Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

domingo, abril 03, 2022

Cloroquina é ineficaz como tratamento precoce e não previne internações por Covid, diz estudo

por Mônica Bergamo | Folhapress

Cloroquina é ineficaz como tratamento precoce e não previne internações por Covid, diz estudo
Foto: Reprodução / Agência Pará

O uso da hidroxicloroquina em pacientes ambulatoriais com quadros leves ou moderados de Covid-19 no início da infecção não se mostrou eficaz na redução de hospitalizações por complicações da doença.
 

A conclusão é de uma pesquisa feita pela Coalizão Covid-19, aliança liderada pelos hospitais Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês. Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa, pelo Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e pela Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).
 

O estudo foi realizado com 1.372 pessoas com Covid ou forte suspeita de infecção pela doença e teve a participação de 56 centros de pesquisa brasileiros.
 

Os pacientes foram divididos, por sorteio, em dois grupos: metade deles foi medicado com hidroxicloroquina em até sete dias do começo dos sintomas, e por mais sete dias seguidos. A dose avaliada foi de 800 mg no primeiro dia (400 mg a cada 12 horas), seguida de 400 mg/dia pelo resto do período.
 

O outro grupo recebeu da mesma forma o placebo. Todos os participantes foram acompanhados por 30 dias. Os resultados mostraram que não houve diferença significativa na ocorrência de hospitalização: 6,4% dos que tomaram a hidroxicloroquina foram internados por complicações da Covid; entre os que não foram medicados, a porcentagem foi de 8,3%, de acordo com a Coalizão.
 

"Na análise estatística, ou seja na avaliação se esta diferença é real ou aconteceu por acaso, não houve significância estatística, portanto, a hidroxicloroquina não se mostrou eficaz para prevenir hospitalizações por Covid", afirma o diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e também integrante da Coalizão, Álvaro Avesum.
 

Não houve também diferença significativa de eventos adversos sérios ou no número de óbitos: ocorreram cinco mortes em cada grupo.
 

Uma segunda análise foi realizada, envolvendo as 949 pessoas que do grupo total de participantes da pesquisa (1372) tiveram exame confirmando a infecção pelo coronavírus. Os resultados foram similares: o uso do medicamento não demonstrou benefícios na prevenção de hospitalizações.
 

O resultado da pesquisa desmonta uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (PL) que, desde o início da pandemia, defende o chamado "tratamento precoce", a adoção de medicamentos sem eficácia comprovada para combater a Covid.
 

O estudo foi realizado entre os dias 12 de maio de 2020 e 7 de julho de 2021. Os pacientes tinham mais de 18 anos e precisavam apresentar pelo menos uma comorbidade que aumentasse o risco de deterioração clínica relacionada à Covid-19, como diabetes, asma, doença pulmonar, tabagismo e obesidade.
 

A pesquisa, segundo a Coalizão, foi feita pelo sistema duplo-cego, em que nem pacientes nem os médicos que aplicam o tratamento sabem quem tomou o medicamento e quem recebeu o placebo.
 

Os resultados foram publicados nesta quinta (31) no periódico especializado The Lancet Regional Health-Americas. O estudo contou com apoio da farmacêutica EMS, que forneceu os medicamentos, e foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
 

A Coalizão aponta que eles também realizaram uma revisão de estudos, em formato de meta-análise, que compilou os dados dessa pesquisa brasileira com outros seis estudos sobre o uso da hidroxicloroquina no cenário ambulatorial (tratamento domiciliar). E o resultado foi o mesmo: ausência de benefício significativo na redução de internações.
 

"A interpretação é que os nossos dados, incluindo os da revisão, não apoiam o uso rotineiro de hidroxicloroquina para prevenir hospitalização por complicações da Covid", conclui Álvaro Avesum.
 

A Coalizão foi responsável por outros estudos como o que mostrou que a administração de hidroxicloroquina em pacientes com sintomas leves ou moderados de Covid-19 não promoveu melhoria na evolução clínica deles. Outras três pesquisas do grupo seguem em andamento.

Bahia Notícias

Em destaque

Justiça bloqueia ordem de Trump que restringe cidadania por nascimento nos EUA

  Foto: Reprodução/Instagram O presidente dos EUA, Donald Trump 23 de janeiro de 2025 | 17:15 Justiça bloqueia ordem de Trump que restringe ...

Mais visitadas