Pedro do Coutto
Não há dúvida que o presidente Jair Bolsonaro, sentindo a pressão contrária da opinião pública na fase atual de seu governo, resolveu colocar um lance de dados no universo político. Tornou público o compromisso de nomear o Ministro Sérgio Moro para a primeira vaga a ser aberta na Suprema Corte do país. Assim colocou a imagem do titular da Justiça e Segurança no primeiro plano da opinião pública, renovando o destaque que Moro possa refletir em favor de seu governo. Isso de um lado.
De outro tomou a iniciativa de corrigir a partir de 2020 o pagamento do Imposto de Renda na declaração de ajuste anual. Dessa forma anuncia para o próximo exercício uma redução que se presume entre 4 a 5%, desde que seja esta a taxa de inflação para os 12 meses que terminam em dezembro. Se a taxa inflacionária for acima de tal limite, tacitamente a redução será na percentagem identificada.
MANCHETE DE O GLOBO – Quanto a Sérgio Moro no Supremo, a reportagem de Amanda Almeida, Carolina Brígido e Marcos Grilo focalizou o tema destacada na manchete principal de ontem de O Globo. Relativamente à correção do Imposto de Renda, a matéria também é de Amanda Almeida, juntamente com Marta Beck, Renan Setti e Gabriel Martins, também em O Globo.
Na tarde de ontem, os repórteres se deslocaram na tentativa de ouvir e assim obter fatos adicionais em torno dos dois assuntos. Do lado de Bolsonaro, como a matéria ontem publicada sinaliza, o presidente da República ressalta que este é o compromisso que ele assumiu com o ex-magistrado, juiz da Operação Lava Jato. A versão é a do Palácio do Planalto. O ministro Moro tem outra versão e diz que não houve compromisso algum. Quer dizer, o presidente se sente compromissado.
Quanto ao projeto restabelecendo o direito da correção inflacionária por parte dos contribuintes, Bolsonaro destacou, segundo O Globo, que tal iniciativa ele levou ao Ministro Paulo Guedes. Claro que o Ministro não poderá jamais se recusar a seguir uma orientação do Presidente da República, sobretudo numa matéria absolutamente justa.
ÍNDICE DE INFLAÇÃO – Aliás, até há poucos anos a correção era estabelecida com base no índice inflacionário. Mas deixou de ser assim, o que causou prejuízo enorme a todos aqueles que pagam imposto de renda no país. Aliás, em matéria de Imposto de Renda, os contribuintes, a partir do governo FHC, deixaram de poder descontar uma percentagem anual de 5% para aquisição de jornais, revistas e livros. Somando-se essa primeira perda com a segunda, registrada em 2015 se não me engano, todos os que pagam Imposto de Renda foram descontados em mais de 10%.
Esse o panorama atual. Que não é, por exemplo o da semana anterior. Política é assim, sujeita a rápidas e inesperadas mudanças de rumo.