Publicado em 28 de fevereiro de 2024 por Tribuna da Internet
Mario Sabino
Metrópoles
É fato que não deixa de ser curioso o que ocorre com Jair Bolsonaro, chefão de partido nenhum, e Lula, chefão do PT. Depois de 4 anos de tentativas de autodestruição política, locatário de uma agremiação, derrotado na eleição presidencial e agora sob fogo cerrado do STF, da PF e da imprensa, o primeiro consegue colocar uma multidão na avenida Paulista.
Com as condenações criminais anuladas, um partido grande e organizado, eleito presidente da República e apoiado pelo STF e pela imprensa, o segundo não pode sair livremente às ruas e as suas entrevistas são, no mais das vezes, controladas e concedidas apenas a jornalistas ainda mais amigos do que a média geral.
SEM COMENTÁRIOS – Entro no assunto porque Lula evitou falar da manifestação de domingo na avenida Paulista, durante uma entrevista coletiva para o lançamento de um programa governamental.
O presidente apresentou o negócio — um programa social para dar uso a imóveis abandonados da União —, mas as perguntas só podiam ser feitas a ministros presentes.
Um jornalista até tentou sair do roteiro e perguntou ao presidente sobre o ato convocado por Jair Bolsonaro. A resposta foram vaias dos militantes presentes.
PREGAÇÃO DO ÓDIO – Quem respondeu brevemente foram os seus áulicos, depois do evento. Associaram os líderes religiosos que apoiam Jair Bolsonaro à pregação de “ódio” e menosprezaram o que se viu na Avenida Paulista ontem, como se tivessem vencido a eleição presidencial por uma larga margem de votos e Lula não tivesse sido destronado como o maior político popular do Brasil.
Esse menosprezo explica também por que o apesar virou por causa. Mostra a distância entre um partido que se quer popular e o país no qual metade dos cidadãos que votaram em 2022 tem ojeriza ao petismo e a tudo a ele associado.
O povo passou na janela e só o PT não viu.