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sábado, junho 04, 2022

Voto envergonhado e ataque às instituições




Eleitores enrustidos de Lula podem decidir a eleição no 1º turno

Por Ricardo Mendonça (foto)

Algumas semanas atrás, uma empresa de pesquisa contratada por um banco fez um teste curioso. Depois de perguntar aos entrevistados em quem eles pretendiam votar para presidente da República neste ano, perguntou em quem eles achavam que a maioria da outras pessoas da família e da roda de amigos estava disposta a votar.

Constatou que tem mais gente que conhece parentes e amigos interessados em votar no ex-presidente Lula do que o próprio desempenho de Lula na pergunta direta. Com o presidente Jair Bolsonaro ocorre o inverso.

Os resultados são sugestivos.

Na véspera do primeiro turno das eleições de 2018, o Datafolha informava que Bolsonaro tinha 40% dos votos válidos, o Ibope falava em 41%. No domingo, conforme a apuração do Tribunal Superior Eleitoral, Bolsonaro terminou o primeiro turno em primeiro lugar, exatamente como diziam as pesquisas, mas com pouco mais de 46% dos votos válidos.

A diferença de cinco ou seis pontos entre os números de véspera apurados pelos institutos de pesquisa e o resultado extraído das urnas naquela eleição foi atribuída à aceleração de última hora de uma onda conservadora que pairava sobre a sociedade - fenômeno que teria exercido pressão maior no grupo dos que deixam para decidir no dia do pleito - e ao chamado voto envergonhado.

Voto envergonhado foi um fenômeno muito discutido nos Estados Unidos após a surpreendente vitória de Donald Trump em 2016. Lá, o excêntrico empresário e apresentador de TV também havia conquistado mais votos nas urnas do que as empresas de pesquisa conseguiam enxergar antes do pleito.

Apurou-se depois que uma parte considerável do eleitorado americano torcia intimamente pela vitória de Trump, mas, antes da eleição, não se sentia confortável para admitir isso publicamente. O candidato era tão estranho ao figurino tradicional de presidentes americanos, tão grotesco e tão politicamente incorreto, que alguns apoiadores tinham receio de sofrer qualquer tipo de constrangimento social se admitissem a simpatia que realmente sentiam.

O medo de ser reprovado pelo interlocutor também se manifestava quando esse disfarçado simpatizante de Trump era abordado por algum profissional de pesquisa. “Se eu afirmar que prefiro o Donald, o que esse entrevistador vai pensar de mim?”, poderia especular.

Na dúvida, o trumpista receoso respondia qualquer outra coisa para ao entrevistador. Mas na cabine de votação, sozinho, em ato secreto, sem o risco da patrulha de amigos ou parentes, o voto era para Trump.

No Brasil de 2018, o mais exótico entre os candidatos competitivos da eleição presidencial era Bolsonaro.

Não são poucos os estigmas negativos associados à figura do agora presidente. Machista. Racista. Homofóbico. Vulgar. Violento. Apoiador da ditadura militar, admirador de torturadores. Muitas dessas marcas fortes sempre foram alimentadas pelo próprio personagem.

É razoável supor que, quatro anos atrás, uma parcela não desprezível do eleitorado que se identificava com os atributos repugnantes de Bolsonaro ainda não tinha coragem suficiente para assumir o bolsonarismo de peito aberto.

Em seus círculos, esses eleitores dissimulavam a simpatia pelo capitão reformado. Abordados pelos institutos de pesquisa, não se sentiam à vontade para responder “Bolsonaro”. Nas urnas, porém, fincaram “17”.

Não há razão para acreditar que o voto envergonhado em Bolsonaro se repetirá nas eleições deste ano.

Quatro anos depois, qualquer pudor que algum bolsonarista de armário nutria em 2018 já teve tempo suficiente para se diluir. De braços dados com o chamado Centrão, Bolsonaro não pode mais ser confundido com um estranho do mundo político, um “outsider”. Não é mais o deputado amalucado com linguagem transgressora. Agora ele é o presidente da República, o titular do cargo, o oficial, o incumbente.

Um indício da evaporação do apoio envergonhado a Bolsonaro aparece nos relatórios das próprias pesquisas de opinião. Como método de controle, as empresas também perguntam aos entrevistados em quem eles votaram na última eleição. Diferentemente do que ocorria antes do pleito de 2018, os resultados de agora coincidem com os da apuração.

Se não há mais bolsonarista enrustido, Lula desponta, conforme sugere o curioso teste citado no início desse texto, como potencial candidato a ser o mais novo destinatário de votos envergonhados da eleição presidencial.

Corrupto, comunista, presidiário, mensaleiro, aloprado, chefe do petrolão. Os carimbos acumulados que perseguem o petista em sua sexta candidatura presidencial não são poucos. A quatro meses da eleição, podem estar camuflando parte de sua força eleitoral.

Eleitores de Bolsonaro genuinamente arrependidos do voto em 2018 podem ainda não se sentirem inteiramente confortáveis para admitir a intenção de votar em Lula em 2022. Simpatizantes do PSDB de várias décadas talvez ainda tenham receio de, em público, dizer que agora irão de PT.

Em outubro, com pequeno empurrãozinho do voto envergonhado, um eventual desempenho de Lula superior ao apontado pelas pesquisas pode representar a conclusão da disputa presidencial no primeiro turno.

Pode resultar também em uma previsível intensificação do queixume golpista a respeito da confiabilidade das urnas eletrônicas. Uma preciosidade no colo dos propagadores de notícias falsas e teorias da conspiração.

Um Bolsonaro derrotado no voto em 2 de outubro, data do primeiro turno, ainda terá quase três meses de mandato pela frente. Um Bolsonaro derrotado no segundo turno, em 30 de outubro, ainda terá mais dois meses de comando na Presidência da República.

As instituições precisarão ser fortes.

Valor Econômico

Um voto por R$ 1 por litro




Donos do governo agora querem estourar os gastos com decreto de calamidade

Por Vinicius Torres Freire

O desespero é grande entre os políticos aliados de Jair Bolsonaro. Os regentes do governo, os primeiros-ministros desse semiparlamentarismo aloprado, querem agora aprovar um decreto de calamidade, um instrumento legal que liberaria gastos do governo quase em geral, com exceção marcante de reajustes para servidores públicos.

Os regentes são os líderes do centrão, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Ciro Nogueira (PP-PI), senador licenciado e ministro da Casa Civil. A medida desesperada ainda é improvável e poderia parar na Justiça. Paulo Guedes, ministro da Economia, é contra, mas já teve de engolir decisões dos regentes do centrão.

Um objetivo da liberação de gastos e do rombo no teto de gastos seria arrumar dinheiro para bancar parte do preço dos combustíveis —para subsidiar diesel e talvez gasolina. Mas o céu é o limite.

O governo federal está praticamente na mão dos regentes desde o trimestre final do ano passado. Eles e turma estavam mais confiantes em vitória de Bolsonaro, com Auxílio Brasil, inflação menor e algum crescimento da economia além da miséria que vemos desde 2017. Por vários motivos, não deu certo.

A subida de Lula da Silva (PT) nas pesquisas deixou essa gente mais nervosa e irritada (tem havido gritos e "ultimatos" em conversas entre regentes e certos grupos do governo).

Como são muito toscos, ignorantes e, para usar um eufemismo, irresponsáveis, não têm escrúpulo de aprontar qualquer medida economicamente alucinada. A dúvida agora é descobrir quanto poder essa gente tem de quebrar o governo de modo ainda mais desavergonhado do que de costume a fim de ganhar uns votos, de resto incertos. Você mudaria seu voto se o preço da gasolina ou do diesel baixasse R$ 1 (um real) por litro?

Caso passasse, o decreto do estouro da boiada de gastos indevidos mal direcionados espalharia estilhaços bastantes para garantir inflação mais alta logo mais adiante e um começo de governo ainda mais miserável para quem vier a ser eleito em outubro.

Apesar de aloprado, um golpe político descarado nas contas e na decência públicas, o plano do decreto de calamidade passou a ser admitido até em público, como em entrevista de Nogueira à CNN Brasil. Outras tentativas de baixar o preço de combustíveis ou da conta de luz estão ainda encalacradas.

Entre as mais importantes: 1) a implantação da nova regra de cobrança de ICMS sobre diesel, objeto de disputa entre governo e estados; 2) o projeto de lei que reduz o ICMS sobre combustíveis em geral, eletricidade, telecomunicações e transportes; 3) o plano de cobrar mais imposto das petroleiras a fim de bancar algum tipo de subsídio qualquer (seja por meio de compensação para o ICMS menor ou uma gambiarra qualquer). Esse plano durou menos de uma semana e está quase morto; 4) Mudar a direção da Petrobras, colocá-la no cabresto e/ou mudar o estatuto da empresa a fim de conter novos reajustes.

Ainda que algum desses truques ou medidas venha a ser implementado e, ainda por cima, funcione (que os preços caiam para o consumidor final), não devem ter efeito antes de julho.

Por mais aloprados que sejam, dificilmente vão baixar o preço de gasolina ou diesel em, digamos, mais de R$ 1 (um real) por litro. Para tanto, seria necessário um subsídio de cerca de R$ 100 bilhões em um ano (o Auxílio Brasil custa R$ 89 bilhões por ano).

Afora economistas e alguns outros suspeitos de sempre, pouca gente está ligando para as ameaças do golpe fiscal dos regentes do centrão (que poderia contar com a maioria larga dos votos da Câmara). Mas faz muito vivemos não o tempo da imaginação no poder e, sim, do inimaginável.

Folha de São Paulo

O prejuízo das obras ‘estruturantes’ - Editorial




Caso da Usina de Santo Antônio mostra como palavras bonitas justificam decisões públicas que, em nome do interesse nacional, geram pesadas perdas para sociedade

Às vésperas da privatização, a Eletrobras terá que lidar com um problema que ficou por anos guardado debaixo do tapete. Furnas, uma de suas principais subsidiárias, será obrigada a fazer um aporte de mais de R$ 1,5 bilhão na Santo Antônio Energia, concessionária responsável pela usina de mesmo nome no Rio Madeira. O dinheiro servirá para sanear dívidas relacionadas à construção do empreendimento, alvo de um processo de arbitragem movido pelos sócios e perdido pela empresa pública. Com a injeção de recursos, a participação de Furnas na hidrelétrica subirá de 43% para 70% – ou seja, a maior parte do capital de Santo Antônio terá origem estatal por alguns dias, até que a privatização seja concluída.

Esse imbróglio se arrasta desde 2015, mas os problemas da usina são de origem e remetem a mais um equívoco na condução de políticas públicas, traço da história brasileira que infelizmente atravessa governos de distintos campos da disputa política. Em 2007, Santo Antônio foi a primeira das três grandes hidrelétricas leiloadas com pompa e circunstância durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; em 2008, foi a vez de Jirau; e em 2010, de Belo Monte. Com o potencial hidráulico já explorado nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, o Executivo buscou projetos no Norte para ampliar o parque gerador e preparar o País para o crescimento econômico que era esperado para os próximos anos.

Com as usinas, a meta era prover segurança energética aos investidores privados e afastar qualquer fantasma de racionamento. Até aí, tudo bem. É função de qualquer governo planejar ações que tenham efeito de médio e longo prazos, e esse era o caso das três hidrelétricas. A forma como tudo foi conduzido, no entanto, expõe uma sucessão de erros. Pelo alto risco inerente aos negócios, não haveria concorrência pelos projetos. A alternativa foi criar consórcios compostos por subsidiárias da própria Eletrobras, cuja presença era vista como uma verdadeira garantia, pelos “patrióticos” fundos de pensão das estatais e por grandes empreiteiras que, além de sócias, assumiriam a construção das obras, num evidente – mas ignorado – conflito de interesses.

De fato, os leilões registraram preços de energia historicamente baixos. O que o governo não explicou, no entanto, foram todas as manobras artificiais que levaram a esse resultado, desde empréstimos subsidiados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à antecipação de receitas aos sócios antes da conclusão das usinas. Atrasos nas obras, desafios ambientais e realocação das comunidades afetadas geraram gastos adicionais. O custo das extensas linhas de transmissão para conectar os empreendimentos ao Sudeste foi rateado entre os consumidores sem qualquer ônus para as concessionárias.

Santo Antônio, Jirau e Belo Monte eram chamadas de usinas “estruturantes”, termo frequentemente adotado para justificar decisões questionáveis e que desconsideram requisitos econômicos, técnicos e ambientais. Há quem prefira utilizar a palavra “estratégico” ou “de interesse nacional” para esse tipo de empreendimento – é o tratamento que a administração de Jair Bolsonaro dá, por exemplo, à caríssima central Angra 3 e à construção de termoelétricas em locais onde não há reservas de gás ou gasodutos. Que não haja engano: ao fim e ao cabo, as expressões significam gastos faraônicos bancados, quase sempre, pelo bolso do cidadão. O mais recente capítulo do caso da Santo Antônio Energia figura como exceção – por enquanto, vai sobrar para a Eletrobras, mas a tentativa de repassar essa conta às faturas de eletricidade no futuro não pode ser completamente descartada. Em comum a todos esses projetos está a clássica arrogância de governos populistas que acreditam saber o que é melhor para o País, prática que induz setores à ineficiência e que socializa os custos dessas escolhas entre todos, inclusive os mais pobres. Enquanto isso, o Congresso discute medidas paliativas, como a redução das alíquotas de ICMS sobre a energia elétrica. 

O Estado de São Paulo

Novidade na pista




O desafio de Simone Tebet é despertar no eleitor a vontade de acertar, para além do medo de errar

Por Dora Kramer (foto)

Marqueteiros de variados costados, à esquerda e à direita, têm sido unânimes nas análises aos respectivos contratantes sobre o impacto da entrada de Simone Tebet em cena: é difícil, mas não é impossível que a senadora do MDB escolhida para representar o chamado campo democrático tenha sucesso na presente disputa pela Presidência da República.

Hoje, o êxito é uma dúvida, mas para o futuro, segundo essas avaliações, já se configura a certeza de que na próxima, em 2026, haverá perspectivas inovadoras nas figuras de Simone Tebet e do ex-governador Eduardo Leite. Se não for agora, dizem, será mais à frente.

Para o jogo em curso vale de pouco esse tipo de avaliação, dada a urgência à espreita na esquina, mas ao menos cria uma expectativa de que nem tudo está perdido na política tal como tradicionalmente a conhecemos.

O desafio presente é monumental, embora a senadora detenha ativos promissores. Como mulher, pode atrair o eleitorado feminino, que, além de majoritário, apresenta grau elevado de indecisão entre a intenção do voto e o gesto efetivo a ser feito no momento de cravar a escolha na urna. Seria, de fato, a primeira a postular a Presidência, pois Dilma Rousseff não chegou lá por si. Foi levada por um homem, o poderoso Lula.

Simone Tebet conta ainda com o fato de ser uma novidade na cartela de nomes à disposição para a empreitada. É desconhecida pela maioria, rejeitada por uma minoria e por isso mesmo em tese teria uma avenida à frente por onde transitar na conquista do eleitorado.

Na teoria dos marqueteiros e dos especialistas em pesquisas é isso que se fala. Na prática da política, porém, os quinhentos são outros. O desafio primordial da senadora não é atrair apoio de partidos, e sim conseguir despertar no eleitor a vontade de votar nela. Há um conceito de publicidade que se aplica à situação: mais vale despertar o desejo do consumo no seu produto que apostar na rejeição ao concorrente.

Simone Tebet fala a respeito disso quando diz que não pretende fazer a campanha referida em Lula e Bolsonaro, e sim nos problemas que afligem o país. É acusada de não ter posições contundentes, de incluir muitos “mas” ao externar opiniões, o que denotaria atitude dúbia, quando o correto seria demonstrar assertividade ao eleitorado.

Mas, por falar em “mas”, quem disse que os problemas requerem soluções simplistas na base do oito ou oitenta, no branco ou preto? Questões atinentes à administração de um país são complexas e requerem ponderação. O cenário atual está repleto de contundências. Não raro, ou melhor, sistematicamente rasas e apenas midiáticas.

Os campeões de intenções de voto nas pesquisas são sempre categóricos, a despeito da qualidade do conteúdo. Outra: mais contundente que Ciro Gomes, impossível, mas nem por isso ele consegue se posicionar melhor no ringue. Tem a terceira colocação há muito tempo, mas nem por isso consegue ser visto como o que de fato é, a terceira via.

Apesar de estar naquele lugar, Ciro é visto como carta fora do jogo, alguém que atrai 7% ou 8% das intenções apenas por ser um nome conhecido. Se tivesse chegado agora à disputa, certamente não teria aquele capital. Aqui chegamos ao principal obstáculo da senadora Simone Tebet, o tempo.

Ela tem fogo nas ventas. É aguerrida, preparada, interessada e, sobretudo, empenhada. Talvez não seja o suficiente para prevalecer no cenário em que resta muito pouco tempo (quatro meses) para preencher uma folha em branco.

A senadora faz, em tese, uma boa escolha quando diz que pretende falar mais de Brasil e menos de Lula e Bolsonaro. Em termos racionais está correta. No entanto sabemos que eleições são certames carregados de emoção. Fossem pautadas apenas pela razão, um José Serra com seu currículo de realizações jamais poderia ter perdido a Presidência para a novata e explicitamente inepta já nos debates em 2010 Dilma Rousseff.

A difícil missão de Simone Tebet é encontrar um jeito de fazer chegar ao eleitorado, em pouquíssimo tempo, a compreensão de que comoções, ódios e amores não levam ninguém, muito menos um país, a lugar algum. Se não conseguir, corre o risco de ser deixada ao largo, falando sozinha para um Brasil de ouvidos moucos, olhares turvos, mentes exacerbadas e corações infeccionados.

Revista Veja

Colômbia: Candidato da direita é ‘nazista’ e o da esquerda, uma vítima?




A campanha está pegando fogo e narrativas idiotizadas tomam conta do debate - e de órgãos de imprensa - sem conexões com a realidade. 

Por Vilma Gryzinski

É fácil ver quando alguma reportagem ou outra manifestação sobre a próxima eleição presidencial na Colômbia está intrinsecamente distorcida: basta que contenha a palavra “petrofobia”. Se o candidato da direita – uma direita à moda dele – , Rodolfo Hernández, for chamado de nazista, o atestado está completo

O termo “petrofobia” foi inventado para dizer que o candidato de esquerda, Gustavo Petro, desperta um medo sem bases na realidade.

“É um medo irracional que pesa mais que um governo populista, como o que Rodolfo Hernández propõe”, escreveu María Jimena Duzán no El País. Sem esconder a torcida – perfeitamente válida, desde que os fatos sejam comprovados -, ela descreveu Hernández como “um ricaço de 77 anos, admirador de Hitler”.

É má fé. Hernández, milionário da construção civil, pediu “mil desculpas à comunidade judia e a todos os colombianos”, por ter se declarado, em 2016, um seguidor do “grande pensador alemão que se chamava Adolf Hitler”. Ele pretendia dizer Albert Einstein – e a frase citada é aquela sobre não fazer a mesma coisa se buscamos um resultado diferente.

Pode ser um sinal de senilidade ou de descontrole verbal, como é frequente acontecer com Joe Biden. Mas nenhuma pessoa que escreva sobre a Colômbia pode ignorar que foi um lapso. Que aspirante a um cargo político eletivo declararia admiração por Hitler?

De maneiras diferentes, também é errado dizer que a “petrofobia” é infundada. Petro fala manso e de maneira racional, sem as palhaçadas dos populistas latino-americanos. É um candidato com algumas boas propostas e outras discutíveis – exatamente por isso o relativamente noviço Hernández passou à frente dele, por uma pequena diferença.

Não dá para cravar qual será o resultado do segundo turno, no dia 13. Mas dá para lembrar os horrores que a extrema-esquerda, da qual Petro foi um militante armado, provocou na Colômbia – daí o medo justificado de que ele, mesmo depois da autocrítica e da adesão à política por meio do voto, não da Kalashnikov, volte a mergulhar o país na violência.

Como o El País é um grande jornal, publicou uma ótima entrevista com o escritor William Ospina, sobre sua opção, considerada estranha para um intelectual de esquerda: “Apoio Hernández sem satanizar Petro”.

Por quê? “O país passou muito tempo dividido por facções quase irreconciliáveis e isto foi nefasto”.

“Neste momento – embora muitas coisas que a campanha de Petro diga sejam válidas e embora não duvide de que exista uma vontade sincera de mudança -, a proposta de Petro desata muitas resistências, provoca muita oposição num setor da sociedade. Penso que seria muito difícil abrir caminho para a seu projeto, pela resistência que provoca”.

“E me parece que o engenheiro Hernández tem uma posição que não provoca tantas resistências e que igualmente quer fazer transformações”.

Há bons motivos para ter pouca confiança em Hernández e para acreditar que Petro verdadeiramente abraçou a democracia, sem se deixar contaminar pelo bolivarianismo à la venezuelana com o qual tanto quer se aproximar.

Mas o legado da esquerda armada é pesadíssimo. Só para lembrar: a maioria dos colombianos rechaçou nas urnas a proposta de conciliação com as Farc, o grupo guerrilheiro que continuou a lutar muito tempo depois que isso tinha saído do universo político latino-americano.

O acordo foi feito, de qualquer maneira, e pacificou em grande parte o país. Por causa dele, oito líderes guerrilheiros admitiram no ano passado perante a Jurisdição Especial para a Paz que praticaram crimes de guerra e de lesa-humanidade. Entre eles, nada menos que 21 396 sequestros. É isso mesmo: mais de 21 mil pessoas foram sequestradas pelas Farc, que tinham nessa prática uma forma de financiamento, juntamente com extorsões e pedágios de drogas.

Também foram admitidos maus tratos aos sequestrados, abusos sexuais e deslocamentos forçados – uma forma jurídica de descrever o terrível dano causado a agricultores pobres obrigados a deixar suas terras ou entregar seus filhos à guerrilha.

Uma surpresa na “confissão”: o assassinato de Álvaro Gómez Hurtado, político conservador, filho de um ex-presidente e ele próprio candidato presidencial. Em 1988, passou 53 dias sequestrado pelo M-19 – o grupo de Gustavo Petro. Em 1995, foi morto a tiros ao sair da universidade onde lecionava. “Era considerado por nossa organização um objetivo militar e um inimigo de classe”, declararam os ex-guerrilheiros das Farc ao reconhecerem o crime.

Ao todo, calcula-se em 220 mil o número de mortos no “conflito armado interno da Colômbia”, envolvendo diferentes grupos guerrilheiros, forças policiais e militares, organizações paramilitares e traficantes de drogas.

Um dos motivos da popularidade de Álvaro Uribe, que só agora perdeu seu lugar no topo da vida política colombiana, foi justamente conseguir uma vitória militar sobre as Farc.

Ninguém poder negar que os abusos do lado da repressão foram igualmente traumáticos.

O pior já passou, mas não é irracional que muitos colombianos temam um candidato de esquerda que foi da guerrilha.

“Não deixa de ser paradoxal que em um país onde se perdoam massacres e onde se criam justiças especiais para processar crimes terríveis, uma bofetada continue a ser imperdoável”, disse William Ospina, instigado a condenar o candidato que o convidou para ser ministro da Cultura, caso seja eleito, pelo caso – viral – do tabefe que deu um vereador quando era prefeito de Bucaramanga.

“Prefiro a vitória de Rodolfo Hernández porque acho que vai ser mais fácil para ele fazer mudanças fundamentais que a Colômbia precisa”, insistiu o escritor.

É uma aposta arriscadíssima, sujeita a ser cruelmente desmentida pela realidade, no caso, até há poucas semanas impensável, de que o construtor seja eleito presidente. Ele poderá se mostrar uma fraude política, um destemperado, um despreparado para o cargo. Mas “nazista” não dá.

Revista Veja

O marketing entra em campo




Por Vera Magalhães (foto)

A campanha presidencial antecipada começa a testar as estratégias de marketing com que os principais candidatos se digladiarão pelo voto em outubro. Jair Bolsonaro, eleito com uma campanha totalmente tosca na TV, mas muito sofisticada no uso das redes sociais, agora se prepara para mesclar um “lado A” mais tradicional de marketing político com a insistência nesse “lado B” das redes.

Os primeiros filmes da vertente mainstream da campanha reeleitoral começaram a sair do forno. Num deles, um Bolsonaro tentando aparentar ser um sujeito boa-praça, sorridente, conversa com jovens numa arquibancada e os aconselha a ouvir os pais, numa preleção sobre a importância da família na formação dos indivíduos.

É um discurso para atingir não só o público jovem, no qual o capitão tem baixa penetração — e muito permeável à opinião de influenciadores e artistas, com quem ele vive em guerra permanente. A fala visa a atingir também as famílias mais conservadoras, de baixa renda e perfil religioso, pois ele também enaltece, como sempre desde 2018, a importância de Deus, além da família.

No final do papo família, sobra até espaço para semear uma “vacina” contra os fracassos do governo na área econômica. Bolsonaro diz que “sem pandemia e sem corrupção, seremos uma grande nação”, como a já encontrar pretextos para os insucessos de seu mandato.

Não é casual. Ele sabe que, do outro lado do ringue, o foco da propaganda de Lula, líder nas pesquisas, será justamente contrapor os resultados da economia real em seus dois mandatos aos do atual governo.

Culpar a pandemia pelos dados desvantajosos é só meia verdade. O PIB de 2019, antes do novo coronavírus, já havia deixado a desejar. Além disso, as tão decantadas reformas já enfrentavam um freio de mão puxado pelo próprio Bolsonaro, no caso da administrativa, e pela dificuldade de o Ministério da Economia fechar uma proposta completa na tributária.

O marketing lulista deverá focar o bolso do eleitor. Contrapor o salário mínimo, os índices de emprego, a inflação, a renda e os investimentos de seu período e dos anos Bolsonaro.

Lula já tem feito isso sempre que tem oportunidade de falar: propositalmente deixa de lado as pautas que Bolsonaro tenta impor, como o suposto risco das urnas eletrônicas, para martelar o aumento da pobreza, da fome e a dificuldade de viver e prosperar no Brasil de Bolsonaro. É por saber o tamanho dessa encrenca que o presidente procura lançar mão de todas as cartadas possíveis, as tradicionais e os truques mais variados.

Na última coluna, tratei das promessas fake que assombram o presidente, pelo alto custo eleitoral que representam. Pois, para enfrentar justamente esses pontos nevrálgicos, a ala política do governo está gestando um novo gol de mão: decretar calamidade pública para poder gastar à vontade com subsídios aos combustíveis e incremento de auxílios a vários públicos-alvo, sem incorrer em estouro do teto de gastos ou em desobediência à Lei de Responsabilidade Fiscal e ainda escapar das vedações da legislação eleitoral para gastos a poucos meses do pleito.

As razões para uma súbita calamidade são as mais esfarrapadas. Ao tentar elencá-las, Ciro Nogueira, um dos artífices da tentativa de mais um tapetão eleitoreiro, disse que as pessoas estão tendo dificuldade de viver no Brasil. Ué!? Mas a vida não era uma maravilha sob o governo Bolsonaro? Não foi Paulo Guedes quem disse que a inflação era um problema lá fora, mas aqui estava sob controle? Não param em pé sem que as incoerências, mesmo com o discurso oficial, saltem aos olhos.

Só no gogó marqueteiro será muito difícil a Bolsonaro escapar dos problemas. É preciso contar, também, com um gol de mão que passe batido pelo juiz.

O Globo

Meia-volta, volver




Bolsonaro foca no Nordeste, mas seu desafio é manter o Sul, além do Sudeste

Por Eliane Cantanhêde (foto)

Pressionado pelas pesquisas e pela realidade, o presidente Jair Bolsonaro volta as atenções e despeja dinheiro no Nordeste, onde perde feio, feiíssimo, para o ex-presidente Lula. A melhor estratégia, porém, talvez não seja tentar ganhar o que não tem, mas manter o que já tem. O Sul, por exemplo, que tem em torno de 15% do eleitorado nacional e pode estar lhe escorrendo pelos dedos.

Em 2018, Bolsonaro ganhou do petista Fernando Haddad em todas as regiões, exceto no Nordeste. Massacrado em Pernambuco, Estado de Lula, foi campeão de votos em Santa Catarina.

Hoje, continua na liderança no Estado, mas começa a balançar no Paraná e no Rio Grande do Sul.

O governador Ratinho Jr. (PR), favorito na disputa, é próBolsonaro, mas sem implodir pontes com Lula. No RS, o presidente está entre Onyx Lorenzoni (PL), seu ex-ministro em três pastas, e o senador Luis Carlos Heinze (PP), ferrenho bolsonarista na CPI da Covid. Lorenzoni tem dois trunfos: está na frente nas pesquisas e apoiou Bolsonaro na primeira hora.

Lula também está espremido entre as candidaturas de Edegar Pretto (PT), filho do ex-deputado Adão Pretto, ligado ao MST, e de Beto Albuquerque (PSB), vice de Marina Silva na eleição presidencial de 2014. Lula foi ao Estado nesta semana, mas nenhum dos dois arreda pé.

Quem pode balançar ainda mais o coreto é o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que jurou que não disputaria a reeleição, saiu do governo sonhando com a Presidência e volta ao ponto inicial. Se concorrer, tende a despontar como favorito no Estado e pode selar a aliança formal entre o PSDB e o MDB do seu sucessor, Gabriel Souza, a favor de Simone Tebet (MDB).

Tebet conversou com Leite em Brasília anteontem e iria a Porto Alegre ontem. Cancelou a ida por causa da morte do sogro, não as articulações para ter o apoio do PSDB, o palanque de Leite no RS e o tucano do Ceará Tasso Jereissati na vice. Ele é um dos principais quadros tucanos.

Quem deu uma mãozinha foi Lula, ao dizer que “o PSDB acabou”. Não chega a ser mentira, mas é um erro evidente quando ele e Bolsonaro disputam os tucanos a tapa – inclusive no Sul. Mais um para a coleção de Lula e mais um motivo para os petistas e seus interlocutores tucanos arrancarem os cabelos.

Pelo agregador de pesquisas do Estadão, Lula tem vantagem em 16 Estados, Bolsonaro em oito e, dos três indecisos, dois ficam no Sul e o terceiro é o poderoso São Paulo. O Nordeste é e será pró-Lula e o Centrão vai para onde o vento levar. Para Bolsonaro, é melhor um pássaro na mão do que dois voando. Para Lula, o mais prudente é fechar a boca.

O Estado de São Paulo

4ª onda de covid: como se proteger diante de aumento de casos no Brasil




Depois de meses em queda, casos de covid-19 voltam a subir no Brasil

Por André Biernath, em Londres

Os casos de covid-19 voltaram a subir no Brasil. De acordo com as informações do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), o país está atualmente com uma média móvel de 31 mil novos casos por dia. Há pouco mais de um mês, no final de abril, essa taxa estava em 12 mil.


O coronavírus também parece estar por trás da maioria das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos hospitais brasileiros: segundo o Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), a covid-19 já é motivo de 59,6% das hospitalizações por infecções nas vias aéreas registradas nas últimas semanas.

Entre os motivos que ajudam a explicar essa nova piora, destacam-se o abandono de praticamente todas as medidas preventivas, como o uso de máscaras em locais fechados, a chegada de tempos mais frios, a cobertura vacinal insuficiente e uma possível queda na imunidade após muitos meses da aplicação das doses.

Mas será que é possível se proteger e minimizar os danos individuais e coletivos nessa nova onda da pandemia? Existem pelo menos cinco medidas que diminuem o risco de infecção, de desenvolver as formas graves da doença ou ao menos evitar a transmissão do vírus para outros. Elas incluem vacinação em dia e uso de máscaras em determinadas situações, entre outras. Confira:

1. Vacinação em dia

A vacina contra a covid-19 não impede a infecção pelo coronavírus, ainda mais com a circulação das novas variantes, como a ômicron e suas derivadas. Mas é consenso entre os especialistas da área que as doses do imunizante são primordiais para diminuir a gravidade do quadro.

Ou seja: estar com o esquema vacinal em dia pode até não evitar que você pegue o vírus, mas na maioria das vezes torna a infecção mais branda, sem necessidade de partir para uma internação ou o uso de remédios anti-inflamatórios e máquinas para a oxigenação do organismo.

Os dados de vida real mostram como a vacinação foi essencial para diminuir a taxa de hospitalizações e mortes desde o início da pandemia: a média móvel diária de óbitos no país chegou a 3 mil em abril de 2021. Com o avançar da campanha de imunização, esse número foi se reduzindo pouco a pouco — atualmente, essa taxa está em 109, um valor 27 vezes menor.

A quantidade de doses preconizadas varia de acordo com cada faixa etária ou condição de saúde. Essas recomendações, aliás, são atualizadas constantemente pelas autoridades em saúde, conforme surgem novas evidências científicas sobre a melhor maneira de manter a proteção atualizada em cada grupo.

Atualmente, o Ministério da Saúde recomenda:

    Idosos com mais de 60 anos: esquema inicial com duas doses + dose de reforço quatro meses depois de completar o esquema inicial + segunda dose de reforço quatro meses depois da primeira dose de reforço;

    Adultos entre 18 e 59 anos: esquema inicial com duas doses + dose de reforço quatro meses depois de completar o esquema inicial;

    Adolescentes entre 12 e 17 anos: esquema inicial com duas doses + dose de reforço quatro meses depois de completar o esquema inicial;

    Crianças de 5 a 11 anos: esquema com duas doses.

'Segunda dose de reforço já é recomendada para idosos e indivíduos com o sistema imunológico comprometido'

Também é importante ficar atento ao calendário específico de onde você mora, pois podem acontecer variações. Na dúvida, procure o posto de vacinação mais próximo de sua casa para receber orientações personalizadas.

A cobertura vacinal contra a covid-19, inclusive, está aquém do desejado em muitas partes do Brasil. Nove Estados (Roraima, Amapá, Acre, Tocantins, Maranhão, Amazonas, Rondônia, Alagoas e Mato Grosso) ainda não alcançaram os 70% da população com o esquema inicial de duas doses.

Para completar, apenas quatro Estados (São Paulo, Piauí, Paraná e Rio Grande do Sul) estão com mais de 50% da população com a primeira dose de reforço no braço. Os dados foram compilados pelo projeto Coronavírus Brasil.

2. Usar máscaras em lugares fechados

Ao longo do primeiro semestre de 2022, municípios, Estados e o próprio Governo Federal promoveram uma série de mudanças nas regulamentações que foram criadas ao longo da pandemia para conter os números de casos, hospitalizações e mortes por covid.

O principal símbolo disso foi a liberação das máscaras, que deixaram de ser obrigatórias na maioria dos lugares, inclusive em estabelecimentos fechados ou onde há aglomeração.

À época, a decisão foi bastante criticada por especialistas. Muitos acreditavam que a melhora momentânea dos números da pandemia não era suficiente para relaxar de vez — e especialmente abolir o uso de máscaras em lugares fechados ou com pouca circulação de ar, contextos que facilitam demais a transmissão do coronavírus.

Com a piora no número de casos, a tendência é que as máscaras voltem a ser recomendadas pelas autoridades. No final de maio, por exemplo, o Governo de São Paulo voltou a sugerir o uso desse equipamento de proteção nas escolas e em locais fechados.

O ideal, portanto, é usar a máscara se você for para um lugar em que vai ter contato próximo e prolongado com outros indivíduos em locais com pouca ventilação, como lojas, shoppings, escritórios, transporte público…

Se possível, dê preferência aos modelos profissionais, como a PFF2 e a N95, e certifique-se que a peça se encaixa bem e veda todas as entradas e saídas de ar nas bochechas, no queixo e na maçã do rosto.

3. Ficar atento aos sintomas

Num cenário com alta transmissão, o risco de ter contato com o coronavírus aumenta. Portanto, é importante ficar atento aos sinais típicos da covid-19. Os mais comuns são:

    Febre ou calafrios
    Tosse
    Dificuldade para respirar
    Fadiga
    Dor no corpo
    Dor de cabeça
    Perda de olfato e paladar
    Dor de garganta
    Nariz entupido
    Náusea
    Vômito
    Diarreia

Se você está com um ou mais desses sintomas, o primeiro passo é limitar o máximo possível o contato com outras pessoas para diminuir o risco de transmitir o vírus adiante.

Depois, vale buscar o diagnóstico, sobre o qual falaremos no próximo tópico.

4. Fazer o teste

Como você pode conferir na lista acima, os sintomas da covid se confundem muito com os incômodos típicos de outras doenças, como a gripe e o resfriado.

Para ter certeza de que o agente causador do quadro é mesmo o coronavírus, vale fazer um exame. Hoje em dia, é possível encontrar nas farmácias os testes rápidos de antígeno, que podem ser feitos em casa.

Outra opção são os laboratórios de análises clínicas, que oferecem não apenas o teste de antígeno, mas também o RT-PCR, método que traz resultados ainda mais confiáveis.

'Testes rápidos de antígeno foram aprovados em 2022 pela Anvisa e hoje estão disponíveis em farmácias'

Nesse contexto, vale sempre buscar a orientação de um profissional de saúde, que ajuda a interpretar os resultados e dá as orientações de tratamento mais adequadas de acordo com cada caso.

5. Seguir em isolamento se necessário

Se o teste tiver resultado negativo e mesmo assim os sintomas persistirem, vale seguir em isolamento por mais algum tempo até se sentir melhor — você pode estar com resfriado ou gripe e há o risco de transmitir esses vírus para contatos próximos.

Caso o resultado seja positivo, é importante ficar em casa e evitar o contato com outras pessoas na escola, no trabalho e em ocasiões sociais por pelo menos cinco dias ou uma semana.

Se nesse meio tempo os sintomas da covid piorarem, procure o hospital. Se melhorarem, tente repetir o teste (se possível) e confira se houve alguma mudança no resultado.

O cuidado e o distanciamento devem ser ainda maiores se você tem contato com indivíduos que possuem alto risco de desenvolver as formas graves da covid, como idosos ou pacientes com o sistema imunológico comprometido.

Esse autoisolamento evita a criação de novas cadeias de transmissão do coronavírus na comunidade — o que, em última análise, pode representar um alívio para a situação da covid na sua região ou até no país inteiro. 

BBC Brasil

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