Pedro do Coutto
O IBGE há poucos dias revelou a prévia da inflação de novembro, calculando-a em 0,5%. Muito pequena. A taxa na realidade é muito maior, especialmente para as famílias de menor renda que têm na alimentação – se ela for possível – um maior peso sobre os seus modestos orçamentos.
Reportagem de Carolina Nalin, O Globo, com base em levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa e Segurança Alimentar, mostra uma ascensão dos preços, cuja velocidade vai muito além do que calcula o IBGE e do que pode suportar praticamente dois terços dos assalariados brasileiros.
ELEVAÇÃO DOS PREÇOS – A matéria é comentada também por Heron do Carmo, da Universidade de S.Paulo. De 2018 a 2021, ele acentua, os preços dos alimentos subiram mais de 44%, quase o dobro da inflação oficial que ficou em 24% para o período. Com isso, a alimentação tornou-se, sem dúvida, um desafio difícil de ser superado pelos segmentos de remuneração mais baixa.
O custo da cesta básica, por sua vez, saltou de R$ 443,81 em janeiro de 2018, no Rio, para R$ 736,28 em outubro de 2022, aumento de 66%. Na capital paulista, a alta foi de 73%: de R$ 439,20 para R$ 762,2, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)
DÍVIDAS – Agravando o problema, temos a questão dos salários que sequer acompanham a inflação do IBGE, que dirá a inflação real do país. Uma consequência da distância que aumenta entre os preços e os salários está refletida na reportagem que se tornou a manchete principal de ontem da Folha de S.Paulo, destacando que as classes mais pobres estão se endividando cada vez mais para poder se alimentar e pagar contas inadiáveis.
A situação da população, portanto, se agravou e o problema da fome constitui o maior desafio para o presidente eleito, Lula da Silva, para que possa cumprir os compromissos assumidos na campanha eleitoral. O mínimo que se pode oferecer à população é garantir que todos possam no mínimo tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias.
SELEÇÃO – A seleção brasileira, que derrotou a Suíça por 1 x 0 por um gol excepcional de Casemiro, não desenvolveu uma atuação no mesmo nível demonstrado na partida na qual derrotou a Sérvia. Mas, repetindo Nélson Rodrigues, todas as vitórias são santas e assim todos nós devemos comemorar.
O futebol é isso. Por um gol se ganha, por um gol se perde. São características do esporte. Há sempre uma diferença entre os competidores. Vamos em frente continuar torcendo pela seleção brasileira.