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segunda-feira, fevereiro 05, 2024

Ramagem nega atuar na ‘Abin paralela’ e põe a culpa em ex-diretor que demitiu


O ex-diretor da ABIN sob Jair Bolsonaro e hoje deputado federal, Alexandre Ramagem

Ramagem culpa Fortunatoi, que ninguén consegue achar…

André Shalders
Estadão

Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) no governo de Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem disse, em vídeo publicado no Instagram neste sábado, que nunca ordenou nenhum monitoramento de autoridades usando o sistema First Mile enquanto chefiou a agência.

O First Mile é um equipamento de espionagem que invade as redes das operadoras de telefonia para determinar a localização aproximada de um aparelho celular – e, por extensão, do seu proprietário. Em janeiro deste ano, a Polícia Federal (PF) chegou a cumprir mandado de busca e apreensão em endereços de Ramagem, por suspeita de uso ilegal da ABIN no monitoramento de adversários políticos da família Bolsonaro.

DIZ RAMAGEM – Na publicação do Instagram, Ramagem diz que nunca determinou nenhum monitoramento usando o First Mile e nem mandou apagar os logs (registros) de uso do sistema. Ele também afirma ter mandado fazer uma revisão geral dos processos e ferramentas da ABIN logo no começo da sua gestão, seguida de uma apuração específica sobre o uso do First Mile por parte do Departamento de Operações da agência.

Ramagem também diz, sem citá-lo nominalmente, que quem controlava o uso do First Mile à época era o ex-secretário de Planejamento e Gestão da agência, Paulo Maurício Fortunato Pinto. Ele foi exonerado do cargo em outubro do ano passado, após a PF apreender 171,8 mil dólares em dinheiro vivo na casa dele.

“Então, na gestão Lula, quem é que voltou para a alta administração da ABIN? A pessoa, o oficial de inteligência (Paulo Maurício Fortunato Pinto), que eu havia exonerado. Ele voltou numa posição superior. Na posição de Secretário de Planejamento e Gestão. A função que faz todas as averiguações”, diz ele.

APAGANDO OS REGISTROS – “Com base em notícias de operações da Polícia Federal, é ele quem tem suspeitas de estar apagando logs (registros). As notícias, quando cumpriram mandado de busca na casa dele, foi lá que encontraram 170 mil dólares (USD), quase R$ 1 milhão. Então, aqui você está verificando quem é a ABIN paralela”, diz Ramagem. Mas a reportagem do Estadão não conseguiu contato com Fortunato Pinto.

Nesta sexta-feira (03) veio a público uma lista de autoridades que teriam sido monitoradas de forma ilegal pela ABIN. A relação inclui ministros do Supremo Tribunal Federal, como Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes; ex-ministros do governo Bolsonaro, como Abraham Weintraub (Educação) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública); e congressistas, como o deputado Kim Kataguiri (União-SP) e os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), dentro vários outros. A PF não confirma a relação.

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