Folha de S.Paulo
BRASÍLIA -- Fora do poder, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a conviver com uma situação financeira diferente daquela a que se acostumou nos últimos oito anos. Acabaram as mordomias e contas pagas pelo governo. Para engordar o orçamento, Lula começará a fazer palestras em março. Até lá, escolherá a dedo os eventos que lhe interessam.
Já confirmou presença no aniversário de 31 anos do PT, em fevereiro, em Brasília. Ele voltará a ser presidente de honra do partido, mas sem remuneração pelo cargo.
Lula também é esperado para o Fórum Social Mundial (6 a 11 de fevereiro), no Senegal --sua primeira viagem internacional pós-Planalto.
Estima-se que o cachê de Lula por palestra deva superar R$ 200 mil (os convites são mantidos em sigilo).
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ganha cerca de R$ 90 mil por evento e faz em média 30 palestras por ano.
Pela declaração de renda da campanha de 2006, Lula está em situação financeira confortável. Seu patrimônio era de R$ 839.033,52, sendo R$ 474.586,17 em aplicações bancárias. Atualizado pela inflação, o valor chegaria hoje a R$ 1.036.921,51.
Se aplicasse R$ 10 mil mensais nos últimos quatro anos pela taxa Selic mais baixa, teria acrescentado R$ 629 mil ao patrimônio.
No governo, Lula tinha todas as despesas pagas pela Presidência e recebia uma remuneração de R$ 11.420,21.
Não abria a carteira para pagar viagens, plano de saúde, aluguel e supermercado.
Agora vive uma nova realidade: uma renda mais enxuta, cerca de R$ 9.000, segundo interlocutores do ex-presidente, provenientes de duas aposentadorias: uma pela perda do dedo (invalidez) e outra de anistiado político.
No Planalto, Lula já recebia os dois benefícios: com o salário de presidente, sua renda passava de R$ 20 mil.
Além disso, Lula tinha centenas de servidores no Planalto e nos palácios residenciais (Alvorada e Granja do Torto) e todas as despesas pagas pela Casa Civil. Nos dois mandatos, os gastos pessoais e institucionais somaram cerca de
Lula perdeu o salário (até 1988, os ex-presidentes tinham direito a uma aposentadoria), mas os cofres públicos ainda bancam oito funcionários a seu serviço. São quatro seguranças, dois motoristas e dois assessores, além de dois carros oficiais e combustível.
Fonte: Agora