Gabriel Sestrem
Gazeta do Povo
Na manhã desta quarta-feira (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou o teor da mensagem enviada ao empresário Meyer Nigri sobre o processo eleitoral brasileiro. No texto (veja na íntegra abaixo) encontrado pela Polícia Federal (PF) no celular do empresário, que é apoiador de Bolsonaro, o ex-presidente afirmava que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), estaria em campanha contra a PEC do voto impresso auditável, que acabou sendo rejeitada na Câmara dos Deputados em 2021.
Bolsonaro disse também que Barroso estaria mentindo sobre o voto impresso, que haveria “desserviço à democracia” por parte de três ministros do STF e que um instituto de pesquisa estaria manipulando números de pesquisas eleitorais.
INTIMAÇÃO – A identificação da mensagem levou a uma intimação, pela PF, para que o ex-presidente prestasse depoimento sobre o caso. A oitiva foi agendada para 31 de agosto.
“Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O Barroso tinha falado no exterior [com críticas à proposta do voto impresso na Câmara]. Eu sempre fui um defensor do voto impresso”, declarou Bolsonaro à Folha de S. Paulo.
A mensagem que originou a polêmica foi enviada por Bolsonaro no dia 26 de junho de 2021. Um dia antes, Barroso – que na época era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – participou da abertura do Brazil Forum UK, evento realizado por estudantes brasileiros no Reino Unido desde 2016. Na ocasião, o ministro criticou o voto impresso, bateu boca com participantes que defendiam a medida e disse que o “pensamento conservador foi capturado pela grosseria”.
CÂMARA REJEITOU – O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, no dia 10 de agosto de 2021, a PEC do voto impresso auditável, que era arduamente defendida por Bolsonaro. Foram 229 votos a favor, 218 contra e uma abstenção. Para ser aprovada eram necessários pelo menos 308 votos (dois terços dos deputados).
Nas semanas anteriores à votação, Bolsonaro criticou Barroso por diversas vezes, alegando que o ministro agiu politicamente no Congresso para barrar a aprovação da PEC do voto impresso.
“O ministro Barroso faz peregrinação no exterior sobre o atual processo eleitoral brasileiro, como sendo algo seguro e confiável. O pior, mente sobre o que se tentou aprovar em 2021: o voto impresso ao lado da urna eletrônica, quando ele se reuniu com lideranças partidárias e o Voto Impresso foi derrotado. Isso chama-se INTERFERÊNCIA”, dizia Bolsonaro, acrescentando:
“Todo esse desserviço à Democracia dos 3 ministros do TSE/STF faz somente aumentar a desconfiança de fraudes preparadas por ocasião das eleições. O DataFolha infla os números de Lula para dar respaldo ao TSE por ocasião do anúncio do resultado eleitoral. REPASSE AO MÁXIMO”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O texto enviado por Mário Assis Causanilhas me surpreendeu. Caramba! Será que o Congresso proibiu defender o voto impresso e ninguém me disse nada? Bolsonaro vai ser condenado por ter cometido esse crime? Brizola também apoiava o voto impresso e nunca foi preso por isso. (C.N.)