Deborah Hana Cardoso
Correio Braziliense
Durante o evento “Liberdade de Expressão” — no Palácio do Planalto — nesta quarta-feira (27/4), o presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu uma possível suspensão das eleições de 2022 se tiver “algo anormal”. Segundo Bolsonaro, isso se estenderia a todos os cargos eletivos, incluindo governos estaduais e para a Câmara, Senado e deputados estaduais.
“Não pensam que uma possível suspensão de uma eleição seria só para presidente, isso seria para o Senado, para a Câmara, se tiver algo de anormal”, disse.
CHEFE DOS MILITARES – O líder do executivo ainda falou diretamente para o ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso.
“Se dirigindo ao Barroso, com currículo invejável, não deveria ter tido eleições de 2020 sem a conclusão daquele inquérito que deveria ser sigiloso. Ele mente”, acusou.
“Eles [TSE] convidaram as Forças Armadas para verificar o processo, mas se esqueceram que o chefe das Forças Armadas é Jair Messias Bolsonaro”, afirmou. O inquérito instaurado por meio do Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) citado por Bolsonaro foi o divulgado em fevereiro deste ano que concluiu a lisura das urnas eletrônicas.
O presidente disse também que recebeu informações de que seu filho 02, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), seria preso por disseminação de fake news.
Bolsonaro criticou o que chamou de cerceamento da liberdade de expressão e das mídias sociais. “Não atinge apenas a mim, quem foi meu marqueteiro? Carlos Bolsonaro, que por várias vezes chegou para mim informações de ameaças de prisão por fake news”, disse. “Vai prender o filho do presidente por fake news? É grave”, destacou.
Para ele, a privação de liberdade de qualquer brasileiro por “defender o que acredita” é algo grave, ainda mais um parlamentar “que tem a liberdade para defender o que bem entender e usar da palavra como bem quiser”, afirmou.
DANIEL SILVEIRA – A afirmação foi feita em referência ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 8 anos e 9 meses de prisão por ameaça às instituições e a membros da Suprema Corte.
Ele recebeu a graça constitucional por decreto presidencial e esteve no Palácio do Planalto para o evento da liberdade de expressão.
“É grave prender qualquer brasileiro, mais grave prender um parlamentar que tem a liberdade para defender o que bem entender e usar da palavra como bem quiser. Isso é liberdade”, disse.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O presidente Jair Bolsonaro está delirando. Com base na nota oficial do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, com críticas ao ministro Luís Roberto Barroso, o presidente concluiu (?) que as Forças Armadas estão dispostas a acompanha-lo na aventura golpista. É ilusão à toa, diria o cantor Johnny Alf. Os militares sabem que, ao apoiar Bolsonaro em 2018, ajudaram a criar um monstro, que não aceita sugestões e não tem o menor controle. Uma coisa é criticar Barroso por uma declaração infeliz; outra coisa muito diferente é apoiar os delírios de Bolsonaro. (C.N.)