aposentadoria daqueles pastores. As demais instituições pagando pela aposentadoria dos trabalhadores dessa instituição.
 


 

O Sindifisco tem um cálculo de qual impacto esse ato gerou?
 

I. F. - Há créditos tributários constituídos anteriormente à edição do ato que estavam em discussão entre os autuados e a Receita Federal, no contencioso administrativo. Então, quando chega a essa discussão um ato emanado pelo secretário, interpretando a legislação vigente, isso causa um prejuízo muito grande.
 

Porque ele não está fazendo, em tese, uma nova norma. Ele está dizendo assim: 'Olha, essa lei deve ser entendida dessa forma'. Ora, se lei devia ser entendida dessa forma, aquela autuação é inválida.
 

Isso causa um prejuízo em parte já constituída e causa um outro prejuízo, prospectivo. Aquelas instituições que não tinham essa prática passam imediatamente a deixar de recolher. Isso causa prejuízo em duas pontas, tanto no que foi lançado como no que seria arrecadado. É muito difícil mensurar, mas é certamente um prejuízo relevante. Temos milhares de pessoas trabalhando nessa situação, sob esse regime.
 


 

RECEITA SOB BOLSONARO NEGA IRREGULARIDADE; BANCADA EVANGÉLICA DIZ HAVER PERSEGUIÇÃO POLÍTICA
 

O ex-secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes, que assina o ato, afirmou que todas as normas adotados em sua gestão seguiram as regras, com tramitação regular nos órgãos internos.
 

À época, a Receita havia divulgado nota afirmando que o ADI "tão somente consolidou num único documento o entendimento já vigente sobre essa matéria, que já estava veiculado em lei e diversos diplomas jurídicos, como Soluções de Consultas e Pareceres", acrescentando que a diversidade de documentos estava gerando divergências internas.
 

Líderes da bancada evangélica defendem a edição do ato de 2022 pela Receita, afirmando que a atual revisão pelo Fisco representa perseguição política patrocinada pela esquerda.
 

 

Na despedida da China, Lula diz que EUA precisam parar de incentivar guerra e começar a falar em paz

Sábado, 15/04/2023 - 08h00

Por Redação

Entrevista de Lula na China
Foto: Reprodução / TV Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi incisivo ao falar sobre a guerra na Ucrânia e defender que os Estados Unidos “parem de incentivar” o conflito. A declaração foi feita nos últimos instantes de sua viagem oficial à China, nesta sexta-feira (14), enquanto o petista se dirigia ao aeroporto de volta ao Brasil.

 

“Eu acho que a China tem um papel muito importante (para o fim da guerra), eu continuo reiterando que a China possivelmente tenha o papel mais importante. Agora, outro país importante é os Estados Unidos. É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz para a gente poder convencer o (Vladimir) Putin e o (Volodimir) Zelensky de que a paz interessa a todo mundo e a guerra só está interessando por enquanto aos dois. Eu acho que é possível”, disse Lula, quando questionado pelo colunista Rodrigo Rangel do portal Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, na saída do hotel onde esteve hospedado em Pequim.

 

O presidente prosseguiu, mais uma vez se referindo aos Estados Unidos, que fornecem armas à Ucrânia: “É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia, é preciso ter paciência para conversar com o presidente da Ucrânia, mas é preciso sobretudo convencer os países que estão fornecendo armas e incentivando a guerra a pararem, porque eu acho que, quando se começa uma briga – a gente fala em guerra, mas poderia ser uma briga de rua, poderia ser uma greve – é preciso começar e saber como parar. E muitas vezes a gente não sabe como parar. E acho que nós estamos numa situação em que acho que os dois países estão com dificuldades de tomar decisões. Se os dois países estão com problema de tomar decisões, eu acho que é preciso que terceiros países que mantenham relação com os dois criem as condições de termos paz no mundo. Nós não precisamos de guerra”.

 

Sem dizer exatamente se Xi Jinping aceitou participar, Lula voltou a falar de sua ideia de criar um grupo de países que não estejam envolvidos no conflito para negociar um acordo de paz. “Não é uma coisa fácil. Vocês sabem que uma briga entre família é muito difícil, quando ela começa a gente não sabe como ela termina. E uma guerra é a mesma coisa, sabe? É preciso, agora, paciência, é preciso encontrar no mundo países que estejam dispostos. O Brasil está disposto. A China está disposta. Temos que procurar outros aliados e negociar com as pessoas que podem ajudar nessa paz.”

 

O presidente brasileiro fez as afirmações ao ser indagado se, na reunião que teve nesta sexta-feira com o presidente Xi Jinping, houve algum avanço relativo à questão da guerra – ele já havia dito anteriormente que pretendia discutir o tema com o líder chinês. A China é a principal aliada da Rússia de Vladimir Putin e é considerada peça-chave em qualquer tentativa de se negociar uma solução para o conflito, iniciado há mais de um ano no coração da Europa.

 

Lula reconhece a autoridade chinesa sobre Taiwan, que gera tensão entre China e EUA

Publicado em 14 de abril de 2023 por Tribuna da Internet

Ao vivo: Ministros falam após encontro de Lula e Xi Jinping

Lula reiterou “aderir firmemente” à tese de uma só China

Deu no Estadão

Declaração conjunta de Brasil e China após visita da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforça reconhecimento de que Taiwan é parte da nação chinesa, contrariando posição americana, que estimula independência do governo democrático da ilha. Localizada a cerca de 130 km da costa da China, a ilha de Taiwan mantém um governo democrático, autônomo ao Partido Comunista Chinês e à autoridade do presidente Xi Jinping.

Em meio aos interesses das duas nações mais poderosas do planeta, Taiwan tem sido um dos principais focos de divergência entre os Estados Unidos e a China, que acusa os americanos de alimentarem o desejo e movimentos da ilha para se consolidar como um país independente.

EXERCÍCIOS MILITARES – Nas últimas semanas, tanto chineses quanto americanos conduziram exercícios militares na região, elevando o clima de tensão. No início do mês, a China chegou a simular ataques e um cerco aéreo à ilha, no Estreito de Taiwan; logo depois, o governo americano conduziu manobras de guerra de escala inédita nas Filipinas. Em tom grave, o governo chinês afirmou que a “independência de Taiwan e a paz são incompatíveis”.

No encerramento da viagem de três dias do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, a declaração conjunta entre os dois países reforçou que o Brasil reconhece a autoridade chinesa sobre Taiwan, bem como o fato de a ilha fazer parte do território nacional.

Não se trata de postura inédita, mas o posicionamento do governo brasileiro em meio a essa tensão crescente na região – somado às declarações de Lula criticando a hegemonia do dólar no comércio internacional – claramente contrariam o ponto de vista do governo dos Estados Unidos.

AUMENTA A TENSÃO – O atual cenário de tensões foi iniciado em meados do ano passado, pela viagem da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan – a primeira de uma autoridade americana de primeiro escalão desde 1997, quando Newt Gingrich, também presidente da Câmara à época, desembarcou na ilha.

Apesar das sinalizações da Casa Branca de que a viagem partiu de uma iniciativa do Congresso e que não alterava a política externa americana, Pequim entendeu o gesto como uma provocação, reagindo em diferentes frentes – e aprofundando ainda mais a crise.

A China reivindica Taiwan como seu território e prometeu recuperá-lo – pela força, se necessário. Em uma ligação com o presidente americano, Joe Biden, no final de julho, o líder chinês, Xi Jinping, alertou fortemente os EUA contra a intervenção na disputa, aconselhando o democrata a “não brincar com fogo”.

NAVIOS DE GUERRA – Os alertas de Pequim repercutiram no Pentágono e no Comando Indo-Pacífico no Havaí, onde oficiais militares americanos foram encarregados de proteger Pelosi e avaliar o que a China poderia fazer militarmente em resposta à sua visita. Durante a viagem da parlamentar à Ásia, os EUA deslocaram navios de guerra para perto de Taiwan, aumentando a presença militar para uma eventual resposta.

No capítulo mais recente desse processo, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen fez uma visita aos EUA e foi recebida pelo presidente da Câmara de Representantes no Congresso, o que levou à escalada militar na região nas últimas semanas.

A profunda rachadura entre a China e Taiwan remonta à guerra civil da China, que eclodiu em 1927 e colocou forças alinhadas com o Partido Comunista chinês contra o exército nacionalista Kuomintang (KMT).

DUAS CHINAS – Finalmente derrotado pelos comunistas de Mao Tse Tung, o líder do KMT, Chiang Kai-shek, fugiu para Taiwan, que ainda estava sob controle do KMT. A partir de então, Chiang continuou a reivindicar a totalidade da China – assim como o continente reivindicou Taiwan.

O nome oficial de Taiwan continua sendo República da China, enquanto o continente é a República Popular da China. Ambos os lados ainda reivindicam formalmente representar toda a China.

Taiwan se tornou uma democracia vibrante e desenvolvida, cuja popular presidente, Tsai Ing-wen, enfatizou a identidade separada da ilha. O KMT, agora em oposição, é mais favorável a maiores laços com Pequim, especialmente no comércio.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Enquanto a China se declarar comunista, Taiwan não quer anexação, embora os dois povos sejam chineses e falem a mesma língua, o mandarim. Assim, a solução parece ser apenas uma questão de tempo. (C.N.)

Um momento ideal para o país repensar o jornalismo que a grande mídia oferece

Publicado em 14 de abril de 2023 por Tribuna da Internet

Charge OTempo 07/06 | O TEMPO

Charge do Duke (O Tempo)

Dorrit Harazim
O Globo

Na semana passada apoiadores do diário britânico The Guardian encontraram um comunicado incomum em suas caixas postais eletrônicas. Assinado pela editora-chefe Katharine Viner, o anúncio informava o resultado de uma investigação de dois anos encomendada a um plantel de eminentes acadêmicos do país. No relatório final, intitulado “Legado e escravização”, o grupo independente concluíra que, sim, o Manchester Guardian (nome original do jornal até 1951) dependera de trabalho escravo em seu nascedouro.

Para o jornal bicentenário, zeloso de sua independência editorial e financeira, foi uma questão de coerência moral ir até o fundo de suas raízes.

SEM FINS LUCRATIVOS – Como se sabe, o Guardian não é um matutino qualquer. Ocupa lugar bastante solitário entre as grandes mídias tradicionais de países democráticos. É regido há quase nove décadas por um truste sem fim lucrativo, criado em testamento pelo visionário C.P. Scott, seu mais longevo proprietário e editor.

Cabe ao Scott Trust, formado por um conselho de oito integrantes (jornalistas, executivos e representantes externos), financiar o jornal — basicamente por meio dos dividendos gerados por seus investimentos. A ideia central do arranjo está em proteger o jornal de interferências políticas e comerciais.

Apesar de sofrer prejuízos marcantes, como boa parte da mídia no mundo todo, o Guardian procura honrar esse compromisso. Isso envolve não só cobrir o presente e olhar para o futuro, como fuçar o próprio passado.

TRABALHO ESCRAVO – O relatório divulgado na semana passada revelou que a fortuna do fundador do jornal, John Edward Taylor, em 1821, assim como a de nove dos seus 11 financiadores, derivou em boa parte da indústria algodoeira de Manchester, cuja matéria-prima vinha de plantações do outro lado do Atlântico, nas Américas. Justamente onde trabalhavam os milhões de negros traficados da África.

Um dos financiadores do jornal não apenas comerciava o algodão cru d’além-mar, como era dono de uma plantação de açúcar na Jamaica com 122 negros escravizados. Seria, portanto, difícil não concluir que esses interesses tenham influído na política editorial do matutino, à época.

Em episódio de 1833, para citar um só exemplo, quando os donos desses escravizados exigiram uma indenização polpuda para abrir mão de sua “propriedade humana”, o editorial do Guardian posicionou-se a favor do pleito.

DIZIA O ABOLICIONISTA — “O preço da carne humana do Mississipi era regulado pelo preço do algodão em Manchester” — já constatara o grande abolicionista americano Frederick Douglass, que testou como poucos a base constitucional da escravidão nos Estados Unidos.

Por que então o jornal investiu em escavação tão funda de sua história? Porque o Guardian é o Guardian. O fato de aqueles tempos serem outros não pode servir de desculpa para um crime contra a humanidade, explica a editora-chefe de hoje.

Foi justamente um pedido de desculpas formal que a fundação do Guardian divulgou com o relatório, acompanhado do anúncio de ações de justiça reparadora. Serão mais de £ 10 milhões (perto de R$ 62,5 milhões) em programas na Jamaica e alhures. Dado o papel crucial da escravidão para a persistência do racismo e das desigualdades sociais de hoje, o Guardian se compromete a encarar esse abismo.

IMPERATIVO MORAL — “Acredito que diversidade é um imperativo tanto moral quanto prático para uma organização de mídia” — escreveu Katharine Viner. Ela se socorreu também em James Baldwin: “Nem tudo o que encaramos pode ser mudado, mas nada pode ser mudado até que seja encarado”.

No Reino Unido, negros representam apenas 0,2% dos jornalistas em atividade, enquanto somam 3% da população do país.

E no país que recebeu o maior fluxo escravagista de negros da África? Nas redações deste Brasil em que 56% da população se declara negra ou parda, a mesma representatividade despenca para tímidos 20% entre os profissionais de jornalismo.

INJETAR CONFIANÇA – Como conciliar tamanho distanciamento social com um jornalismo que precisa injetar confiança e confiabilidade em seus leitores?

Esse contrato não escrito com a sociedade, por parte de uma imprensa madura, exige determinação para exumar o passado, clareza para analisar o presente e imaginação para apontar o amanhã. O Guardian está tentando.

O momento atual parece excelente para também aqui o jornalismo profissional se repensar de ponta-cabeça. Começando pelo próprio umbigo. O Brasil é tão maior, mais rico, mais diverso, mais esperançoso e mais adulto do que nós, jornalistas da assim chamada “grande imprensa”, conseguimos ver! Melhor abrir o olho.

Bancada ruralista pede prisão de Stédile, líder do MST, que está viajando na comitiva de Lula


Imagem

Stédile ( à dir.) ao lado do diretor da Polícia Federal

Jan Niklas
Estadão

 

A bancada ruralista protocolou pedidos de investigação e prisão contra o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile — que viajou na comitiva de Lula para China —, por conta de declarações do ativista consideradas como “ameaças” aos proprietários rurais.

Representantes do agronegócio acusam o MST de incitar “invasões” no campo, enquanto os sem-terra negam que vão fazer uma “onda de invasões”, mas sim manifestações e eventuais ocupações apenas em “latifúndios improdutivos”. A bancada ruralista também aumentou a pressão para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o MST.

OFENSIVA AMPLA – A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) enviou o ofício contra Stédile ao Ministério Público do Distrito Federal, Procuradoria Geral da República (PGR), Ministério Público do Estado de São Paulo, Advocacia-Geral da União (AGU) e ao Tribunal de Contas da União (TCU).

O pedido da bancada ocorre em reação ao anúncio do MST sobre as ações do “Abril Vermelho”, tradicional mês de mobilização do grupo em prol da reforma agrária. Em um vídeo divulgado pelos sem-terra, Stédile afirma que, para chamar atenção às demandas dos ativistas, estão previstas ocupações no campo em todo o país.

“Neste mês de abril nosso movimento fará muitas manifestações em defesa da reforma agrária. Haverá mobilizações em todos os estados, seja marchas, vigílias, ocupações de terras, as mil e uma formas de pressionar para que a Constituição seja aplicada. E que latifúndios improdutivos sejam desapropriados e entregues para as famílias acampadas”, diz o líder do MST.

CLIMA DE INSEGURANÇA – A fala foi lida pelos ruralistas como uma “ameaça” que gera um “clima de insegurança” do campo. Em nota divulgada pela FPA, o líder da bancada e deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), classifica as ações do MST como “crime”.

Ele diz que ainda cabe ao governo Lula (PT) a responsabilidade de acalmar o movimento, historicamente aliado do atual chefe do Palácio do Planalto.

“O Presidente da República chegou a usar boné do MST na campanha, então acredito que eles possam dialogar para impedir que essas situações ocorram. A propriedade privada precisa ser respeitada e esse anúncio de cometimento de crime feito pelo líder do movimento deve ser combatido pelas autoridades”, diz Lupion na nota divulgada pelo FPA.

NA CHINA COM LULA – Stédile é um dos integrantes da comitiva brasileira que foi para a China e viajou ao lado de vários representantes do agronegócio levados pelo governo para fechar acordos comerciais com o país asiático.

Ao portal Metrópoles, o líder do MST disse que teve uma boa interação com o grupo. “É uma convivência democrática. Os deputados que vieram a maioria são progressistas Estamos falando o tempo inteiro sobre agricultura e no que a China pode nos ajudar”, disse o ativista.

O prestígio dado por Lula ao líder do MST ocorre em meio à pressão que os se- terra vêm exercendo no governo para terem suas pautas atendidas. Por outro lado, o petista busca equilibrar os agrados à sua base histórica com acenos para conquistar o agronegócio, setor alinhado ao bolsonarismo.


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