Renan Truffi, Vandson Lima e Murillo Camorotto
Valor — Brasília
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse hoje que a “falta de autonomia” de Nelson Teich durante seu período à frente do Ministério da Saúde é um dos “pontos relevantes” do depoimento dele à comissão de inquérito. Na avaliação do emedebista, Teich “reconheceu” não ter tido liberdade para trabalhar, prerrogativa indispensável ao cargo.
“[Ele] reconheceu não ter tido autonomia e liderança, indispensáveis ao cargo”, explicou.
INTERFERÊNCIA DE BOLSONARO – Outro tópico que chamou atenção do relator foi a “interferência” do presidente Jair Bolsonaro para que o ministério expandisse o uso da cloroquina.
“A recomendação do uso da cloroquina foi a gota d água para a demissão porque não havia evidência da eficácia. Teich reforçou, que houve interferências do presidente para expandir o uso da cloroquina”, enfatizou.
Outro ponto que pareceu relevante a Calheiros foi a consideração feita por Teich sobre Eduardo Pazuello, seu então secretário-executivo. Isso porque o ex-ministro avaliou que o general não tinha “qualificação” para assumir como ministro, o que acabou acontecendo após sua demissão do cargo. “Na posição de ministro seria mais adequado um conhecimento maior sobre gestão de saúde”, pontuou Renan.
DISTANCIAMENTO E MÁSCARA – Por fim, o relator deu destaque à confissão de que Teich e o presidente da República tinham opiniões distintas sobre o distanciamento social e o uso de máscara. “[Ele] disse que a proposta dele era diferente do presidente quanto ao uso de máscara. Defendeu máscaras e quarentenas.”
Já o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), criticou as respostas de Teich durante depoimento na comissão. Para Aziz, as declarações eram “nada objetivas”. O senador perdeu a paciência quando o ex-ministro se recusou a avaliar a postura de médicos que estão indicando medicamentos sem eficácia científica comprovada para pacientes de covid-19.
“O ex-ministro Teich está levando a comissão com algo nada objetivo. Dizendo que teve intervenção, mas não sabe quem interviu (sic). Então, fica difícil para gente. E ele está sob juramento aqui”, afirmou o presidente da CPI.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É a CPI da Tragédia Anunciada. Tudo que se diz na comissão já é sabido por todos. Não há novidades. Talvez, surjam no depoimento do ilógico general Pazuello. (C.N.)