Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
Resultou num fiasco a tentativa do PSDB em incriminar o PMDB, sob acusação de que o partido estaria distribuindo panfletos ofensivos ao candidato tucano Antonio Imbassahy com o CNPJ da legenda. Embora a juíza Márcia Denise Mascarenhas, da 20º Zona Eleitoral, tenha concedido liminar favorável ao PSDB com ordem de busca e apreensão do material, que supostamente estavam alojados na sede do PMDB, nada foi encontrado. De acordo com o presidente do partido, Lúcio Vieira Lima, a resposta já foi dada. “Estiveram aqui e nada encontraram. A não ser uma sede organizada e com propostas de campanha respaldadas pela manifestação do povo. O que, sem dúvida, incomodou. Mas, isso não nos preocupa. Afinal, teremos o horário eleitoral gratuito para mostrarmos as diferenças e não através de estratégias como esta”, destacou, reiterando que o partido tucano quer transformar uma manifestação popular legítima em “picuinhas políticas”. Uma próxima visita, segundo Lúcio, pode, inclusive, ser agendada em contato direto com ele, sem a necessidade de recorrer à Justiça. “Até porque o tratamento dispensado aos oficiais de justiça, que chegaram elogiar a polidez dos nossos funcionários, pode ter rendido alguns votos a João Henrique”, ironizou. Para o advogado da coligação “Pra melhorar Salvador”, Ademir Ismerin, apesar do deferimento da busca e apreensão ter demorado e, conseqüentemente, ter perdido o efeito. Do ponto de vista da moralidade da eleição, foi positivo. “Já que propagandas negativas do tipo não serão mais feitas por esta e nem por nenhuma outra coligação, mas sim, como a eleição determina”, enfatizou, esclarecendo que a propaganda teria sido distribuída na ocasião do jogo do São Paulo e Vitória nos arredores do Barradão. “Daí, entramos com representação e pedimos que o partido depositasse em juízo o restante do material, assim como solicitamos a busca e apreensão, mas a juíza acabou por não deferir a busca, apenas o depósito em juízo, contestado por eles, sob alegação de que o CNPJ foi usado indevidamente. Passado todo esse processo, cerca de um mês, só então, nosso pedido de busca foi deferido, o que acabou inviabilizando seu efeito”, explicou. (Por Fernanda Chagas)
Infarto mata José Raimundo em plena campanha
Dor e comoção marcaram, ontem à tarde, o sepultamento do ex-vereador de Salvador, José Raimundo Santos (PTC), no Cemitério Jardim da Saudade. Aos 58 anos, completados no dia 15 de julho, e em plena campanha na tentativa de voltar a Câmara Municipal, o ex-vereador e líder comunitário Zé Raimundo, como era conhecido no meio político, foi vítima de um infarto fulminante, quando visitava o bairro da Boca do Rio, sua base eleitoral. Recentemente, ele havia sido internado no Hospital Português por causa de graves complicações de saúde. No entanto, liberado pelos médicos passou a dedicar-se com afinco à política, o que segundo a avaliação do amigo e neurologista Antonio Andrade Filho, associado aos seus problemas de hipertensão e diabetes, pode ter resultado no infarto. Autoridades, como o prefeito João Henrique (PMDB), o presidente da Câmara dos Vereadores, Valdenor Cardoso, assim como demais vereadores e secretários municipais, estiveram presentes na cerimônia para prestar a última homenagem ao ex-vereador, que chegou a exercer três mandatos. Para o prefeito João Henrique a notícia da morte foi recebida com grande pesar. “Figura emblemática da política baiana, o ex-vereador teve sua luta política marcada pela defesa dos interesses dos habitantes de Salvador e, em especial, das demandas dos moradores do seu bairro do coração, a Boca do Rio. Ele deixa saudades entre todos que o conheceram e uma lacuna no cenário político da cidade”, lamentou. De Brasília, onde cumpre agenda parlamentar, o deputado ACM Neto (DEM), assim como o prefeito, lamentou o falecimento do ex-vereador e líder comunitário José Raimundo. “Quem mais vai sentir a perda são os moradores do bairro da Boca do Rio, que encontravam em Zé Raimundo um representante que gostava de servir ao povo e fazer política”, declarou Neto, ressaltando que “infelizmente” não pôde comparecer ao enterro, por conta das atividades em Brasília. O presidente da Câmara decretou luto oficial por três dias (as bandeiras da Bahia, Salvador e da Câmara ficam hasteadas a meio pau, no Paço Municipal) e enviou Moção de Pesar em nome de todos os 41 vereadores à família de José Raimundo. “Ficamos todos tristes, principalmente porque José Raimundo demonstrava entusiasmo em retornar ao Poder Legislativo e alegria pela vida. É uma perda para todos nós”. O diretor-presidente da Tribuna da Bahia, Walter Pinheiro, disse que teve “ o privilégio de ver José Raimundo afirmar-se tanto em termos pessoais como nos meios políticos. “ O conheci desde os tempos em que ele se dedicava às suas atividades humildes e, a partir daí, descobri, a sua vocação para ajudar a comunidade, enveredando pelo campo político. Seja como militante, como candidato, como mandatário, Zé Raimundo sempre soube dedicar-se com empenho as missões recebidas. E as manifestações observadas no seu sepultamento (ontem) permitiram concluir que, ao contrário de muitos, ele nunca precisou de um mandato para constituir-se numa autoridade”. (Por Fernanda Chagas)
Adeus, amigo Zé!
* Paulo Roberto Sampaio - Diretor de Redação Há figuras que passam pela vida e deixam sua marca pelo saber, pelo quanto ilustre foram, pelo poder político que concentraram ou pelos milhões de reais ou dólares que ganharam ou acumularam. Zé Raimundo contraria todos esses perfis. Ele entra para a história como o maior colecionador de amigos que já vi em vida. No bolso podia não ter um real, os bancos da escola continuariam virgens se dependessem do seu acento, os letrados e eruditos se arrepiariam com sua insipiente cultura, mas Zé não precisava nada disso para ser querido. Sua casa era simples, mas vivia de portas abertas. Por lá misturavam-se diariamente homens engravatados e gente simples, advogados, meritíssimos juízes, delegados, empresários graduados, políticos de todos os partidos, publicitários e jornalistas. Todos se encostavam num canto qualquer, disputavam até o acanhado corredor, na saída do elevador, atraídos por uma figura simplória, quase rude, mas a mais verdadeira que já conheci. Com Zé não tinha conversa mole nem duas caras. Se gostava, era capaz de tudo por um amigo. Se desgostava, pobre de quem caia em sua língua. De crápula a cafajeste, passando por ladrão e mais o que lhe viesse à cabeça, até onde seu limitado, mas rico vocabulário popular permitisse avançar em adjetivos nada qualificativos, ele se incumbia de outorgar a inditosa figura uma pecha. Verdadeiro, era transparente até demais. Muitíssimo bem informado, agia tal qual um velho padre nos bons tempos de confessionário. Ouvia tudo e a todos, guardava o que lhe interessava e o resto passava adiante. Sempre com uma pitada de bom humor ou irreverência, condições que lhe fizeram folclórico, mas respeitado. A volta à Câmara Municipal era seu sonho, mas nada que o fizesse perder o sono. Seu modesto apartamento na Vitória bem podia ser uma filial da casa do povo e nenhum espaço nesta cidade melhor mereceria esta definição. E com ele de presidente, secretário, relator de todas as comissões. Com quorum suficiente, a cada dia, para aprovar ou derrubar qualquer proposta indecente que por lá aparecesse. Ontem Zé saiu para fazer o que mais gostava. Foi fazer política, junto ao seu povo, na Boca do Rio. Caminhou por entre ruas e becos, mas dessa vez não foi longe. Uma dor forte no peito o abateu no meio da rua. Se lucidez teve no último suspiro deve ter dito a si mesmo, com a irreverência que jamais abandonou: estou indo feliz, fazendo o que queria e junto do meu povo. Vai amigo Zé, você vai deixar saudades.
Candidatos recorrem para conseguir registro
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recebeu quatro recursos de candidatos que tentam obter registros de candidatura, anteriormente indeferidos em primeira instância. São dois candidatos a vereador, um para prefeito e outro para vice. Antonio Oscar Laurindo, candidato a prefeito de Imbuia, em Santa Catarina, teve o registro negado por inelegibilidade devido à rejeição de suas contas no exercício de 2001, quando era prefeito do município. Já Marcos Antonio Lehmkuhl tenta obter o registro de vice-prefeito de Ituporanga, também em Santa Catarina. Lehmkuhl está com pedido de registro indeferido porque o partido que integra a sua coligação indicou outro candidato para concorrer ao mesmo cargo.
Municípios fiscalizados pela CGU têm graves irregularidades
O ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) reconheceu ontem que ao menos 20% dos municípios fiscalizados pela CGU no país apresentaram irregularidades “graves” na gestão dos recursos públicos. Hage responsabilizou o Poder Judiciário pela demora na aplicação de punições aos municípios onde há fraudes e ações de corrupção. “O governo federal já demitiu mais de 1.700 agentes públicos por improbidade nos cinco primeiros anos. Há ainda sindicâncias em andamento. Todo mundo sabe qual é o problema, que são as leis processuais que permitem a um bom advogado não deixar um processo ser concluído em menos de 10 ou 20 anos. Os corruptos são os que podem pagar os melhores advogados”, criticou. Entre os municípios que registram irregularidades “médias”, segundo Hage, o índice chega a 70% do total de cidades fiscalizadas pelo governo. A principal fonte de desvios, de acordo com o ministro, está em ações de corrupção encontradas em todo o país. “Eu diria que o dinheiro deixa de cumprir sua finalidade apenas nos casos em que há irregularidade grave, que há desvio e corrupção. Deixa-se de realizar a obra ou objeto do convênio ou deixa de chegar a merenda escolar dos alunos porque o dinheiro foi desviado”, disse. Hage afirmou que nas regiões “politicamente mais atrasadas”, nos “grotões” do Nordeste, Norte e Centro Oeste, o índice de irregularidade nos municípios é maior. Segundo o ministro, a CGU aplica como punição aos municípios em que as fraudes são identificadas o ressarcimento aos cofres públicos —mas admitiu que, na prática, a penalidade acaba não aplicada na maioria das localidades. “O índice de retorno é muito baixo porque a CGU manda a auditoria para o TCU [Tribunal de Contas da União], que tem competência para buscar o ressarcimento, mas não pode exigir a tomada do bem ou do dinheiro. O tribunal tem que mandar a cobrança para as Procuradorias, que recorrem ao Judiciário. Aí, entramos na tragédia de execução para cobrança de dívidas.”
Fonte: Tribuna da Imprensa
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