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terça-feira, junho 19, 2007

Auschwitz à brasileira: Estado apodrecido e corrupção endêmica

Por Wellington Fontes Menezes 19/06/2007 às 03:24
A corrupção endêmica e a violência desmedida são deletérias deformações de um sistema socioeconômico falido. O Estado brasileiro abriu mão de qualquer projeto que unisse a economia com o social, buscando uma autonomia política e desenvolvimento econômico descentralizado. O resultado é uma sociedade cada vez mais egocêntrica, centrada no medo, disparidade econômica, pobreza alarmante e segregação social.
No Brasil a expressão relacionada ao fundo do poço não é apenas mera metáfora vazia, mas uma condição existencial da estagnação do Estado. A cada momento e por mais otimista que possa ser a ótica da analise, mais traz preocupação os dados empíricos da realidade. Os números impressionam: 90% das delegacias paulistanas receberam ou recebem dinheiro proveniente de propinas somente para policiais fazerem ?vistas grossas? dentro do esquema milionário de caça-níqueis. Trocando em miúdo, delegados, investigadores e agentes policiais são tão cúmplices do mega-esquema de contravenção quanto os próprios gerentes mafiosos. A fonte é da Agência Estado é resulta da apreensão de documentos de um dos articuladores da máfia dos caça-níqueis. Novidade em percentual tão alarmante? A resposta presumida: não! Os números da agenda encontrada por um setor não-podre da polícia de posse de um dos mafiosos dão uma dimensão gritante que o Estado brasileiro está moribundo. Não existem parâmetros confiáveis para atestar dados históricos da corrupção dentro da esfera da segurança pública, mas é sabidamente conhecido que a promiscuidade e a corrupção no interior das delegacias de polícia poderiam beirar desde os tempos paradisíacos de Adão e Eva (caso existisse algum agente policial para enquadrar a serpente que corrompeu o Paraíso). A questão que se debate não é o simples fato de ter ou não corrupção dentro da polícia, mesmo porque é uma questão já superada. Infelizmente hoje, quem é o portador de suas faculdades mentais e um simples cidadão entra em uma delegacia de polícia e espera sinceramente que seu caso seja atendido com êxito? Fazer boletim de ocorrência de algum infortúnio da vida não é mais uma obrigação para fazer valer seus direitos, apenas um mero casuísmo caso haja paciência ou necessidade formal de um simples registro burocrático. Mas diante de todo o fosso da segurança pública, o fundamental é identificar o tamanho do lastro que a corrupção contaminou os seus setores. Não adiantam passeadas angelicais de pedidos de Paz ou atividades circenses que beiram ao desespero. A questão é muito mais profunda. Não adianta ter a varinha de condão e invocar num passe de mágica as forças do exército como a panacéia para a segurança pública. A questão se afigura quando se percebe o tamanho da corrupção e diluição institucional dentro das polícias. Corrupta, atabalhoada, descentralizada, ineficiente, pessimamente equipada, policiais com salários irrisórios... A lista do sucateamento da segurança pública não pára por aqui. A violência nutre-se de forma endógena de mais violência, um moto-contínuo sem piedade numa verdadeira espiral de destruição da sociedade e dos ornamentos institucionais. Diante deste calabouço, o Estado brasileiro não é apenas ineficiente e corrupto, é autofágico. A autofagia que destrói os alicerces básicos da constituição orgânica minimamente civilizada. As profundas chagas derivadas da secular disparidade social criaram bolsões de miséria sem lei ou algum alentador futuro. A polícia e sua decadência como poder público é apenas mais um reflexo da diluição do Estado. Aliado à decomposição da educação pública e do sistema de sanitário e de saúde, os serviços básicos da teia social se fragmentaram. Tal reflexo atinge diretamente o estágio de esfacelamento e morbidade que se ergue exponencialmente, ano após ano, e sem nenhuma perspectiva de mudança a qualquer tipo de prazo. Possivelmente o exemplo mais emblemático do esfacelamento do Estado repousa angustiadamente no garoto maltrapilho vendedor de balas (quando não passam de uma mera forma desesperada de pedir esmola) nos faróis dos grandes centros urbanos. A sociedade se tornou em um emaranhado de seres ziguezagueantes forjado com uma índole de granito insensível, pustulento e grotesco. É o preço caríssimo da diluição da esfera pública. Nosso desenvolvimento capitalista é bastardamente senil. Um monstro tão atípico que ora tem números econométricos de uma Suécia, ora é imerso em um misto apodrecido da Faixa de Gaza e Somália. A corrupção não é privilégio de nenhuma sociedade. No caso brasileiro, a corrupção é enraizada, endêmica e faz parte do útero de uma economia subterrânea. As mazelas são inúmeras, conhecidas e alarmantes. Policiais que ganham salários ridículos, uma estrutura podre que é um verdadeiro convite ao crime e que parte para a propina como engorda de seus soldos. O sistema de transporte privatizado que somente sobrevive alicerçado sobre uma máfia que arregimenta um expressivo número de trabalhadores na mais total informalidade. Cassinos sob a fachada de bingos lavam e secam dinheiro sujo e patrocinam o narcotráfico. Agentes do Departamento de Trânsito (DETRAN) em conluio com auto-escolas que vincula a aprovam alunos nos exames mediante liberação de propina de R$ 300,00 por aluno (em valores atuais). Sistema judiciário míope e cínico que privilegia quem pode corromper mais o juiz ou pagar um advogado não tão ruim. A política do superfaturamento de orçamento público e o desvio de verbas em todas as esferas do governo como a única finalidade básica do "homem público": o famigerado enriquecimento ilícito e a política se metamorfoseando um mero espetáculo eleitoreiro. No submundo da economia do ilícito, tráfico de drogas, armas, mulheres e toda sorte de falcatruas sempre contanto com a participação de agentes do Estado em suas operações e organizações cada vez mais coesas e produtivas. A lista novamente é grande e o espaço para a escrita é ínfimo. O grau de destruição do Estado não espanta apenas pela dimensão, mas, sobretudo a falta de visão política de reconstrução do Estado. O espectro político da direita à esquerda não trouxe novidade alguma em suas práticas. Sejam tucanos neoliberais ou petistas do lulismo neoliberal, a agonia pelo imediatismo do voto e o sangue do poder enegreceram suas práticas políticas. Após o regime militar, sucessivos governos ditos "democráticos" não trouxeram grande mudança no atual quadro social brasileiro. Algum número com manipulação de resultado podem até aliviar a miséria, mas não a elimina. Vinte e cinco anos de severa timidez econômica (média anual quase nunca passando de 4% de crescimento do PIB) aliada à diluição assustadora da ordem social produziram uma modernização excludente que primou pela violência, aglutinação conservadora e segregacionista, além de estampar o esgotamento de um modelo social falido. Nosso desenvolvimento capitalista é bastardamente senil. Um monstro tão atípico que ora tem números econométricos de uma Suécia, ora é imerso em um misto apodrecido da Faixa de Gaza e Somália. A corrupção não é privilégio de nenhuma sociedade. No caso brasileiro, a corrupção é enraizada, endêmica e faz parte do útero de uma economia subterrânea. As mazelas são inúmeras, conhecidas e alarmantes. Policiais que ganham salários ridículos, uma estrutura podre que é um verdadeiro convite ao crime e que parte para a propina como engorda de seus soldos. O sistema de transporte privatizado que somente sobrevive alicerçado sobre uma máfia que arregimenta um expressivo número de trabalhadores na mais total informalidade. Cassinos sob a fachada de bingos lavam e secam dinheiro sujo e patrocinam o narcotráfico. Agentes do Departamento de Trânsito (DETRAN) em conluio com auto-escolas que vincula a aprovam alunos nos exames mediante liberação de propina de R$ 300,00 por aluno (em valores atuais). Sistema judiciário míope e cínico que privilegia quem pode corromper mais o juiz ou pagar um advogado não tão ruim. A política do superfaturamento de orçamento público e o desvio de verbas em todas as esferas do governo como a única finalidade básica do "homem público": o famigerado enriquecimento ilícito e a política se metamorfoseando um mero espetáculo eleitoreiro. No submundo da economia do ilícito, tráfico de drogas, armas, mulheres e toda sorte de falcatruas sempre contanto com a participação de agentes do Estado em suas operações e organizações cada vez mais coesas e produtivas. A lista novamente é grande e o espaço para a escrita é ínfimo. O grau de destruição do Estado não espanta apenas pela dimensão, mas, sobretudo a falta de visão política de reconstrução do Estado. O espectro político da direita à esquerda não trouxe novidade alguma em suas práticas. Sejam tucanos neoliberais ou petistas do lulismo neoliberal, a agonia pelo imediatismo do voto e o sangue do poder enegreceram suas práticas políticas. Após o regime militar, sucessivos governos ditos "democráticos" não trouxeram grande mudança no atual quadro social brasileiro. Algum número com manipulação de resultado podem até aliviar a miséria, mas não a elimina. Vinte e cinco anos de severa timidez econômica (média anual quase nunca passando de 4% de crescimento do PIB) aliada à diluição assustadora da ordem social produziram uma modernização excludente que primou pela violência, aglutinação conservadora e segregacionista, além de estampar o esgotamento de um modelo social falido. Não existe progresso com exclusão e tampouco desenvolvimento amparado por grotescos bolsões de miséria. São termos antípodas e não permitem enjaula-los numa mesma conjectura socioeconômica. A diluição da política se constrói no espaço assimétrico do estrangulamento econômico. Não podemos se contentar com ilhas de progresso fortuito cercadas por famélicos e subempregados aglomerados nas senzalas pós-modernas. Atualmente, cerca de 40 milhões de brasileiros sobrevivem em situação crítica, ou seja, situados na linha de pobreza. Como justificar tamanha violência dos centros urbanos somente pela linha de raciocínio simplista e fascista onde basta colocar tanque de guerra, porrada, cacete e cadeia que os problemas se resolvem num passe encantado de pura mágica fascista. A corrupção policial não é a causa da explosão de violência crescente das últimas décadas, mas o sintoma avassalador do modelo falido de visão governamental. A política sucumbiu as ordem e matrizes econômicas. O Estado quando existe tornou-se apenas para atender alguns desejos da ordem capitalista. E outras palavras, o Estado quando funciona sucumbe sua autonomia política e reduz a sua ação apenas para a manutenção da ordem. Essa ordem se traduz na não-perturbação do fluxo do grande capital e, seguindo esta natureza, a ação estatal se limita a não permitir a criação de obstáculos para a sua circulação. Segregar contingente populacional inteiro em guetos significa que essas pessoas não têm mais importância num modelo capitalista cada vez mais autônomo de trabalhadores. A violência se acirra com amplitude da agonia proveniente da exclusão e miséria. O permanente estado de beligerância do Rio de Janeiro é mais um monstruoso exemplo que o poder do Estado não mais existe e pouco se faz presente no espaço social. Substituindo macabramente o papel estatal, quadrilhas paramilitares assumem o papel eclodindo em ondas intermitentes de caos e guerrilha urbana. A questão de São Paulo e as suas gangues organizadas dentro de presídios com participação de advogados e agentes públicos, já cometem ondas de violência explícita sem paralelos na história recente do estado e também reforçam as raízes da diluição do poder estatal. A corrupção da segurança pública é mais um detalhe pertinente na latrina regurgitada do caos que o descaso e a irresponsabilidade de uma elite perversa, cega e inconseqüente fizeram apodrecer este país. O caos é a contraparte da sociedade organizada. É dentro da sociedade que será a úncia bastilha para a possibilidade do resgate de uma ordem de valores possíveis para que a prática da política se erga contra a ditadura da ordem econômica. Não podemos apenas se contentar em uma caricatura medíocre e assassina de cidadania: ?consumo, logo existo?! E preciso recuperar a idéia de sociedade com espaço socializável dos seres humanos e não apenas os muros dos condomínios fechados do apartheid brasileiro. Quanto mais os habitantes de uma sociedade se refugiar na utopia egocêntrica na tentativa de ser proteger em vão da adversidade do caos, mais estará contribuindo para a construção de um mundo segregado, hostil e violentamente mórbido. Uma espécie de ?solução final? (Endlösung) tupiniquim em alusão à nefasta e megalomaníaca política do Estado nazista. Com miopia avassaladora, exaltação extrema do individualismo e a segregação social certamente serão os caminhos para a trágica consolidação do nosso Auschwitz à brasileira.
Email:: wfmenezes@uol.com.br URL:: http://wfmenezes.blog.uol.com.br/
Fonte: CMI Brasil

O Senado mutilado!

Historicamente, qualquer que seja sua origem e seu tamanho, os agentes de corrupção política - caso não sejam combatidos pela sociedade - acabam transformando o Estado em uma “cleptocracia”. Esta palavra de origem grega significa literalmente: Estado governado por ladrões.A frase anterior nos leva a uma reflexão do quanto as instituições brasileiras estão deterioradas e o que é pior: nada deverá acontecer se depender da vontade da banda podre da política, que é desproporcionalmente majoritária.Até quando suportaremos tamanha vergonha? Até quando aceitaremos no aconchego de nossa apatia o mar de lama que domina o Congresso Nacional e suas principais lideranças?Será que somos nós que queremos mesmo sermos enganados e tratados como marionetes idiotas, enquanto eles corroem as entranhas da Nação,mergulhando-a no charco da indignidade?O que assistimos hoje (18.06) no plenário da Comissão de Ética(sic) do Senado Federal foi uma aberração chula e horripilante, ferindo de morte a democracia, a cidadania e alma do cidadão brasileiro. Um circo armado com um picadeiro imoral e sem graça, com o show pronto ne ensaiado para arrancar a fórceps a intolerável inocência do senador Renan Calheiros.O plenário preparado não teve oposição de propósito. As falsas lideranças oposicionistas sumiram por medo, ou o mais provável por negociações espúrias, o que é profundamente lamentável.Era um espetáculo de governistas. Todos se igualaram no charco da barganha e da verocidade do interesse particular. Talvez no medo de cada um em não poder provar sua própria inocência mais na frente. Éra o retrato do Congresso que temos.O primeiro ato do dantesco espetáculo foi armado para desacreditar o advogado da jornalista Monica Veloso, Pedro Calmon Filho.Seguro, incisivo, fez graves e contundentes acusações. Foi provocado por senadores histéricos, mas não se dobrou.Só que ninguém alí queria ouvi-lo. A ordem era a sua destruição para salvar Renan. E assim foi feito. O Brasil inteiro acreditou em suas versões. Os senadores não, pois o script não dizia assim.
Levaram de contrapeso o advogado de Renan Calheiros, Eduardo Ferrão, que está mais para cantor de opereta bufa do que para qualquer coisa.Tudo ensaiado, até sua dispensável presença. O presidente fez o jogo combinado e deu-lhe a palavra. Disse as mesmas asneiras de sempre, mas teve a aprovação dos presentes. Era isto o combinado, era esse o jogo sujo.Por fim o último e hipócrita dos atos: o lobista e mensageiro de Calheiros, Cláudio Gontijo. Repetiu todas as esdrúxulas conversas ensaiadas com o “xerifete” Romeu Tuma. Fez a lição direitinho e por pouco não ganhou beijos de congratulações. Foi louvado por sua “retidão”, sua “amizade” e sua “dedicação” ao super Renan. Pelos predicados anunciados é forte candidato a senador mais tarde.A sessão teve lances circenses e dignos do Fabeapá, do nosso imortal Stanislaw Ponte Preta. A começar pelo presidente, Sibá Machado, que se nomeou relator e como sempre fez de sua verborragia acreana um desfile de asneiras e tropeços linguísticos. Mas, estava ali para cumprir um papel, e pronto. Teve Almeida Lima ( o chato), Gilvan Borges e Valter Pereira, todos do PMDB de Renan. Os três não sabiam o que diziam, mas sabiam muito o que queriam.O Brasil queria ouvir Arthur Virgilio, Heráclito Fortes, Jefferson Péres, Pedro Simon, José Agripino, Mão Santa, Jarbas Vasconcelos. Será que não foram avisados da reunião? Que maldade com os nossos arautos da moralidade.O Brasil deve estar indignado e ficará mais ainda nos próximos capítulos.Chega-se a acreditar que os nossos principais agentes públicos estão empurrando o Brasil para a temerária fase da “cleptocracia”, o que é muito perigoso. Quando se chega a este nível restam poucas alternativas aos cidadãos que podem buscar a solução no cesarismo, ou a tomada de atitudes pela força buscando o indesejável apoio dos militares, como tem acontecido na América Latina, Ásia e África. Não é isso que queremos, mas também não é isto que está ai que merecemos.
Fonte: prosa&polica

A Hora é Essa

Por Giulio Sanmartini
O malfadado caso Renan Calheiros está na situação que quanto mais se meche, mais aumenta a fedença da merda (desculpem a palavra, mas não tem outra). O senador como é óbvio, sabe que mente, sabe que quase todos não desconhecem o fato de ele estar mentindo, mas joga o jogo sujo da intocabilidade.Faz todas as patifarias que tem direito: inventa gado, compradores e recibos. Ele se vale da certeza que os senadores que fazem parte de sua cupincharia lhe serão coniventes, assim vai empurrando com a barriga a picaretagem até o gavetão onde se arquiva a impunidade.Alega que é caluniado, mas não move uma palha contra a revista Veja, o jornal Correio Brasilienze e o televisivo Jornal Nacional, não está tendo a coragem de sua ex amante Mônica Veloso, que acusada de chantagista, por carta informou que entrará com ação no Supremo Tribunal Federal contra Renan para que ele confirme ou negue se em algum momento tenho dito ter sido vítima de chantagem por parte dela.A patota de senadores que corporativistamente querem absolver o aético presidente da casa, tentaram, de forma primária, intimidar o advogado de Mônica, mas receberam respostas a altura e calaram-se. Os senadores pró arquivamento, Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e Romeu Tuma (DEM-SP) ou perceberem que a jiripoca vai começar a piar, espertamente tiraram seus times de campo, alegando uma conveniente doença.Enquanto isso o Senado da República vai desmoronando e apodrecendo como instituição, por ter na presidência um elemento torpe como Renan Calheiros.Nesse momento, nessa situação, urge que ele seja apeado do cargo, não somente por uma questão de moral, mas de Segurança Nacional, pois coloca em perigo a ordem política e social da nação.O país exige: FORA RENAN!
Fonte: prosa&politica

A tirania da retidão

Adriana Vandoni (*)
A história nos conta que no ano 62 a.C., durante os festejos da “boa deusa”, era realizada uma festa com acesso reservado às mulheres. Durante o evento, Pompéia, a jovem mulher de Júlio César, foi pega em uma armadilha. Publius Clodius, um jovem rico e audacioso, encantado pela beleza de Pompéia, se vestiu de mulher e entrou na festa com o propósito de se aproximar dela. Porém, a mãe de Julio Cesar descobriu antes que Pompéia tomasse conhecimento do fato. César divorciou-se de Pompéia, que ficou mal falada por toda Roma.Chamado a depor, César, ao perceber que o povo estava contra ele, surpreendeu a todos ao dizer que não sabia de nada entre os dois. Um dos senadores então perguntou: - “Então por que se divorciou da sua mulher?”; e César respondeu: - “À mulher de César não basta ser, terá que parecer”.Dois mil anos depois a frase de César ainda vale para qualquer situação em que esteja implicada retidão de comportamento e decência de atitudes. Daí vem o clichê que pode parecer piegas, mas não é, de que uma atitude pode ser legal, mas é imoral. Não é piegas, principalmente nos dias de hoje em que o Brasil vive um verdadeiro caos moral, afinal, comportar-se de forma ética é seguir além das regras, é seguir princípios e agir dignamente. A transparência cobrada dos agentes públicos está exatamente no que César cobrava de sua mulher: não basta ser, deve parecer. O gestor deve estar acima de qualquer suspeita e para permanecer assim, deveria partir dele a iniciativa de esclarecer atos que possam comprometer sua honra. É, a honra tem valor!, para uns. E para os que a prezam, esse valor é imensurável.Esta semana o BNDES aprovou um financiamento de R$ 360 milhões para a construção de um parque gerador de energia elétrica, localizado no rio Juruena, entre os municípios de Sapezal e Campos de Júlio, ambos no Estado de Mato Grosso, conforme encontra-se no seu site. As 5 PCHs - Pequenas Centrais Elétricas, que receberão o reforço financeiro do BNDES são: PCH Cidezal - R$ 63 milhões; PCH Parecis - R$ 62 milhões; PCH Rondon - R$ 51 milhões; PCH Sapezal - R$ 64 milhões; PCH Telegráfica - R$ 120 milhões.As cinco fazem parte do Consórcio Juruena, que foi composto em dezembro de 2002 pela Linear Participações e Incorporações, pela MCA Engenharia e Barragem e pela Maggi Energia S/A. Esta última, notoriamente, de propriedade do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi. Segundo consta, o grupo empresarial do governador ainda é partícipe do Consórcio.As cinco PCHs já possuem, de acordo com o BNDES, “Licença de Instalação. As obras associadas aos programas ambientais relacionados nas licenças contemplam, dentre outros, os programas de monitoramento e controle ambiental, conservação da fauna e flora, preservação do patrimônio arqueológico, comunicação social e gestão ambiental”. Autorizações dadas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do estado de MT, do qual um dos empresários interessados é o próprio governador.Todo o processo pode ser legal, embora sejam conhecidas as dificuldades que outros empresários estão enfrentando para obter essas mesmas licenças ambientais. Os trâmites desse processo que envolve os interesses de Blairo Maggi pode ter corrido normalmente, mas o silêncio como ele tramitou deixará sempre a dúvida de que ocorreu o uso do cargo público em benefício privado.A questão é que não pode pairar a suspeita de que o empresário Blairo Maggi tomou de assalto o estado de Mato Grosso e o usa para beneficiar seus interesses privados. De que, como governador age seguindo seus interesses empresariais e que como empresário, se vale de ser governador.Nossa história mostra dezenas, centenas, talvez milhares de casos onde atitudes canalhas foram realizadas por governantes em benefício próprio e em detrimento do povo. Blairo deve, em defesa da sua honra, mostrar que não fez uso pessoal do cargo que hoje ocupa.Se no Direito cabe à acusação o ônus da prova, na vida pública, pairando suspeitas e desentendidos, recomenda a moral de César que essa imposição se inverta.
(*) Adriana Vandoni - Site: www.prosaepolitica.com
Fonte: claudiohumbrto.com.br

Um congresso com a bunda de fora!

Pedro Oliveira (*)
“A corrupção, Senhores senadores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas”.
O texto acima é de autoria de Rui Barbosa e foi pronunciado em um de seus memoráveis discursos no Parlamento em 1914. Se saísse do pedestal que ampara o seu busto como patrono do Senado Federal e repetisse a frase, muitos dos senhores senadores entrariam em desespero. Não pelo fato de estarem vendo “fantasma”, mas por se sentirem atingidos em cheio diante das acusações nela contidas. Rui não está mais aqui para se envergonhar, mas preveniu os brasileiros do que lhes estaria reservado pelos políticos de hoje: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Definitivamente as instituições brasileiras desceram a ladeira da vergonha, tomaram os caminhos da hipocrisia e mergulharam no poço da indecência e da imoralidade.
Ouvia esta semana de um conhecido jurista a frase: “Urge que a ordem seja mantida e aqueles que a violam sejam punidos, dentro da lei. É assim que funciona um Estado Democrático de Direito. E é isso que a sociedade exige”. Infelizmente, na prática, não é isso que temos assistido nos últimos tempos. O que vemos é a degradação, a cada dia mais acentuada, da classe política brasileira, o convívio com o imoral e o ilegal. As mesas de negociações espúrias montadas nos gabinetes de deputados e senadores, os corredores do Congresso Nacional transformados em feiras livres de compra e venda de obras, emendas parlamentares, licitações fraudadas e todo tipo de crime contra o erário.O que encontramos hoje é um Legislativo vulnerável, enfraquecido pelas mazelas dos que o compõem, buscando a todo custo esconder culpados e jogar para debaixo do tapete a sujeira de muitos, pois sabem que a comprovação corrupta de alguns pode levar à capitulação de quase todos. Governo e oposição estão finalmente juntos.As provas estão ai escancaradas e levantadas pela Policia Federal.As verdades estão também expostas por amantes, lobistas, propineiros e documentadas em gravações que revelam a convivência pútrida das mais destacadas personalidades da política com as máfias da corrupção e do suborno explícito. As evidências saltam aos olhos: políticos que nasceram pobres, nunca tiveram uma anotação em sua carteira de trabalho, não ganharam em nenhuma loteria, não herdaram nenhuma fortuna e possuem hoje um patrimônio invejável, apenas no exercício da “profissão” que os fizeram milionários. Seria fácil provar, mas é difícil querer provar.Um Brasil atônito, mas apático, não espera que muita coisa aconteça diante do que já viu e ouviu. Um dos responsáveis por investigações gravíssimas já declarou que “não gostaria de condenar ninguém”, um outro diz “ não temos muito o que apurar, pois já ouvimos o suficiente” como se a verdade fosse a deles. De tudo isto pode não sair uma pizza, mas é bem provável que saia um café requentado, pois é isto o que pode nos oferecer uma “cafeteira” congressual. Apenas uma coisa nos conforta. Depois dos últimos episódios o Congresso está com os glúteos de fora e nada deverá ser como antes!
(*) Pedro Oliveira - é jornalista e presidente do Instituto Cidadão
pedrojornalista@uol.com.brwww.prosaepolitica.comwww.abcpolitico.com.br

Fonte: claudiohumberto.com.br

sábado, junho 16, 2007

A ética que vem do pasto

Conselho se esforça para poupar o presidente doSenado, enrolado com lobista, bois e recibos falsos
Otávio Cabral
Wilson Dias/ABR
Renan Calheiros: articulação com aliados para evitar processo de cassação
O Conselho de Ética do Senado deu na semana passada uma valiosa contribuição para consolidar a péssima reputação da classe política brasileira. Sem se preocupar em ao menos fazer de conta que pretendia investigar alguma coisa, o senador Epitácio Cafeteira, do PTB do Maranhão, concluiu que o presidente do Congresso, Renan Calheiros, não praticou atos que ferissem o decoro parlamentar ao utilizar os serviços de um lobista da empreiteira Mendes Júnior para pagar as despesas de uma filha durante quase dois anos. Cafeteira também não viu nada de mais no fato de esses serviços incluírem o empréstimo de um apartamento para encontros particulares e o uso do escritório da empreiteira como se fosse uma tesouraria de Renan Calheiros. O senador Epitácio também não detectou conflito algum no fato de o presidente do Congresso manter relações de amizade com um empreiteiro do calibre de Zuleido Veras, acusado de corrupção, formação de quadrilha e fraude em licitações. Se aprovada, a decisão de Cafeteira, além de constranger os políticos sérios, cria um novo e vergonhoso patamar ético no Parlamento. Qualquer senador pode sentir-se autorizado a receber um empreiteiro em sua casa, pedir-lhe um favor financeiro e, depois, compensá-lo com a apresentação de uma emenda ao Orçamento. Estará simplesmente seguindo a jurisprudência criada pelo senador Cafeteira.

Fotos Cristiano Mariz
As fazendas do senador em Alagoas: lucros excepcionais com a venda de gado para um lugar isolado pela febre aftosa
"A decisão de arquivar o caso ocorreu antes de a investigação começar. É um precedente perigoso, um convite à quebra de decoro", protestou o senador Demostenes Torres, do DEM de Goiás, um dos parlamentares que se insurgiram contra o relatório de Cafeteira. O que se viu no Conselho de Ética foi a montagem de uma farsa para absolver Renan Calheiros sem nenhuma investigação, e ela só não se concretizou ainda porque o custo político poderia ser impagável mesmo para o padrão daqueles senhores. Uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, fez o que a comissão não se interessou em fazer. Os jornalistas tiveram acesso aos recibos que o senador Calheiros apresentou para justificar a origem dos recursos que, segundo ele, foram usados para pagar a pensão da filha. Renan não conseguiu provar que o dinheiro entregue pelo lobista Cláudio Gontijo à jornalista Mônica Veloso, mãe de sua filha, saiu de suas contas pessoais e tenta convencer que tinha condições financeiras de fazer os pagamentos. Para comprovar pelo menos essa parte de sua versão, o senador apresentou 64 recibos atestando a venda de 1 700 cabeças de gado, que lhe rendeu cerca de 1,9 milhão de reais. Os documentos se assemelham a uma versão rural da famosa Operação Uruguai – a fracassada armação feita pelo ex-presidente Fernando Collor antes de seu impeachment.

Celso Junior/AE
Reunião do Conselho de Ética: encenação para livrar o senador Renan Calheiros de uma investigação rigorosa
Desde o início da semana, a operação Alagoas do presidente do Congresso já chamava atenção pelos valores envolvidos nas transações. Renan Calheiros declarou ganhos de 1,9 milhão de reais com a venda de gado nos últimos quatro anos, transformando o senador em um fenômeno da pecuária moderna. O estado de Alagoas está classificado como área de risco da febre aftosa e não pode vender 1 quilo de carne para além de suas fronteiras. Isso, é claro, fez o preço do boi cair e a produção minguar na região, exceto para o rebanho de Renan Calheiros, que conseguiu fazer negócios a valores bem acima dos de mercado. De acordo com as declarações de renda do senador, a maior parte de sua criação foi vendida a empresas de Maceió e até a uma da Paraíba, contrariando as determinações de segurança sanitária. A reportagem procurou os compradores dos bois de Renan Calheiros e descobriu surpreendentes indícios de fraude. A empresa Carnal, segundo documentos assinados pelo senador, comprou 127.000 reais em gado de sua fazenda. Em entrevista, o proprietário da empresa, João Teixeira dos Santos, diz que nunca fez nenhum negócio com o senador e que a empresa está desativada há tempos. Outra compradora do gado de Renan Calheiros, de acordo com os recibos assinados, é a empresa GF da Silva Costa. No endereço onde ela deveria funcionar mora uma família que nunca ouviu falar nem da empresa nem de seu dono.

Fotos reprodução
O outro lado da venda de gado: o gerente da fazenda de Calheiros disse ao Jornal Nacional que o rebanho é menor do que o anunciado e os "compradores" garantem nunca ter feito negócio com o senador
Os recibos parecem ter sido produzidos em série, num arquivo de computador. São assinados pelo senador Renan Calheiros e foram entregues ao Conselho de Ética acompanhados, em sua maioria, dos respectivos comprovantes de depósitos bancários. Entre as empresas compradoras do gado do senador, duas já foram multadas pela Secretaria da Fazenda de Alagoas por extravio de notas fiscais. Renan Calheiros disse que tem como comprovar que as transações efetivamente aconteceram e prometeu apresentar mais documentos. "Estão querendo sujar o nosso nome", protestou José Marcolino Neto, dono do supermercado Manaíra, em João Pessoa, que teria comprado 45 cabeças de gado do senador. "Desconheço esse negócio e esse recibo." Segundo Renan Calheiros, se houve algum problema nas vendas, a responsabilidade é do veterinário Gualter Peixoto, que cuida de suas fazendas em Alagoas. Peixoto não é um veterinário qualquer. Ele também é o chefe do setor do Vigilância Sanitária da prefeitura de Murici e tem como patrão Renan Calheiros Filho, o prefeito, filho do senador. O veterinário-marchand desapareceu na semana passada. Em Murici, funcionários da prefeitura informaram que ele dá expediente apenas na terça-feira, do meio-dia às 6 da tarde. As informações agropecuárias de Renan Calheiros foram desmentidas pelo próprio gerente de sua fazenda, Everaldo de Lima Silva. Segundo ele, pastam nas fazendas de Renan 1 100 bois, 600 a menos do que informou o senador.
Alexandre Schneider
A VEJA, Mônica Veloso confirmou que os pagamentos eram feitos pelo lobista em dinheiro
Na sexta-feira, o Conselho de Ética do Senado, que estava preparado para arquivar o caso, decidiu solicitar uma perícia nos documentos apresentados por Renan Calheiros. Foi o penúltimo ato de uma encenação que estava marcada para terminar naquele dia e que só não acabou por causa das novas suspeitas de fraude. Foi tudo tão escandalosamente armado que, nas últimas duas semanas, coube ao senador Renan Calheiros – ele mesmo, o investigado – a tarefa de avalizar a indicação dos membros do Conselho de Ética, discutir com aliados o nome do relator e usar sua influência para controlar o processo desde o início. Ninguém parecia constrangido em testemunhar Renan usando o cargo de presidente do Congresso para promover as articulações de sua própria absolvição. Na tarde de 30 de maio, por exemplo, cinco dias depois de publicada a primeira denúncia de que o lobista da Mendes Júnior pagava suas despesas pessoais, Renan se reuniu com o líder do governo, Romero Jucá, do PMDB, e com a líder do PT, Ideli Salvatti, para definir o nome do presidente do recém-indicado Conselho de Ética. Os dois partidos são donos das maiores bancadas e, por isso, têm a prerrogativa de indicar o presidente e o relator da comissão. Jucá – um raro exemplo de ética, principalmente quando o assunto é fazenda – sugeriu o nome do petista Sibá Machado para a presidência. Renan, de início, não gostou. Na cabeça do senador, por trás das denúncias havia uma conspiração de petistas querendo sua derrocada, e Sibá não estava na lista de seus convivas. Ideli Salvatti garantiu que Sibá faria tudo o que a cúpula do PT determinasse. Renan concordou.
Joedson Alves/AE
Jader Barbalho: o conselheiro que foi obrigado a renunciar
Definido o nome do presidente, passou-se à etapa seguinte, a escolha do relator, missão para a qual os governistas já tinham o nome do senador Epitácio Cafeteira como principal candidato. Ele possuía o perfil apropriado para assumir o papel de impostor. Renan, de novo, estava à frente do processo de escolha. Ele só deu sinal verde à indicação de Cafeteira depois de ouvir do aliado José Sarney que o colega maranhense era confiável e faria tudo o que fosse necessário para absolvê-lo rapidamente, mesmo que para isso, como se viu, precisasse apresentar um suspeitíssimo relatório, sem ouvir testemunhas, sem periciar documento, formando seu juízo sobre o caso sentado numa privada. Nem a divulgação dos recibos suspeitos impediu o senador de continuar a vergonhosa articulação. Renan passou a madrugada de quinta para sexta-feira ao telefone. Um de seus principais interlocutores foi o deputado Jader Barbalho, que renunciou em 2001 para não ter o mandato cassado. A notícia atrapalhou os planos de encerrar o caso na sexta-feira. Pegaria mal. Combinou-se então um novo ato, acertado no gabinete do senador Marconi Perillo, do PSDB. O Conselho, com o aval da oposição, aceitaria prorrogar em dois dias o início da votação do relatório de Cafeteira para que os recibos fossem periciados e também tomados os depoimentos do lobista Cláudio Gontijo e do advogado de Mônica Veloso (ela, que é a principal testemunha, não foi convidada). Mas esqueceram-se de combinar a nova versão com o senador Epitácio Cafeteira, que, radical, anunciou que renunciaria se houvesse o adiamento. A renúncia de Cafeteira era tudo que Renan Calheiros não queria. A sorte do senador é que o celular de Cafeteira tocou durante a sessão. Era sua esposa, Maria Isabel, pedindo que ele reconsiderasse. Ele reconsiderou. A votação do relatório com postulados éticos de Cafeteira está marcada para terça-feira.

Roberto Stuckert Filho/Ag. Globo
O lobista Gontijo: dinheiro vivo

Com reportagem de Alexandre Oltramari
Fonte: Veja Online

De suspeito, Renan vira condutor da investigação

Por Blog do Josias

A manobra de proteção ao senador Renan Calheiros tornou-se uma pantomima levada longe demais. Tão longe que o próprio presidente do Congresso se convenceu de que o arquivamento sumário do processo o condenaria a uma absolvição recoberta pelo manto diáfano da culpa. Num último esforço para evitar o impensável, o Conselho de Ética do Senado agarrou-se ao inaceitável: fará uma investigação de fancaria.

Decidiu-se que, num único e escasso dia –a próxima segunda-feira (18)— serão ouvidas as testemunhas e submetido a perícia um monturo de papéis que inclui uma infinidade de extratos bancários, declarações de IR, notas fiscais, recibos e cópias de cheques. Quem fará a perícia? Por ora, ninguém sabe.

As decisões foram tomadas numa sessão presidida, à sombra, pelo próprio acusado. Pelo telefone, Renan Calheiros guiou cada passo de um Conselho de Ética que se pretendia autônomo. Com os olhos grudados na TV Senado, Renan valeu-se do telefone para mudar a direção dos ventos sempre que eles estiveram prestes a se converter em redemoinho.

Surpreendido na noite da véspera por uma reportagem que pôs em xeque sua condição de rei do gado, Renan saltou da cama agarrado a um maço de notas fiscais, atestados de vacinação de rebanho e cópias de cheques. Esgrimiu-os em reunião com alguns conselheiros e líderes partidários. E destacou o assecla Romero Jucá para brandir o papelório diante das câmeras, no Conselho de Ética.

O jogo de cena não teve os efeitos desejados. Parte do conselho manteve-se aferrada à decisão de reivindicar o aprofundamento das apurações. Quando sentiu que a tese, antes minoritária, perigava arrebanhar adeptos inesperados, Renan teclou os números do celular de Jucá. Pediu-lhe que informasse ao conselho que fazia questão de que os novos documentos fossem submetidos a perícia.

Estipulou um prazo conveniente: até segunda-feira. Sugeriu que, já na terça, o conselho voltasse a se reunir. A coisa caminhava bem. Os insurretos PSDB, DEM e PDT puseram-se de acordo. Alguns de modo entusiástico. Outros algo contrafeitos. Súbito, Epitácio Cafeteira, que fora escalado como coveiro do processo, rebelou-se. Ameaçou renunciar ao posto de relator. Um sopro de tensão varreu a atmosfera. Jucá perambulava de orelha em orelha. Arthur Virgílio mastigava as unhas (veja foto).

Seguiram-se apelos para que Cafeteira reconsiderasse sua decisão. Negou uma, duas, três vezes. Demóstenes Torres (DEM-GO) insinuou uma hipótese plausível: As digitais de Renan, o presidente-sombra da sessão, poderiam estar impressas nos dois movimentos encenados no conselho –o pedido de perícia e a ameaça renúncia. Depois, diria: Eu pedi para ser investigado, mas o Conselho de Ética não quis.

De repente, a turra de Cafeteira amoleceu. O relator, antes irredutível, concordou com a protelação. A causa? Ouvira, pelo celular, um pedido de sua mulher, que, por sua vez, acabara de receber um telefonema de Renan, sempre ele. A pedido do investigado, a companheira do coveiro Cafeteira apelou para que ele se mantivesse na relatoria. Foi atendida.

Depois da meia-volta providencial de Cafeteira, Renan, em novo telefonema a Jucá, “sugeriu” que, além da “perícia” de um dia, o Conselho convocasse para segunda-feira duas testemunhas: o amigo Cláudio Gontijo e Pedro Calmon Filho, o advogado da ex-amante. Nada de Mônica Veloso. Assim, sob a presidência invisível de Renan Calheiros, o Conselho de Ética “deliberou” que fará, como sugerido, oitivas e perícias na segunda. Na terça, volta a reunir-se para “julgar” o caso. Jefferson Peres (PDT-AM) disse, ao ler um “voto em separado”, que uma investigação séria deveria durar “o tempo necessário”. Foi solenemente ignorado.

José Nery (PSOL-PA) sugeriu que a perícia documental fosse feita pela Receita e pela Polícia Federal. Sibá Machado, que supostamente presidia a sessão, disse que planejava recorrer a técnicos do TCU. Romero Jucá apressou-se em esclarecer que a perícia não seria “contábil”. O que se deseja é única e tão somente atestar a autenticidade dos papéis. Encerrada a sessão, sabe-se apenas que a “investigação” vai durar um dia.

http://www.folha.uol.com.br/

Apertem os cintos! O vibrador sumiu!

Por: José Simão

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! E adorei a declaração da Paris Hilton: "Deus me libertou". Agora só falta o juiz! E sabe por que o Lula deixou cair aquele copo no chão? Porque era água! E atenção! Aeroporto de Gozonhas Urgente! Continua o babado da ministra do Prazer Aéreo, Marta Suplício: relaxa e goza! E as companhias aéreas aderiram: "Voe Tam! E tenha orgasmos múltiplos". "Voou Gol? Foi bom pra você?". "Varig: Viação Aérea Relaxa I Goza!". E se o meu vôo atrasar, eu vou relaxar e gozar na cortina do aeroporto. Só por desaforo! Rarará! E podia botar aquela velha sexóloga da GNT como operadora de vôo: "Senhores passageiros, próximo orgasmo, portão 69!". E a Martícia tá certa: só gozando a gente consegue chegar nas nuvens, porque de avião não dá! Rarará! E aí a Marta pediu desculpa. Não aceito! Mandar gozar e depois pedir desculpa é coito interrompido. Configura coito interrompido. Rarará! Apertem os cintos que o vibrador sumiu! E os Irmãos Bacalhau sugerem medidas pra implantação do Projeto Relaxa e Goza: 1) Distribuição de bonecas infláveis. 2) Telão com filme da Rita Cadillac no saguão. 3) Aeromoças farão na sala de embarque! 4) Atendentes do tele-sexo no Infraero Informa: "favor não gozar no saquinho de vomitar!". E o Lula mandou a gente parar de falar mal do país lá fora. Só que a gente não fala mal do país, fala mal dele. E dos amigos dele. E como a gente vai falar mal do país lá fora se o único que viaja é ele?! Rarará! E adorei a charge do Alecrim com o painel eletrônico da Infrazero: "Vôo 2345, Relaxa e Goza. Vôo 2278, Relaxa e Goza. Vôo 6785, Relaxa e Goza". Rarará! É mole? É mole, mas sobe. Ou, como diz o outro, é mole, mas chacoalha pra ver o que acontece. Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heróica e mesopotâmica campanha "Morte ao Tucanês". Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que na Espanha tem a placa de uma cidade chamada Vibradores! Vibradores a cem metros! Rarará! Mais direto impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil! E atenção. Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Suplício": agüentar a companheira Marta Suplicy relaxando e gozando. Rarará! O lulês é mais fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno! simao@uol.com.br
Fonte: O POVO

Raio Laser

Tribuna da Bahia e equipe
O começo…
Um almoço na aprazível casa do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) em Interlagos, com a provável participação do prefeito João Henrique, pretende definir hoje o futuro da relação do PT, ou de pelo menos parte do partido, com o governo municipal. Um dos convidados à mesa, o deputado federal Walter Pinheiro (PT), deve ser confrontado de novo com a proposta de assumir um cargo na administração como forma de pacificar a relação de seu partido com João Henrique e o PMDB, legenda a que o prefeito deve se filiar, definitivamente, na segunda-feira.
...da operação...
Muito inclinado a avaliar o convite “com carinho”, Pinheiro tem um desafio pela frente: convencer a militância petista de que a opção de assumir uma secretaria – o cargo mais comentado é o de Governo – seria o melhor caminho a ser seguido, depois do titubeio público do PT com relação a se fica ou sai da administração municipal. Com impacto direto sobre a bancada – a entrada de Pinheiro no governo significa a ascensão de mais um suplente à condição de deputado federal-, a decisão, entretanto, tem como contrapartida o aumento da vinculação do partido com o governo João Henrique, fato a respeito do qual os petistas não conseguem dizer hoje se é positivo ou negativo.
…corpo e…
Exatamente por este motivo, a estratégia peemedebista com relação ao PT é a de evitar que a eventual indicação de Walter Pinheiro pareça um gesto pontual ou exclusivamente de um segmento do partido. O problema continua sendo convencer outro quadro petista igualmente vinculado à política de Salvador e por isso considerado um dos concorrentes de Pinheiro numa eventual disputa pela Prefeitura – o deputado federal Nelson Pelegrino – a aceitar também uma posição de peso na administração para selar o abraço definitivo do PT no governo.
...alma
O cargo pensado para Pelegrino é a Secretaria da Fazenda, cuja oferta já fora feita em outro momento ao deputado federal, mas teria repentinamente malogrado por motivos até hoje não explicados. Politicamente, o prefeito João Henrique já teria avalizado a negociação do posto para o petista de forma preliminar. Como a articulação que visa trazer de volta o PT de corpo e alma para a administração municipal está só no começo, não há notícias de que Pelegrino participará do almoço, nem de que estaria disposto a tomar o caminho do Litoral Norte no dia de hoje. Pelo menos até ontem à noite.
Saúde
Dos ilustres membros da comitiva da viagem que o governador Jaques Wagner (PT) faz à Europa, a quinta em cinco meses de governo, o nome que mais chama a atenção é o do secretário estadual da Saúde, Jorge Solla, cuja área de atuação aparentemente (muito aparentemente) não guarda nenhum tipo de relação com o propósito da viagem – participação num seminário sobre construção de estádios de futebol e visitas a indústrias pesqueiras na Galícia e em Saragosa (Espanha).
TAC.
Por não cumprir diversos tópicos de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que previa melhorias no Parque Zoobotânico de Salvador, firmado em 26 de maio do ano passado entre o Ministério Público e a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), o Estado da Bahia poderá responder a uma ação penal pública, e o zoológico poderá ser interditado. A informação foi dada pelo promotor de Justiça do Meio Ambiente Luciano Santana em uma visita surpresa de inspeção ao zoológico de Salvador realizada na tarde de ontem, dia 15.
Viagem
Para quem acredita em coincidências: com sua repentina viagem à Europa – o secretário estadual de Indústria e Comércio, Rafael Amoedo, chegou a desmarcar compromissos assumidos com mais de um mês de antecedência afirmando ter sido convocado de última hora para a trip - o governador Jaques Wagner se livra temporariamente de assuntos como a greve dos professores e a p articipação na filiação do prefeito João Henrique (PDT).
Pesar
Foi sepultado ontem, no Cemitério do Campo Santo, o corpo da sra. Zilma Visnevski, viúva de um dos precursores da indústria baiana, o saudoso José Visnevski, responsável pela implantação da primeira fábrica de papel da Bahia. A sra. Zilma deixou quatro filhos, dentre eles os rotarianos Luciano Visnevski, que modernizou e mantém a fábrica, e Maria Helena Visnevski, que preside a Cultura Inglesa.
Mansão
Como membro da Comissão de Planejamento e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores, o vereador Paulo Câmara (PSDB) encaminhou requerimento ao presidente desta comissão visando instalar uma sessão especial na Câmara de Vereadores para tratar do caso Mansão Wildberger, convocando a secretária do Planejamento, Cátia Karmelo, e representantes de entidades IAB, OAB e outras. Encontrar uma solução para o impasse é a proposta do vereador.
CURTAS
* Vontade - A amigos, o deputado federal Walter Pinheiro teria admitido esta semana que tem tesão não só na possibilidade de assumir a secretaria municipal de Governo de Salvador como de promover outras indicações para a Prefeitura como forma de ajud ar o prefeito João Henrique a tirar a cidade do buraco. * Planos - Se, de fato, pular no barco de João Henrique como secretário municipal de Governo, enfrentando a resistência da militância, Walter Pinheiro vai buscar indicar outros postos na administração. Num quadro em que o PT assumiria a Secretaria da Fazenda, seu interesse seria o de fazer também o secret ário de Planejamento da Prefeitura. . * Reação - A ira da militância petista com o movimento de Walter Pinheiro de se aproximar ainda mais da Prefeitura de Salvador é tamanha que gente conhecida da legenda passou a atribuir a seu recente, “mas muito sólido” relacionamento com o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) todo o tesão que diz ter ganho para ajudar a cidade. * Bombando - Presidente da Câmara Municipal, Valdenor Cardoso (PTC) voltou a ser chamado de “presidente do século” por funcionários da Casa logo após a solenidade de inauguração do Centro de Cultura e Debates, ontem pela manhã. Funcionários aludiam ao fato de o novo espaço, considerado um charme, ter sido implantado exclusivamente com recursos do Banco Real, que ganhou a concorrência promovida pelo presidente para administrar a conta bancária do Legislativo. * The flash - Depois da bordoada que levou do presidente do PTN, Josué Marinho, por ter dado o voto na Câmara Municipal que sepultou a CPI do Neylton, o vereador Palhinha capitulou. Admitiu ontem, em telefonema desaforado ao presidente do PTN - antes, portanto, do prazo de 48 horas lhe dado por Marinho para que explicasse sua posição -, que vai se desfiliar da legenda. * Desfrute -Empolgado com o Centro de Cultura e Debates da Câmara Municipal, inaugurado ontem pela manhã, o vereador tucano José Carlos Fernandes tratou de solicitar logo uma pauta para o auditório de 200 lugares. Quer realizar a próxima reunião do diretório municipal do PSDB no elegante espaço em que se transformou o antes sombrio subsolo da Prefeitura que abrigou por anos os gabinetes dos vereadores. * Assunto - A filiação do prefeito João Henrique e a primeira reunião do diretório estadual do DEM devem mobilizar a atenção da imprensa na segunda-feira.

Renan Calheiros ganha sobrevida até terça

Tribuna da Bahia Notícias-----------------------
O Conselho de Ética do Senado adiou para terça-feira a votação do relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) que absolve o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), nas denúncias de que teria recebido dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso —com quem tem uma filha fora do casamento. Depois de insistir na votação do relatório ainda nesta sexta-feira, Cafeteira decidiu aceitar o adiamento da sessão. Por intermédio do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), Renan pediu que o conselho adiasse a votação. Renan também sugeriu que o conselho convoque o advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon Filho, além do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para prestarem depoimento na próxima segunda-feira. “O senador Renan entende que circunstância política do processo mudou. A ele não interessa que paire nenhuma dúvida sobre ele”, justificou Jucá. Apesar do pedido de Renan, inicialmente o relator afirmou que não aceitaria o adiamento da votação de seu relatório. “Vou ficar desmoralizado. Não encontrei nada contra o senador Renan”, afirmou. Mas minutos depois voltou atrás e disse estar de acordo com a votação na terça-feira. Cafeteira disse ter recebido um telefonema de sua esposa, a quem rendeu elogios ao longo da sessão do conselho, para acatar a proposta alternativa. “Atendendo a um pedido da minha mulher e do senador Renan, eu aceito prorrogar”, disse o relator. Segundo Cafeteira, foi o próprio Renan que ligou para sua mulher pedindo que intercedesse junto ao marido para adiar a votação. Senadores do governo e da oposição se mostraram favoráveis ao adiamento da votação para que, até lá, sejam periciados os novos documentos encaminhados ao conselho por Renan.
PF vai vistoriar documentos
A Secretaria-Geral de Controle Externo do Senado e a Polícia Federal irão vistoriar os novos documentos apresentados pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ao Conselho de Ética do Senado. A decisão foi tomada ontem pelo presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), que ainda não encaminhou o material para perícia alegando estar à espera dos originais. Mas promete fazê-lo o mais rápido possível. O objetivo das perícias é verificar se o presidente do Senado utilizou notas frias para justificar parte de sua renda financeira com a venda de gado. Sibá pretende definir que os peritos concluam o trabalho até terça-feira —quando o conselho se reúne e deve votar o relatório que sugere o arquivamento das denúncias contra Renan. Até o início da noite de ontem havia uma polêmica no conselho sobre como seriam periciados os documentos. Para alguns parlamentares, o ideal seria que o Senado participasse da análise. Outros senadores propuseram que as análises fossem feitas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), pela Polícia Federal, pelo Instituto Nacional de Criminalística ou pela Receita Federal. A decisão de Sibá de designar a secretaria de controle para acompanhar o trabalho deve desagradar ao autor da representação contra Renan no conselho, senador José Nery (PSOL- PA). Para Nery, os documentos não deveriam passar por perícia coordenada pelo próprio Senado. Nery sugeriu enviar os documentos para perícia ao TCU ou à PF. Mas o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), criticou a proposta, alegando que os documentos devem apenas passar por uma análise técnica capaz de comprovar sua autenticidade. Os documentos citados pelos senadores foram apresentados a eles por Renan, pouco antes da sessão de ontem do Conselho de Ética. O peemedebista disse que vai comprovar que não usou notas frias, como revelado pelo “Jornal Nacional” anteontem à noite. De acordo com a reportagem, o senador teria utilizado as notas para justificar a renda que possui. Acusado de ter usado dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, Renan quer provar que tinha recursos para arcar com essas despesas pessoais. A regra em vigor no Congresso impede o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de renunciar ao mandato para escapar de uma eventual punição. Essa possibilidade só era viável antes do início do processo por quebra de decoro no Conselho de Ética. Uma vez nomeado um relator para o caso, o acusado só pode ser absolvido ou punido. Nos escândalos recentes, alguns integrantes do Congresso preferiram renunciar para não ficarem inelegíveis por oito anos. Jader Barbalho (PMDB-PA), Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) e José Roberto Arruda (DEM-DF) foram políticos que renunciaram aos seus mandatos para escapar de uma cassação. O processo contra Renan, entretanto, pode ser longo e com várias possibilidades de protelação. Primeiro, é necessário que o conselho termine de analisar. Depois, o caso vai para plenário. Até ontem, a perspectiva de Renan era a de que tudo terminasse rapidamente. Agora, talvez a estratégia tenha de ser alterada -para que o presidente do Senado consiga encontrar provas convincentes sobre a legalidade de suas atividades como pecuarista em Alagoas.

Geddel destina R$ 130 mi a prefeituras baianas

Os convênios firmados até o último dia 14 destinam a 27 prefeituras do semi-árido baiano R$ 130 milhões, dinheiro previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dirigido principalmente à construção de redes de esgoto. De acordo com o ministro, os municípios poluem os rios da Bacia do São Francisco por falta de obras de infra-estrutura. “Esse problema será resolvido com as obras de esgotamento sanitário. Não haverá desculpa da falta de recursos”, diz. Lapão é um dos municípios atendidos, com R$ 6 milhões para obras de saneamento. O prefeito, Hermenilson Carvalho, conta que uma parte do dinheiro será investida na complementação do sistema de tratamento de esgoto para os 28 mil habitantes. “Não queremos mais despejar o nosso esgoto no rio, como tem sido feito até agora”, afirma. O rio do qual Carvalho fala é o intermitente Jacaré, que seca durante grande parte do ano. Afluente do São Francisco, o rio foi incluído nos projetos de revitalização de bacias do ministério. Em parceria com a Companhia de Desenvolvimento do Rio São Francisco e Parnaíba (Codevasf), Lapão pretende, por meio da construção de barreiras, tornar o Jacaré perene. O coordenador da Codevasf, Jonas Paulo, diz que o procedimento será instalado neste ano. “Faremos, em vários pontos do rio, barramentos de contenção, que são como minirepresas, mas abertas para as águas ultrapassá-las”, explica. “Dessa forma, a vazão de água é monitorada e o impacto ambiental é o menor possível.” Com a vazão controlada desde a nascente, diz Paulo, Lapão terá água o ano inteiro. A principal atividade econômica do município é a agricultura. Predominam lavouras de feijão, milho, mamona e sorgo, cultivados na agricultura de sequeiro. Nesse modelo de produção, aproveita-se o período de chuvas para preparar a terra, plantar e colher. No restante do ano, a renda é extraída da produção de hortaliças por meio da agricultura irrigada, o que fez de Lapão o segundo maior produtor de cenouras do país, segundo o prefeito. Para o prefeito, a perenização do Jacaré vai gerar renda e trabalho para a população. “Fazemos agricultura irrigada utilizando água do subsolo extraído por meio de poços. Portanto, com a pere-nização teremos água para reabastecer o lençol freático e prover o desenvolvimento”. O prefeito e o coordenador da Codevasf participaram anteontem da inauguração Campo de Provas da Fazenda Palmeiras, no município de Barra. Essa é uma área de experimentação de técnicas para recuperação das margens do São Francisco, com o objetivo de evitar o assoreamento. Na ocasião, Geddel firmou convênios para obras de saneamento, no valor de R$ 70 milhões, para os seguintes municípios: Xique Xique, Barra, Itaguaçu, Lapão, Canarana, Gentio do Ouro e Morro do Chapéu. Em Ibotirama, foram assinados R$ 11 milhões em convênios com quatro municípios: Morpará, Muquém do São Francisco, Ibotirama e Ipupiara. O município de Barra é sede da diocese à qual pertence o bispo dom Luiz Cappio, que fez greve de fome para protestar contra a transposição do rio no fim de 2005. O ministro Geddel Vieira Lima chegou na tarde de ontem ao município de Propriá (SE). Ele anunciou investimentos para a região, voltados principalmente para obras de revitalização, como esgotamento sanitário, recuperação de áreas florestais, incentivo à apicultura racional e recuperação ambiental. Na cidade, Geddel teve uma reunião no Colégio Nossa Senhora das Graças com líderes de associações e autoridades políticas, onde discutiram sobre a transposição do Rio São Francisco. O encontro foi mobilizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e a Diocese de Propriá. De Propriá, a comitiva seguiu para Penedo (AL). Hoje, logo cedo, o ministro fará um sobrevôo sobre o Rio São Francisco até a sua foz, passando pelo município alagoano de Paiçabuçu com destino a Salvador, chegando ao fim a viagem que o ministro Geddel Vieira Lima chamou de “Travessia para o futuro”.
Ex-liquidante e assistentes do Banco Econômico são condenados
O ex-liquidante do Banco Econômico (Besa), Flávio Cunha, o assistente de liquidação Edésio de Castro Alves, o auditor aposentado da Receita Federal e advogado Francisco de Assis Vaz Guimarães, o procurador do Banco Central (Bacen) José Carlos Zanforlin, e a advogada Sebastiana Lúcia Filadelfo de Oliveira, foram condenados pela 17ª Vara Federal baiana por gestão fraudulenta. Os cinco são responsáveis pelo desvio de mais de 12,7 milhões de reais (atualizados até setembro de 2002) da massa liquidanda do Besa, por meio de um contrato celebrado com a empresa Vaz Guimarães Advogados Associados. O Econômico, que pertenceu ao empresário Ângelo Calmon de Sá, sofreu intervenção em agosto de 1995 e entrou em liquidação extrajudicial um ano depois, sendo posteriormente vendido para o Excel. Cunha e Alves foram julgados culpados também por gestão fraudulenta em outra sentença do mesmo Juízo que condenou, ainda, o servidor aposentado do Bacen Roberto Silveira de Moraes e mais quatro pessoas cooptadas por eles para participar de um esquema criminoso que causou prejuízos financeiros de mais de 4,4 milhões de reais (atualizados até setembro de 2002) ao Besa. Desta vez, o desvio ocorreu por meio da contratação da empresa Moraes Sistemas e Informações para a realização de um falso planejamento tributário, contrariando, inclusive, as determinações do Bacen. Na primeira sentença, de 3 de abril, a Justiça condenou Cunha a três anos e seis meses de reclusão e 100 dias-multa, com cada dia-multa calculado com base no valor do salário mínimo vigente à época dos fatos. Condenou ainda Guimarães à reclusão de três anos e cinco meses e 100 dias-multa; Alves e Zanforlin, a três anos e cinco meses e 50 dias-multa e Sebastiana, a três anos e 50 dias-multa. Na segunda sentença, de 24 de abril, Cunha e Moraes foram condenados a três anos e cinco meses de reclusão e 80 dias-multa e Alves, a três anos e quatro meses de reclusão e 40 dias-multa. Apesar de ter fixado pena de reclusão para os réus, o juiz, na mesma sentença, substituiu a pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direito.
Marta se diz “arrasada” pelo “relaxa e goza”
A ministra do Turismo, Marta Suplicy, afirmou ontem, em entrevista a emissoras de rádios parceiras da Radiobrás, que ficou “arrasada” por ter dito a frase “Relaxa e goza, porque depois você esquece todos os transtornos”, referindo-se aos problemas enfrentados por passageiros nos aeroportos. A frase foi dita na última quarta-feira , depois do lançamento do Plano Nacional de Turismo 2007-2010. “Fiquei muito triste com a frase, arrasada, porque a frase não condiz com o pensamento que eu estava no momento, que era exatamente de dizer para as pessoas não desistirem de viajar por causa do que estava acontecendo nos aeroportos. E foi uma frase infeliz, que me deixou tristíssima”, afirmou. Ela voltou a se desculpar e disse que respeita parlamentares da oposição que fizeram comentários sobre a frase.
Fonte: Tribuna da Bahia

Ministro quer mais grampos

PORTO ALEGRE - O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou ontem que uma parte da imprensa quer construir o mito de que o governo federal está preocupado com a alta quantidade de escutas feitas pela Polícia Federal. “Não é verdade. Está havendo escutas de menos”, disse. “Só temos que ter o cuidado para que elas não invadam a privacidade do cidadão e não extravasem o inquérito que está sendo objeto de trabalho pelos policiais”, afirmou.
Tarso defendeu a modernização das escutas telefônicas utilizadas pela polícia para que os direitos de quem não está sendo investigado sejam preservados. Ele disse que é preciso aperfeiçoar a legislação penal brasileira, muito atrasada diante do avanço da tecnologia. “A legislação evolui a 10km por hora, enquanto as novas tecnologias, a 1.000km por hora. Então, há superação da legislação penal e inquisitorial existente em face da revolução tecnológica. Temos que dar maior efetividade às escutas de modo que elas não invadam territórios que não são objeto do inquérito. Isso não é difícil”.
Sobre as críticas de que a PF vem deixando vazar informações, Tarso disse que isso não ocorreu no decorrer das investigações, somente depois que os acusados foram presos. “Se fala em vazamento de maneira inadequada. A Polícia Federal investigou por oito meses e não saiu uma linha de vazamento aí. Quando se cumpre mandados, as pessoas são presas e os advogados têm acesso ao processo, ele se torna praticamente público”.
Fonte: Correio da Bahia

PF acredita que presidente sabia

CAMPO GRANDE - Uma ligação telefônica do irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o “Vavá”, interceptada pela Operação Xeque-Mate no sábado passado, às 8h02, revela que ele conversou, pessoalmente, com o presidente sobre máquinas caça-níqueis, segundo conclusão da Polícia Federal (PF).
O telefonema gravado pela Inteligência da PF, que durou 9 minutos 58 segundos, faz parte do último lote que os federais entregaram à Justiça. Ao todo, são 17 diálogos captados pelo grampo, nove deles antes da deflagração da Xeque-Mate, dois no dia da operação e seis após as prisões e a busca na casa de “Vavá”. Entre as 17 ligações listadas pela PF, duas são do irmão de Lula.
Na segunda ligação, a conversa é com o prefeito de Caetés (PE), cidade natal de Lula, José Luiz de Lima Sampaio (PT), que se identifica como “Zé da Luz”, primo em terceiro grau de “Vavá” e Lula. O petista liga para a casa de “Vavá”, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC (SP), dia 9, cinco dias depois que a operação foi desencadeada. O irmão do presidente é acusado de tráfico de influência e exploração do prestígio, crimes que teria cometido, de acordo com a PF, dentro de um poderoso esquema de corrupção e exploração de caça-níqueis.
No grampo, “Vavá” explica a “Zé da Luz”, que ligou para se solidarizar a ele, que Lula esteve em sua casa em 25 de março. “Sabe aquele negócio de máquinas, aquela conversa é o seguinte: o Lula veio aqui em casa, eu falei com o Lula, olha vou colocar o pessoal pra trabalhar. Eu vou fazer um relatório das máquinas, eu vou fazer certo? Aí publicaram que o Lula que pediu... porra. É brincadeira do c... né bicho”.
Na análise do grampo que enviou à Justiça Federal, a PF sustenta: “‘Vavá’ confirma que conversou com Lula sobre as máquinas (caça-níqueis) e teria dito na ocasião que ‘tem de colocar esse pessoal para trabalhar’. ‘Vavá’ afirma que ele, por iniciativa própria, iria fazer um ‘relatório’ sobre as máquinas (caça-níqueis) e que a imprensa publicou erroneamente que ‘o Lula que queria saber das máquinas’.
Fonte: Correio da Bahia

CNJ vai punir juízes corruptos

Corregedor diz que serão extirpados magistrados que envergonham o poder Judiciário


BRASÍLIA - Na posse dos integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o novo corregedor nacional de Justiça, César Asfor Rocha, afirmou ontem que serão extirpados do Judiciário os juízes que envergonham o poder. Segundo Rocha, serão mostrados e punidos os responsáveis por irregularidades na Justiça. “Daremos ao CNJ verdadeira translucidez e jamais hesitaremos em mostrar e explicar os deslizes internos do poder Judiciário, nunca animados por nenhum outro motivo ou razão que não sejam prevenir esses deslizes e extirpar do meio judiciário, os que não o honram, não o servem, não o engrandecem, mas o envergonham, o desmerecem e o desprestigiam”, disse ele, que é ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Como corregedor, caberá a Rocha analisar as sindicâncias e processos administrativos eventualmente movidos contra magistrados suspeitos de envolvimento em irregularidades e até crimes. “Sabemos que todos esperam do CNJ uma atuação elevada e nobre, não contra os magistrados, que esses merecerão todos os apoios e aplausos, mas contra os que, travestidos de julgadores, encontram no campo da atividade judicial o espaço para desenvolver ilicitude e cometer infrações”, afirmou.
O corregedor nacional de Justiça disse que pretende acompanhar o levantamento de todos os processos disciplinares e criminais existentes no país contra membros do poder Judiciário. Segundo Rocha, essas ações têm de ter um andamento imediato e urgente. O corregedor nacional deve assumir, entre outras investigações, a sindicância aberta no Conselho Nacional para apurar a suposta participação de magistrados num esquema de venda de decisões judiciais. Entre os investigados, está o ministro Paulo Medina, do STJ.
Rocha afirmou que, passados dois anos da instalação do Conselho de Justiça, agora, o órgão de controle externo do Judiciário deve assumir uma posição mais propositiva, realizando um censo nacional para detectar as necessidades mais urgentes do poder.
Fonte: Correio da Bahia

sexta-feira, junho 15, 2007

A cultura da mentira

por João Luiz Mauad em 08 de junho de 2007 Resumo: No Brasil, políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, agem como se nada houvesse. © 2007 MidiaSemMascara.org
As virtudes morais são produto do hábito.
(Aristóteles)
Corrupção na administração pública há em toda parte, mesmo em países desenvolvidos, com leis estáveis e instituições fortes. O que difere é a intensidade, que varia em função do nível de intervencionismo do Estado na vida social e, principalmente, da reação da sociedade diante do problema. Enquanto nações que dispõem de controles institucionais rígidos, leis transparentes e, acima de tudo, têm a verdade como um valor supremo tendem a cobrar dos seus representantes atitudes enérgicas contra a bandalheira e não se deixam engabelar com facilidade, outras, como a nossa, demonstram excessiva leniência diante da questão, permitindo que a corrupção consuma a incrível porção de 12% do PIB.
O nível de tolerância das sociedades em relação ao problema da corrupção pode ser medido não apenas pelos índices de impunidade, que em países como o nosso chegam perto da totalidade, mas também pelas reações dos criminosos quando “fisgados” pela lei. Recentemente, dois cidadãos japoneses cometeram suicídio, antes mesmo de serem julgados, porque julgaram que não poderiam conviver com tamanha desonra. Há alguns anos, um funcionário público norte-americano deu um tiro na própria boca, em frente às câmeras de TV, porque, flagrado num caso de corrupção, simplesmente “não suportava mais olhar nos olhos dos filhos”. Exemplos semelhantes, mesmo que não tão trágicos, abundam.
Já em Pindorama, pelo menos desde o suicídio de Getúlio Vargas, a coisa funciona de forma diferente. Políticos e servidores públicos, por mais fortes que sejam as acusações e as evidências contra eles, sequer se dignam a afastar-se dos cargos durante as investigações e processos, enquanto seus superiores, correligionários e, em vários casos, até mesmo os seus opositores, numa clara demonstração de corporativismo, agem como se nada houvesse. Honra, probidade, dignidade e vergonha na cara são valores há muito aposentados pelo relativismo moral que impera por aqui.
Ninguém assume coisa alguma. Ninguém jamais confessa nada. Sempre há uma boa desculpa, uma estória mirabolante a justificar qualquer coisa, por mais estranha e inverossímil que possa parecer. Inventam-se álibis, desculpas esfarrapadas e enredos os mais diversos para escapar da justiça. E o pior de tudo é que, na maioria das vezes, tais estratégias dão certo.
Ao contrário das nações que desenvolveram sociedades avançadas, fundadas em padrões morais onde prevalece a verdade, nossas instituições (formais e informais) foram estabelecidas sobre uma cultura da mentira. Aqui, todo mundo está mentindo até prova em contrário. As leis são estabelecidas na presunção de que somos todos mentirosos e apenas eventualmente dizemos a verdade. Alguns exemplos de procedimentos burocráticos, ou mesmo processuais, que só existem no Brasil e em alguns outros poucos lugares, dão bem a noção da coisa.
Certa vez tentei explicar a um inglês o que vem a ser uma cópia autenticada em cartório e o porquê da sua exigência ser tão disseminada por essas plagas. Parecia uma conversa de surdos. Meu interlocutor não entendia que as pessoas pudessem desconfiar da autenticidade de um documento antes mesmo que este lhes fosse apresentado. Sequer lhe passava pela cabeça que a palavra do portador ou responsável não bastasse. É claro que nem tentei explicar o nosso famigerado “reconhecimento de firma”, que recentemente evoluiu para “reconhecimento de firma por autenticidade”.
Ora, a mim pelo menos parece evidente que, se a verdade deve ser sempre provada e comprovada, ela passa a ser vista como exceção, não como regra. A mentira, por outro lado, é aceita como um hábito, uma tradição impregnada na cultura. Esse costume é tão disseminado que foi absorvido pela própria lei nos processos judiciários. Diferentemente do que ocorre em muitos países, onde o crime de perjúrio é gravíssimo e, quase sempre, funciona de forma a aumentar a penalidade do réu, por aqui a mentira dita em juízo não costuma trazer conseqüências. Muito pelo contrário, sua utilização é, em muitos casos, tida como perfeitamente legítima.
Diga-me com sinceridade, estimado leitor, há algo mais patético do que aqueles inquéritos parlamentares, transmitidos ao vivo pela TV, em que testemunhas e réus respondem às perguntas protegidos por uma liminar da justiça concedendo-lhes o “direito” de omitir a verdade? Quem não se lembra, por exemplo, do jeito cínico, beirando o escárnio, de diversos depoentes perante as inúmeras CPI's do Congresso, todos devidamente autorizados a mentir?
Aristóteles já dizia que as virtudes morais não são produzidas no ser humano pela natureza, mas são produto do hábito. O comportamento humano, por seu turno, é bastante influenciado por estímulos exteriores. Desde cedo, o homem aprende reagindo a incentivos produzidos pelos ambientes natural e social. Se o meio é propício à mentira, se o engodo é incentivado pela própria cadeia institucional, se não criamos as condições necessárias para que a verdade seja a regra e não a exceção, nada adianta chorar sobre o leite derramado.
Fonte: Mídia Sem Máscara

PF pede autorização para investigar dois deputados

· ‘Navalha’ alcança Paulo Magalhães e Maurício Quintela


A Polícia Federal encaminha nesta sexta-feira (15) ao procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza um pedido de investigação contra dois deputados federais. Um deles é o oposicionista Paulo Magalhães (DEM-BA). O outro, Maurício Quintella (PR-AL) integra o consorcio governista.

Os dois deputados estão implicados na Operação Navalha, que apura fraudes em licitações e malfeitorias em obras públicas praticadas pela Construtora Gautama, de Zuleido Veras. O pedido da PF será protocolado no gabinete do procurador-geral porque, como deputados, Magalhães e Quintella desfrutam do privilégio de foro. Só podem ser processados e julgados no STF.

Cabe ao Ministério Público Federal encaminhar a solicitação ao Supremo. Algo que deve ser feito pelo procurador Antonio Fernando nas próximas semanas. O STF terá de sortear um ministro para relatar o caso. Só depois da autorização do relator a investigação pretendida pela polícia poderá ser deflagrada.

Paulo Magalhães, sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), foi pilhado nos grampos telefônicos feitos pela PF com autorização da ministra Eliana Calmon, do STJ. Segundo a PF, os diálogos demonstram que o deputado recebeu R$ 20 mil da Gautama, no início de maio. Entre os favores que teria prestado à construtora estaria a intermediação de interesses de Zuleido Veras em processos que tramitam no TCU.

Relatório sigiloso da PF anota, por exemplo, que Magalhães conversou pelo telefone pelo menos duas vezes com Zuleido Veras, no dia 4 de maio. Num dos diálogos, o deputado confirma ter recebido em seu gabinete a visita de Florêncio Vieira, o empregado da Gautama que foi incumbido de entregar-lhe "o material" [dinheiro, segundo a polícia].Detido na Operação Navalha, Florêncio Vieira é identificado nos autos do processo como responsável por vários saques em agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Era, segundo a PF, responsável pelo transporte de dinheiro "para os lugares onde seriam consumados os pagamentos".Numa das conversas interceptadas pelo grampo em 4 de maio, Paulo Magalhães confirma ao dono da Gautama, segundo a PF, que havia recebido os R$ 20 mil. "Zuleido diz ótimo", anota o documento em que a PF fez a transcrição da conversa.

Quanto a Maurício Quintella, as escutas telefônicas captaram diálogos do deputado com Tereza Freire Lima. Trata-se da secretária de Zuleido Veras, também detida no arrastão da Operação Navalha. As conversas sugeririam, segundo a PF, o repasse de dinheiro a Quintella. Os indícios foram reforçados, sempre de acordo com a polícia, por menções ao nome do deputado em documentos apreendidos na sede da Gautama em Salvador (BA).

Entre os papéis recolhidos na operação de busca e apreensão há uma agenda que pertencia a Gil Jacó Carvalho Santos. Vem a ser o diretor financeiro da Gautama, também incluído no rol de presos da Navalha. O nome de Quintella apareceria na agenda associado a cifras.

Os deputados dois deputados negam que tenham recebido dinheiro da Gautama. Se houver autorização do STF, a PF terá de transformar indícios em provas. Uma das linhas de investigação esboçadas pela polícia é o levantamento de emendas apresentadas por Magalhães e Quintella ao orçamento da União.
Deseja-se verificar se os parlamentares destinaram verbas para obras irregulares da Gautama. De resto, pretende-se obter a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos deputados. Algo que, de novo, dependerá de autorização do Supremo. Não por acaso, nesta mesma quinta-feira em que a lâmina fria da suspeição roça, uma vez mais, o prédio do Congresso, o requerimento que pede a abertura da CPI da Navalha começou a encaminhar-se em direção ao arquivo.
Escrito por Josias de Souza
Fonte: Folha Online

Risco de desmoralização reduz favoritismo de Renan

Deteriorou-se na noite desta quinta-feira (14) a situação política de Renan Calheiros (PMDB-AL). Notícia veiculada pelo Jornal Nacional fez ruir um dos pilares da defesa do presidente do Congresso: demonstrou-se que os negócios rurais do senador, origem do dinheiro que ele diz ter usado para bancar a pensão que pagou à jornalista Mônica Veloso, estão envoltos numa aura de suspeições.
Há notas de idoneidade duvidosa. Há compradores que negam ter transacionado com Renan, que se encontram em situação fiscal irregular ou que simplesmente negam ter transacionado com Renan. Até mesmo o gerente das fazendas de Renan –três próprias e três arrendadas—diz que o senador não possui 1.700 cabeças de gado, como alega, mas 1.100.
Na manhã desta sexta-feira (15), o Conselho de Ética do Senado reúne-se para votar o relatório de Epitácio Cafeteira (PTB-MA). Ele declarou que não vai mudar o seu parecer. Pede o arquivamento do processo contra o presidente do Congresso por “absoluta falta de provas”. Renan dispunha de maioria acachapante, próxima da unanimidade. Mantém-se a tendência favorável ao engavetamento. Mas o favoritismo não é mais gritante. Dos 15 integrantes do conselho, sete já se mostram sensíveis à tese de que é preciso aprofundar as investigações.
Três senadores apresentarão ao conselho votos alternativos ao de Cafeteira. São eles: Demóstenes Torres (DEM-GO), Marconi Perilo (PSDB-GO) e Jefferson Peres (PDT-AM). Em essência, a trinca propõe a mesma coisa: o sobrestamento da votação do texto de Cafeteira, a realização de perícias técnicas nos documentos exibidos por Renan e a audição de testemunhas.
Em condições normais, o relatório de Cafeteira seria votado em primeiro lugar. Porém, a oposição vai requerer que seja votada antes a tese pró-investigação. Para que ocorra a inversão, o conselho precisa aprovar. Até a noite passada, sondagens feitas pelos próprios senadores indicavam que o requerimento seria rejeitado por oito votos contra sete. Se comprovado, esse primeiro placar já indicará a perspectiva de aprovação do texto de Cafeteira.
Numa frenética troca de telefonemas, líderes de diferentes partidos puseram-se de acordo em relação a um ponto: o arquivamento da representação do PSOL contra Renan, feita assim, a toque de caixa, submeterá o Conselho de Ética e o próprio Senado a um risco de desmoralização. Para tentar se dissociar do desgaste, a oposição cogita abster-se de votar caso os pareceres de Demóstenes, Perilo e Peres sejam ignorados.
Sentindo o cheiro de queimado, aliados de Renan discaram para membros do conselho para pedir-lhes que não retrocedam no apoio ao senador. O próprio presidente do Congresso, em telefonema a alguns de seus colegas, prometeu divulgar, na manhã desta sexta, documentos adicionais. Atestariam, segundo disse, a regularidade das operações de venda de gado que diz ter realizado. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), aconselhou Renan a comparecer à reunião do conselho, para prestar, de corpo presente, novos esclarecimentos.
Escrito por Josias de Souza
Fonte: Folha Online

Lamarca abre a porta de um passado que não passou

A irritação dos militares com os benefícios injetados na biografia de Carlos Lamarca e na conta bancária dos familiares do ex-guerrilheiro, já noticiada aqui no blog, transbordou dos gabinetes fechados. Abriu-se uma porta que dá acesso a um passado que insiste em não passar. Vai abaixo reportagem de Raphael Gomide, veiculada na Folha (assinantes):

“Numa das mais fortes demonstrações de descontentamento desde o fim do regime militar, em 1985, generais do Exército atacaram ontem, no Rio, a concessão da patente de coronel ao guerrilheiro Carlos Lamarca e de benefícios a sua família, pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
O general-de-exército Luiz Cesário da Silveira Filho, comandante militar do Leste (responsável pelas tropas no Rio, em Minas e no Espírito Santo) foi o mais enfático."Tudo o que é falta grave que pode ser cometida esse assassino cometeu. E está sendo premiado aí! É lamentável, lamentável! Espero que não vá até o final esse processo. Pode dizer: os generais de Exército, os generais da ativa do Alto Comando do Exército [15 generais quatro estrelas da Força mais dois do Ministério da Defesa] estão indignados. Causou profunda indignação na Força", afirmou Cesário, em tom de voz elevado durante reunião da Cúpula do Exército ontem.
Uma palestra do comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, na sede do Clube Militar, no centro do Rio, reuniu membros do Alto Comando, cinco ex-ministros ou comandantes do Exército e muitos generais e oficiais da ativa e da reserva contrariados com o benefício obtido por Lamarca.
O comandante Peri deixou clara a visão da corporação sobre Lamarca: "Para o Exército, ele é desertor; para o Exército, o que ele é? Para o Exército, ele cometeu uma série de crimes". Momentos antes, em resposta a pergunta de audiência de oficiais da ativa e da reserva, Peri afirmou: "O fato é que o pensamento que nós temos em relação ao caso e em relação à pessoa envolvida é o mesmo do Exército de sempre", disse.
[...]
Peri confirmou ter ligado para o ministro da Defesa, Waldir Pires para protestar. À Folha ele sorriu quando questionado sobre a ligação para Pires. "É evidente que conversamos." Em seguida, ao microfone, afirmou: "O que tinha de fazer, eu fiz. Manifestei a quem devia o nosso pensamento. A resposta e as providências são semelhantes a outros casos, em situações semelhantes. O nome da pessoa beneficiada, Lamarca, é que é uma figura singular, mas a solução é semelhante a outros casos e está dentro da competência da comissão".
Outro general da ativa que não quis ser identificado disse que os militares estão revoltados porque Lamarca desertou do Exército como capitão, abrindo mão da carreira, foi promovido a coronel e ainda recebeu benefício de proventos como se tivesse o posto acima. A família de Lamarca terá pensão de R$ 12.152,61 mensais, o equivalente a vencimento de general-de-brigada, além de indenização de R$ 300 mil, a ser dividida por três familiares.O comandante do Exército disse que a análise jurídica preliminar sobre o caso era de que não cabia recurso ao Superior Tribunal Militar, mas ressalvou que ainda não havia estudado o assunto a fundo. O ex-ministro do Exército (1985-1990) Leônidas Pires Gonçalves afirmou: "Não me sinto bem tendo como conviva, mesmo morto, um desertor, traidor, ladrão e assassino frio do tenente Mendes, que se ofereceu para defender seus soldados. Quero que diga assim!". Ele se referia a Alberto Mendes Júnior, tenente que participou do cerco a Lamarca e foi morto a coronhadas em 1970 [...].”
Escrito por Josias de Souza
Fonte: Folha Online

Após novas denúncias, Conselho de Ética vota relatório que absolve Renan

da Folha Online
O Conselho de Ética do Senado se reúne nesta sexta-feira para votar o relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) que sugere o arquivamento da denúncia contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Renan é acusado de quebra de decoro parlamentar por supostamente ter usado o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha.
Ontem à tarde, senadores já davam como certo o arquivamento do processo. A oposição, porém, insistia na tese de ouvir a jornalista e o lobista para que o processo não fosse arquivado sumariamente.
O posicionamento da oposição foi reforçado à noite, depois de novas denúncias contra Renan divulgadas pelo "Jornal Nacional", da TV Globo. Os senadores oposicionistas esperam que a reportagem influencie os colegas a darem continuidade ao processo, sem o arquivamento do caso hoje.
A reportagem informa que foram encontradas supostas irregularidades nos documentos apresentados pelo presidente do Senado na defesa feita ao Conselho de Ética. Os documentos apresentados por Renan justificariam ao conselho que seus rendimentos seriam compatíveis com a pensão que pagou --em dinheiro vivo, segundo ele-- para Mônica Veloso.
Depoimentos colhidos pela reportagem do "Jornal Nacional" supostamente contradizem a defesa do senador. Renan afirmou ser dono de três fazendas e teria arrendado outras três. Ele diz ter 1.700 cabeças de gado que teriam lucrado R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos. Everaldo de Lima Silva, administrador das fazendas ouvido pela reportagem, disse que Renan teria cerca de 1.100 cabeças de gado.
Defesa
Em sua defesa, Renan afirmou, por meio de sua assessoria, que já tinha dado sua versão para o "Jornal Nacional". De acordo com o programa, o senador afirmou que tem como provar a legalidade da venda do gado com notas fiscais, guias de transporte animal e cópias de cheque.
O senador disse à reportagem que o dinheiro arrecadado com a venda do gado foi depositado em sua conta pessoal e que a negociação foi feita pelo veterinário Gualter Peixoto, que presta serviço para o senador em Alagoas.
Relatório
Cafeteira disse ontem à noite que não vai alterar seu relatório depois das novas denúncias. Segundo ele, seu relatório foi elaborado anteriormente às denúncias do jornal.
"Não tenho que mudar meu relatório sobre uma coisa anterior. Meu relatório é sobre uma coisa antiga. De qualquer maneira, [a denúncia] deixa um grau de dúvida", disse. Apesar de manter seu texto, Cafeteira defendeu a apuração dos fatos. "Acho que pelo menos a denúncia deve ser examinada", afirmou.

Reportagem coloca em dúvida lucro de Renan com venda de gado

da Folha Online
Reportagem veiculada nesta quinta-feira pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, informa que foram encontradas supostas irregularidades nos documentos apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na defesa feita ao Conselho de Ética da Casa. Renan é acusado de quebra de decoro parlamentar por supostamente ter usado o lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão e aluguel da jornalista Monica Veloso, com quem Renan tem uma filha.
Os documentos apresentados por Renan justificariam ao Conselho de Ética que seus rendimentos seriam compatíveis com a pensão que pagou --em dinheiro vivo, segundo ele-- para a jornalista Mônica Veloso.
Depoimentos colhidos pela reportagem do "Jornal Nacional" supostamente contradizem a defesa do senador. Renan afirmou ser dono de três fazendas e teria arrendado outras três. Ele diz ter 1.700 cabeças de gado que teriam lucrado R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos. Everaldo de Lima Silva, administrador das fazendas ouvido pela reportagem, disse que Renan teria cerca de 1.100 cabeças de gado.
Reportagem desta quarta-feira da Folha já havia lançado suspeita sobre o gado de Renan. De acordo com a reportagem, bois criados por Renan foram vendidos, em média, por R$ 59,40 a arroba de 2003 a 2006. Nesses mesmos quatro anos, gado produzido em São Paulo foi comercializado por R$ 57,20 a arroba.
A curiosidade é que o Estado de Alagoas era tido como "zona de risco desconhecido" para febre aftosa até 2005 --período em que Renan obteve os melhores preços para os seus bois: R$ 69,3 por arroba. Em São Paulo, onde a doença é controlada com vacinação, a média de venda da arroba do boi gordo nesse ano foi de R$ 61,1.
Essa alta lucratividade teria resultado num faturamento de R$ 1,920 milhão para Renan Calheiros em suas fazendas alagoanas em quatro anos.
Outro lado
Renan afirmou, por meio de sua assessoria, que já tinha dado sua versão para o "Jornal Nacional". De acordo com o programa, o senador afirmou que tem como provar a legalidade da venda do gado com notas fiscais, guias de transporte animal e cópias de cheque.
O senador disse ao "Jornal Nacional" que o dinheiro arrecadado com a venda do gado foi depositado em sua conta pessoal e que a negociação foi feita pelo veterinário Gualter Peixoto, que presta serviço para o senador em Alagoas.
O senador disse ainda que não é problema dele se algum empresário enganou o fisco e que pediu à Secretaria da Fazenda de Alagoas documentos sobre os negócios realizados.
Sobre o administrador das fazendas, o senador disse que Everaldo de Lima Silva, "não tem noção" do tamanho do rebanho.
Conselho de Ética
O Conselho de Ética do Senado se reúne nesta sexta-feira para analisar o relatório de Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que sugeriu arquivar a denúncia alegando falta de provas consistentes.
O PSDB e o DEM decidiram que vão apresentar dois votos em separado. Os dois partidos querem suspender a votação do relatório de Cafeteira, ouvir depoimentos e realizar perícias nos documentos apresentados por Renan.
Pela proposta do DEM, deve ser suspensa a votação do relatório e ouvidos os depoimentos de Mônica Veloso e Cláudio Gontijo.
No entanto, os senadores já dão como certo o arquivamento do processo. "Não sei se [a aprovação do relatório] vai ser de goleada. Mas vai aprovar o relatório do Cafeteira", afirmou o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), um dos principais defensores de Renan no conselho.
"Vamos ver se eles [os que defendem ouvir depoimentos e suspender a votação de amanhã] acham alguma prova. É preferível absolver um culpado do que condenar um inocente", disse Cafeteira.

quinta-feira, junho 14, 2007

Escândalos escondidos

Por Cristovam Buarque

O Congresso tem razões para estar envergonhado por causa dos baixos indicadores de sua credibilidade na opinião pública. Depois de décadas de prestígio no final dos anos 80 e começo dos 90, com a redemocratização, a resistência à ditadura, a luta pelas Diretas, a elaboração da Constituição, a aprovação do impeachment, o Congresso entrou em crise de credibilidade, desde o escândalo do Orçamento. Desde então, não houve, ainda, recuperação. Sucessivas crises morais têm afetado não apenas os diretamente envolvidos, mas o conjunto da instituição parlamentar, e, em conseqüência, a própria democracia. O mais grave, porém, é que a crise decorrente dos escândalos esconde causas mais profundas da crise de credibilidade. Os escândalos éticos não são a verdadeira causa da perda de credibilidade do Parlamento; eles refletem uma podridão na superfície, escondendo as ferrugens que existem no funcionamento de nossas instituições. Pelo menos três razões abalam a credibilidade de maneira ainda mais grave, embora imperceptíveis. São escândalos escondidos. A primeira é a falta de causas pelas quais lutar. Nos períodos de maior crédito do Parlamento, havia causas que empolgavam, e os discursos eram ouvidos com respeito. O público jogou flores nos senadores depois que votaram a Lei Áurea. Durante o regime militar, os parlamentares eram apontados nas ruas como guerreiros da democracia. No começo dos anos 60, houve muita discussão entre esquerda e direita sobre os rumos da sociedade brasileira, que atraiu a atenção do público, não só porque os oradores eram melhores, com melhor retórica, mas porque tinham causas que serviam de base à oratória. Hoje, aplausos são dados raramente e somente por grupos organizados, quando seus interesses corporativos são atendidos pelas votações. Por isso, os discursos ficaram irrelevantes. Raramente provocam contestação, e, em geral, sequer são ouvidos no Plenário. (Um artigo como este pode incomodar mais sendo publicado do que se for lido em Plenário e transmitido pela TV Senado.) A segunda e grave razão é o enfraquecimento do Parlamento no que deveria ser o equilíbrio dos três poderes. Nos últimos anos, o Congresso tem sido um poder imprensado entre medidas provisórias vindas do Executivo e liminares que chegam do Judiciário. No lugar de legislar, o legislador se surpreende, submisso, legislado por liminares ou medidas provisórias. Baixando a cabeça como o menino surpreendido em uma falta, ou ante a força dos adultos. A terceira é a falta de sintonia entre a agenda do Congresso e a pauta do povo. Os graves problemas da sociedade brasileira - desemprego, violência, saúde, desigualdade, pobreza, escolaridade - vão ficando escondidos, soterrados inclusive pelos escândalos éticos que chamam a atenção de todos, especialmente da mídia. Basta observar quantas vezes nós, parlamentares, falamos a palavra povo e quantas vezes seus problemas aparecem nos discursos e quantas vezes encaminhamos soluções. Basta ver o número de vezes que esses assuntos aparecem nos discursos na tribuna, e quantas vezes falamos deles nos palanques das campanhas. Se o Congresso quiser recuperar sua credibilidade, deve encarar com rigor o comportamento de seus membros, mas, sobretudo, rever a ação política de seus membros, casando a agenda parlamentar com a pauta do povo, acendendo a chama de grandes causas nacionais e recuperando seu papel de legislador que luta pela igualdade de poder com o Executivo e o Judiciário. Precisa enfrentar com transparência os seus escândalos visíveis, e acordar para os escândalos escondidos. Essa é a parte mais difícil, porque, no mundo de hoje, não vamos encontrar causas prontas, e os partidos que julgavam ter o monopólio das causas, na esquerda, se acomodaram diante do mundo, não percebem os escândalos escondidos e, ainda pior, fecham os olhos até mesmo para os visíveis.

Fonte: Email:: cristovambuarque@senado.gov.br URL:: http://www.cristovam.com.br/

Golpes por celular são aplicados em 16 estados

Ricardo Mourada Redação
Levantamento feito por O POVO revela a ocorrência de golpes telefônicos com origem nos presídios cearenses em 16 estados brasileiros, em todas as regiões do Brasil
Sonora, uma cidade de pouco mais de 12 mil habitantes localizada no norte do Mato Grosso do Sul, foi alvo, nessa semana, de um ataque de presidiários cearenses. O comerciante L.A.P. disse que, na última terça-feira, dia 12, seis pessoas procuraram sua loja para comprar cartões de operadoras de telefonia celular. O motivo: ganhar um "prêmio" ofertado em uma ligação telefônica. Levantamento feito por O POVO revela que, além do Mato Grosso do Sul, mais 15 estados já foram vítimas de golpes aplicados de dentro dos presídios do Ceará. "Eles (os presos) ligaram para vários municípios da região, pedindo o saldo do cartão para poder ganhar o prêmio. Um deles ligou para mim e ficou lendo o nome das pessoas que tinha aplicado o golpe só no dia de hoje", acrescenta o comerciante. A Delegacia Regional de Coxim (MS)- que atende os municípios de Sonora, Pedro Gomes, Rio Verde, Coxim, Camapuá, São Gabriel do Oeste e Alcinópólis - recebe várias queixas sobre o golpe. Bruno Henrique Urban, delegado regional adjunto, diz que há muitas ligações do Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. "O número de seqüestros virtuais e ameaças por telefone é grande. É direto aqui. No fim de semana, recebemos entre cinco e seis reclamações. A gente procura orientar as pessoas para não cair", relata. Os ataques constantes fizeram com que a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul publicasse um manual contra golpes pelo telefone em seu site. O delegado titular da Delegacia de Defraudação e Falsificação de Vitória (ES), Lauro Coimbra, afirma que, no auge dos golpes no Estado, de cada dez ligações recebidas, quatro vinham do Ceará. Segundo ele, nos últimos quatro meses, o número de vítimas diminuiu bastante por causa de uma campanha maciça realizada pelos meios de comunicação. "As pessoas estão mais conscientes e não caem tanto no golpe. No começo, era uma novidade. Todo mundo caía e pagava os cartões. Há muitos registros de tentativa de golpe, mas raramente recebemos registros de que alguém caiu nele", comenta. Tocantins também sofre com a grande quantidade de ligações feitas por presidiários cearenses. De acordo com o delegado Renato Guedes, do Serviço de Inteligência da Polícia Civil, o poder local encontra-se "com as mãos e os pés amarrados" no que se refere ao combate ao golpe telefônico. "As ligações vêm de fora para dentro do Estado. A forma que nós temos (de agir) é rastrear as contas bancárias, mas chegamos somente aos laranjas. É praticamente impossível deter essas ligações. A maioria delas é de Fortaleza". Pouco antes de conceder a entrevista, Guedes havia acabado de receber uma ligação informando de mais um caso que teria origem no Ceará. "Não sei como as autoridades (cearenses) não fazem nada no sentido de acabar com essas ligações. Elas não tomam nenhuma providência. Já avisei as autoridades, mas o mesmo golpe continua sendo aplicado. Em Goiás é a mesma coisa", desabafa. Golpes em todo Brasil Pará Tocantins Paraná São Paulo Rio de Janeiro Minas Gerais Espírito Santo Distrito Federal Mato Grosso Mato Grosso do Sul Goiás Alagoas Piauí Pernambuco Rio Grande do Norte Sergipe Fonte: Banco de dados e polícias Civis. E-MAIS A edição do O POVO do dia 10 de outubro de 2006 revelou que os presos cearenses haviam começado a agir em outros Estados, além do Ceará. Na ocasião, haviam sido registrados golpes em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Piauí. Passados pouco mais de oito meses, esse número quadruplicou. Levantamento feito pela Delegacia de Repressão a Seqüestro do Distrito Federal revelou que, em um ano, foram registradas 490 ocorrências do golpe do seqüestro pelo celular. Desse total, 15% das ligações vieram do Ceará, que ficou em segundo lugar em uma lista de oito estados. O Rio de Janeiro ficou em primeiro, com 74% dos telefonemas. A assessoria de imprensa do Pará informou que está fazendo um levantamento semelhante ao do Distrito Federal. A intenção é mapear a origem das ligações. O estado também foi alvo da ação de criminosos cearenses. Ainda segundo a assessoria, a polícia paraense já entrou em contato com o núcleo de Inteligência da Polícia Civil do Ceará para troca de informações. Saiba como se defender de golpes virtuais no site da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul: http://www.pc.ms.gov.br
Fonte: O POVO

Ueba! Irmão do Lula é burrista!

Por: José Simão

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! E a gravação do irmão do Lula, o Vavácilão: "Ó, manda dois paus pra eu!". O irmão do Lula é analfabeto, mas aprendeu logo a lição de casa! E tão dizendo que o irmão do Lula não é lobista, é burrista! E sabe qual o castigo que o Lula vai dar pro Vavá? Nada de bingo e churrasco até o fim do ano! Rarará! E começou o o Fashion Bicha. A Parada Gay da Moda! E o tema desse evento é ÁGUA! Água? Então as bichas vão morrer afogadas. Rarará. Mas é água com gás ou sem gás? Tá certo, o planeta tem que economizar água. Vou botar uma placa no chuveiro daqui de casa: "Economize água! Só lave o que for usar hoje". Rarará. E as modelos vão poder tomar banho antes de entrar na passarela? As esquálidas vão lavar o sovaco? Aí elas levantam os braços e a primeira fila desmaia! E já imaginou aqueles meninos incríveis e com um chulé do cão? E como me disse aquela perua alienada: "Água pra mim, só San Pellegrino". Ou então a gente dá uma de Maria Antonieta: se acabar a água no planeta, eu bebo Coca-Cola. Rarará. Vai ser aquela água! I LOVE LUCIANTA! Mais uma da minha morenanta predileta Lucianta Gimenez. É que a Perla estava no programa quando falou: "Diga aí uma palavra terminada em 'ado'". E a Lucianta: "Melado". Perla: "Tarado". Lucianta: "QUADRO!". Então fica de quatro! Palavras terminadas em "ado": Meladro, Taradro, Quadro e Viadro! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Mas como disse aquele outro: é mole, mas chacoalha pra ver o que acontece! Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heróica e mesopotâmica campanha 'Morte ao Tucanês'. Acabo de receber mais um exemplo irado de antitucanês. É que em Portugal tem uma loja de materiais de construção chamada Casa Cubaixo! A privada fica no chão! Rarará. Mais direto, impossível. Viva o antitucanês. Viva o Brasil! E atenção. Cartilha do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. 'Bissexual': companheira que tem duas periquitas. Rarará! O lulês é mais fácil que o inglês. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno. simao@uol.com.br

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  . Por POLÍTICA JB com Agência Estado redacao@jb.com.br Publicado em 27/04/2024 às 19:37 Alterado em 27/04/2024 às 19:37                   ...

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