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terça-feira, junho 22, 2010

TV de filho de Romero Jucá está à venda

Em meio à confusão judicial, lobista que se diz ex-laranja de Romero Jucá negocia com emissários que falam em nome de Mozarildo Cavalcante. Mas o senador do PTB diz desconhecer suposto representante e nega interesse em ser dono de mais uma TV

RAraújo/ABr/Divulgação
A TV Caburaí, oficialmente do filho de Romero Jucá, está à venda. E, na negociação, pode parar nas mãos de empresários ligados a Mozarildo, adversário de Jucá

Eduardo Militão

Com o comando disputado na Justiça e no Ministério das Comunicações, está à venda a TV Caburaí, afiliada à rede Bandeirantes em Boa Vista (RR), atualmente nas mãos de Rodrigo Jucá, filho do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O lobista Geraldo Magela Fernandes da Rocha – que diz ter sido laranja do senador no canal 8 – afirma agora que negocia a televisão com um grupo de empresários ligados ao adversário político de Jucá no estado, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). O preço: de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões.

É o empresário Reinaldo Lionço quem confirma a negociação e seu elo com Mozarildo. Mas Mozarildo rebate: diz desconhecer Lionço e nega qualquer interesse em comprar a TV Caburaí. O senador do PTB acrescenta que está prestes a vender sua participação minoritária na emissora do SBT de Boa Vista. “Meu interesse é esclarecer as maracutaias das duas TVs”, diz Mozarildo, a respeito da Caburaí (Band) e Imperial (Record), supostamente pertencentes a Romero Jucá.

A assessoria do líder do governo no Senado informou que ele não se manifesta sobre o assunto. Indicou o telefone do advogado de seu filho, Rodrigo Jucá, proprietário oficial da TV Caburaí, para tratar da questão. Rodrigo Jucá não retornou mensagem de correio eletrônico com questionamentos feitos pelo Congresso em Foco. O advogado dele, Émerson Delgado Gomes, também não respondeu às mensagens de e-mail e aos recados em seu telefone celular.

Magela Rocha obteve uma vitória contra Rodrigo Jucá. Depois de ingressar na Justiça reclamando a posse da Uyrapuru Comunicações Ltda., que pagava à Fundação Roraima um aluguel pelo sinal da TV, a Junta Comercial de Roraima recuou. Em 31 de março, cancelou a transferência da empresa para Rodrigo Jucá e a empresa de suas irmãs (Veja o documento).

Mas a Junta Comercial também cancelou a criação da empresa, que, inicialmente, pertencia ao lobista. Magela Rocha disse ao Congresso em Foco que basta um requerimento dele para retomar a empresa. O secretário-geral da Junta Comercial, Antônio Vital, afirmou ter dúvidas e disse que os procuradores jurídicos da entidade deverão analisar o caso.

De qualquer forma, o lobista considera a decisão da Junta Comercial “o primeiro passo” para retomar a TV. O segundo passo é aguardar uma decisão do Ministério das Comunicações, que passou a concessão do canal 8 para outra empresa de Rodrigo Jucá, a Buritis Comunicações Ltda. Entretanto, a Fundação Roraima não solicitou a transferência, como mostrou o Congresso em Foco. O Ministério das Comunicações não respondeu ao site a quantas anda o processo de transferência da televisão.

Empresários ligados

Magela Rocha mantém o propósito de ficar com a televisão que diz, na verdade, pertencer ao líder do governo no Senado, Romero Jucá. “Eu quero tomar a televisão do senador [Jucá]. Já fui procurado por empresários ligados ao senador Mozarildo”, afirmou Magela Rocha ao site.

O lobista garante que os empresários supostamente ligados ao adversário de Jucá serão os verdadeiros donos da TV, e não meros “laranjas” de outro político. Afirma que são proprietários de outros meios de comunicação e que o interesse deles é ajudar o Mozarildo na campanha eleitoral para governador de Roraima deste ano. “A Band tem duas horas e meia de programação local. E isso pra política vale muito”, justifica Magela Rocha.

O empresário Reinaldo Lionço, o intermediário do grupo, confirmou a negociação com Magela Rocha. “Eu faço parte de um grupo que está interessado”, disse ele ao Congresso em Foco, por telefone. “Assim que desenrolar a coisa, estamos interessados.” Lionço é enfático: “Existe [o grupo] e nós vamos fechar negócio”.

Ele diz que já tratou de valores, mas não quis citar cifras. Magela Rocha afirma que pediu um valor entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões, que corresponde às dívidas estimadas em aproximadamente R$ 2,5 milhões e mais uma indenização de R$ 200 mil a R$ 300 mil.

Lionço não quis detalhar quem eram seus outros companheiros na empreitada, mas confirmou sua ligação com Mozarildo: “Sou, sou”, resumiu, encerrando a conversa.

Apoio político

Nos últimos dias, Magela Rocha pediu “apoio político” ao gabinete de Mozarildo para o Ministério das Comunicações cancelar a portaria que entregou a televisão Caburaí para Rodrigo Jucá. O senador diz que o encontro não foi com ele, mas com seus assessores, que encaminharam um conjunto de documentos recebidos do lobista para o Ministério Público.

Magela Rocha admite que, na conversa, ninguém tratou da venda da televisão.

O senador Mozarildo Cavancante disse desconhecer Lionço ou ter qualquer relação com empresários ou com propensos compradores da TV Caburaí. “Não tenho ligação com empresário; meu trabalho é na área médica, com o povão”, afirmou o senador, que é médico por profissão, ao Congresso em Foco.

Mozarildo diz que seu interesse é esclarecer “maracutaias das duas TVs” do senador Romero Jucá. “Acho esquisito que o Magela me procure e depois invente uma história dessas, sem pé nem cabeça. Eu tô fora disso aí. Meu interesse é investigar.” Ele insistiu: “Não tenho qualquer interesse de comprar, muito menos articulação de comprar”.

O senador do PTB afirma que deseja até deixar de ser mais um empresário da área de comunicação em Roraima. “Eu tenho uma participação minoritária na rede do SBT, uma rádio e uma TV.” Mozarildo diz que o outro sócio é o ex-líder do PR na Câmara Luciano Castro (RR). “Aliás, estou interessado até em vender a minha parte pro Luciano.”

Mozarildo diz que comprou as cotas da rádio e da televisão porque, à época, as condições eram favoráveis. “A Radiobrás estava vendendo a rádio. Aí nós compramos. Na época, um negócio facilitado. E veio depois a participação na TV. Só”, conta o senador

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Fonte: Congressoemfoco

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