Flórence Couto
Mesmo no cargo por força de uma liminar e ainda com o risco de perder o cargo, o prefeito de Ipatinga, no Vale do Aço, Sebastião Quintão (PMDB), resolveu ontem quebrar o silêncio sobre a situação política na cidade e, em entrevista exclusiva a O TEMPO, demonstrou confiança na aprovação da população e também no desfecho do imbróglio político travado entre ele e Chico Ferramenta (PT).
"Não há nenhuma chance de outra eleição acontecer. É uma hipótese jurídica absurda", afirmou ontem o prefeito, que mesmo tendo tomado posse, ainda está tentando provar que não utilizou dinheiro público durante a campanha eleitoral.
Processo. No fim do ano passado, o Ministério Público Eleitoral (MPE) encaminhou uma representação contra o peemedebista à Justiça de Ipatinga. Em 15 de dezembro último, a juíza Maria Aparecida Grossi acatou a representação e tornou Quintão e o vice Altair Vilar (PSB) inelegíveis por três anos. Apesar das acusações, Quintão explicou que não teme perder o cargo e ainda afirmou que é comum um homem público ter processos na Justiça.
"Tenho um governo aberto e transparente. Em junho do ano passado, a Polícia Federal esteve aqui durante a operação João de Barro (que investigava desvio de recursos do PAC). Levou documentos e devolveu atestando que não houve qualquer irregularidade", lembrou o peemedebista.
O prefeito ainda aproveitou para alfinetar as manifestações promovidas por petistas na cidade. Segundo ele, ao contrário do que os organizadores dos eventos promovem, a população da cidade não apóia os atos públicos.
"Esses atos são feitos por manifestantes do PT, vindos de cidades como Valadares, Periquito, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Belo Horizonte, e não pela população de Ipatinga."
Minientrevista
Sebastião Quintão (PMDB) prefeito de Ipatinga
O outro candidato, Chico Ferramenta, diz que o senhor não poderia ter assumido porque foi acusado de abuso do poder político e econômico. Essas acusações procedem?
Todo homem público responde a processos. Isso é natural e vou mostrar que são acusações infundadas. Agora, quem foi condenado pela Justiça, em todas as instâncias e com processos transitados e julgados, é o ex-prefeito. Estou na prefeitura porque obtive a maioria dos votos válidos, conforme determina a legislação. Ou você acha que democracia é colocar no governo de uma cidade alguém que está com os bens bloqueados porque deu R$ 5 milhões a um jornal local, foi condenado a devolver R$ 26 milhões por uso indevido de verbas de convênios e ainda teve várias contas rejeitadas pela Câmara Municipal e tribunais de contas?
O senhor acredita que o Judiciário e o Ministério Público da região estão agindo com isenção?Eles estão fazendo seu trabalho. Se houver equívocos existem as instâncias superiores para corrigi-los.
Qual será sua estratégia de defesa em relação a essa condenação de primeira instância?
É simples, vou mostrar que as denúncias são infundadas. A verdade é sempre a melhor estratégia.
Pode haver outra eleição? Quem será seu candidato caso isso ocorra?
Não há chance de isso acontecer. É uma hipótese jurídica absurda. Ele (Ferramenta) já sabia que não podia se candidatar (teve registro de candidatura negado pela Justiça) e enganou a população. A cidade está em ordem, segura e feliz.
Quando serão definidos os secretários de educação e de serviços urbanos?
Eles já estão definidos e os nomes serão anunciados posteriormente.
Os moradores denunciaram que a cidade estaria abandonada. Quando os problemas serão resolvidos quando?
A verdade é que nossa equipe está toda trabalhando, todos os serviços estão sendo executados como sempre foram, respeitando os princípios da economicidade, da eficácia e da resolutividade. A cidade virou o ano com R$ 10 milhões em caixa, estamos com R$ 130 milhões em convênios aprovados, enfim. Só não vê que não tem interesse.
Ontem aconteceu a terceira manifestação a favor do Chico Ferramenta. O senhor acha que isso está influenciando a população?
Segundo a Polícia Militar, havia 200 pessoas na manifestação que o PT preparou. Esses atos são feitos por gente do PT vindo de outras cidades e não pela população de Ipatinga.
Fonte: O Tempo (MG)
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