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quinta-feira, março 03, 2022

Reflexões sobre o momento atual




Com essa resistência, ucranianos mostram que querem uma nova história e sua democracia liberal

Por Tiago Cavalcanti* (foto)

O artigo de hoje será diferente. Já tinha escrito outro texto sobre a questão dos juros bancários para pessoas físicas no Brasil. Porém resolvi fazer uma reflexão pessoal sobre o momento atual que vivemos.

Desde o dia 24 de fevereiro que assistimos com preocupação a invasão da Ucrânia pela Rússia com alto custo humanitário, várias vítimas e o êxodo de famílias fugindo do sofrimento e da morte.

Quem diria que nos dias atuais iríamos enfrentar uma guerra como a que está acontecendo na Europa, após um longo período de integração econômica, cultural e de relativa paz na região?

O Brexit já foi para mim um evento inesperado e que me causou desconforto. O Reino Unido integrado à Europa fazia parte da vida que estávamos acostumados. O fluxo de pessoas gera também fluxos de ideias e de cultura, que geralmente vem acompanhado de relativo progresso econômico e social. Assim foi no Reino Unido no período anterior ao Brexit.

A campanha do Brexit foi montada em fatos comprovadamente inverídicos, porém a separação institucional da Europa refletia também a preferência de parte da sociedade. Nos anos anteriores ao plebiscito, a forte migração para o Reino Unido afetou também a comunidade local de trabalhadores pouco qualificados, congestionando os bens públicos (sistema de saúde, educacional e habitacional) e criou insatisfação para aqueles que sofreram com a competição externa e que ficaram para trás.

No entanto, a possibilidade de uma guerra na Ucrânia com ameaça real de um conflito maior e até nuclear não estava nas nossas mentes quando vim com a minha família para o Reino Unido no dia 6 de setembro de 2007.

Foi uma mudança grande nas nossas vidas. Ficamos longe dos nossos familiares e amigos, da natureza brasileira e da nossa forma de ser. Construímos outras amizades, encontramos diversas pessoas, tivemos que nos adaptar a uma nova cultura, algo habitual na vida dos imigrantes. Passamos a viver sem pensar no que não estávamos tendo, aproveitando também as coisas boas do estrangeiro. Como deve ser.

Um dos bons atributos da vida em Cambridge é a segurança urbana. Há sim crimes na cidade, muitas vezes relacionados com o comportamento agressivo de jovens envolvidos com drogas ilícitas, álcool e com a leniência das autoridades com esse tipo de comportamento. Porém, raramente vemos polícia na cidade e ao mesmo tempo a criminalidade é baixíssima. A taxa de homicídio no Reino Unido é de 1,2 por 100.000 habitantes. Nos Estados Unidos essa taxa é de 4,96 e no Brasil de aproximadamente 28 por 100.000 habitantes. Em Cambridge essa taxa é menor do que 1. O principal crime na cidade é o furto de bicicletas.

Vou e volto caminhando para o trabalho. Retorno, na maioria dos dias, tarde da noite, passando no meio de um parque com pouquíssima iluminação e nunca me sinto ameaçado. Ao contrário, gosto de observar com cuidado a mudança constante da natureza, que do lado de cá parece se transformar mais rapidamente.

Meus filhos começaram a ir sozinhos de bicicleta para o colégio quando completaram 11 anos. O meu filho, hoje com 17 anos, tem atividades voltadas para a rua, nos parques da cidade e nos campos de futebol. Quando visitamos o Brasil, ele reclama que andamos pouco e de sua impossibilidade de ir para os lugares por conta própria. A vida dele em Cambridge é um pouco parecida com a que tive na minha adolescência em Olinda-PE, nos meados dos anos 80.

Minha filha mora em Brighton, Sul da Inglaterra, onde estuda e se desloca de dia e de noite por meio do transporte público. Claro que ficamos preocupados com a possibilidade de violência que tipicamente as mulheres sofrem em vários lugares do mundo, mas temos consciência que ela tem uma vida longe de casa com relativa segurança.

Após quase 15 anos vivendo aqui, viramos também cidadãos britânicos. Nossos filhos passaram grande parte da vida deles aqui e se sentem, dentro do possível, integrados à sociedade inglesa. Dizem que gostam da Inglaterra. Ao mesmo tempo, adoram o Brasil, encontrar a família, mas sempre falam no futuro profissional deles em Londres. Consigo entender.

A capital inglesa tem vários atrativos para os jovens: excelentes universidades, boa infraestrutura urbana, mercado de trabalho dinâmico e amplo, vida cultural intensa e cheia de jovens com objetivos diversos, mas ao mesmo tempo com valores semelhantes.

Na minha juventude, a Guerra Fria, o investimento em armas nucleares e a possibilidade de um conflito entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética foram temas sempre discutidos. Reflexões sobre esses tópicos estavam no nosso imaginário, apesar de Thomas Schelling, prêmio Nobel de economia de 2005, nos ensinar que as armas nucleares servem muito mais para impedir um conflito maior ao invés de serem acionadas.

Penso que para os nossos filhos e os jovens atualmente, as discussões globais sempre foram bem diferentes da nossa geração. Para eles, os principais temas foram mudança climática, liberdade individual, desigualdade, racismo e respeito às escolhas das pessoas. Não vejo nada de errado nisso, as questões mudaram ao longo do tempo de acordo com os problemas que as sociedades enfrentavam.

O ocidente, aos poucos, definiu uma nova ordem mundial baseada na difusão da democracia liberal, valores libertários e estabilidade política. Gastos militares como proporção do PIB foram reduzidos ao longo do tempo, caindo em mais da metade nos Estados Unidos entre 1960 e 2020. Quedas ainda mais substanciais foram observadas no Reino Unido e na França.

Gastos sociais, por outro lado, tiveram aumentos significativos. Essas mudanças refletiram as demandas populares dos países.

Putin, no entanto, pode agora estar causando uma marcante mudança na ordem mundial e para um papel da Rússia mais isolado do Ocidente e vinculado à China, sua maior vizinha, em particular. A União Europeia tende a quebrar a antiga relação com o país com o maior território do planeta e amplas riquezas naturais, que agora passarão a ser mais integradas à China.

Apesar de estarem próximos geograficamente, a resistência heroica dos ucranianos demonstra que os mesmos têm repulsa a regimes autocráticos, longa tradição da Rússia, e desejam ser parte da Europa, construindo uma nova história e sua democracia liberal. Que esses valores de soberania popular possam ser respeitados e preservados.

*Tiago Cavalcanti, economista, é professor da Universidade de Cambridge e da FGV-SP
 
Valor Econômico

Fracos do Ocidente




Há uma razão clara para Putin ter escolhido esse momento para invadir: não há alguém forte no Ocidente para peitá-lo. 

Por Flavio Quintela (foto)

Quando o ano de 2020 terminou, depois de toda a loucura inicial da pandemia e com as vacinas já em início de aplicação, muita gente achou que 2021 seria um alívio. Não foi, como hoje sabemos. No entanto, ao final de 2021, com a pandemia já em seus últimos suspiros e a vida de volta ao normal, muita gente achou que 2022 seria um alívio. E eis que Putin decide fazer uma guerra e chacoalhar um mundo que mal havia saído do último chacoalhão.

Um breve estudo de geopolítica básica apontará duas razões principais pelas quais Putin decidiu invadir a Ucrânia. A mais óbvia tem a ver com a possibilidade de a Ucrânia se tornar parte da OTAN. Caso isso aconteça, a fronteira leste do tratado estará a menos de 500 quilômetros de Volgogrado, ponto nevrálgico da infraestrutura de transporte de petróleo e gás da Rússia, e não haverá mais uma zona neutra entre os dois lados. Por mais que nossas mentes de pessoas comuns não achem provável que a OTAN inicie um ataque a Rússia, tomando Volgogrado e dominando o acesso do pais ao Mar Cáspio, para o presidente russo essa possibilidade será sempre considerada como real, e por isso a admissão da Ucrânia na OTAN é um ponto inegociável na agenda de Putin.

A segunda razão tem a ver com a Crimeia. Quando Putin tomou a peninsula, em 2014, o objetivo era muito claro: dominar o acesso as reservas energéticas no Mar Negro e impedir que a Ucrânia se tornasse um competidor de peso no fornecimento de gas natural aos países europeus. Lembremos que a venda de gás e petróleo gera quase metade de todo o orçamento do governo federal, incluindo a manutenção e expansão do aparato militar russo. A última coisa que Putin deseja é um novo concorrente bem ali, na loja vizinha. Acontece que a Crimeia é um lugarzinho ruim de se viver. Não há muita água potável por ali. Antes da anexação russa, a população da Crimeia recebia 85% de sua água por meio de um canal construído na era soviética e que conecta a península ao rio Dnieper. Após a anexação, o governo ucraniano bloqueou o canal, cortando o fornecimento de água. E logo no primeiro dia da invasão, 24 de fevereiro, Moscou anunciou que as tropas russas haviam desbloqueado o canal.

Obviamente que não sabemos o que se passa na cabeça do presidente que já foi agente da KGB. Pouquíssimas pessoas no planeta sabem até onde ele está disposto a ir. Ele poderia, por exemplo, ocupar a faixa sudeste do país, conectando a Crimeia às regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, garantindo o desbloqueio permanente do aqueduto e consolidando o domínio de mais da metade da costa ucraniana. Ele poderia ir além, avançando até Kiev e depois recuando até a altura da fronteira norte da Moldávia, tomando metade da Ucrânia e cortando por completo seu acesso ao Mar Negro. Ou ele poderia tomar o país inteiro. Em qualquer dos desfechos, no entanto, a Rússia manterá sua posição de principal fornecedor de gás e petróleo dos países europeus, principalmente da Alemanha, maior economia do continente. Essa dependência tem raízes no movimento irracional de banimento da energia nuclear, uma das formas mais limpas de energia que o homem já inventou. Não deixa de ser irônico que o desastre de Chernobyl tenha sido a faísca desse movimento.

Nos Estados Unidos, a situação é ainda mais irracional. Em seu primeiro dia de governo, Joe Biden assinou ordem cancelando a permissão de construção do oleoduto Keystone XL, que conectaria a província canadense de Alberta aos Estados Unidos. A decisão de Biden foi 100% política: o oleoduto havia recebido sua permissão no governo de Donald Trump, que tinha como plano o fim das importações de petróleo da Rússia, e Biden queria começar o mandato desfazendo aquilo que Trump construiu. Um ano depois, os Estados Unidos estão comprando mais de 650 mil barris de petróleo da Rússia por dia. Keystone XL traria mais de 800 mil barris por dia do Canadá.

Há uma razão clara para Putin ter escolhido esse momento para invadir. Não há alguém forte no ocidente para peitá-lo. Pode parecer simplista, mas não é. Biden é um fantoche e sua família tem conexões espúrias com a oligarquia russa. A resposta americana ao conflito deveria ser dada aqui dentro mesmo, com a retomada de Keystone XL e com novas usinas nucleares. E no tocante a Ucrânia, é necessário manter o país como zona neutra se há de se querer qualquer diálogo com o Kremlin. A preocupação militar de Putin é legítima, ainda que sua invasão seja cruel e desumana. Qualquer pessoa com o mínimo de moral tem a obrigação de condenar a ação russa, mas achar que Putin vai parar porque a Apple deixou de vender seus produtos por lá não passa de ingenuidade pueril.

Gazeta do Povo (PR)

Como as armas doadas pelo Ocidente chegarão à Ucrânia?




UE e EUA prometeram enviar milhares de armamentos para as Forças Armadas ucranianas. Logística para a entrega destes equipamentos é um desafio em meio à invasão russa. É preciso também correr contra o tempo.

Por Rob Mudge

A União Europeia (EU) destinou 450 milhões de euros para a compra de armas para as Forças Armadas da Ucrânia, incluindo sistemas de defesa aérea, armas antitanque, munições e outros equipamentos militares. Outros 50 milhões de euros serão gastos no fornecimento de suprimentos, como combustível, equipamentos de proteção, capacetes e kits de primeiros socorros.

Uma vez que os tratados da UE não permitem o uso de seu orçamento normal para fins militares, o bloco está ativando o chamado Mecanismo Europeu de Paz, que permite fornecer ajuda militar até um teto de 5 bilhões de euros.

Esse movimento ocorre após uma mudança de paradigma na política de defesa da Alemanha, que decidiu fornecer armas à Ucrânia – incluindo 1 mil armas antitanque e 500 mísseis terra-ar Stinger – revendo, assim, sua proibição de fornecer armamento para países em guerra.

Os EUA também reforçaram seus repasses e irão fornecer mais 350 milhões de dólares em assistência militar, incluindo mísseis antitanque Javelin, mísseis antiaéreos Stinger, armas de pequeno calibre e munição.

Isso eleva o total da ajuda militar dos EUA à Ucrânia para 1 bilhão de dólares no último ano – e para mais de 2,5 bilhões de dólares desde 2014.

Desafios logísticos

Embora a ajuda militar de países ocidentais dê um grande impulso para a Ucrânia em seu esforço para repelir as forças russas, há dúvidas sobre a logística e os possíveis obstáculos para a entrega deste equipamento.  

Dependendo do tipo, os armamentos do Ocidente têm sido até agora entregues por terra ou ar. Mas agora o espaço aéreo da Ucrânia é controlado por caças russos que poderiam interceptar os carregamentos por meio de ataques aéreos e de mísseis.

"Se conhecerem as rotas, os russos poderão vigiá-las e procurar o meio de transporte específico", afirma Gustav Gressel, especialista em Europa Oriental e política de defesa do observatório Conselho Europeu de Relações Exteriores, à DW.

A perspectiva de tal interferência coloca em evidência a Polônia, que compartilha uma fronteira de 535 quilômetros com a Ucrânia. O Exército dos EUA, em particular, tem uma longa história de envio de forças e equipamentos através da Polônia.

E o ônus sobre a Polônia aumenta após a Hungria recusar o trânsito de armas em seu território.

O papel da Polônia

"Neste momento, os equipamentos estão basicamente se concentrando na fronteira polonesa. Mesmo se a Eslováquia quisesse, por exemplo, não é uma rota fácil por causa da geografia das cadeias de montanhas que se estendem da Eslováquia até a Romênia. Portanto, há duas rotas: uma é próxima da fronteira bielorrussa, e outra um pouco mais ao sul", conta Ed Arnold, pesquisador de segurança europeia do Royal United Services Institute, um observatório sediado em Londres.

Segundo Marc Finaud, chefe de proliferação de armas do Centro de Políticas de Segurança, em Genebra, a dinâmica no terreno de batalha pode mudar muito rapidamente. "Se esses comboios ou transportes forem interceptados – se países ocidentais estiverem sob ataque, sejam eles membros da Otan ou atravessando a fronteira para a Ucrânia – isso poderia aumentar as tensões e a escalada [do conflito]", frisa à DW.

Arnold diz que o risco de uma escalada está atualmente contendo os russos, pois "isso visaria o reabastecimento do Ocidente".

Ainda assim, ele diz estar surpreso pelo fato de Moscou não impedir a entrega de armamentos à Ucrânia. "Na verdade, essa ação seria útil para a estratégia russa se eles pudessem tomar essas duas rotas. Os militares da Rússia têm a opção de se deslocarem do sudoeste de Belarus para impedir a entrada de todo esse equipamento [na Ucrânia]", explica.

Tempo é essencial

O outro fator crucial é o tempo, que está se esgotando rapidamente para que os suprimentos cheguem às forças ucranianas em Kiev e Kharkiv.

Arnold diz que esse fator é particularmente problemático para "as forças ucranianas na linha de contato oriental, que potencialmente serão liquidadas se não se moverem, em breve, para o oeste do rio Dnipro. Eles precisam receber mais armamentos, porque estão fazendo os combates mais duros e são as melhores tropas ucranianas da 95ª Brigada de Ataque Aéreo".

Segundo o especialista, há uma outra maneira de levar os armamentos ocidentais para os fronts na Ucrânia. "Caças ucranianos ou estrangeiros poderiam buscar os suprimentos na Polônia e, depois, passar pela fronteira, mas eles não são em grande número", detalha.

Nesta fase, o perigo de as munições acabarem é crítico, frisa Arnold. "Os ucranianos têm talvez cinco dias de munição para os sistemas mais pesados. A outra opção é capturar armas russas abandonadas, que os sustentarão por um tempo, mas não por muito tempo."

Deutsche Welle

O que é a bomba termobárica, arma que Rússia pode ter usado na Ucrânia

 


Armas termobáricas podem ser lançadas de veículos como este lançador de foguetes múltiplos TOS-1A Solntsepyok

Grupos de direitos humanos e o embaixador da Ucrânia nos Estados Unidos acusaram a Rússia de usar uma arma termobárica - ou bomba a vácuo - nos combates na Ucrânia.

Alega-se que a explosão que destruiu uma refinaria de petróleo em Okhtyrka, na região de Sumy, na Ucrânia, na segunda-feira, foi causada por uma arma termobárica, embora isso ainda não tenha sido verificado de forma independente.

Também foi alegado que bombas de fragmentação amplamente proibidas foram usadas no conflito, com a Anistia Internacional acusando a Rússia de atacar uma escola no nordeste da Ucrânia.

O uso de armas termobáricas, que sugam oxigênio do ar circundante para gerar uma explosão de alta temperatura, é amplamente condenado por organizações de direitos humanos.

Mas quais são essas armas - descritas pelo correspondente da BBC Security Frank Gardner como "a arma não nuclear mais poderosa em seu arsenal [russo]" - e por que elas são tão temidas?

Como funcionam as bombas de vácuo?

As bombas de vácuo, também conhecidas como explosivos termobáricos, funcionam em duas etapas.

A primeira parte é a carga explosiva que dispersa o combustível em uma nuvem que pode então entrar em edifícios ou objetos ao redor. O segundo estágio acende a nuvem que causa uma enorme bola de fogo e suga o oxigênio das áreas circundantes, causando uma onda de choque.

Justin Bronk, pesquisador do Royal United Services Institute, diz: "Onde um explosivo normal tem cerca de 30% de combustível e 70% de oxidante em peso, um explosivo termobárico é todo combustível e usa o oxigênio do ar - então eles são muito mais poderosos para um determinado tamanho de ogiva."

Quais efeitos a bomba causa?

Os efeitos de calor e pressão são formidáveis - qualquer um pego na explosão inicial seria instantaneamente vaporizado. Qualquer pessoa apanhada na área circundante receberia ferimentos internos graves causados pela onda de choque.

"Eles matam principalmente por conta da criação de uma onda de choque extremamente poderosa que rompe órgãos e estoura os pulmões", diz Bronk.

"Esta onda de choque se propaga em espaços confinados, por isso é particularmente mortal contra pessoas em locais escavados, como porões ou cavernas. Ela também cria temperaturas extremamente altas de vários milhares de graus, que podem causar queimaduras horríveis."

Quais são as evidências de que elas foram usadas na Ucrânia?

Oksana Markarova, embaixadora da Ucrânia nos Estados Unidos, disse a repórteres após reunião com membros do Congresso americano que a Rússia "usou a bomba de vácuo hoje".

"A devastação que a Rússia está tentando infligir à Ucrânia é grande", acrescentou Markarova.

Imagens capturadas por um repórter da CNN perto da fronteira ucraniana parecem mostrar os lançadores de foguetes múltiplos TOS-1 sendo transportados perto da cidade russa de Belgorod.

Existem vários outros vídeos não verificados circulando nas redes sociais que parecem mostrar o TOS-1 sendo movido em outras partes do país perto da fronteira, e vários vídeos do Twitter que afirmam mostrar a própria explosão.

No entanto, a BBC não conseguiu verificar essas alegações de forma independente.

Onde mais elas foram usadas?

Essas armas têm sido usadas pelas forças russas e ocidentais desde a década de 1960. Os EUA as usaram principalmente para atacar complexos de cavernas no Afeganistão, onde se pensava que a Al Qaeda estava escondida.

A Rússia foi condenada pela Human Rights Watch em 2000, quando foi relatado que elas foram usadas na Chechênia. Mais recentemente, a Anistia Internacional informou que tanto a Rússia quanto os governos sírios usaram munições termobáricas contra insurgentes na Síria.

Se essas armas forem usadas nos ambientes urbanos das grandes cidades ucranianas - como supostamente foram na Chechênia -, as baixas civis podem ser extremamente graves.

BBC Brasil

Caças russos invadem espaço aéreo da Suécia; EUA advertem contra guerra nuclear




Incidente ocorreu sobre a estratégica ilha de Gotland, levando a protestos do país nórdico

As tensões que se espraiam a partir da guerra na Ucrânia foram sentidas de forma aguda na Suécia nesta quarta (2): quatro aviões de combate russos violaram o espaço aéreo do país nórdico por alguns momentos, gerando protestos em Estocolmo.

O incidente ocorreu quando dois caças Su-27 e dois caças-bombardeiros Su-24 entraram sobre a região da ilha de Gotland, um ponto estratégico e militarizado pelos suecos no mar Báltico.

Segundo o Ministério da Defesa, caças Gripen foram enviados para a área, mas os invasores já haviam saído. Ou foi um teste da rapidez sueca ou um erro. “À luz da situação corrente, nós vemos o evento muito seriamente”, disseram as Forças Armadas em uma nota. “É claro que é completamente inaceitável”, disse à agência TT o ministro Peter Hultqvist, que irá fazer uma queixa formal a Moscou.

Casos como esse são relativamente comuns, mas raramente com a invasão do espaço aéreo. Aviões de lado a lado testam a rapidez de reação do adversário —isso na Europa, no Pacífico, no polo Norte. Só que o conflito que se vê na Ucrânia é algo sem paralelo desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

A situação tem levado a diversas especulações acerca da ampliação do embate entre Moscou e Washington e seus aliados da Otan, a aliança militar ocidental. A Suécia não faz parte do clube largamente para não antagonizar a Rússia, assim como a vizinha Finlândia, mas opera em consonância com suas diretrizes operacionais.

Nesta quarta (2), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou em uma entrevista coletiva que “ninguém ganha uma guerra nuclear, todos perdem”. É uma obviedade, tanto que os países detentores da bomba no Conselho da Segurança das Nações Unidas assinaram documento se comprometendo a não iniciar um conflito atômico, mas mostra o ponto da crise.

Em Moscou, o seu colega Serguei Lavrov concedeu uma entrevista à rede árabe Al Jazeera e ressaltou que “uma Terceira Guerra Mundial seria muito destrutiva e nuclear”. Novamente, um preocupante truísmo por quem está no meio de uma invasão militar de um vizinho.

No domingo (27), Vladimir Putin havia puxado essa carta atômica do baralho, colocando em alerta máximo suas forças estratégicas. Na prática, isso significa que os caminhos burocráticos entre a ordem de lançar uma ogiva nuclear e os militares na ponta estão encurtados, e o sistema, online, por assim dizer.

Segundo Putin, foi uma resposta à reação de autoridades da Otan em relação à guerra que iniciara na quinta (24). Naquele dia, ele já havia advertido os ocidentais para ficar fora do conflito, sob pena de sofrer consequências inéditas —uma nada sutil forma de dizer que poderia usar a bomba.

Rússia e EUA concentram 90% das ogivas nucleares do mundo, uma herança da primeira Guerra Fria, mais do que suficientes para pôr um fim à humanidade. Até aqui, americanos e aliados têm insistido em que não cruzarão as fronteiras ucranianas, justamente para evitar um confronto com os russos.

A intimidação nuclear de Putin pode ser só o que parece, mas o fato é que o tema de uma Terceira Guerra Mundial agora frequenta o noticiário como não ocorria desde os anos da União Soviética.

POR IGOR GIELOW

FolhaPress / Daynews

Lavrov: única alternativa a sanções seria guerra nuclear devastadora

 




Chanceler russo falou à televisão do Catar, Al Jazeera

Moscou - O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, disse hoje (2) que o presidente norte-americano, Joe Biden, sabe que a única alternativa às sanções contra Moscou é uma terceira guerra mundial, que seria "nuclear e devastadora".

Biden "tem experiência e sabe que não há alternativa às sanções, senão a guerra mundial", disse Lavrov à televisão do Catar, Al Jazeera.

"A terceira guerra mundial seria uma guerra nuclear devastadora", disse o diplomata, de 71 anos.

Após a invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, a Rússia enfrenta sanções da União Europeia (UE) e de diversas entidades e países, incluindo a tradicionalmente neutra Suíça, que estão a atingir setores como a área financeira, de aviação, energia e desporto.

Lavrov disse que a Rússia está pronta para enfrentar as sanções, mas admitiu que não esperava que visassem atletas, intelectuais, artistas e jornalistas.

Mas "a Rússia tem muitos amigos e não pode ser isolada", afirmou ele, de acordo com a Al Jazeera.

Lavrov reiterou a disponibilidade de Moscou de realizar a segunda rodada de negociações com o governo ucraniano, que acusou de estar atrasando as conversações "sob ordens norte-americanas".

Sobre as razões do atual conflito com a Ucrânia, Lavrov disse que os países ocidentais se recusaram a atender às exigências da Rússia para a formulação de nova arquitetura de segurança europeia.

A operação militar russa, que chega ao sétimo dia, visa desarmar a Ucrânia e impedi-la de adquirir arma nuclear, disse Lavrov, citado pela Al Jazeera.

"Não podemos permitir a presença de armas ofensivas na Ucrânia que ameacem nossa segurança", acrescentou.

RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Agência Brasil

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Quase 6 mil russos morreram desde o início do conflito na Ucrânia

A informação foi divulgada hoje pelo presidente Volodymyr Zelensky

Por Marieta Cazarré 

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou hoje (2), em um vídeo divulgado em seu canal do Telegram, que o mundo está se fechando para a Rússia. "O mundo moderno vai se fechar para eles. Bens russos estão deixando as prateleiras das lojas ao redor do mundo. Bancos russos estão se desconectando do sistema global. Cidadãos russos estão perdendo suas poupanças, perdendo perspectivas. Mães russas estão perdendo seus filhos em um país estrangeiro. Pense nesse número: quase 6 mil russos morreram. Isso sem contar as perdas da noite passada. Isso para que?", questionou o mandatário.

Zelensky disse ainda que os russos querem apagar a história do país. "Eles não sabem nada sobre nossa capital, sobre nossa história. Mas todos eles têm ordens para apagar nosso país, apagar todos nós. No primeiro dia da guerra, Uman foi brutalmente bombardeada, onde dezenas de milhares de judeus vem todos os anos para rezar. Depois, Babyn Yar, onde dezenas de milhares de judeus foram executados. Me dirijo a todos os judeus do mundo: vocês não vêm o que está acontecendo? É por isso que é tão importante que milhões de judeus ao redor do mundo não fiquem em silêncio agora. O nazismo nasce do silêncio. Então gritem sobre o assassinato de cidadãos. Gritem sobre o assassinato de ucranianos", disse.

O presidente ucraniano disse ainda que os russos seguem bombardeando as cidades do país, atingindo civis, população que é pacífica. E disse que a Ucrânia conseguiu reunir um apoio internacional em um novo nível, ressaltou o apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e de milhares de europeus.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, afirmou que o alvo dos russos é a capital da Ucrânia. "Vemos quantas forças russas vão de Belarus, do norte e do leste, muitos quilômetros de tanques se movendo para a capital da Ucrânia. Neste momento estamos preparados para defender a nossa cidade".

Agência Brasil

Como China, Índia, Turquia, Brasil e outros países reagiram à invasão russa

 




Rússia tem na China e na Índia importantes aliados

Potências globais importantes, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Europeia, têm sido incisivos em suas críticas à invasão da Ucrânia pela Rússia, além de ter liderado as sanções contra Moscou e o apoio a Kiev.

Mas as reações em relação à Rússia foram muito mais variadas em todo o mundo.

O Brasil, por exemplo, tem adotado uma postura dúbia: alterna entre silêncio, orientações a brasileiros para deixarem a Ucrânia, declarações de solidariedade à Rússia pelo presidente Jair Bolsonaro e voto na Conselho de Segurança da ONU contra a invasão russa.

Entenda a posição de alguns dos principais países e o que os líderes mundiais disseram sobre a invasão.

China

'O presidente chinês não falou sobre a ação militar da Rússia na Ucrânia'

O fato mais notável sobre a reação da China ao conflito é que não houve palavras do presidente Xi Jinping — em vez disso, declarações foram emitidas pelo Ministério das Relações Exteriores do país.

Em sua declaração de 25/02, Pequim disse acreditar na "soberania e integridade territorial de todos os países", mas também expressou a opinião de que a Rússia tem "preocupações legítimas de segurança" que "devem ser levadas a sério e tratadas adequadamente".

Crucialmente, porém, a China até agora não usou a expressão "invasão" quando se trata das ações da Rússia na Ucrânia.

Especialistas em relações internacionais não ficaram surpresos com essa postura e apontaram que, em 4/02, Xi e o líder russo Vladimir Putin se encontraram em Pequim — seu 38º encontro desde 2013.

Ambos os líderes emitiram uma declaração conjunta na qual pediram às potências globais, principalmente EUA, União Europeia e Reino Unido, que "abandone as abordagens ideologizadas da Guerra Fria".

Xi criticou especificamente a expansão da aliança militar liderada pelos EUA, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), na região da Europa Oriental.

Mais notavelmente, a China se absteve de uma votação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para condenar a invasão russa.

Índia

'O primeiro-ministro indiano se ofereceu para ser mediador no conflito, disse um porta-voz do governo'

Horas após a invasão russa da Ucrânia, o ministro das Relações Exteriores da Índia, Rajkumar Ranjan Singh, disse que o país era "neutro" no conflito.

O país também se absteve da votação do Conselho de Segurança da ONU sobre a invasão.

Moscou e Déli têm laços de defesa de longa data, mas o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, está em contato com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Em 26/02, Modi se ofereceu para "contribuir de qualquer forma para os esforços de paz", segundo um porta-voz do governo.

Turquia

'O governo turco criticou a invasão, mas disse que não pode abandonar os laços com a Rússia'

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a Turquia não pode abandonar seus laços com a Rússia ou a Ucrânia.

A mídia estatal turca informou que o país concordou em proibir a passagem de navios de guerra para o mar Negro através do estreito turco.

A Turquia, membro da Otan, faz fronteira com a Ucrânia e a Rússia no mar Negro e tem bons laços com ambos. Mas o fechamento do estreito havia sido solicitado pela Ucrânia por questões de segurança.

O governo turno fez uma crítica severa à invasão russa, chamando a ação militar de "injusta e ilegal", acrescentando que o conflito "representa uma séria ameaça à segurança de nossa região e do mundo".

"Rejeitamos a operação militar da Rússia", disse Erdogan em anúncio televisionado na semana passada.

Erdogan visitou a Ucrânia no início de fevereiro e marcou a ocasião oferecendo-se para mediar o então impasse de Kiev com Moscou, além de assinar um acordo que permite aos ucranianos produzir localmente drones turcos que já foram utilizados contra rebeldes apoiados pela Rússia na região de Donbas.

Irã

'Teerã disse que a Rússia foi 'provocada' por potências globais'

A posição do Irã é mista. Algumas autoridades iranianas afirmaram que se opõem à guerra, embora a visão de Teerã seja de que os EUA e a Otan provocaram o conflito.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, disse a Putin durante uma reunião remota em 24/02 que "a expansão da Otan é uma séria ameaça à estabilidade e segurança de países independentes em diferentes regiões".

O ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, tuitou que a crise na Ucrânia tem "raízes nas provocações da Otan".

Mas também escreveu: "Não acreditamos que recorrer à guerra seja uma solução".

Mianmar

'A junta militar que governa Mianmar disse que a invasão russa da Ucrânia era 'justificável'

Para a junta militar de Mianmar, a invasão russa foi "justificável" e demonstrou que Moscou é uma potência mundial.

A declaração foi feita pelo porta-voz militar, general Zaw Min Tun, em um comunicado também divulgado em russo.

A Rússia é um grande aliado e fornecedor de armas para Mianmar junto com a China.

Brasil

'Bolsonaro, que visitou Moscou semanas antes da invasão, silenciou sobre a ação da Rússia'

Líderes de alguns dos principais países latino-americanos criticaram a Rússia pela invasão da Ucrânia, mas o silêncio vindo do Brasil foi muito mais contundente.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que recentemente se encontrou com seu colega russo em Moscou e disse ser solidário à Rússia, limitou-se a emitir instruções e recomendações para cidadãos brasileiros na Ucrânia.

O Itamaraty pediu a suspensão das hostilidades e uma solução diplomática. No entanto, descreveu a invasão como uma "deflagração de operações militares da Rússia contra alvos em território ucraniano".

O maior país da América Latina também não apoiou uma declaração conjunta da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenando a invasão russa da Ucrânia, que foi amplamente endossada pelas nações da região.

No entanto, o Brasil votou contra a Rússia na reunião de 25/02 do Conselho de Segurança da ONU sobre a invasão da Ucrânia.

União Africana

'Embaixador do Quênia Martin Kimani fez um discurso poderoso na ONU'

A União Africana (UA), o bloco das 55 nações do continente, pediu à Rússia que respeite o direito internacional e a soberania da Ucrânia em um comunicado em 24 de fevereiro.

O presidente da UA, Macky Sall, e o presidente da comissão da UA, Moussa Faki, pediram a Moscou e Kiev para "estabelecer um cessar-fogo e abrir negociações políticas para preservar o mundo das consequências do conflito planetário".

Mas a reação africana mais notável até agora veio na forma de um discurso de Martin Kimani, embaixador do Quênia na ONU.

Kimani fez uma fala poderosa em uma sessão do Conselho de Segurança três dias antes da invasão em que comparou o apoio da Rússia às regiões separatistas na Ucrânia ao passado colonial da África.

"As nossas fronteiras não foram desenhadas por nós. Foram traçadas nas distantes metrópoles coloniais de Londres, Paris e Lisboa, sem se importar com as nações antigas que separaram", disse.

"Rejeitamos o irredentismo e o expansionismo em qualquer base, incluindo fatores raciais, étnicos, religiosos ou culturais. Rejeitamos novamente hoje", acrescentou.

A África do Sul pediu que a Rússia retire imediatamente suas forças da Ucrânia, enquanto a Nigéria expressou "surpresa" com a invasão sem condená-la ou pedir um cessar-fogo.

Associação das Nações do Sudeste Asiático

'Enquanto o governo das Filipinas declarou neutralidade sobre a invasão russa, os filipinos protestaram contra o ataque'

A Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), uma associação intergovernamental de dez países que inclui Mianmar, emitiu uma declaração em 27/02 que evitou qualquer menção direta à Rússia ou condenação da invasão.

Entre as respostas de países individuais, a reação mais direta veio de Cingapura, cujo Ministério das Relações Exteriores disse que "condena veementemente qualquer invasão não provocada de um país soberano sob qualquer pretexto".

A Indonésia disse que o ataque militar foi "inaceitável", mas não mencionou a Rússia.

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Nas Filipinas, o secretário de Defesa, Delfin Lorenza, disse em 26/02 que o país "permaneceria neutro por enquanto".

"Não estamos localizados ao lado da Ucrânia e não é da nossa conta intrometer-se no que eles estão fazendo na Europa", disse ele à CNN.

Em junho do ano passado, o presidente filipino, Rodrigo Duterte, anunciou que as Filipinas estavam intensificando sua parceria com Moscou em várias áreas, incluindo Defesa.

BBC Brasil

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