BRASÍLIA - O delegado Rodrigo Levin informou ontem aos membros do Conselho de Ética da Câmara estar convencido de que o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, recebeu propina, lavou dinheiro de origem ilegal e estaria diretamente envolvido com a quadrilha, desmantelada pela Operação Santa Tereza, que desviava recursos do BNDES para municípios. "Propus que pegassem na Justiça cópias dos autos na íntegra. Todas as provas estão lá e cada um as interpreta como quer", disse o delegado à saída.
Levin se recusou a comentar com a imprensa sobre o conteúdo do depoimento ou dados do inquérito, que corre em segredo de justiça. Mas informou que o relatório conclusivo sobre envolvimento de Paulinho estará pronto hoje e deve chegar ao STF na próxima semana. Nele, o delegado reforçará os indícios, já apontados no relatório preliminar da Operação e deve sugerir ao STF e ao Ministério Público que o deputado seja processado por crimes financeiros, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A comissão tem 15 membros e a maioria esmagadora é favorável a Paulinho. Mas seu parecer é apenas indicativo e caberá ao plenário decidir se o aprova ou arquiva o processo de cassação do deputado por quebra do decoro. As investigações mostram que Paulinho tinha ligações com uma quadrilha, integrada lobistas, empresários e servidores públicos, que desviava recursos do BNDES.
O grupo, desbaratado em abril passado, teria atuado em projetos para cerca de 200 prefeituras. O relatório preliminar aponta que Paulinho era um dos beneficiários da partilha do dinheiro desviado de alguns desses contratos. A PF encontrou provas de que parte da propina foi embolsada por assessores do deputado e parte pela ONG Meu Guri, dirigida pela mulher dele.
Telefonemas entre membros do grupo, interceptadas com autorização judicial, comprometem seriamente o deputado. Numa delas, o lobista João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado, negociou projetos em nome de Paulinho no Ministério dos Esportes. Levin também confirmou haver provas de que o mesmo Moura fez repasses para a Meu Guri. "Querem provas mais fortes do que essas?", indagou o delegado em resposta a um dos inquisidores.
Propensos a inocentar o colega, vários deputados do Conselho fustigaram o delegado por cerca de quatro horas com perguntas embaraçosas, por vezes beirando a hostilidade. A maioria considerou "fracas" as provas produzidas pela PF contra Paulinho e alguns reclamaram da "falta de novidades". O delegado insistiu que as provas existem e só não as vê quem não quer. "Respondi tudo o que me perguntaram", afirmou.
O ambiente propício à pizza levou o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) a deixar a sessão antes do final, inconformado. "Estamos aqui para discutir quebra de decoro, não num tribunal de júri", disse Biscaia, explicando que a função do Conselho é julgar a conduta política do parlamentar e os danos dos seus atos à imagem da Casa. "Para o Conselho de Ética, os elementos de prova não são os mesmos de uma conduta de crime", protestou ele, à saída.
A sessão começou com um bate-boca entre o presidente do Conselho, Sérgio Moraes (PTB-RS) e membros, por conta de declarações à imprensa. Ele defendeu a extinção do Conselho por entender que é desconfortável julgar colegas e que essa tarefa deveria ser da Justiça.
"Cada vez que vossa excelência fala é um desastre para nós", criticou o deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MS), para quem, o que se discute na Casa não é questão de Direito, mas de ética. "Vossa excelência deveria ficar calado", censurou. "Foquem nele, ele quer holofotes", devolveu Moraes, dirigindo-se aos cinegrafistas presentes. Segundo o presidente, o que os seus críticos queriam eram simplesmente aparecer para a mídia.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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