Carlos Newton
Estão perdendo seu tempo os 221 oficiais da reserva das três Armas que acabam de lançar mais um manifesto pedindo intervenção militar, caso continuem tentam colher novas assinaturas que não vão dar em nada. Ao me enviar o texto desse documento paramilitar, digamos assim, nosso estimado amigo Duarte Bertolini pergunta: “E agora: Voltamos a 1935, 1937, 1950, 1954, 1955 e 1964?”
Como Bertolini observou, não é novidade no Brasil a oficialidade da reserva estar pressionando a ativa, como tem ocorrido através dos tempos, nestes anos citados por ele. Mas esse comportamento é detestável e inadmissível, porque militares e civis precisam obedecer a legislação que proíbe os atos antidemocráticos e o incitamento à ruptura da normalidade institucional.
GENTE BRONZEADA – Nesta segunda-feira, dei uma saída para fazer compras, me atrasei e quando cheguei em casa o jogo já havia começado. A rodovia Amaral Peixoto, onde trafeguei, o movimento estava baixíssimo. Na cidade de São José do Imbassaí, onde moro, as ruas ficaram quase desertas, até o supermercado estava fechado. Fiquei então pensando na importância da Copa do Mundo para essa gente bronzeada mostrar seu valor, como dizia o genial compositor Assis Valente.
Tenho andado muito triste. Essas discussões polarizadas, esse apodrecimento dos três Poderes, essas interpretações constitucionais, essa falta de espírito público, esse mundo político decadente no Brasil e no exterior, tudo isso me deprime.
Mas de repente surge uma Copa do Mundo fora de época, ideal para milagres de Natal à moda de Charles Dickens.
FESTA DEMOCRÁTICA – E me veio a certeza de que é justamente esta democrática festa do futebol é que indica o futuro do mundo.
É uma competição entre todos os países, em que não há favorecimentos nem bombas nucleares, com as equipes nacionais em completa igualdade de condições, trocando pontapés e empurrões durante as partidas e depois os atletas até confraternizam, não importa o resultado. É muito bonito de se ver.
Assim, é ridícula a campanha que está sendo feita contra a Copa do Mundo nos acampamentos montados diante dos principais quartéis do país.
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P.S. – Por maior que seja o fanatismo, que se mostra capaz de falsear a realidade e de despertar o apoio de respeitáveis oficiais generais, não importa se da ativa ou da reserva, nada disso interessa. O fato concreto é que a Copa está unindo novamente a nação em torno do amor ao futebol, que para os brasileiros sempre será maior do que desentendimentos políticos ocasionais. É um milagre de Natal, que nos é possibilitado pela genialidade dessa invenção dos chineses, que os ingleses souberam aperfeiçoar, e conquistou o mundo. Por fim, se os políticos fossem dedicados e decentes como os atletas, que maravilha viver!, como diria Vinicius de Moraes (C.N.)