Publicado em 21 de novembro de 2022 por Tribuna da Internet
Bolsonaro sabe que será derrotado pela Copa do Mundo
Carlos Newton
O excelente colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, divulga a informação de que o presidente Jair Bolsonaro confidenciou a aliados que esta será a última semana em que acredita que seus apoiadores continuarão em frente aos quartéis pedindo um golpe de Estado.
“O chefe do governo avalia que a Copa do Mundo, que começou neste domingo, fará com que os eleitores se desmobilizem e queiram assistir em casa aos jogos da seleção brasileira”, revela o jornalista.
O TIRO PIPOCOU – Esta realística reflexão de Bolsonaro demonstra que o ansiado sonho acabou, ou seja, o golpe militar ficou para as calendas gregas, como diziam os romanos ao prever que algum fato esperado não iria ocorrer.
A bala de prata que Bolsonaro e Braga Netto julgavam ter no fuzil simplesmente pipocou. A última esperança era o relatório do recém-criado Instituto do Voto Legal, que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, contratou a pedido do Planalto.
Os engenheiros do Voto Legal, liderados por Carlos Rocha, ex-integrante da equipe do Tribunal Superior Eleitoral que criou a urna legal, realmente se esforçaram e lançaram a tese de que apenas as urnas de última geração seriam confiáveis. Era justamente o que Bolsonaro e Braga Netto precisavam, mas o presidente do PL anunciou que não pedirá a anulação das eleições, apenas solicitará a recontagem de parte das urnas.
INGENUIDADE – Bolsonaro e Braga Netto não esperavam a traição, ficaram desesperados e furiosos, mas o presidente do PL não teve alternativa. Como pedir o cancelamento das eleições, nas quais seu partido passou a ser o maior do país, com 99 deputados federais, 14 senadores e dois governadores? “Isso non ecziste!”, diria o Padre Quevedo, surpreso com a ingenuidade de Bolsonaro e Braga Netto.
Depois das declarações de Costa Neto, Bolsonaro acordou para a realidade. Sua reflexão sobre os efeitos da Copa faz lembrar a sabedoria do Monsenhor Walfredo Rangel, deputado federal do PSD em quatro mandatos e que em 1965 se elegeu governador do Rio Grande do Norte.
Quando o chefe da Polícia sugeriu dissolver um protesto de estudantes contra o regime militar em Natal, ele impediu: “Se você fizer isso, essa manifestação não acaba nunca. Fique tranquilo. Já está quase na hora do almoço, a fome vai chegar e daqui a pouco os meninos vão para casa”. Não deu outra.
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P.S. – Bolsonaro tem razão. O golpe militar já era e as manifestações inteiramente perderam o sentido. O primeiro jogo do Brasil será nesta quinta-feira, quando os uniformes em verde e amarelo passarão a ter outro significado, muito mais nobre do que o choro de perdedores. E vamos em frente, na pátria de chuteiras, como dizia Nélson Rodrigues, para vencer mais uma Copa. (C.N.)
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