Laerte Braga
Há uma diferença entre o modus operandi da quadrilha GLOBO e o da quadrilha RECORDE. Ou, mais precisamente, de Edir, o Macedo. A quadrilha GLOBO reveste-se da sofisticação FIESP/DASLU. Sugere que a rede seja povoada de príncipes, duques, marqueses, condes, viscondes e barões. Tenham, todos, perfeita noção de como se comportar em público, algo assim como bater carteira em uma dimensão impressionante, sem que as vítimas percebam e até sintam-se agradecidas pelo privilégio de poder assistir Xuxa aconselhando e formando as nossas crianças. Olham para o outro lado quando cometem toda a sorte de crimes que pode um veículo de comunicação, uma rede com seu tamanho, cometer. Todos de terno, gravata, combinação perfeita até a roupa debaixo. Edir, o Macedo, esse não. Tem consciência que existem métodos capazes de fazê-lo chegar a ingênuos e incautos e construiu um império na base do “dá ou desce”. GLOBO e RECORDE servem ao mesmo senhor. As denúncias feitas pelo programa “REPÓRTER RECORDE”, edição de domingo 16 de agosto, são todas verdadeiras, inclusive as que dizem respeito às promíscuas relações da REDE GLOBO com setores do Ministério Público de São Paulo. São Paulo! É preciso prestar atenção a esse detalhe. Um país vizinho que fala a mesma língua. E vêm com um exército de tucanos, democratas, mais alguns carregadores de mochilas dos senhores, caso de Roberto Freire, numa tentativa de transformar o Brasil, definitivamente, num estado norte-americano. As denúncias sobre Edir Macedo, requentadas ou não, são reais. O programa da RECORDE foi certinho, se é que nesse amontoado de bandidos existe alguma coisa ou alguém certinho – a não ser na bandidagem –, até a entrevista de Edir, o Macedo. A explicação do “bispo” sobre o vídeo em que aparece orientando seus pastores a tomar dinheiro dos fiéis é inacreditável em termos de cara de pau. A figura em questão dizia aos pastores que quem quiser doar bem, quem não quiser amém, só que de um jeito bem ao estilo Beira-mar. “Ou dá, ou desce”. “Cândido”, “vítima”, “salvador de almas”, explicou que quem dá sobe no mundo espiritual e quem não dá desce no mundo espiritual. Putz! É uma sem vergonhice próxima do absoluto. Creio que nos dias seguintes deverão entrar em cena os representantes dos senhores de tudo e todos – ou quase todos – para explicar que essa briga não interessa a eles donos dos “negócios” e é preciso acabar antes que os danos sejam irreversíveis. A cara de pau de Edir, o Macedo, quando falou de “fé emocional”, sugerindo que a fé que vende seja racional, em crítica direta ao padre Marcelo Rossi, beira a perfeição. Foi assim como um piparote para quem entende que pingo é letra. Marcelo Rossi é a resposta da Igreja Católica, dos setores mais atrasados dessa Igreja (controlam Roma desde a ascensão de João Paulo II) ao avanço neopentecostal às suas fileiras. Não há diferenças entre o “bispo” e o padre, só de estilo. E a ameaça de Macedo. Levar sua igreja aos muçulmanos. Insere-se no projeto político de dominação e domesticação dos povos do Islã. Os muçulmanos ocuparam a Espanha por três séculos e quando saíram os monumentos e igrejas cristãos estava intactos, preservados. Onde as hordas das cruzadas comandadas por papas passaram, no Oriente Médio, a política foi de terra arrasada contra os “impuros”. Edir, o Macedo, cumpre um papel político. Tanto se insere num contexto geral, dos donos do mundo, como se beneficia disso, gerindo um império de proporções impressionantes. A GLOBO é a mesma coisa. Cumpre o mesmo papel. Ao longo de sua história construída sobre fraudes e sustentando-se na ditadura militar, serve hoje a Washington e ao modelo econômico neoliberal, logo, a esse modelo político asfixiante e que se constitui em termos de História, numa fase aguda da exploração do homem pelo homem. Macedo já está em Miami, base das grandes quadrilhas que operam as mais variadas modalidades criminosas, desde as legalizadas, às chamadas do crime organizado. Joga, esperto que é, com a própria divisão entre os donos. O lado vaselina, que é o de Barak Obama (o garçom) e o lado areia, do esquema de Bush e outros. Como donos são donos, eles se entendem e nesse esquema sórdido tanto um quanto outro, GLOBO e Macedo se tornam necessários. Desde, evidente, que não ultrapassem determinados limites e a briga entre ambos não prejudique os “interesses maiores”. Aí, o que for mais fraco dança. Neste momento Macedo joga um jogo arriscado, mas escorado em oito milhões de fiéis, um eleitorado e tanto. Sabe que seu adversário, GLOBO, enfrenta dificuldades, sustenta-se de dinheiro público e o padrão chamado global começa a dar sinais de esgotamento. A comunicação é fator de extrema importância nos dias de hoje. Você pode pegar um grupo de dentistas, por exemplo, que ao arrepio da ética vão dizer que Colgate é melhor e previne e evita cáries. Ganham um bom dinheiro para isso. É só um exemplo de um processo mais amplo que transforma o ser humano em rês. Em mero consumidor. Vazio e despido do mínimo espírito crítico diante de si mesmo, logo algo amorfo. Não contesta e admite as formas de escravidão sob as quais vive. Amplie tudo isso é enxergue o mundo em que automóvel se transforma em anjo de guarda e bancos e grandes empresas, os grandes latifúndios, em templos do capitalismo. O deus mercado. A GLOBO tem investido contra o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusando-o de restringir a “liberdade de imprensa”, ao fechar rádios e tevês como a GLOBO e a RECORDE e a criar rádios e tevês comunitárias, ligadas a sindicatos, associações do movimento popular, ou mesmo à iniciativa privada, mas dentro de parâmetros de verdade, ética na informação e tudo o que não existe no Brasil nas “famílias” que controlam o setor. A reação a RECORDE é apenas a reação a um novato que entra de cabeça no meio e afeta os “negócios” até então bem divididos entre redes de tevê, jornais, revistas e rádios. Para melhor ilustrar, Mariel Mariscot era um policial ligado a grupos torturadores à época da ditadura. Corrupto, deixou a Polícia, transformou-se em estrela de televisão por uns breves momentos e resolveu ser banqueiro de jogo de bicho. Esbarrou nos donos do jogo do bicho. Não queriam concorrência no clube que geriam. Mariscot apareceu morto sem que se apurasse o culpado, ou culpados. Não é o caso de Macedo, lógico. Tem respaldo no clube freqüentado pelos donos. Mas sabe, ele próprio, que não pode esticar a corda a ponto de arrebentá-la. Como sabe a GLOBO que há também um limite nessa história. Está prevista uma conferência nacional de comunicação para dezembro. A idéia é discutir toda essa realidade e abrir caminhos para a efetiva democratização do setor. Nada de tratar o cidadão como idiota, definição de William Bonner para o telespectador do JORNAL NACIONAL. Os bandidos sabem disso e já começam um movimento de cerco a essa conferência. A Fundação Ford, partícipe de vários golpes de estado na América Latina, se prontifica a ajudar a organização da conferência. Esse ajudar aí equivale a meter o tacão de ultra direita e manter o controle. Chávez não restringiu liberdade alguma de informação. Chávez colocou o dedo na ferida. O papel que cumprem as grandes redes de tevê e rádio como a GLOBO e a RECORDE. É necessário fazer o mesmo por aqui. Do contrário grandes complexos de comunicação irão se constituir, sempre, em fator de controle e alienação, como hoje GLOBO e RECORDE. Ou como VEJA, FOLHA DE SÃO PAULO, todo o espectro da informação em nosso País. É preciso explicar, apurar cada centavo de dinheiro público dado à GLOBO, desde sua fundação, passando pela ditadura militar (da qual foi o principal instrumento de comunicação), aos convênios que geram programas educativos às cinco da manhã (para ninguém), aos socorros ilegais dados pelo BNDES em momentos de situação falimentar. Às ligações com os grupos que governam São Paulo. E começam em Mário Covas, passam por Geraldo Alckimin e chegam a José Serra. O próprio governo federal, vítima constante de chantagens da rede. Como no episódio do falso dossiê nas vésperas das eleições de 2006. A GLOBO deixou de lado a queda do avião da GOL para cumprir seu papel dentro do esquema FIESP/DASLU. Notórios criminosos. Como é necessária uma ampla discussão sobre o papel das redes de tevê e rádio no País. São concessões de serviço público e têm regras básicas definidas, ainda que falte legislação específica, como existe em países outros. Na Grã Bretanha, na matriz, os EUA. Bem mais que isso. Ação do governo federal para coibir e redesenhar o setor, privilegiando a comunicação voltada para processos de formação e conscientização do brasileiro. Não o atual, de alienação e mentiras a serviço dos piores criminosos que se possa imaginar. Sejam eles os irmãos Marinho, seja ele um pilantra do “dá ou desce” como Edir Macedo. E todos os outros. Do contrário vamos continuar assistindo ao filho de Renan Calheiros ganhando concessões de rádio. A José Sarney dono das afiliadas da GLOBO no seu feudo. A família de ACM na Bahia. A Collor de Mello em Alagoas. A tucanos/democratas no sul do País. E a todas essas armações para transformar Brasil e brasileiros em terra de ninguém e num monte de “ninguéns”. Mas todos ávidos consumidores de coca cola, sanduíches da rede McDonalds, transgênicos da Monsanto, remédios dos laboratórios que montam pandemias como a gripe suína para auferir lucros fantásticos. E Colgate para os dentes brilharem até na hora que o distinto ou distinta estiver espirrando com sinais de gripe suína. É isso o que querem, é esse o papel que cumprem. O caráter “religioso” da rede de Macedo não difere do da GLOBO. É a religião do consumo. Das legiões de zumbis. Uns fascinados com o “bispo” do “dá ou desce”, outros com os heróis de Pedro Bial no bordel em casa, o BBB. São iguais, rato comendo rato. donos do mundo, como se beneficia disso, gerindo um impeiro dos fio norte-americano.
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