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quinta-feira, setembro 22, 2022

Índices de mortes, hospitalizações e dificuldades de locomoção explicam a aparente abstenção brasileira

Publicado em 22 de setembro de 2022 por Tribuna da Internet

Charge do Duke (otempo.com.br)

Pedro do Coutto

O excelente programa político coordenado pela jornalista Natuza Nery na GloboNews, na noite de terça-feira, focalizou o problema da abstenção nas eleições, colocando a questão para os candidatos mais fortes juntos às classes pobres, como é o caso do ex-presidente Lula da Silva. Foi considerado que as pesquisas não podem decifrar os efeitos do problema que podem se refletir nas urnas.

O Brasil apresenta uma taxa anual de falecimentos de aproximadamente 0,7%. É pouco comum a iniciativa das famílias dos que morreram de pedir a baixa na lista dos votantes. Assim, à medida em que se distancia o último cadastramento do TSE e as eleições que se realizam, aparentemente a abstenção cresce. Mas cresce em função da ausência do eleitor e da eleitora, e não da vontade de se abster.

ÍNDICE DE ABSTENÇÃO – Se a diferença entre o último cadastramento e as urnas for, digamos, de cinco anos, teremos aí uma diferença de 3,5% no eleitorado. Percentuais também relativos à hospitalizações, doenças graves e dificuldade de se locomover são fatores que se somam à abstenção geral. As pesquisas, entretanto, já incluem nas perguntas formuladas o índice de abstenção, inclusive porque a abstenção se espalha por igual entre todas as classes sociais na mesma proporção em que a incidência de votos ocorre nos diversos segmentos.

Ou seja, as respostas exprimem uma tendência de escolha que permanece nitidamente, sempre foi assim, no resultado total dos levantamentos. No Brasil, portanto, país em que o voto é obrigatório, os índices de abstenção são bem reduzidos, considerando os fatores aos quais me referi.  A abstenção, eis um outro ângulo, não atinge mais as classes pobres do que a classe média. Cito o exemplo da eleição para prefeito do Rio na qual Fernando Gabeira perdeu para Eduardo Paes, que contou com o apoio do então governador Sérgio Cabral.

MANOBRA – A eleição foi num domingo e havia um feriado estadual na terça-feira. Cabral decretou ponto facultativo na segunda-feira e eleitores e eleitoras da classe média viajaram para fora do Rio. Resultado, Gabeira perdeu a eleição. Seus votos, em grande parte, vinham do eleitorado com nível superior de instrução.

A abstenção, a meu ver, não representa risco para Lula da Silva, que lidera as pesquisas. Ela se verifica por igual, levando-se em conta também a sua incidência nas áreas rurais em que chefes políticos, apoiados pelo governo, possuem atuação que gera efeitos naturalmente para o candidato do Planalto.

NOVA PESQUISA – Hoje, quinta-feira, é dia de pesquisa do Datafolha que deverá ser divulgada à noite, comentada na GloboNews e publicada nos jornais de amanhã, sexta-feira. Vamos confrontar os seus números com os números do levantamento do Ipec, o que é um exercício importante, sobretudo porque os resultados de uma e outra têm coincidido com as colocações dos candidatos.

A diferença da semana passada para esta encontra-se na dúvida quanto à vitória de Lula no primeiro ou na convocação do segundo turno para o dia 30 de outubro. As posições de Ciro Gomes e Simone Tebet não têm apresentado variações expressivas.

DEBATE – Em plena reta final para as eleições de 2022, dois debates estão programados, um pelo SBT para o próximo domingo, outro pela TV Globo para o dia 29. Em artigo publicado no O Globo de ontem, Vera Magalhães critica a disposição de Lula de não participar do debate do SBT. Ela tem razão, a meu ver, pois um candidato à Presidência da República deve estar disposto a participar de quaisquer debates.

Lula confirmou a presença no confronto da TV Globo. Pode ser que mude de opinião e compareça ao do SBT. Mas não é provável, embora seja possível. Fica assinalado a posição da jornalista que vem sendo alvo de violências verbais da campanha de Jair Bolsonaro.

MILIONÁRIOS –  Estudo do Credit Suisse, reportagem de Rafael Balago, revela que até 2026, considerando-se o período a partir de 2021, o BRasil deverá possuir mais 500 mil milionários. No mundo inteiro hoje, acrescenta o Credit Suisse, vivem 62,5 milhoes de milionários e milionárias. Como nao existe débito sem crédito e crédito sem débito, se alguem recebe mais recursos financeiros, eles saíram de algum lugar.

Portanto, se alguém ganha, alguem perde. O avanço de 500 mil milionários no cenário brasileiro deve correesponder a uma concentração de renda ainda maior. Basta considerar que as cadernetas de poupança estão apresenntando uma rentabilidade anual de cerca de 4%.

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