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quarta-feira, agosto 07, 2024

Edmundo González se autodeclara presidente e intensifica crise na Venezuela

A autoproclamação de González tem caráter simbólico

Pedro do Coutto

Em um movimento que intensifica a crise política na Venezuela, Edmundo González, adversário de Nicolás Maduro na eleição presidencial, declarou-se presidente eleito do país nesta segunda-feira, em uma carta publicada em suas redes sociais.

A carta é assinada por González e María Corina Machado, líder da oposição que teve seus direitos políticos cassados pela Suprema Corte do país, impedindo-a de ser candidata. A oposição contesta o resultado da eleição desde o dia da votação, em 28 de julho.

VITÓRIA – “Nós ganhamos essa eleição, sem dúvida alguma. Foi uma avalanche eleitoral, com uma organização cidadã admirável, pacífica, democrática e com resultados irreversíveis. Agora, cabe a nós fazer a voz do povo ser respeitada. Proceda, imediatamente, a proclamação de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República”, diz a carta.

Em declarações à imprensa internacional, membros da oposição afirmam que o anúncio não visa formar um governo paralelo ao regime de Caracas, mas sim buscar a confirmação do que as atas eleitorais recolhidas pela oposição mostram. Eles também afirmaram que González não pretende exercer funções presidenciais antes de uma transição, evitando seguir o exemplo de Juan Guaidó em 2019.

A oposição também apelou às Forças Armadas do país. “Instamos vocês a impedir a desenfreada repressão do regime contra o povo e a respeitar, e fazer respeitar, os resultados das eleições de 28 de julho. Maduro deu um golpe de Estado que contraria toda a ordem constitucional e quer torná-los cúmplices.”

ATAS – Urrutia afirmou ter obtido 67% dos votos no pleito da semana passada, enquanto Maduro teria recebido 30%, de acordo com uma apuração independente. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão eleitoral venezuelano, anunciou a vitória de Nicolás Maduro, mas ainda não divulgou as atas eleitorais, o que tem gerado críticas e pressão internacional devido à falta de transparência do processo.

A oposição denunciou que o CNE não forneceu atas de votação aos seus fiscais, como exige a lei, e que os números oficiais contradizem os dados das atas obtidas por representantes que estiveram na maioria dos locais de votação, assim como os resultados das pesquisas independentes de boca de urna e das contagens rápidas realizadas no dia das eleições.

A publicação da carta assinada por González Urrutia e Corina Machado, solicitando que as instituições do país procedam à proclamação de González como presidente eleito, foi recebida com apreensão pelo Itamaraty, que ainda aposta em uma “saída negociada” entre Maduro e os oposicionistas.

“ERRO” – Interlocutores do Ministério das Relações Exteriores brasileiro consideram que o comunicado, direcionado às forças militares e policiais que sustentam o regime chavista, foi um “erro” com potencial de “dificultar” os esforços diplomáticos para que Maduro divulgue as atas eleitorais. Em resposta, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, ex-vice de Maduro, anunciou a abertura de um inquérito criminal contra González e María Corina por instigação à insurreição, desobediência de leis, “usurpação de funções”, “disseminação de informações falsas” e conspiração.

A carta coloca um dilema para o presidente Lula da Silva, que precisará decidir como proceder diante do apelo. Lula não poderá ficar em silêncio, sob risco de parecer conivente com o golpe que Maduro pretende desferir contra a democracia. O problema está posto.


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