Daniel Gullino
O Globo
O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta quarta-feira o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), por dizer que a comissão não foi criada para investigar “desvio de recursos”. Bolsonaro também sugeriu, em tom de ironia, que seja criada uma CPI para investigar a compra de leite condensado pelo governo.
— Você viu o Renan Calheiros essa semana? A CPI não existe para investigar desvio de recursos. É isso aí. Vou dar uma sugestão para o Renan. Depois faz a CPI do Leite Condensado — disse o presidente, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.
OBJETIVO DA CPI – Bolsonaro fez referência a uma fala de Renan feita em entrevista ao “UOL” no dia 3 de maio, quando afirmou que “essa CPI não é uma CPI para investigar desvios de recursos”. O relator afirmou que a investigação sobre desvios poderá ser feita “se houver necessidade”, mas que esse não é objetivo inicial da CPI.
— Acho que essa CPI não é uma CPI para investigar desvios de recursos. É evidente que, se houver necessidade para fazê-lo, nós vamos fazer, mas esse não é o objetivo da CPI. É isso que difere essa comissão das outras comissões que anteriormente se instalaram — disse Renan na entrevista.
O presidente também fez referência às críticas que recebeu pelo gasto de R$ 15 milhões do governo federal com leite condensado.
NO SITE METRÓPOLES – A informação sobre os gastos do governo federal com leite condensado foi divulgada em janeiro pelo site Metrópoles.
Utilizando dados extraídos do Painel de Compras do Ministério da Economia, o site mostrou que o governo gastou R$ 1,8 bilhão com alimentação em 2020. Os gastos são referentes a todos os órgãos do Poder Executivo. As compras do Palácio do Alvorada, onde Bolsonaro vive, não foram computadas no levantamento.
Bolsonaro também voltou a dizer que não existe um “Orçamento secreto” no valor de R$ 3 bilhões, como revelado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
SECRETAMENTE? — E tem mais uma também. Os 3 bilhões do Orçamento secreto. Sabiam? O Parlamento votou o Orçamento, meses, eu sancionei e tem lá 3 bilhões secretamente.
A distribuição dos recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), no fim do ano passado, ocorreu por meio das chamadas “emendas de relator”. Esse instrumento foi criado no Orçamento de 2020 para formalizar acordos políticos do Congresso. A soma dessas emendas foi de R$ 20 bilhões no ano passado.