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sábado, setembro 19, 2009

A Câmara legitima a imoralidade

vPara comentar a vexaminosa conduta dos deputados, representantes do povo, nas votações da modesta proposta de reforma eleitoral aprovada pelo Senado, passo a palavra ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO) : “Foi uma decisão lamentável da Câmara jogar fora os avanços que conseguimos no Senado. O texto que aprovamos tinha algumas coisas excelentes. Como a barreira para os fichas-sujas, a proibição do uso eleitoreiro de programas sociais na véspera das eleições e outros”.Na mesma toada manifestou-se o senador Aloísio Mercadante (SP) flor do buquê do PT que condenou a exclusão de emendas do Senado que impediriam o uso da máquina nas eleições.Até na Câmara, algumas vozes destoaram do coro da esmagadora maioria do baixo-clero, que domina o plenário e é imbatível na defesa das mordomias, vantagens, benefícios e demais mutretas do pior Congresso de todos os tempos.O deputado José Aníbal (SP), líder do PSDB tentou salvar a face da sua bancada, mas foi firme na crítica: “O PSDB acha que a Câmara tratou de modo ligeiro a rejeição das emendas dos senadores à reforma eleitoral, sem considerar o interesse da sociedade. Acho que a gente teria um bom debate sobre os fichas-sujas e fazer alguma coisa para evitar que gente inabilitada moral e eticamente seja candidato”. E bateu mais duro: “O Congresso tem que estar preparado para este debate, a sociedade está.”Até o elegante e melífluo presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), bem ao seu estilo misturou alhos com bugalhos: “Ainda acho que o atual sistema não é o ideal, Para impedir a participação dos fichas-sujas (candidatos com prontuário policial comprometedor) seria necessário criar critérios objetivos para aferir a conduta de um candidato”. E o repique na ferradura: “Acho que foi um avanço extraordinário ao acolhermos a liberdade na Internet, uma decisão extremamente democrática”.Vamos falar sério. O Senado surpreendeu aos que nada esperavam dela ao aprovar alguns remendos moralizadores na lei eleitoral, como a badalação exigência de ficha limpa, atestada pela Justiça aos candidatos a todos os cargos em todos os níveis.O recuo inqualificável da Câmara não chega a provocar indignação pois era previsível. No máximo a repugnância que azeda a boca. Como a crise da roubalheira explodiu no Senado, a Câmara saiu da reta, distraindo-se com os debates sobre nada no fingimento de que cumpria o seu dever. Mas, esta é a Câmara do baixo clero, das mutretas petistas do caixa dois e do mensalão, da gatunagem das ambulâncias, dos correios e de outras tampas que acabaram explodindo com as denúncias dos assaltos aos cofres das Viúva para a venda de passagens aéreas, as prestações de contas fajutas das despesas com a verba indenizatória.A única réstia de esperança é de uma reação do eleitor, devidamente alertado por uma mobilização popular, com os estudantes na rua para convocar a população. Voto nulo não é protesto, é lavar as mãos. O voto consciente exclui os fichas sujas, os vigaristas, os malandros que embolsam os subsídios e contam piadas pornográficas nas última fileiras do plenário.O Legislativo é o mais democrático dos poderes. Mas, necessita da fiscalização da opinião pública. Como no caso da resistência da Câmara à moralização da campanha eleitoral, das alianças espúrias, das roubalheiras escondidas durante décadas no Senado.Votar em candidato safado é como cuspir para cima. Depois, não se queixem.
Fonte: Villas Bôas Corrêa

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