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sexta-feira, setembro 04, 2009

O Congresso enterra a roubalheira

Para os ansiosos, pessimistas e descrentes, a leitura dos jornais desta manhã, que ampliam a cobertura dos noticiários das redes de TV, deve ter provocado reações contraditórias, de incredulidade e espanto: navegando nas águas profundas e oleosas do Pré-Sal, a atividade política retomou não apenas a normalidade, mas um ritmo intenso de articulação, que chega ao Palácio e permitiu à ministra-candidata Dilma Rousseff vestir o uniforme vermelho de campanha, ocupar o espaço político em Brasília e, com algum exagero, de mão fechada o polegar em riste, soltar-se em vigoroso improviso para sustentar, na cerimônia de divulgação dos projetos de abastecimento de água e esgotamento sanitário do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, uma das suas bandeiras de candidata e que receberão investimento de R$ 4,5 bilhões, pois o dinheiro está sobrando no cofre da Viúva. A novidade da peça oratória, foi a resposta com uma cutucada na barriga da senadora Marina Silva (AC) e novo ornamento do Partido Verde (PV), candidata a presidente da República e crítica da política ambiental do governo,A candidata Dilma topou o desafio no ringue da adversária. E, irritada pela complicação na campanha com mais uma candidata, com muito mais tradição na defesa do meio ambiente do que a estreante chefe do Gabinete Civil. Dilma destacou as preocupações até aqui desconhecidas do PAC com os problemas sociais e ambientais.Para os que desfrutaram o privilégio de assistir ao improviso da ministra-candidata ficou evidente a preocupação da oradora em recuperar o óbvio desgastante com a concorrente que não precisa justificar a militância de toda uma vida na linha de frente, no perigoso front amazônico da luta contra o desmatamento, que só agora despertou a sensibilidade do oportunismo do presidente Lula, mais moderado, e da candidata que estréia na linha de frente. Claro que sobrou um largo espaço para a defesa do governo Lula e dos seus programas sociais, como o Bolsa Família, o PAC do Saneamento. E como não podia faltar no pronunciamento da candidata do governo a exaltação do presidente Lula, Dilma vê no saneamento uma ação do desenvolvimento sustentável.Tomara que este bate-boca entre as duas candidatas aqueça a campanha, forçando uma polarização à margem, como a única novidade até agora e com um buraco aberto com a indecisão da oposição.Nas escaramuças sobre o Pré-Sal, governo e oposição têm se comportado com o devido respeito, apesar das divergências naturais e da urgência do governo em campanha, com a esperteza de o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB dando uma no cravo e outra na ferradura. Até o fim da tarde devemos ter novidades.
Da coluna imperdível do meu velho e querido amigo Ancelmo Góis, na edição de O Globo, de hoje, resumo a nota com o subtítulo de O pum de Lula.Na cerimônia de inauguração dos apartamentos no Complexo do Alemão, o presidente recomendou ao Pezão que os apartamentos tenham varanda. E justificou que a varanda tem um clima romântico. No acalanto do romantismo, a pérola com espaço cativo numa próxima reedição do livro de Ali Kamel, Dicionário Lula: “Além do clima romântico é onde o marido pode soltar um pum sem fazer feio perto da mulher”.Dona Marisa agradece.
Fonte: Villas Bôas Corrêa

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