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segunda-feira, maio 09, 2022

Lula começa bem, ao propor união pela democracia, num apelo que exclui Bolsonaro

Publicado em 9 de maio de 2022 por Tribuna da Internet

Lula pregou união de democratas e diz não ter desejo de vingança

Pedro do Coutto

Foi sem dúvida uma boa largada a do ex-presidente Lula da Silva no encontro do PT no sábado em São Paulo, quando deu início à caminhada pelas eleições de outubro. Lula propôs a união de todos pela democracia e destacou que não alimenta rancores e nem reações contrárias aos que são contra ele.

Foi um lance político importante na minha opinião. Sobretudo porque de todos os candidatos e pré-candidatos à Presidência da República nas urnas de outubro, deixou claro que dificilmente o presidente Jair Bolsonaro poderá participar  de uma frente democrática, pois vem assumindo uma posição contrária à manifestação de apoio à democracia brasileira.

CONCILIAÇÃO – Lula fez um bom discurso destacando a conciliação das forças políticas e uma convergência contra o totalitarismo. As manifestações até agora contrárias à essência da democracia partem do presidente Jair Bolsonaro e dos bolsonaristas de modo geral.

Um exemplo, o caso do deputado Daniel Silveira. Outro exemplo, os que se manifestaram no dia 1º de maio defendendo inclusive o fechamento do Supremo Tribunal Federal e a implantação de uma ditadura militar com Bolsonaro.

O presidente participou da manifestação e, portanto, concordou com ela. Pedir o fechamento da Corte Suprema é tudo menos exaltar a democracia brasileira. Sua mensagem simboliza também o esquecimento do passado e este fato baseia-se nas decisões do STF que anularam as condenações que sofreu e os processos da justiça que deram margem às mesmas. Lula tocou em pontos sensíveis da opinião pública.

PLENO EMPREGO – Focalizou essencialmente o congelamento de salários diante da disparada dos preços  que sobem todas as semanas, enquanto os salários permanecem estagnados. Defendeu a distribuição de renda, o que só poderá ser alcançado através do pleno emprego, na minha opinião.

Quaisquer ações assistenciais e não econômico-sociais são utópicas. O Auxilio Brasil, por exemplo, é um socorro importante para as famílias que têm fome, mas não geram fundo de FGTS e aposentadoria pelo INSS.

O panorama da campanha eleitoral foi descortinado no sábado em São Paulo. A polarização da campanha é um fato irreversível, na minha opinião. Cabe agora ao presidente Jair Bolsonaro responder a Lula. Em matéria de democracia, a limitação significa uma barreira, a começar por sua contestação repetida ao sistema eleitoral brasileiro com foco nas urnas eletrônicas, através das quais foi eleito por larga margem de votos em 2018.

CONTESTAÇÃO  – Reportagem de Patrícia Campos Mello, na Folha de S. Paulo deste domingo, focaliza o posicionamento de correntes bolsonaristas que passaram a atacar os institutos de pesquisa para desacreditar os levantamentos sobre as intenções de voto que elas apresentam. Essa atitude não é patrimônio do bolsonarismo; ela atravessa os tempos.

Vem desde as eleições de 1955, sempre tendo como ator principal o governador Carlos Lacerda, líder incontestável da direita no país. Quando derrotados seus candidatos, sempre se voltou contra a posse dos eleitos. Quando foi vitorioso, aí estava tudo perfeito.

Lacerda era um gênio e um político que buscava chegar à Presidência da República. Lembro que no dia 2 de abril de 1964, quando repórter do Correio da Manhã, houve uma reunião no Palácio da Guanabara convocada por ele com os governadores que apoiavam o movimento que derrubou o presidente João Goulart.

DISCURSO – Lá estavam além de Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães Pinto, Petrônio Portela e, como convidado especial, na mesa, o jornalista Júlio Mesquita Filho, diretor do Estado de S. Paulo. Falaram todos e de repente Lacerda retoma o discurso, elogiando o general Castello Branco dizendo “Sou seu amigo, seu admirador e quero ser o seu sucessor na Presidência da República, as eleições de 1965”.

Lacerda não se continha, esse era o seu problema. Criou resistência e terminou rompendo com o bloco militar que o apoiava e que foi apoiado por ele nas articulações contra João Goulart. Isso pertence ao passado. Digo isso, pois quem está prestes a perder as eleições tenta desacreditar as pesquisas.


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