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segunda-feira, agosto 01, 2022

Lula explora favoritismo para ampliar alianças




Por Luiz Carlos Azedo (foto)

Não há relação direta do descolamento do establishment empresarial e jurídico em relação a Bolsonaro com o apoio desses segmentos a Lula, mas manifestos abrem espaços para o petista

Os manifestos em defesa da democracia, das urnas eletrônicas, da Justiça Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal (STF) — um deles articulado por ministros aposentados da Corte, professores e alunos da tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP); o outro, pela poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), com apoio da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP) e da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) — sinalizam um grande movimento de placas tectônicas na política brasileira.

Representam a reação da sociedade civil à narrativa golpista de Jair Bolsonaro (PL), principalmente depois da reunião com diplomatas de cerca de 70 países, na qual levantou suspeitas sobre o sistema eleitoral e atacou os ministros do Supremo Luís Roberto Barroso, Édson Fachin e Alexandre de Moraes. O fato de o presidente ter anunciado a intenção de convocar uma manifestação para o 7 de setembro, dia do Bicentenário da Independência, com o propósito de confrontar o Supremo, no domingo passado, na convenção eleitoral do PL, deu mais repercussão aos manifestos, que podem chegar a um milhão de assinaturas de personalidades dos mundos jurídico, empresarial, acadêmico, científico e artístico.

A 63 dias do primeiro turno das eleições, os dois manifestos sinalizam um realinhamento de forças políticas e sociais de muita envergadura, cujas consequências eleitorais não estão ainda definidas, mas revelam o profundo isolamento político de Bolsonaro, dos generais que o cercam e dos políticos do Centrão que controlam o Orçamento do governo. O inegável prestígio popular, que mantém uma base eleitoral bastante resiliente, e o peso da utilização da máquina governamental para desequilibrar a eleição a seu favor, por meio da aprovação da PEC da Eleição, não vêm sendo suficientes para reduzir os índices de rejeição de Bolsonaro, o que mantém a polarização e a radicalização políticas, mas não a sua expectativa de poder.

A forte repercussão negativa aos pronunciamentos dele contra a urna eletrônica e o STF também aprofundou seu isolamento internacional. E pôs uma saia justa no seu ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, que vinha sendo o porta-voz das infundadas suspeitas em relação à segurança das urnas eletrônicas.

Na quinta-feira, reunidos em Brasília, ministros da Defesa de 21 países assinaram uma carta em que se comprometem a manter e defender a democracia, a paz na região e reconhecer a soberania dos países. A 15ª Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA) já estava prevista, porém serviu para o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd J. Austin III, cobrar “devoção à democracia” de ministros da Defesa de países das Américas, num claro recado aos generais que formam o estado-maior de Bolsonaro no governo, entre os quais o vice Walter Braga Neto e o próprio Nogueira.

Alianças

Austin afirmou que as forças armadas devem se manter “sob firme controle civil” e que as instituições militares precisam ser transparentes. Foi mais um dos seguidos sinais emitidos pelo presidente norte-americano Joe Biden, de que Bolsonaro não deve embarcar numa aventura golpista. Essas advertências encontram eco na sociedade, principalmente na elite política, jurídica e empresarial do país, e entre os militares, cujas relações históricas com os Estados Unidos foram tecidas a partir da entrada no Brasil na II Guerra Mundial, com o envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) aos campos de batalha da Itália.

Na medida em que mantém seu favoritismo, a expectativa de poder está se transferindo cada vez mais para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ocorre que não existe uma relação mecânica entre o descolamento do establishment empresarial e jurídico do governo Bolsonaro, revelado pelos manifestos, e o apoio eleitoral desses segmentos ao petista. Os atos são de caráter suprapartidário e, de certa forma, alimentam as esperanças dos candidatos Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) de que ainda possa haver espaço para uma terceira via. Ambos apostam que a alta rejeição de Bolsonaro pode levar os eleitores antipetistas a buscar uma alternativa.

É aí que Lula, macaco velho de eleições, se movimenta para consolidar a polarização com Bolsonaro e tentar vencer o pleito no primeiro turno. Primeiro, tirou o salto alto e resolveu conversar com André Janones (Avante) para remover sua candidatura, que oscila na faixa entre 3% e 2% dos votos — uma diferença que pode levar a eleição para o segundo turno. O parlamentar mineiro é um fenômeno das redes sociais e tem muita penetração no eleitorado jovem.

Lula também negocia a retirada da candidatura de Luciano Bivar (União Brasil), que não tem expressão eleitoral significativa, mas dispõe de muito tempo de rádio e televisão e é um desafeto figadal de Bolsonaro. No pacote desse acordo, pode haver um acerto tácito na Bahia, que é o quarto colégio eleitoral do país e no qual o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) desponta como favorito — tem quase 40 pontos de vantagem em relação ao petista Jerônimo Rodrigues, o segundo colocado.

Correio Braziliense

Família Bin Laden doou um milhão de libras à fundação do príncipe Charles



A fundação do príncipe Charles, criada em 1986, saberá se terá de devolver a doação

Informação aumenta a atenção em torno da fundação do príncipe Charles, que está sob uma investigação da polícia lançada em fevereiro

O príncipe Charles, herdeiro da coroa britânica, aceitou uma doação para sua fundação de um milhão de libras (1,21 milhão de euros) da família Bin Laden, segundo o Sunday Times.

Vários de seus assessores teriam aconselhado para que a fundação não aceitasse essa doação da abastada família do mandante dos atentados de 11 de setembro de 2001, Osama bin Laden, segundo as fontes citadas no artigo do jornal britânico.

Embora os membros da família saudita - que repudiaram Osama bin Laden - não sejam suspeitos de qualquer crime, essa informação aumenta a atenção em torno da fundação do príncipe Charles, que está sob uma investigação da polícia lançada em fevereiro.

Esta investigação visa estabelecer se as doações para a fundação do príncipe Charles foram recompensadas com títulos honoríficos e se foram usadas para apoiar um pedido de naturalização por um empresário saudita, Mahfuz Marei Mubarak bin Mahfuz.

O acordo sobre a doação de um milhão de libras do patriarca da família saudita, Bakr bin Laden (meio-irmão de Osama) e seu irmão Shafik, data de 2013 durante uma reunião em Londres entre Bakr bin Laden e o príncipe Charles, segundo o Sunday Times.

Doação aceita por todos os curadores da fundação

Ian Cheshire, presidente da fundação, diz que a doação foi aceita na época por todos os cinco curadores.

O caso, sobre o qual a Scotland Yard iniciou uma investigação, foi revelado no ano passado e pesou sobre o herdeiro do trono britânico de 73 anos.

Suspeita-se que seu antigo ajudante de camareiro Michael Fawcett, conhecido por ser muito próximo de Charles, tenha usado sua influência para ajudar o empresário saudita Bin Mahfuz, generoso doador de instituições de caridade ligadas à monarquia britânica, a obter uma condecoração.

Mahfuz, que nega qualquer irregularidade, teria doado grandes somas de dinheiro para projetos de restauração.

Michael Fawcett renunciou em novembro de 2021.

Uma investigação também foi lançada em novembro passado pelo regulador inglês de instituições de caridade para apurar se a fundação Mahfuz, do rico empresário saudita, recebeu doações destinadas à do príncipe Charles.

"A investigação vai analisar se certas doações recebidas pela fundação Mahfuz foram destinadas à organização, se foram usadas de acordo com a intenção dos doadores e se devem ser devolvidas", explicou a comissão na época.

A fundação do príncipe Charles, criada em 1986, não é regulada por esta comissão, mas depende do regulador escocês de instituições de caridade.

Este último também abriu uma investigação, mas desta vez por doações de várias centenas de milhares de euros de um doador russo.

O Grupo Bin Laden, o maior império de construção da Arábia Saudita fundado pelo pai de Osama bin Laden em 1931, enriqueceu por décadas graças à sua proximidade com a família real. Mas agora está cheio de dívidas.

AFP / Estado de Minas

Turquia diz que primeiro navio com grãos ucranianos pode zarpar na segunda




Os navios foram carregados, estão prontos para partir, mas é preciso haver uma coordenação logística

A retomada das exportações foi discutida em uma reunião entre os ministros da Defesa da Turquia e da Ucrânia, anunciou Ancara

O porta-voz da presidência turca, Ibrahim Kalin, declarou neste domingo (31) que há "alta probabilidade" de que um primeiro navio carregado com grãos ucranianos deixe o porto de Odessa, na Ucrânia, na manhã de segunda-feira, nos termos de um acordo alcançado em 22 de julho com a Rússia.

"Há uma grande probabilidade de que um primeiro navio possa partir amanhã de manhã (segunda-feira) se tudo for combinado até hoje à noite", disse Kalin, em entrevista ao canal privado Kanal 7.

O representante turco indicou que ainda há "uma ou duas questões a serem resolvidas nas negociações com os russos".

"Os preparativos chegaram a um ponto que permitiria que os navios saíssem do porto de Odessa. Os navios foram carregados, estão prontos para partir, mas é preciso haver uma boa coordenação logística", acrescentou o porta-voz.

A retomada das exportações foi discutida em uma reunião entre os ministros da Defesa da Turquia e da Ucrânia, anunciou Ancara.

O Centro de Coordenação Conjunta (CCC), responsável pelo controle das exportações de grãos da Ucrânia por meio do Mar Negro, foi inaugurado oficialmente na quarta-feira em Istambul, conforme o acordo assinado em 22 de julho.

Acordo para suspender o bloqueio

O acordo para suspender o bloqueio - o primeiro texto significativo envolvendo ambos os lados desde o início do conflito - visa aliviar uma crise global de alimentos que elevou os preços e que prejudica os países mais pobres do mundo.

O Centro de Coordenação Conjunta deve registrar e controlar os navios mercantes, garantir seu monitoramento via satélite e inspecionar as embarcações no momento do carregamento nos portos ucranianos e na chegada aos portos turcos.

AFP / Estado de Minas

Penitências




Pedidos oficiais de desculpas são registros civilizatórios essenciais para o conhecimento de quem somos

Por Dorrit Harazim (foto)

A História está coalhada de memoráveis pedidos de desculpas públicas, moldadas por graus variáveis de sinceridade e intento de reparação. Pena que só vez por outra essas penitências oficiais por atos cometidos por (a)gentes do passado conseguem ser confrontadas com situações presentes. No âmbito de nossas relações pessoais, é fácil: a sinceridade de uma jura de não repetição do erro é perfeitamente auditável por quem sofre o abuso. Basta aguardar os dias seguintes. Mais difíceis e complexos de avaliar são os pedidos oficiais de desculpas por crimes deliberadamente enterrados na História por uma instituição, governo ou nação. Ainda assim, são registros civilizatórios essenciais para o conhecimento de quem somos.

Nesta semana coube ao Papa Francisco, de 85 anos e saúde frágil, fazer uma peregrinação de penitência oficial ao Canadá. Foi solene e sentido seu pedido de perdão pelo sistema de “reeducação” forçada para crianças indígenas, promovido pelas escolas católicas daquele país a partir do século XIX. Estima-se que mais de 150 mil crianças dos povos originários tenham sido retiradas de suas famílias por ordem de sucessivos governos canadenses e internadas em escolas distantes de suas raízes para assimilar a cultura branca dominante. Sessenta por cento desses internatos eram administrados pela Igreja dos Papas. Ao longo de quase 150 anos, gerações e gerações dessas crianças foram “civilizadas” à força, impedidas de falar em suas línguas nativas, obrigadas a se tornar cristãs e submetidas a toda sorte de abuso. As que morreram enquanto internadas foram enterradas em cemitérios espalhados pelo país, não raro de forma anônima. Muitos egressos desse desenraizamento forçado se suicidaram, outros buscaram refúgio no álcool, nas drogas. O tamanho do horror só foi minimamente mapeado entre 2008 e 2015 por uma Comissão de Verdade e Reconciliação nacional.

Para Evelyn Korkmaz, que viveu dos 10 aos 14 anos numa dessas “residências” católicas em Fort Albany, província de Ontário, a vida seguiu. Hoje sexagenária e defensora dos internados de outrora, ela lembra que havia uma “cadeira elétrica” na escola, à qual crianças eram ocasionalmente amarradas. Em depoimento à Deutsche Welle, Korkmaz relatou abusos, estupros e mortes ali ocorridas. Lamenta ouvir desculpas papais após 50 anos de dor acumulada.

O Pontífice chamou de “catástrofe” a existência das “escolas residenciais”. E alongou-se nas excusas:

— É com humildade que peço perdão pelo mal cometido por tantos cristãos contra os povos indígenas... Peço perdão, em particular, pela maneira como integrantes da Igreja e de comunidades religiosas colaboraram com o projeto...

Foi pouco.

Não deve ter escapado aos representantes das Primeiras Nações, dos inuítes e dos métis, que o Papa se esquivou de responsabilizar a Igreja Católica como instituição — o mal teria sido cometido por “cristãos”, “integrantes da Igreja”, “entidades católicas locais”. Ele também reservou para uma sessão a portas fechadas com cardeais, bispos e outros integrantes do clero canadense um dos temas mais espinhosos da internação forçada daquelas crianças: “abusos sexuais de menores e vulneráveis”.

Teria sido uma oportunidade para avançar de público na condenação da prática que tanta miséria humana já causou entre seus fiéis. Só na Austrália, entre 1950 e 1980, 4.445 casos de abuso sexual foram acobertados pela Igreja. Na França, uma investigação de 2021 concluiu que nenhum dos 3 mil padres ou católicos associados que abusaram das mais de 215 mil vítimas foi responsabilizado pela Igreja. No Canadá, apenas uma fração dos 5 mil predadores sexuais que abusaram de crianças indígenas responde a processo criminal. O próprio governo federal canadense de épocas anteriores destruiu 15 toneladas de documentos relacionados à rede de “residências” entre 1936 e 1944.

Uma frase do atual primeiro-ministro Justin Trudeau sobre reparação e ação no contexto histórico de seu país merece ser lida duas vezes, para melhor sedimentação:

— Quando os internatos ensinavam às crianças indígenas que elas não tinham identidade nem valor, tampouco tinham idioma, as demais escolas do país ensinavam o mesmo às crianças canadenses [da maioria] não indígena. Enraizou-se assim em nossa história o legado de anular a dignidade dos povos originais.

E o Brasil? Nos últimos três anos e meio testemunhamos tentativas celeradas de aniquilamento oficial de nossa história. Melhor não contar com penitências. Talvez, quem sabe, no futuro, em alguma penitenciária.

O Globo

Rússia acusa Ucrânia de atacar sede da frota do Mar Negro




Autoridades da Crimeia anexada afirmaram que um drone danificou sede da Marinha russa em Sebastopol, deixando cinco feridos. Celebrações do Dia da Marinha russa foram canceladas na região. Ucrânia nega acusações.

Autoridades russas informaram neste domingo (31/07) que um ataque com drone carregado de explosivos feriu cinco pessoas no quartel-general da sua frota no Mar Negro, na Crimeia anexada.

O governador russo de Sebastopol, Mikhail Razvojayev, postou em sua conta do Telegram a seguinte mensagem: "Esta manhã, nacionalistas ucranianos decidiram estragar o Dia da Frota Russa", em referência à data que é comemorada na Rússia neste domingo. "Um objeto não identificado voou para o pátio da sede da frota, segundo dados preliminares, era um drone. Cinco pessoas ficaram feridas, são funcionários da sede da frota, não houve vítimas fatais", completou.

Após a explosão, todas as festividades do Dia da Frota Russa "foram canceladas por razões de segurança", disse Razvojayev, pedindo aos moradores de Sebastopol que não deixem suas casas "se possível".

O ataque é o mais recente revés para a frota do Mar Negro durante a guerra contra a Ucrânia. Em abril, a Ucrânia afundou o principal navio da frota do Mar Negro, o cruzador Moskva. Até hoje não está claro quantos marinheiros foram mortos no ataque.

As autoridades ucranianas, por sua vez, negaram estar por trás do ataque sem precedentes, descrevendo as acusações russas como "provocação deliberada".

O anúncio de um "suposto ataque ucraniano à sede da frota russa em Sebastopol" é "uma provocação deliberada", disse Serguii Bratchuk, porta-voz da administração regional de Odessa (sul da Ucrânia), em um vídeo no Telegram.  "A libertação da Crimeia ucraniana ocupada acontecerá de outra maneira muito mais eficiente", acrescentou.

As acusações russas foram feitas horas antes de o presidente russo Vladimir Putin anunciar, em discurso em São Petersburgo, que sua Marinha seria equipada "nos próximos meses" com um novo míssil de cruzeiro hipersônico Zircon, que "não conhece obstáculos".

A frota russa "é capaz de infligir uma resposta devastadora a todos aqueles que decidirem atacar a nossa soberania e liberdade", assegurou Putin, ressaltando que os seus equipamentos militares "estão sujeitos a melhorias contínuas". A entrega dos mísseis Zircon "às Forças Armadas russas começará nos próximos meses", disse ele.

Ataques russos

No sul da Ucrânia, as autoridades de Mykolaiv apontaram neste domingo que a cidade havia sido alvo de intensos bombardeios russos, "os mais fortes" desde o início da guerra, que deixaram pelo menos dois mortos: um magnata do setor agrícola e sua esposa, que morreram após terem a mansão atingida por um míssil russo.

De acordo com o prefeito da cidade, Oleksandre Senkevych, "explosões poderosas" foram ouvidas duas vezes durante esta madrugada.

Outros ataques atingiram as regiões de Kharkiv (leste) e Sumy (nordeste).

Na noite de sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu aos moradores da região de Donetsk que deixassem a região para escapar do "terror russo" e dos bombardeios neste território no leste do país, em grande parte sob o controle de Moscou. "Foi tomada uma decisão do governo sobre a evacuação obrigatória da região de Donetsk", disse Zelensky em vídeo. "Quanto mais moradores deixarem a região de Donetsk agora, menos pessoas o exército russo matará", completou.

Pelo menos 200.000 civis ainda vivem nos territórios da região de Donetsk que ainda não estão sob ocupação russa, segundo uma estimativa das autoridades ucranianas.

Deutsche Welle

Cobertor curto




Lula foca no voto útil, Bolsonaro sobe daqui, cai dali e fica no elas por elas, ou no eles por elas

Por Eliane Cantanhêde (foto)

O presidente Jair Bolsonaro sofre da síndrome do cobertor curto na eleição: quando melhora daqui, piora dali e essa soma zero é a favor do ex-presidente Lula, que atravessa toda a campanha numa dianteira confortável e está com 14 pontos de vantagem, segundo o Agregador de Pesquisas do Estadão, com a possibilidade, difícil, não impossível, de vitória em primeiro turno.

Bolsonaro foi de 19% para 24% entre os nordestinos, pelo Datafolha, mas está 35 pontos atrás de Lula no Nordeste e 15 pontos no Sudeste e as duas regiões reúnem 70% do eleitorado brasileiro. Ele também ganhou seis pontos entre as mulheres, mas perdeu quatro entre os homens. Ficou elas por elas, ou eles por elas.

Se o presidente melhorou um tantinho entre os de menor renda, Lula compensou entre os mais ricos. E, se Bolsonaro é o preferido dos evangélicos (43% a 33%), Lula é o dos católicos, com margem bem maior (52% a 25%), e tem 51% dos espíritas.

Com 53% de rejeição, ante 36% de Lula, Bolsonaro tem dificuldade para reduzir drasticamente a diferença para o petista e até a bomba contra mensalão e petrolão perdeu impacto: 73% dos eleitores veem corrupção no seu governo, fica o sujo falando mal do mal lavado. Além disso, o eleitor de 2022 está mais preocupado com saúde, educação, economia e violência e, assim, o foco sai da corrupção e vai para uma seara mais confortável para Lula, que em 2010 deixou 7,5% de crescimento, inflação baixa, emprego e autoestima nacional em alta.

Bolsonaro ensaia a reação em duas frentes: as benesses da PEC da Reeleição e a melhora na economia. Em agosto vêm aí os R$ 600 de Auxílio Brasil e os R$ 1.000 para taxistas (cabos eleitorais nas cidades) e caminhoneiros (nas estradas). Se Michelle Bolsonaro mexeu no eleitorado feminino e pobre orando na convenção do PL, imaginem R$ 200 para comida.

Na economia, inflação e juros corroem a renda, o superávit vem de receitas extraordinárias e adiamento de precatórios, os lucros da Petrobras são “estupro” e há fome e cheiro de golpe no ar. A economia reage, porém, com desemprego abaixo de 10%, superávit primário de R$ 14,4 bilhões, dividendos de mais de R$ 30 bilhões da Petrobras para a União e duas quedas no preço da gasolina. Logo, a guerra vai para a economia, o social e... democracia.

Para vencer no primeiro turno, Lula precisa ter mais de 50% dos votos válidos e perde um ponto a cada mês (tinha 54% em maio, 53% em junho e 52% em julho), correndo o risco de chegar em outubro abaixo do necessário. Logo, precisa impedir o crescimento de Bolsonaro e atrair os indecisos e o “voto útil”, que é sempre favorável a quem lidera.

O Estado de São Paulo

Por que a ONU está paralisada em relação à guerra na Ucrânia?




ONU demonstra ter pouco efetividade para garantir a paz no mundo diante da guerra na Ucrânia

Professor de relações internacionais aponta que a estrutura do Conselho de Segurança limita as ações pela manutenção da paz

A guerra na Ucrânia envolve diretamente a Rússia e indiretamente os EUA, ou seja, duas potências militares em lados opostos. Nesse cenário, esperava-se que a ONU (Organização das Nações Unidas) tivesse um papel fundamental para a manutenção da paz, seu principal objetivo desde sua criação após a Segunda Guerra Mundial.

No momento em que o mundo teme a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial, a organização demonstra ter ações limitadas diante dessa situação. Isso acontece, principalmente, por causa da sua estrutura, na qual os membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China) têm poder de veto nas decisões e usam isso para se proteger de possíveis consequências de suas políticas externas.

“O Conselho de Segurança é o órgão em que se debate o uso das forças da ONU (Forças de Paz conhecidas como capacetes azuis) e seu formato impede que os países que possuem poder de veto sejam atingidos pelas deliberações, o que é o caso da Rússia agora”, explica o professor João Carlos Jarochinsk, do departamento de Relações Internacionais da UFRR (Universidade Federal de Roraima)

Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, a organização apenas condenou a invasão russa e suspendeu Moscou do Conselho de Direitos Humanos. Porém, não teve nenhuma outra ação relevante que contribuísse para um cessar-fogo entre Moscou e Kiev.

Para além da força militar, o especialista destaca o papel humanitário da organização que se mostra importante e efetivo em muitos momentos, como agora no Leste Europeu.

“A ONU é responsável por uma atuação de forma muito rápida e eficiente na questão dos refugiados ucranianos, além de toda a mobilização para estruturas de recepção, abrigos e campos de refugiados.”

Reformulação

Como a ONU se encontra limitada para atuar no campo da paz em meio à devastação que a guerra provocou em muitas cidades ucranianas, surge o debate sobre se é o momento para uma reformulação. 

A organização também enfrenta o entrave da busca por soberania por parte de muitos países, com líderes que visam o fortalecimento nacional e que têm apoio da população. Para Jarochinsk, a conjuntura política é desfavorável para que, neste momento, ocorra uma reforma na instituição e ressalta uma possível “tendência de piora”.

“Devemos avaliar quais são as possibilidades de mudança. Pode ser que não consigamos conquistar os objetivos propostos e que se desestruture um sistema que mal ou bem tem funcionado há mais de 75 anos.”

Ainda existe a questão do financiamento da ONU, que vem de seus países membros, desta forma, a organização depende dessas contribuições para sua atuação pelo mundo. Por esse motivo, o especialista acredita que esse é um ponto sensível e o principal problema a ser enfrentado.

“É preciso pensar no fortalecimento do Tribunal Penal Internacional (TPI), que responsabiliza as pessoas que são responsáveis por muitas atrocidades. Apesar de alguns avanços, o tribunal está muito longe do que seria o ideal.”

R7

Bolsonaro é considerado tóxico até por aliados - Editorial




Quando o partido do ministro (foto) da Casa Civil entra na Justiça para impedir que seus candidatos sejam identificados com Bolsonaro, tem-se a exata noção do tamanho da rejeição a ele

É notório o esforço do presidente Jair Bolsonaro em difundir desconfiança contra as urnas eletrônicas e as pesquisas de opinião. O objetivo é transmitir a mensagem de que teria um grande apoio popular, muito maior do que o registrado nas urnas e aquele medido pelos institutos de pesquisa. Afinal, a fantasia bolsonarista inclui alçar Jair Bolsonaro à categoria de líder de uma maioria silenciosa, que estaria incondicionalmente a seu lado.

A farsa só convence quem quiser ser convencido por ela. Jair Bolsonaro teve 57,8 milhões de votos no segundo turno das eleições de 2018, mas seu desgoverno foi capaz de produzir uma altíssima taxa de rejeição, além de ser o presidente da República candidato à reeleição mais mal avaliado desde a redemocratização. Segundo a última enquete realizada pelo Datafolha, 53% dos brasileiros afirmam que não votam em Jair Bolsonaro de jeito nenhum. Vê-se logo por que o bolsonarismo tem verdadeira ojeriza a pesquisas de opinião – afinal, estas retratam uma realidade que esse movimento fanático teima em negar.

Bolsonaristas podem continuar acreditando que seu líder é querido e admirado pela maioria do povo. Mas a farsa recebeu agora um novo capítulo, especialmente vexaminoso, a escancarar a desconexão do discurso do bolsonarismo com a realidade. Segundo informou o Estadão, os principais aliados políticos de Jair Bolsonaro, cientes do caráter tóxico da presença do presidente em suas campanhas, querem escondê-lo de sua comunicação com o eleitor.

Eis a realidade da rejeição do bolsonarismo por parte da população. Até o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas-PI), vêm escondendo o presidente Jair Bolsonaro das campanhas próprias e de seus aliados no Nordeste.

Na convenção do PL que definiu Jair Bolsonaro como candidato à reeleição, Arthur Lira vestiu a camisa “Bolsonaro 22”. No entanto, isso era só para satisfazer a patota bolsonarista. Na hora de se comunicar com o eleitorado em Alagoas, o presidente da Câmara – justamente uma das pessoas que mais se beneficiam do orçamento secreto e das relações com o Palácio do Planalto – quer mostrar independência. Em vez de “Bolsonaro 22”, os marqueteiros de Arthur Lira almejam outra mensagem: a do tocador de obras independente e padrinho direto dos recursos para o Estado. Para piorar, Arthur Lira apoia para o governo de Alagoas o senador licenciado Rodrigo Cunha (União Brasil), que é contrário a Jair Bolsonaro.

Houve também o inusitado pedido do diretório estadual do Progressistas no Piauí, controlado por Ciro Nogueira, para que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) proibisse a circulação de imagens de seus candidatos ao lado do presidente. Na ação, o partido do ministro-chefe da Casa Civil – a quem Jair Bolsonaro deu nada mais nada menos do que as chaves do Orçamento Federal – afirma que o presidente da República “possui altíssimo índice de rejeição em pesquisas mais recentes” e que o material que circula no WhatsApp de seus candidatos ao lado de Bolsonaro é fake news. Segundo o Progressistas, diante da alta impopularidade do presidente, eles serão prejudicados se aparecerem vinculados a Jair Bolsonaro.

O TRE do Piauí negou o pedido do Progressistas. “Está claramente nos limites da liberdade de expressão e comunicação”, disse a sentença, prolatada em junho deste ano. Certamente, é muito importante que o eleitor saiba, na hora de definir o seu voto, quem tem dado apoio e sustentação a Jair Bolsonaro.

As eleições são território de falsas promessas e de crescente desinformação. Mas elas também revelam muitas coisas. O processo eleitoral tem uma nota de realismo. Políticos sabem quem tem potencial de voto e quem horroriza o eleitor. Ao longo desses três anos e meio – sua primeira função na esfera do Executivo –, Jair Bolsonaro construiu e consolidou sua reputação de governante despreparado, irresponsável, conflituoso e que não é afeito ao trabalho. A alta rejeição não é fruto do acaso, mas simples consequência de seus atos.

O Estado de São Paulo

É a política e a economia, estúpido!




A melhor situação econômica não basta para evitar riscos democráticos

Por Alessandra Ribeiro (foto)* e Rafael Cortez*

‘É a economia, estúpido’. O uso da frase do estrategista de campanha do Partido Democrata, James Carville, no início de 1992 tornou-se comum nas análises eleitorais mundo afora.

A racionalidade por trás da afirmação é razoavelmente simples: cenário econômico tem peso relevante no comportamento dos eleitores, tornando a disputa presidencial uma avaliação do desempenho do governo na condução da economia. Uma economia que cresce significaria vitória do candidato à reeleição, independentemente das variáveis políticas, tais como natureza do sistema de partidos, perfil dos candidatos ou estrutura de campanha. Seria tão poderosa que, no limite, ela também produziria estabilidade política.

Os últimos anos, porém, foram marcados pela “redescoberta da política”, invertendo a relação entre economia e política. A análise das regras do jogo e das escolhas dos tomadores de decisão passou a ter impacto decisivo no comportamento das economias. A crise política nos países avançados, decorrente da crise sistêmica de legitimidade das organizações partidárias tradicionais, mostrou que o risco político não era apenas problema de países periféricos. A melhor situação econômica não basta para evitar riscos democráticos e episódios de violência política.

Os novos tempos requerem avaliação da articulação entre a cena internacional e escolhas políticas domésticas, como condicionantes do desempenho econômico do próximo mandato para o Brasil. As mudanças na paisagem internacional em direção a um mundo menos integrado — resultado das lições da pandemia e dos riscos geopolíticos — devem promover um rebalanceamento entre países emergentes.

Esse contexto de mudança traz vários desafios, mas também oportunidades. Desafios de curtíssimo prazo, como as consequências de fortes estímulos fiscais e monetários para a economia mundial em ambiente de restrição de oferta. Inflação elevada e consequente necessidade de aperto rápido da política monetária resultarão em desaceleração da atividade global. Esse quadro pode ser agravado por restrição de oferta de petróleo e gás pela Rússia, o que evidencia a vulnerabilidade na questão energética, especialmente no caso europeu, alimentando os temores de recessão.

O equilíbrio de economia política no cenário “pós-teto de gastos” basicamente expressa paralisia decisória no tocante às contas públicas. Seja pela dimensão da receita, seja pela das despesas, há entraves políticos para a aprovação de medidas que reduzam a percepção de risco, contribuindo para menor carga em cima da política monetária no combate à inflação. Esse equilíbrio político, na verdade, mostra-se mais eficiente em dribles às regras fiscais e para o populismo na concessão de benefícios tributários.

A gestão do presidencialismo de coalizão é fundamento comum para esses dois dilemas. Há um enfraquecimento político-institucional da Presidência da República. A descentralização da agenda reduz a prestação de contas da elite política e aumenta os riscos de captura por interesses particulares e ou regionais.

O Brasil tem basicamente quatro grandes desafios: 1) redução da percepção de risco quanto ao ambiente político-institucional; 2) desenho de uma política fiscal crível que garanta a sustentabilidade das contas públicas; 3) continuidade da agenda microeconômica para aumentar a produtividade e crescimento potencial; e 4) reconfiguração da posição do país no âmbito das relações internacionais, tendo em vista um novo posicionamento diante do redesenho geopolítico global.

A construção de uma trajetória sustentável de crescimento econômico tem poucas chances de sucesso, entretanto, sem a superação de uma política cada vez mais radicalizada e com horizonte temporal de curto prazo. É a política e a economia, estúpido!

*Alessandra Ribeiro é economista, sócia e diretora da área de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria, 

*Rafael Cortez é cientista político e sócio da Tendências Consultoria

O Globo

Ataque russo mata magnata ucraniano dos cereais




Mansão de Oleksiy Vadatursky foi atingida por míssil russo, matando milionário e sua esposa. Detentor de uma fortuna estimada em US$ 430 milhões, ele era um dos maiores empresários do setor agrícola ucraniano.

O ucraniano Oleksiy Vadatursky, de 74 anos, proprietário de uma das maiores empresas de comércio de cereais do país, morreu na noite de sábado (30/07) após um ataque russo. Segundo autoridades ucranianas, a mansão do milionário, na cidade de Mykolaiv, no sul do país, foi atingida por um míssil, matando o oligarca e sua esposa, Raisa Mykhailivna.

Vadatursky era fundador e controlador da Nibulon, gigante do setor agrícola ucraniano especializada na produção e exportação de trigo, cevada e milho e que também controla navios e estaleiros próprios. Sua empresa, uma das dez maiores do setor no país, exportou em 2021 um recorde de 5,64 milhões de toneladas de produtos agrícolas para um total de 38 nações.

Em 2021, a revista Forbes estimou a fortuna de Vadatursky em US$ 430 milhões (R$ bilhões) e o posicionou em 24º lugar no ranking das cem pessoas mais ricas da Ucrânia.

O comandante militar ucraniano da região, Vitaliy Kim, lamentou a morte e disse que a "contribuição de Vadatursky para o desenvolvimento da indústria agrícola e de construção naval, o desenvolvimento da região é inestimável". Vadatursky foi condecorado como "Herói da Ucrânia" em 2007 por suas contribuições para o desenvolvimento da agricultura no país.

Um assessor do chefe do gabinete do presidente ucraniano Volodimir Zelenski, disse acreditar que a Rússia deliberadamente visou o empresário no ataque. Mykhailo Podolyak declarou que um dos mísseis atingiu o quarto do empresário.

De acordo com as autoridades ucranianas, os ataques de ontem à noite à região também danificaram um hotel, duas escolas, um complexo esportivo e um posto de combustível na cidade. Um total de 12 mísseis foram disparados contra a cidade de Mykolaiv.

Mykolaiv está na rota principal para Odessa, o maior porto da Ucrânia no Mar Negro, que foi atingido repetidamente por ataques russos desde que o kremlin lançou sua invasão do país em 24 de fevereiro.

A Ucrânia e a Rússia são grandes exportadores de cereais e a interrupção das exportações ucranianas causada pela guerra tem elevado o preço de alimentos em todo o mundo. Kiev acusa a Rússia de roubar cereais e de queimar campos agrícolas, destruindo a infraestrutura econômica do país.

Na semana passada, os dois países assinaram um acordo mediado pela Turquia com o objetivo de permitir a exportação de cereais ucranianos, mas o acordo quase foi por água abaixo após a Rússia atacar o porto de Odessa no dia seguinte. Mas neste domingo a Turquia disse que um primeiro navio com cereais ucranianos deve deixar Odessa na próxima segunda-feira.

Deutsche Welle

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