Helio Fernandes
GBR: “Helio, nunca pensei que você fosse marxista. Não esconde o sentimento e a preferência pela coletividade, minha admiração não diminuiu. Acredita que algum dia haverá governo marxista? Obrigado”.
Comentário de Helio Fernandes:
Você faz perguntas ótimas, embaraçosas mas bem colocadas. Por isso, espero que algum dia, dependendo de você mesmo, traduza essas três letras no nome verdadeiro.
Não sou marxista e sim grande admirador de Marx. Desde que tomei conhecimento de sua obra, imediatamente percebi sua genialidade, total e abrangente. Gênio mesmo, não só na formulação da tese (começando pelo “Manifesto”, logo seguido pelo “O Capital”, insubstituível), mas como pensador, analista, filósofo, escritor, debatedor, historiador. Homem que VIU o futuro e APRENDEU com o passado, é naturalmente polêmico, adorado e odiado, o que é o mais comum e acontece com gênios como ele.
Marxismo não é forma de governo, portanto jamais haverá “governo marxista”. A partir de 1918 e do fim dos 300 anos dos Romanoff, o Soviet Supremo, formado por 9 membros, precisou fazer ou refazer tudo, incluindo inicialmente o nome do novo país.
A ideia de Lenine e Trotsky era colocar no nome, toda a identificação da antiga Rússia. Na Constituinte de 1777/1778, nos EUA, grande discussão a respeito da definição do nome do país. Essa discussão vinha da extraordinária Convenção da Filadélfia, e os 7 fundadores reconhecidos pela Constituição, estavam a favor de uma identificação definitiva e definidora.
Ficou sendo Confederação dos Estados Unidos da América do Norte. Além da questão territorial, adotaram o político e o administrativo. Lenine e Trotsky tinham a mesma ideia. Desses 9 membros do Soviet Supremo, o pensador e maior intelectual era Trotsky. Mas o líder natural que mandava e era obedecido, Lenine, sem qualquer restrição.
Desde 1918, quando sofreu o atentado que o mataria em 1923/24 (ficou com uma bala “colada” no coração, não podia nem ser operado, todos recusavam a cirurgia, por causa da localização da bala) era tido e havido como o líder indiscutível.
Na Rússia que acabara, no novo país que surgia, a mesma controvérsia que aconteceu nos EUA. Alguns dos 9 do Soviet, chegaram a propor União das Repúblicas Marxistas Comunistas. Como esses 9 membros eram nominativos, mas apenas dois decidiam, esses dois ficaram intransigentes e resolveram de forma diferente.
Lenine e Trotsky não admitiam de forma alguma as palavras MARXISMO e COMUNISMO. Admiradores ferrenhos de Marx, vetaram a identificação, sabiam que Marx concordaria. Apenas recusaria a Rússia como país-sede da Revolução. Exigia massa de trabalhadores industrializados e esclarecidos, o que acontecia na Rússia era escravidão e escravatura pura e simples.
Lenine e Trotszy concordaram com União das Repúblicas, mas cortaram as outras palavras sugeridas, acrescentaram: SOCIALISTAS SOVIÉTICAS. Estavam cobertos de razão. Nem Comunismo nem Marxismo eram formas de governo, serviam apenas como rótulos de ocasião. Decidiram que inicialmente o governo da antiga Rússia, seria SOVIÉTICO. Depois então, definitivamente, teria que ser SOCIALISTA, que era o objetivo final, o que consideravam como a grande vitória da comunidade.
(Por questões complexas e variadas, incluindo a morte de Lenine, o banimento e expulsão de Trotsky, o medo de uma parte do mundo, e a visão GENIAL de Marx, que esperava que o Socialismo surgiria na Inglaterra por causa da Revolução Industrial de 1780, e não num país atrasadíssimo como a Rússia, o Socialismo nunca foi alcançado ou conquistado).
O Stalinismo foi o responsável principal e fundamental para o fracasso do Socialismo soviético. Primário, inculto, carrasco que acreditava na violência “como forma de realizar”, Stalin não permitiu o sucesso da idéia. Ganhou uma sobrevida e até repercussão internacional, com a Segunda Guerra Mundial.
O mundo ficou estarrecido, surpreendido mas dominado por aquele Stalin vestido com belíssimo uniforme branco, aparecendo sempre ao lado de líderes naturais como Roosevelt e Churchill. Terminada a Guerra, Stalin voltou para a selvagem politicalha de terror e incompetência.
Além disso, teve que enfrentar a “guerra fria”, com o desperdício de BILHÕES de dólares, o genial “Plano Marshall”, e a “corrida armamentista”, os EUA utilizando dólares falsos, enquanto a União Soviética estraçalhava seu orçamento.
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PS– É muita coisa para um dia só. Em outra oportunidade, examinaremos. Stalin morreria 7 anos depois, não deixaria saudades e sim um país (e um sistema político) arruinado e destroçado.
PS2 – O mundo pode durar mais 5 mil ou 50 mil anos, e Marx ainda será História e realidade. Não importa que metade da coletividade esteja contra ele, é natural.
PS3 – Mas os outros 50 por cento continuarão a adorá-lo. Não seria diferente, como Marx desejava ardentemente que a Revolução surgisse na sua amada Alemanha.
Helio Fernandes
A Circular 3.523 do BC está atormentando muita gente. Motivo: quem tiver no exterior depósitos que superem essa importância, terá que apresentar o total desses BENS, VALORES e a PROCEDÊNCIA.
A data final é 28 de fevereiro, e foi incluído um item que preocupa fortemente: “Ações e títulos de outros países precisam ser demonstrados, e sua procedência provada”.
Muitos lembram logo de Paulo Maluf e Daniel Dantas. O deputado está livre, os 242 MILHÕES DE DÓLARES que garantem que ele tem no exterior, “NÃO EXISTEM”. Pelo menos é o que ele proclama e repete com insistência.
Em relação a Daniel Dantas, o problema não deveria ter dificuldades para ser equacionado e resolvido. O empresário (?) tem importância enorme no exterior, e deve também uma fábula à Receita dos EUA, que “confiscou” todo o dinheiro. Como Dantas poderá se livrar da declaração?
Neste momento é obrigatório lembrar a frase famosa de Daniel Dantas e fazer a pergunta. A frase: “Tenho medo da Polícia e da Primeiro Instância, lá em cima em resolvo. A pergunta: “O Banco Central está lá em cima”, na avaliação de Dantas?
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PS – Segundo levantamentos repetidos, brasileiros têm mais de 300 BILHÕES DE DÓLARES no exterior. Há muitos anos vários governos ofereceram FACILIDADES se trouxerem esse dinheiro, ninguém confia nos governos, venham de onde vierem.
PS2 – Agora surgiu problema novo com exportadores e importadores. Eles têm 210 dias para recolherem a importância ao Tesouro. Como o dólar está muito baixo, os exportadores pedem PRORROGAÇÃO DO PRAZO.
PS3 – Existe também (com as exceções naturais), o SUBFATURAMENTO na exportação, e o SUPERFATURAMENTO na importação. Esses empresários são poderosos e inatingíveis, como alcançá-los?
PS4 – Desculpa dada e aceita até agora: com a crise financeira mundial, a inadimplência é total, como recolher ao governo as importâncias que NÃO RECEBERAM? Pelo menos é o que dizem e até garantem.