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segunda-feira, outubro 04, 2021

Paulo Guedes e Campos Neto já deveriam ter sido demitidos. Mas quem se interessa?


Oposição vai entrar com ação de improbidade contra Paulo Guedes e Campos Neto por offshores, avisa Molon

Campos e Guedes têm razões para aplaudir a alta do dólar

Deu no IG

Dono de uma offshore no Caribe , o ministro da Economia, Paulo Guedes, pode ter lucrado cerca de R$ 14 milhões com a valorização do dólar, somente durante o seu mandato à frente da pasta. Segundo a revista Piauí , em setembro de 2014, quando fundou a Dreadnoughts International, nas Ilhas Virgens Britânicas, Guedes tinha US$ 9,55 milhões.

Esse montante correspondia a quase R$ 37 milhões quando foi nomeado para comandar a economia brasileira pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na época, a cotação do dólar era de R$ 3,85. No câmbio atual, cada moeda americana equivale a R$ 5,37. Assim, hoje, a Dreadnoughts vale cerca de R$ 51,3 milhões.

SUPERMINISTRO – Vale lembrar que Paulo Guedes comanda um superministério que reúne as antigas pastas da Fazenda, do Planejamento e do Comércio Exterior. Por isso, suas ações têm um impacto direto na cotação do dólar em real. Dessa forma, a desvalorização da nossa moeda frente à americana faz com que os investimentos do ministro no exterior valham mais.

A abertura de uma offshore ou mesmo de contas fora do país não é ilegal desde que o proprietário declare à Receita Federal e ao Banco Central o saldo mantido.

Desde 2020, o limite mínimo de patrimônio mantido no exterior que deve ser declarado ao Conselho Monetário Nacional (CMN) é de US$ 1 milhão. Mas, no caso de servidores públicos, como Guedes, a situação é diferente.

ESTÁ FORA-DA-LEI – O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais. Como Guedes é ministro da Economia, sua offshore configura conflito de interesse.

Por infringir essa regra, Paulo Guedes poderia ser punido de diferentes formas, que vão desde uma leve advertência à recomendação de demissão. À Piauí, ele alegou ter informado sobre seus investimentos no exterior à Comissão de Ética Pública, como deve ser feito.

O colegiado, no entanto, só julgou o caso dois anos e meio depois, em julho de 2020, e entendeu que não havia nenhuma irregularidade. Sendo assim, o caso foi arquivado.

TUDO SOB SIGILO – Procurada para responder mais esclarecimentos, a comissão justificou que as informações contidas no julgamento são sigilosas “em face dos dados sensíveis que delas constam – inclusive fiscais e bancários”.

Ainda assim, a revelação da offshore levou o líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) a pedir uma ação de improbidade no Ministério Público contra o ministro da Economia . O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também deve ser investigado pelo mesmo motivo, porque também tem conta offshore.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
 De início, Guedes e Campos Neto deveriam ser demitidos por não acreditarem na economia brasileira. Ou seja, não confiam no próprio trabalho que executam. Além disso, como a reportagem da Piauí mostra, ambos agem fora-da-lei. Portanto, são apenas criminosos vulgares como qualquer Lula ou Bolsonaro da vida. (C.N.)

Cartórios farão atendimento às solicitações de pensão por morte e auxílio maternidade junto ao INSS



Acordo firmado pela Arpen-Brasil junto ao Instituto permitirá o acesso de milhões de brasileiros a benefícios federais

Beneficiários de pensão por morte e auxílio maternidade junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) poderão fazer a solicitação diretamente nos 7.647 Cartórios de Registro Civil, presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros. É o que prevê o Termo de Cooperação assinado entre o Instituto e Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), entidade que reúne todos os Cartórios de Registro Civil do país, nesta sexta-feira (01.10), em Canoas, no Rio Grande do Sul.

O Acordo de Cooperação Técnica, que terá início em 15 de outubro com um projeto piloto envolvendo Cartórios de Registro Civil de diferentes regiões do país, e deverá ter duração de 30 dias, permitirá ao cidadão solicitar, no ato do registro de nascimento de seu filho, o auxílio maternidade e, no ato de registro de óbito, a pensão por morte ao beneficiário.

Ao efetuar o registro, o Cartório verificará o direito ao benefício diretamente nos sistemas disponibilizados pelo INSS, obtendo a resposta em tempo real. Na sequência, fará a formalização do requerimento de concessão com a devida instrução documental para sua homologação, dando ciência ao cidadão e comunicando ao Instituto que a autorização já está de posse do usuário.

A iniciativa beneficiará mais de 1,8 milhão de pessoas que aguardam seus pedidos serem deferidos desde julho deste ano, sendo que 25% dos casos estão travados por falta de documentação completa, em uma fila de espera que chega a durar até 40 dias, segundo os dados divulgados pelo INSS.

"Essa parceria da Arpen-Brasil irá facilitar bastante a vida de nossas famílias baianas para dar entrada nas solicitações de seus benefícios junto ao INSS. Nós ficamos muito felizes em poder realizar o acesso das pessoas aos seus direitos", celebra o presidente da Arpen/BA, Daniel Sampaio.

O convênio também prevê a parceria para a realização de outros atos, como a recepção de procurações do cidadão junto ao sistema do INSS para a representação junto aos atos praticados perante o órgão e demais serviços de interesse recíproco e que permitam ao cidadão utilizar os postos dos Cartórios em todos os municípios do país, evitando deslocamentos e gastos com intermediários e despachantes.

Sobre a Arpen/BA

Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen/BA) conta com 166 associados, do total de 242 titulares de Registro Civil do Estado da Bahia distribuídos por todos os municípios e distritos baianos, responsáveis pelos principais atos da vida civil dos cidadãos, entre eles os registros de nascimentos, casamentos e óbitos. Associação legítima representante da categoria no âmbito estadual e nacional.

Assessoria de Comunicação da Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen/BA)

Assessores de Comunicação: Amanda Pereira e Alexandre Lacerda

Tel: (61) 99137-0575/ (11) 99614-8254 /

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Governo Bolsonaro, defensor da ditadura, está anulando anistias aprovadas em outras gestões

Publicado em 4 de outubro de 2021 por Tribuna da Internet

José Benigno e o filho Edson, de 72 anos, foram perseguidos presos e torturados durante a ditadura militar Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo

Perseguidos políticos, pai e filho, estão aguardando a anistia

Evandro Éboli
O Globo

O técnico em eletrônica Edson Benigno, hoje com 72 anos, foi perseguido, preso e torturado durante a ditadura militar no Brasil. Então servindo à Marinha, Edson viu os agentes do regime, em 1975, invadirem sua casa, no Rio. Eles o algemaram, encapuzaram e apontaram uma arma para a barriga de sua mulher grávida.

Levaram-no junto com o pai, José Benigno, e foram jogados dentro de dois Opalas. Apanharam. Um ano depois, ficou 50 dias preso. Foi submetido a choques elétricos e pau de arara. Teve sequelas.

PAI COMUNISTA – Edson foi detido aos 26 anos pela ação política do pai, antigo militante do Partido Comunista Brasileiro. Mas mesmo com o histórico de perseguição, prisão e tortura, não conseguiu ser anistiado.

Seu processo chegou a ser aprovado na Comissão de Anistia, no governo de Michel Temer, mas não teve a portaria publicada até hoje. Ao logo do governo de Jair Bolsonaro, o caso segue parado na comissão, sem previsão de aprovação da anistia e reparação econômica.

— Não tenho qualquer expectativa de que esse governo, que elogia a ditadura, irá reconhecer que fui vítima daquele período — diz Edson.

NARRATIVAS – O governo revisa e reconta a história à sua moda. Nas duas comissões instituídas há mais duas décadas para tratar e julgar as violações cometidas naquele período — de Anistia e de Mortos e Desaparecidos Políticos — os conselheiros, escolhidos a dedo, ignoram os fatos, negam a perseguição política, “desanistiam” militantes já anistiados e abandonam a busca por desaparecidos.

Na gestão Bolsonaro, as comissões são formadas por muitos militares que, além de rejeitar as anistias, têm anulado reparações concedidas no passado. Entre eles, está o general da reserva Rocha Paiva, autor do prefácio do livro “A verdade sufocada”, livro de memórias do coronel reformado Brilhante Ustra, condenado pelo crime de tortura na ditadura.

Os conselheiros desses colegiados entendem que não houve perseguição do Estado a essas pessoas. Em julgamentos, é comum os perseguidos pela ditadura serem chamados de “terroristas” e “foras da lei”.

FORA DA LEI – Um antigo militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) teve seu pedido negado, num julgamento em maio deste ano, e o relator escreveu em seu voto:

“Ser monitorado por pertencer aos quadros da luta armada ilegal e criminosa não configura perseguição política, pois assim acontecia e aconteceria, hoje, em qualquer investigação policial, máxime, militando em grupos criminosos. Ele não era um militante político em organização legal, pelo contrário, integrava organização fora da lei, que cometia crimes bárbaros e violência”.

O Ministério Público chegou a entrar com uma ação para suspender a nomeação de militares na Comissão de Anistia por terem histórico de postura “incompatíveis” com a missão de reparação das vítimas de violações cometidas nos anos de chumbo.

ASSESSOR DO PLANALTO – O atual presidente da comissão, João Henrique Freitas, assessor no Palácio do Planalto, é autor de ações contra indenização a 44 camponeses, vítimas de torturas na Guerrilha do Araguaia, e também moveu ação para impedir a reparação à família do ex-guerrilheiro Carlos Lamarca.

O comandante da Polícia Militar de Santa Catarina, coronel Dionei Tonet, também integra a comissão. A ação dos procuradores para excluí-los foi rejeitada pela Justiça.

A comissão, no governo Bolsonaro, aprovou 6% dos casos em tramitação, mas pouquíssimas reparações econômicas. A diferença principal é que, sob comando do ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a comissão tem anulado anistias aprovadas no passado e adotou medidas que dão à ministra Damares Alves poderes de monocraticamente, decidir o destino dos anistiandos.

Aras deve pedir esclarecimentos de Guedes sobre offshore ativa no exterior

Aras deve pedir esclarecimentos de Guedes sobre offshore ativa no exterior
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, deve pedir esclarecimentos a Paulo Guedes sobre um empreendimento milionário ativo em paraíso fiscal mesmo após ele ter assumido o Ministério da Economia.

 

Guedes é dono da offshore Dreadnoughts sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Também participam da empresa a mulher, Maria Cristina Bolivar Drumond Guedes, e a filha, Paula Drumond Guedes. A informação foi publicada em reportagem feita em parceria com veículos de comunicação vários países, incluindo o Brasil, na investigação Pandora Papers (veja mais).

 

“O PGR fará, como de praxe, uma averiguação preliminar. Vamos ouvir algumas pessoas e requisitar documentos. Depois é que vamos fazer um juízo de valor se é necessário pedir a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal, que é o foro para quando há ministros de Estado citados. Mas tudo será dentro do devido processo legal. A 1ª pessoa a ser ouvida será o ministro Paulo Guedes, que será oficiado e poderá com tranquilidade enviar todos os esclarecimentos. Podemos também oficiar órgãos de controle. Mas não faremos nenhum juízo de valor antes disso”, disse Aras para o site Poder 360.

 

Além de Guedes, também foi identificada uma empresa offshore em nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A Cor Assets S.A., fica no Panamá, outro paraíso fiscal, situado na América Central.

 

A abertura de uma offshore ou de contas no exterior não é ilegal, desde que o saldo mantido lá fora seja declarado à Receita Federal e ao Banco Central. Contudo, para servidores públicos a situação é diferente. Conforme artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, funcionários do alto escalão são proibidos de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais.

Bahia Notícias

O fim da epidemia que não acabou

 




Na volta ao normal há morte, surtos, cidades e trens vazios e vidas secas de fome

Por Vinicius Torres Freire 

A empresa de trens da Grande São Paulo conta o número de vezes em que apreendeu mercadorias de camelôs em vagões e estações. Nos agostos de 2018 e 2019, houvera em média cerca de 6.000 apreensões. Em agosto de 2021, o número caiu para um oitavo, umas 700.

Muito camelô sumiu porque ainda menos gente anda de trem. Em agosto de 2019, 60 milhões de pessoas embarcaram nos trens da CPTM. Em agosto passado, 40 milhões, baixa de um terço. No Metrô, a diminuição foi maior, de 47%. Nos ônibus da cidade, também de um terço. A estatística de isolamento social do governo paulista indica, porém, que o estado voltou ao nível de março de 2020.

Onde estão as pessoas? Muitas estão sem trabalho, mas essa baixa na mobilidade dos em geral mais pobres foi grande até para o desemprego enorme. A vida nas cidades e no trabalho mudou ou se degradou, ainda não entendemos como.

De certo modo, a epidemia acabou: aparece menos nas manchetes ou nos temas mais assuntados das redes sociais. Em São Paulo, os bares estão animados e o congestionamento parece agora o de sempre. Há jantares, festas mal disfarçadas e até namoros novos, que preenchem vazios da epidemia de separações. São impressões superficiais da vida privilegiada, na qual se disseminou de vez a impressão de que “já deu”, reforçada pela ideia perigosa do “já estou vacinado” e pelo mote repulsivo do “eu mereço”. Mas a epidemia só acaba quando termina, o risco de surtos está no horizonte e a desgraça diante das fuças. Pense nos velhos: de cada 50 pessoas com mais de 70 anos em São Paulo, uma morreu de Covid. Ainda não acabou.

O número de pessoas ocupadas é o mais baixo desde 2012. São 89 milhões, ainda 4,5 milhões a menos do que em meados de 2019. A soma de todos os rendimentos do trabalho no país ainda é 6% menor que a de 2019. O número de famílias sem renda passou de 25% do total, pré-pandemia, para 28,5%, dado do Ipea.

Muitos nem procuram trabalho. Considerem a “taxa de participação”: o número de pessoas na força de trabalho (empregada ou procurando emprego) dividido pelo de pessoas de 14 anos ou mais. Antes da epidemia, essa taxa ficava em torno de 61,5%. Está em 58,2%. Pouca diferença? Isso quer dizer mais de 5,8 milhões de pessoas fora do jogo.

Em setembro, morreram 16.275 pessoas de Covid, cerca de 543 por dia. No terror maior de abril, eram 2.747 por dia; em fevereiro, quando a vacinação era ínfima, 1.088. Mas a média diária de mortes parou de cair na última quinzena.

Da população vacinável no país (12 anos ou mais), 84,9% já tomou uma dose, 52% já se vacinou de todo. Ainda assim, morre muita gente, sinal de vírus circulando loucamente.

A vacinação parou de acelerar. Desde julho, são 1,5 milhão de doses por dia. Mas, desde julho, o número de vacinas disponíveis por mês aumentou mais de 50%. No ritmo atual, o país vacinaria “todo mundo” apenas em meados de dezembro.

No final do ano começa a diminuir o efeito da imunização para muita gente. A epidemia terá sido controlada até lá? Agora haverá gente em estádio de futebol, em show, feiras, hotéis, aviões. Há risco de “surtos da liberação”.

O país não discute outras estratégias para conter o vírus e como lidar com as sequelas de corpo e mente da Covid. Como será a vacinação de 2022? A fome é tratada à moda Bolsonaro-Guedes, de modo cruel, desumano e degradante.

​A indignação se tornou uma raiva resignada para muitos; para outros tantos, a comoção coletiva e “solidária” de 2020, real ou marqueteira, se transforma em uma adaptação mesquinha. Existe alguma ideia nova sobre a vida? Pode ser. Mas parece que ela ainda espera o vírus desaparecer antes de sair de casa. ​

Folha de São Paulo

A batalha do ódio e da mentira




É sabido que campanha negativa afeta a opção eleitoral. O impacto é mais forte junto a indecisos que aguardam a reta final

Por Gaudêncio Torquato (foto)

O Brasil está alastrando os seus campos de batalha. Alguns, por obra de mentiras e ficção. Por exemplo: milhares de pessoas, de aglomerações já passadas, são apresentadas em vídeos de eventos que ocorreram ontem ou hoje. O maior ajuntamento de massas, no movimento pelas eleições diretas, em 16 de abril de 1984, foi suplantado por 126 mil pessoas na avenida Paulista em apoio a Jair Bolsonaro. A mentira campeia. E o ódio sai do congelador para arrebentar as correntes de emoção das massas. Ora, trata-se da maior dispersão de energia já vista na história recente do país. Uma insanidade. Um retrocesso. Um atraso. Infelizmente, a campanha de 2022 ganha as ruas, sem nem termos certeza de que Lula e Bolsonaro sejam candidatos. Tudo pode mudar na undécima hora.

As campanhas eleitorais, regra geral, se dirigem a dois tipos de públicos: eleitores interessados na política, racionais, com intenção de voto definida; e grupamentos dispersos, desinformados, instáveis e emotivos. Os primeiros se interessam pelos discursos de seus candida­tos, sendo pouco suscetíveis às mensagens dos adversários, enquanto os segundos, pragmáticos, podem mudar de posição, de acordo com os benefícios – maiores ou menores – oferecidos pelos contendores por meio de propostas para áreas como saúde, educação, transpor­tes, segurança, habitação, emprego e bem-estar social. Os perfis de eleitores, sejam os engajados ou os dispersos, se guiam por critérios variados, não havendo um padrão exclusivo para decidir sobre o voto. Entre eles se incluem proximidade, qualidade das ideias, viabilidade da promessa, demagogia, populismo, história pessoal (facadas) e até empatia gerada pela maneira como o candidato se apresenta.

Essas divisões eleitorais constituem o alvo dos tiroteios de campa­nhas, donde se pinça a indagação: o combate direto – com a arma da desconstrução do adversário – dá resultados? É sabido que campanha negativa afeta a opção eleitoral. O impacto é mais forte junto a indecisos que aguardam a reta final para tomar partido. Será que teremos campanha negativa até outubro de 2022?

Campanha negativa é também tradição noutras praças. Nos EUA, Lyndon Johnson, candidato democrata a presidente em 1964, foi o primeiro a pagar anúncios para desmoralizar o rival Barry Goldwater. Uma menina no campo desfolhava pétalas de uma margarida, enquanto as contava uma a uma, até que, chegando ao dez, uma voz masculina começava a rever­ter a contagem. Na hora do zero, sob um ruído ensurdecedor, via-se na tela uma nuvem de cogumelo, simbolizando a bomba atômica, e a voz de Johnson: “Isto é o que está em jogo – construir um mundo em que todas as crianças de Deus possam viver ou, então, mergulhar nas trevas. Cabe a nós amar uns aos outros ou perecer.” O arremate: “Vote em Lyn­don Johnson. O que está em jogo é demais para que você se possa per­mitir ficar em casa.”

Em nenhum momento se mencionava Goldwater. O anúncio saiu apenas uma vez, mas as TVs o repetiram. Outros foram criados e massacraram o falcão republicano.

Esse modelo tenta associar candidatos aos valores da sociedade. Às vezes, o ataque dá errado, os atingidos se transformam em vítimas e as agressões se voltam contra os agressores. Aluízio Alves, candi­dato a governador do Rio Grande do Norte em 1960, acusado pelo adversário de correr o Estado dia e noite liderando multidões pelas estradas, apropriou-se do termo “cigano” a ele atribuído. Enfeitiçou as massas. Os comícios pegavam fogo. Dinarte Mariz, o governador, patrono da candidatura de Djalma Marinho, menosprezava: “Quem vai a esses comícios é uma gentinha analfabeta.” Aluízio adotou o ter­mo: “Minha querida gentinha.” Ganhou a eleição.

Jornal Metrópoles

O Brasil e suas instituições de terceiro mundo - Editorial

 




Instituições mal estruturadas e com regras ruins e prejudiciais ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social travam o crescimento e impedem o país de evoluir na economia e superar seus graves problemas sociais. 

No meio da uma reportagem publicada em 2016, o jornal New York Times fez uma afirmação sobre o Brasil que talvez retrate o principal obstáculo ao projeto de o país se tornar uma nação desenvolvida. Disse o jornal: “O Brasil quer ser país de primeiro mundo, mas insiste em manter instituições de terceiro mundo”. A palavra “instituições” pode representar um leque amplo de entes econômicos, jurídicos e sociais; logo, é necessário delinear o que isso significa. O substantivo “instituição” deriva do verbo “instituir” e significa algo que foi fundado e passa a ter existência real (caso de uma empresa ou um órgão público, como o Banco Central, por exemplo), ou leis e normas que têm existência compulsória ao obrigar pessoas físicas e jurídicas, individual ou coletivamente, a seu cumprimento e obediência, sob pena de punição.

De forma geral, pode-se citar o conjunto de leis, regulamentos e normas públicas aprovadas e com força de obrigação, destinados à satisfação de interesses coletivos. A lista pode começar pela formação do Estado, a Constituição, o Poder Legislativo, o Poder Executivo, o Poder Judiciário, os códigos Civil, Penal, Comercial, Tributário, Trabalhista, as leis e portarias comerciais, tributárias, ambientais, patrimoniais, comportamentais etc. Essas são instituições públicas, no mais das vezes de natureza estatal, complementadas por extenso leque de instituições religiosas, educacionais, assistenciais, empresariais e outras de natureza privada destinadas a atender necessidades da comunidade.

Entre as instituições mais importantes estão a moeda, os contratos, os poderes constituídos e tudo o que gira em torno deles e regula a vida nacional em seu todo. O economista Douglass North, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1993, tornou-se um dos maiores especialistas sobre as causas do desenvolvimento das nações; ele escreveu, falou e publicou livros dizendo que a essência do desenvolvimento está na qualidade das instituições, seguida das crenças do povo, sua mentalidade e sua cultura. A base de seu pensamento é que esse conjunto de atributos e características determina o comportamento e o modo de agir das pessoas e das autoridades, no campo privado e no campo coletivo, e isso determina a constelação de feitos e fatos da economia da vida individual e da vida coletiva – logo, determina o grau de desenvolvimento econômico e de bem-estar social.

Pois o Brasil parece ser uma prova de que as instituições, quando mal estruturadas e com regras ruins e prejudiciais ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social, efetivamente travam o crescimento e impedem o país de evoluir na economia e superar seus graves problemas sociais, como a miséria e a pobreza. Não é preciso listar o conjunto de instituições de baixa qualidade, porquanto não há grande divergência quanto ao fato de que a federação brasileira – com 5.570 municípios, 26 estados, Distrito Federal e União – funciona mal: os papéis de cada ente são mal definidos e as distorções são muitas. Isso vale para os parlamentos municipais, estaduais e federal, como também para a estrutura do Poder Judiciário e o conjunto de leis e normas que regulam os atos da vida privada e da vida social.

Já foi noticiado na imprensa que o Brasil produziu mais de 4 milhões de leis, normas e regulamentos desde a aprovação da Constituição de 1988 – ela própria um documento precário, tanto que recebeu mais de 100 emendas em 33 anos. Isso bastaria para qualquer analista internacional ficar assombrado e concluir que o Brasil é um hospício legislativo, posto que é impossível sequer imaginar a existência de mais de 4 milhões de leis e normas públicas em pouco mais de três décadas. Esse aspecto é apenas um dos reflexos da baixa qualidade das instituições e tudo de ruim que disso resultou e já foi incorporado à cultura política e pública do país, sem que o próprio povo afetado por essa insanidade tenha se mobilizado para desmontá-la.

As distorções, a ineficiência e loucura ilógica do arsenal de leis, órgãos e regras passaram a ser o normal na vida das pessoas e das instituições econômicas e sociais. Um dos efeitos desse quadro é o contorcionismo refletido no tal “jeitinho brasileiro”, que, de uma cultura de adaptação – a saudável epiqueia aristotélica, a qualidade de contornar leis e regulamentos exagerados e injustos –, passou a ser sinônimo de ineficiência e coisas malfeitas (quando não de corrupção pura e simples). É o caso da cultura da gambiarra, das coisas feitas sem qualidade, das obras inacabadas e descumprimentos de acordos, os quais sobrevivem como normais e aceitáveis. Um exemplo é a absurda quantidade de obras inacabadas de responsabilidades dos municípios, dos estados e da União, conforme todo ano é publicado, sem que isso gere revoltas e queda de governantes.

Um exemplo que muitos dizem ser um ato isolado (coisa que não foi), é o ocorrido nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, quando a Vila Olímpica sofreu duras críticas de delegações internacionais, que se recusaram a ocupar certos apartamentos por apresentarem problemas elétricos e de encanamento. Na época, diante da reclamação dura da delegação da Austrália, que se recusava a ficar na Vila Olímpica após constatar tais problemas, o prefeito Eduardo Paes fez uma piada infame ao dizer que, para reparar as falhas, iria colocar um canguru nos aposentos da delegação australiana, ao que recebeu merecida resposta. “Não queremos canguru, mas apenas encanadores”, disse um dos chefes da delegação. Curiosamente, a cerimônia de abertura dos Jogos de 2016 incluiu uma homenagem à gambiarra, que em sentido real simboliza a coisa malfeita, de baixa qualidade.

A sociedade brasileira precisa levantar suas mazelas, falar delas e evoluir para deixar de aceitar passivamente que o país apresente tantas distorções e instituições ruins – tidas no mundo adiantado como coisa de país atrasado de terceiro mundo –, mas principalmente porque é essa realidade que está na base da miséria, da pobreza e da dificuldade de, mesmo com os abundantes recursos naturais, crescer e colocar a nação no nível dos países desenvolvidos.

Gazeta do Povo (PR)

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