Helio Fernandes
Luiz de Moraes Rego Filho: “Estratégia semelhante foi utilizada pela Alemanha entre as duas guerras. Não havia dinheiro na jogada, somente troca de produtos. Não bastasse a queda vem o coice. Na edição de hoje do “Bom Dia, Brasil”, no vídeo, empresários falam da contratação de mão de obra estrangeira.”
Comentário de Helio Fernandes:
Interessante tua matéria e análise. O que aconteceu entre as duas guerras, com a Alemanha e os países “adversários”, não se limitou à troca de mercadorias. Pelo “Tratado de Rendição Incondicional da Alemanha, assinado em 11 de novembro de 1918”, ficou estabelecido e determinado, com todas as letras e palavras: “A ALEMANHA NÃO PODERÁ TER EXÉRCITO, MARINHA E AERONÁUTICA”.
Pois já em 1926 e seguintes, a Alemanha caminhava para ter o maior exército do mundo, a maior aviação e a maior frota marítima de guerra. Como provou quando começou a afrontar e dominar toda a Europa, e a partir de 1939, quando deflagrou a guerra propriamente dita.
A luta pelo domínio dos céus da Inglaterra e da Alemanha, entre os Spitfires (ingleses) e Messerchmitts (alemães), emocionante, empolgante, devastadora, mas histórica. Como a Alemanha, vigiadíssima, conseguiu essa reviravolta?
Cidades dos dois países foram completamente arrasadas, passaram a ser citadas como se fossem verbos. Coventry, na Inglaterra, se transformou em “Coventrizar”. Colonia, na Alemanha, era apenas “Colonizar”. Outras cidades sofreram como essas, mas não tão impiedosamente.
(Como aconteceu na bárbara Guerra Civil da Espanha de 1936 a 1939, em Guernica, cidade de Picasso, que pintou então um quadro com esse nome. Não é nem de longe o melhor Picasso, mas é certamente o mais famoso).
Interesses colossais de empresários “sem pátria”, ajudaram a explosão militar da Alemanha. A primeira intervenção foi para “debelar” a inflação que corroía e destruía o marco alemão. Apesar da guerra, essa desvalorização poderia contaminar o resto da Europa.
O intermediário, um economista de 26 anos, doutor Hjalmar Schacht, liquidou a inflação. De que forma? Os alemães, que precisavam levar um carrinho com os marcos para pagamento, vinham com esse mesmo carrinho de compras, muito mais vazio do que antes.
Outro extraordinário intermediário da recuperação da Alemanha, foi Albert Speer, encarregado dos fornecimentos às forças armadas, recebendo ajuda de grandes empresários. O eterno Vale do Rhur, razão da riqueza da Alemanha, antes e depois das duas guerras e até hoje foi o mais preservado possível.
Os EUA não ficaram alheios a essas negociações, embora morressem milhões de pessoas a mais. Sabendo de tudo, em Nuremberg preservaram (a palavra é sempre essa) tanto Schacht quanto Speer. Não foram a julgamento. Um general dos EUA, disse textualmente e lógico, autorizado: “É um crime condenar à morte ou à prisão quase eterna, homens como esses”.
Os soviéticos não tiveram o mesmo comportamento, condenaram à prisão perpétua, um inglês que saltou de avião para tentar estabelecer uma paz ou trégua. Ficou preso isolado numa fortaleza que era um verdadeiro campo de concentração, quase do tamanho do Central Park de Nova Iorque, nunca foi perdoado. Morreu sozinho, com mais de 80 anos.
Como você diz muito bem, Moraes Rego, não “houve dinheiro na jogada”. Continuavam matando, devastando, assassinando milhões. Só que aqui eram apenas “PESSOAS”, preparavam o terreno para que depois de guerra, acumulassem outros milhões, só que de dólares. Que foi o que aconteceu.
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PS – Voltando ao assunto básico, a proposta da China para fazer obras que poderíamos muito bem CONSTRUIR nós mesmos, e também como nas duas guerras mundiais, sem sair dinheiro.
PS2 – Quer dizer: não sairia dinheiro em espécie de maneira alguma. Mas transformando os serviços feitos pela China e a recompensa que receberiam da forma que eles mesmo estipulam, vejam que p-r-e-j-u-í-z-o-s.
PS3 – O Brasil não deveria aceitar NEM MESMO CONVERSAR. Conversando já estamos perdendo um tempo precioso, que será perdido se essa conversação for adiante.